Rescued escrita por Lolla


Capítulo 4
Aproximação


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, mais um capítulo quentinho..
Boa leitura!



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Como eu quebrei o despertador, acordo atrasada. Já sei que vou perder a primeira aula, por isso não fico correndo pela casa como louca. Tomo somente um suco de pêssego e pego minha bolsa, checando mais uma vez o quarto de meu pai. Por algum motivo, sinto vontade de caminhar, por isso vou a pé para a escola. O dia está úmido e quente, com o sol aparecendo por entre os prédios.

- Olá- Uma voz me surpreende.

Olho por sobre meu ombro e vejo dentes brancos e olhos tão azuis quanto o céu me encarando. Estes olhos fazem meus joelhos fraquejarem e uma sombra de sorriso perambular por minha boca, mas logo me recomponho, voltando a minha expressão inicial.

- Hn.

Começo a caminhar novamente, forçando minhas pernas a se deslocarem mais rápido, me distanciando mais do garoto que eu ainda não sabia o nome.

- Espera! Ei, mais devagar! Por que você tem que ser tão mal-humorada, garota?- Diz ele, me alcançando por causa de suas pernas mais longas. Paro bruscamente com os olhos fulminando de raiva e ressentimento.

- Porque meu irmão acabou de morrer, babaca!- Lágrimas ameaçam cair de meus olhos, mas ignoro. Ele me olha com os olhos levemente mais abertos, mas nem com isso, consegui tirar aquela pontada de compaixão deles. Bufo, me virando novamente. Eu não quero merda de compaixão nenhuma de ninguém! Principalmente de um garoto intrometido.

- Me desculpa Taylor- Grita ele, alguns metros de mim.

- Como sabe meu nome?

- Depois de perguntar para todos na escola, incluindo os professores e faxineiros, Abby me disse. Parece que ninguém conhece você na escola, nem tem interesse de conhecer.

Abigail, mais conhecida como Abby, era a única pessoa com quem tive vontade de me relacionar. Não, não é uma aluna, mas sim a doce secretária do diretor, de meia idade e com os cabelos tingidos de loiro platinado.

- Eu não entendo. Por que você não é igual aos outros, hein? Eles estão certos em manterem distância. Eu não sou a pessoa mais legal do mundo- Digo com ironia.

- Gata, eu sei disso, pode ter certeza- Diz ele, se referindo ao meu comentário irônico sobre minha empatia- Mas eu realmente não sou como as outras pessoas. Eu quero te conhecer, Taylor.

- Por quê?

- Sei lá. Me dá uma chance- A essa altura ele já está ao meu lado, me olhando com aqueles olhos brilhantes. Eu nem mesmo ligo quando ele me chamou de gata, alguns segundos atrás. Só penso se devo ou não dar uma chance a esse estranho com os olhos intrigantes. Suspiro.

- Isso não faz sentido algum. – Comento atordoada. Então um pensamento me veio à mente: Qual será a próxima vez que alguém irá querer ter algo comigo? Pois é, nunca. Balanço a cabeça, como para arrancar este pensamento da cabeça. –To atrasada. Agente se vê.

Chego à escola com apenas alguns poucos minutos para o sinal da segunda aula. Sento em minha cadeira usual, no fundo da sala, e começo a raciocinar. Eu mesma me fiz prometer que não criaria laços com quem quer que fosse. Já é ruim o suficiente eu ter que lidar com a imensa culpa que me corrói por não ter salvado meu irmão daquela louca o quanto antes. Não preciso, e não quero depender de ninguém para ser feliz. Eu simplesmente não conseguiria agüentar outra perda.

As aulas passam sem eu perceber e quando me dou conta, já estamos na hora do almoço. Levanto-me e vou à cantina, pegando um suco de caixinha e um pão tostado. Visualizo minha árvore e dou um suspiro de satisfação. Um pouco de paz para eu poder comer tranquilamente enquanto leio meu livro. O que eu não esperava era encontrar ELE sentando em MEU lugar. Paro em sua frente, com as sobrancelhas arqueadas, e espero uma resposta para este ato insano. Ele olha para cima, tapando os olhos contra o sol forte e dá um sorriso, tirando os fones de ouvido.

- Eu sabia que você viria para cá.

- Isso não te dá o direito de sentar em meu lugar, babaca. Agora, é melhor sair daí, antes que eu surte de vez com a sua presença irritante.

- Ih, é melhor eu sair mesmo, antes que eu seja atacado. –Ele diz, em um fraco ato de ser engraçado. Quando de pé, ele é uma cabeça maior que eu, o que me obriga a olhar para cima. Me pergunto o que ele faz para deixar o cabelo tão macio...

- Qual shampoo você usa? –Ops.

- Hein?

- Nada, esquece. –Digo, me sentando em meu lugar. Ele se senta do meu lado e passa a me encarar. Viro minha cabeça na direção oposta, incomodada com seu olhar penetrante. O silêncio é desconcertante e eu não sei o que fazer, por isso, começo a comer meu lanche, antes que acabe o tempo do almoço. Pego meu livro enquanto isso e leio a parte em que a Pequena Sereia troca sua voz por pernas humanas, minha parte preferida. A leitura está ótima, até que o livro é brutalmente arrancado de minhas mãos. Abro a boca em protesto.

- Hey!- Digo. De repente, um pensamento me inunda. Eu não sei seu nome. Não sei também a repentina sensação de querer saber o nome do garoto irritante que está com meu livro em suas mãos, tentando entender por que uma garota tão fria como eu se interessaria por contos de fadas. Eu percebo isso por conta de sua sobrancelha esquerda arqueada e a expressão de descrença total estampada em seu rosto. Dou de ombros.

- Contos de fadas?

- Culpada. Olha me dá meu livro, garoto-que-eu-não-sei-o-nome-e-nem-quero-saber.

- Quem dera eu ter esse nome. –Diz ele, me fazendo revirar os olhos. –Ethan, prazer. – Completa ele, estendendo sua mão em um cumprimento. Pego meu livro e volto a lê-lo até bater o sinal.

- Vamos, milady? –Ele estende sua mão novamente e desta vez eu a aceito de bom grado, já que seria quase impossível levantar depois de tanto tempo sentada. Exatamente no mesmo momento em que nossas mãos se tocam uma corrente elétrica passa por mim. Igual nos filmes e livros de romance. Ignoro esta sensação e vou ao meu armário, até ser interrompida por mãos ágeis que fecham a porta de ferro com uma tremenda força. Se eu não fosse tão ágil quanto, teria as mãos arrancadas neste exato momento. Olho para a causadora deste tumulto e não me surpreendo em encontrar Anne Ricci, uma garota tão irritante quanto Ethan. Seus cabelos tipicamente loiros caem ondulados por sobre suas costas, a fazendo parecer a Barbie.

- A que devo a honra, piranha? –Digo sem ressentimento. Talvez eu fosse a única na escola inteira que não tinha medo dela. Nada nela me intimida ou causa qualquer sentimento além de repulsa. Devo acrescentar que ela foi a primeira pessoa que começou a me atormentar no colégio. Depois disso, as pessoas acharam que tinham algum direito idiota sobre mim e eu fui ficando cada vez mais deslocada e excluída.

- Não diriga a palavra a mim, criatura asquerosa. Só quero que saiba que é melhor ficar bem longe do meu Ethan, antes que eu te mande passar algum tempo com a sua mamãe. –E dizendo isso, ela vai embora, rindo as minhas custas novamente. Fecho minha mão em forma de punhos até a pele ficar branca e sinto minha cara vermelha de raiva. Aquela garota sabe como me irritar como ninguém. Posso sentir os olhares e as risadas silenciosas das pessoas a minha volta. Volto a minha expressão de indiferença e vou para a aula. Pelo resto do dia, ignoro Ethan completamente, o fazendo ficar confuso. Pego um táxi para ir pra casa, pela simples chance de esbarrar com ele a pé.

Por incrível que pareça, meu pai está em casa. Mesmo achando ele um tremendo asno, ele continua sendo meu pai, e de vez em quando, gosto de sua companhia. Ele me surpreendeu ainda mais me levando ao antigo restaurante que íamos, quando era eu, ele, mamãe e Tommy. Pela primeira vez em semanas, dei um sorriso sincero, mesmo que pequeno. O jantar foi bom, sem contar o fato de meu pai chegar em casa meio “alegre”. Mandei-o dormir, o que ele fez com grande eficácia, roncando bastante. Mas naquela noite não importei, pois foi uma das melhores que eu tive. Não deixaria nada estragar ela.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram??
Desculpe por qualquer erro, não tenho tempo de corrigir!Kk
Comentem :DD
Beeijos



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