Rescued escrita por Lolla


Capítulo 3
Azul celeste


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, com uma aparição especial *-*
Boa leitura!



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Depois do dia excessivamente longo, volto para casa exausta. Tanto fisicamente quando mentalmente. Tomo um banho rápido, pensando em minha cama gostosa e macia. Como esperado, minha noite foi perturbada. Os pesadelos se faziam presentes em meu sono desde o acidente e eu já não aguentava mais. Sempre acordava gritando, arfando, suada. Passo a mão nos cabelos, tentando me acalmar. Levanto meio tonta e vou em direção a cozinha.

No armário superior acho remédios para dormir e tomo dois. Eu preciso realmente de uma bela noite de sono. Pego alguns biscoitos também e volto para o corredor onde fica meu quarto e o de meu pai. Paro na porta de seu quarto, que esta entreaberta e espio lá dentro. O breu me fez demorar alguns segundos até perceber que o quarto estava vazio. Suspiro. Não era a primeira vez que ele me deixava sozinha em casa sem uma razão séria.

Volto para cama e me enrolo no cobertor macio. Mesmo com os remédios, demoro cerca de meia hora para pegar no sono.

Acordo de manha com o despertador soando em algum lugar perto da minha cabeça. Tateio a cômoda e encontro-o. Taco ele no chão com força o suficiente para quebrá-lo. Não faz diferença mesmo, meu pai compraria outro sem pestanejar. Tomo uma chuveirada e visto o uniforme do meu jeito, ou seja, todo amassado.

Vou à cozinha e pego uma maçã para comer enquanto vou até o ponto de táxi mais próximo. Como esperado, meu pai não havia voltado. Espero algum táxi aparecer, o que demora mais ou menos 20 minutos. Digo o endereço do colégio e ele me leva. Eu sei que é perto de minha casa, no máximo 7 minutos de carro, mas meu humor não está muito bom para caminhadas.

Ele me deixa em frente à construção de concreto que eu reconheço tão bem como minha escola. Mais um dia de tortura. Entrego meu dinheiro do almoço para o motorista, porque sei que não vou comer nada. Não tenho mais fome.

Entro na sala um minuto antes do professor, que me fuzila com o olhar. Simplesmente ignoro. A aula de trigonometria passa lentamente, igual a aula de inglês avançado.

Chega a hora do almoço e demoro um pouco para sair da sala. Quando passo pelo refeitório, tenho a mesma sensação de alguém me olhando de longe. Dou uma rápida olhada pelo ombro e vejo um par de olhos azul celeste me olhando com uma intensidade brutal. Fico tentada a olhá-lo por toda a eternidade, mas viro a cabeça bruscamente e vou para meu lugar de sempre, de baixo do salgueiro do jardim da escola. Desde que encontrei aquela árvore com suas folhas caindo como se fossem lágrimas verdes, me identifiquei imediatamente e nunca mais a larguei.

Peguei meu livro de contos de fadas, por mais impossível que pareça, e começo a ler. Eu sempre amei contos de fadas, e costumava ler eles para Thom antes dele dormir. Às vezes tinha que simplificar as frases mais complicadas para ele entender, mas mesmo assim... Um sorriso brotou em meus lábios, com a imagem de nós dois juntos em sua cama de carro de corridas e eu acariciando seu cabelo sedoso até ele dormir. Claro, isso antes de minha mãe assassiná-lo cruelmente.

Ouço um pigarro auto vindo de meu lado esquerdo e viro a cabeça nesta direção, só para confirmar o que eu temia. O mesmo garoto de olhos estranhamente hipnotizantes estava parado ao meu lado, com um sorriso colgate no rosto. Eu teria acreditado que ele estava feliz em me ver, se não fossem seus olhos transmitindo uma curiosidade quase palpável. Suspiro. Era comum alguns corajosos virem a mim, com curiosidade, e perguntarem trivialidades, mas eu sempre os espantava. Lá vamos nós de novo.

- Perdeu alguma coisa?

O garoto continuou mudo e seu sorriso diminuiu drasticamente. Coço a sobrancelha, esperando sua resposta, mas ele simplesmente se senta ao meu lado e passa um braço pelo meu ombro. Meu automático sempre foi repelir contatos físicos, mas seu calor me provocou um bem tão grande que eu simplesmente não me desvencilhei do possível ato de carinho.

- E aí?- diz ele casualmente. Levanto uma sobrancelha. Como assim? Ele vem aqui, com toda a coragem do mundo, mesmo com a minha aura de “fique longe” só pra dizer e aí? – O que foi?

Então, simplesmente tiro seu braço de meu ombro, mesmo isso causando quase uma dor física, me levanto e vou em direção a minha sala de aula. Depois de meu ato de ignorância, ele não volta a falar comigo. Melhor assim, penso.

Volto para casa a pé e só quando estou perto de meu prédio, ouço seus passos um pouco atrás de mim. Olho para trás, com meu olhar mais fulminante e vejo o garoto novamente. Ele, vendo meu olhar de ódio, levanta as mãos na altura dos ombros, em forma de rendição.

- Ei, só estou indo pra casa, docinho.

Volto minha atenção para a entrada do prédio e quando ele passa, falo.

- Não sou docinho porra nenhuma.

Viro-me novamente e sigo meu caminho até chegar em casa. Largo minha mochila no chão e preparo um lanche para comer enquanto navego pela internet. Quando fico cansada, limpo meu prato e pego meu livro de contos de fada novamente. Leio-o ate pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

Ui, durona... Kkk
E aí, gostaram?? Comentem ((:
Beijoos



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