Eu ri e a puxei para meu colo. Pedi que ela ficasse calma, deixasse toda a preocupação de lado, que eu já sabia o que fazer e realmente sabia. As coisas iriam mudar muito de hoje em diante, muito mais do que já foram mudadas. Posso dizer que nada continuará igual, será completamente diferente da última vez.

Arrumava as malas para ir pro Brasil. Pedi para Nanda que comprasse as passagens. Andava de um lado pro outro, inquieto. Terminei de arrumar as malas e me sentei bufando na cama. Coloquei as mãos na cabeça. Não poderia ter imprinting com Renesmee, não poderia esconder isso de mim, eu não poderia fugir.

Não poderia, mas estava fazendo tudo isso. Uma raiva grande de mim mesmo crescia em meu peito. Liguei a televisão e fiquei mudando os canais sem parar, esperando que passasse alguma coisa que me deixasse mais calmo, e nada. Nanda se sentou do meu lado e me abraçou.

“– Jake, acalme-se. Parece que está fugindo da polícia.” Riu de leve.

Realmente eu estava fugindo, não da polícia, da verdade. Aquela garotinha agora era meu mundo, não podia deixá-la para trás assim. Minha vida estava se resumindo a ela. Nanda avisou que o voo saia em uma hora, aproveitei para dormir um pouco.

Talvez assim meus pensamentos ficassem no lugar e eu enxergasse tudo bem melhor. Quer dizer, talvez eu percebesse que não faria bem nem a mim e nem a aqueles que estavam ao meu redor ficar mentindo. Queria poder seguir meu coração, esquecer a razão. 

A primeira coisa que fizemos quando chegamos ao Brasil, foi ir a praia. Era um ligar lindo e também me fazia relembrar La Push, que sempre seria minha casa. Andei de mãos dadas com Nanda, ela correu pela praia e eu ri, apenas andei atrás dela. Ela correu até mim, pegou minha mão e me levou pra dentro do mar.

Agora eu estava todo molhado, droga. Ri ao lembrar que ela era bem mais louca que imaginei, só deveria estar com saudades de casa. A puxei de volta para areia, nos sentamos lá e pude ver ela abraçando os joelhos. Me virei para ela e afaguei seu rosto. Com toda certeza ela deveria estar sentindo falta da família.

“– Quer visitar seus pais agora?” Perguntei num sussurro.

Ela fez que não com a cabeça, e me abraçou. A levei de volta para o Hotel, entramos na suíte molhados mesmo. Nanda foi tomar um banho e eu fiquei lhe esperando.

Depois de Nanda, tomei meu banho e fui dormir. Acordei no dia seguinte e Nanda não estava. Desci até a recepção e perguntei por ela, não havia dormido no Hotel.

Como não? Mas eu a vi antes de adormecer... Droga. Onde ela se meteu? Liguei para seu celular, só dava desligado. Mau sinal. Corri para praia, talvez ela estivesse lá.

E não estava. Sentei-me na areia e fiquei observando as ondas. Não era tão tranquilo quanto La Push, mas dava para aguentar. Avistei-a de longe, maquiagem borrada, sapatos na mão e bêbada.

Corri até ela e a peguei em meus braços, depois de vários socos que não doeram nada ela cedeu. A levei para o Hotel, coloquei-a debaixo do chuveiro e saí, permitindo que ela tomasse seu banho em paz.

“– O que...?” Disse quando a vi saindo do banheiro, toda molhada e ainda com a mesma roupa.

“– Eu cansei Jacob!” Ela gritou.

“– Nanda, o que” Ela me interrompeu.

“– Cansei do seu falso amor, cansei das mentiras que você fala, cansei de ser usada! Pra mim acabou.”

“– Nanda, por Deus, o que aconteceu?”

“– O que aconteceu? Aconteceu que eu estou acabando tudo com você. Aconteceu que eu achei quem realmente me ama. Aconteceu que eu não quero mais você por perto.”

Eu simplesmente não sabia o que dizer. Ela sentou-se no chão e murmurou algo tipo: “Tenho um apartamento em Copacabana, pode ficar lá por enquanto, sei que não conhece nada aqui e precisa de um lugar pra morar.” Sorri sem jeito e agradeci.

DIAS DEPOIS !

“– Nanda? O que você tá fazendo aqui?” Perguntei assustado.

“– Vim matar a saudades, não posso?” Disse me beijando.

“– Saudades? Você me colocou pra fora, terminou tudo comigo e está com saudades? Enlouqueceu?” Gritei afastando-a de mim.

“– Foram várias doses de Absinto, desculpe” Sorriu.

Bufei e fui para o quarto, ela me chamou algumas vezes mas eu a ignorei. Tomei um banho, me vesti e voltei a sala. Ela estava comendo pasta de dente. Ah meu Deus. Tomei o tubo de pasta de dente da sua mão, a mandei tomar o banho e depois a levei de volta pra casa. Os pais dela conversaram comigo e pediram para que eu voltasse com ela.

“– Eu não acho isso muito bom agora, Sr. Lerman” Respondi coçando a cabeça, meio pensativo.

E“– la está assim por você. Desde que terminaram ontem ela vem comentendo loucuras, chegou a se afogar na praia. Se o Pietro não tivesse a salvado acho que ela não estaria viva. - Srª Isabelle disse suplicante.

“– Pietro?”

“– Sim, o ex-namorado dela, que vem tentado uma aproximação nos últimos dias” Sr. Lerman respondeu.

“– Eu... Bem, vou pensar com calma. Amanhã passo aqui para levá-la para um passeio, até logo.” Acenei.

Voltei ao apartamento e fiquei pensando por horas. Não queria vê-la mal, muito menos deixá-la assim. Talvez a melhor coisa a fazer fosse reatar. Eu sentia um enorme carinho por ela, por mais que não a amasse da forma que deveria, eu a queria por perto. Acho que posso dizer que Nanda foi a melhor garota que conheci depois que sai de Forks.

Não precisei pensar muito para decidir. Eu reataria com Nanda não só por ela estar precisando me ter por perto, eu a amava o suficiente para isso. Não seria um sacrifício ficar com ela.

Sai um pouco, fui para praia. Queria poder me transformar agora, seria tão bom. Imaginei o que Seth me diria, com certeza seria algo como: “isso Jake, estou orgulhoso de você”.

Aquele garoto adora dar uma de irmão mais velho mesmo não chegando muito perto disso. Sentei-me na areia, observei mais uma vez o mar enquanto meus pensamentos estavam em Washington. 

“– Jacob? E aí cara, pensei que não encontraria você aqui!” Ouvi a voz de Seth.

Olhei para o lado e lá estava ele, sorrindo e esperando uma resposta minha. Levantei-me sem acreditar e o abracei. O que ele estava fazendo por aqui? Custava ter me avisado que viria?

“– Seth! Garoto, o que pensa que está fazendo no Rio de Janeiro?” Perguntei rindo bobo.

“– Só estou acompanhando minha “namorada”, aproveitei que estava por aqui para dar um pulo na praia e te achei.”

“– Namorada?” Me lembrei de Nanda “Oh, droga. Esqueci-me dela! Depois conversamos, tchau.”

Corri até a casa dela, a encontrei sentada na calçada com as mãos na cabeça. Estava convicto de que ela fez algo de errado, de novo. Sentei-me ao seu lado e a olhei.

“– O que houve dessa vez?” Perguntei baixo.

“– Sinto falta de alguém que fingi não me importar. Agora sei o quão ruim é perder quem se ama” Sussurrou e olhou para mim “J-Jacob?”

“– Vem, vamos dar uma volta” Sorri me levantei e estendi a mão pra ela.

Ela pegou em minha mão e deixou que eu a levasse. Se eu pudesse ler pensamentos como o sanguessuga seria bem mais feliz, sinceramente. Daria tudo pra saber o que ela está pensando agora.

(POV EXTRA – FERNANDA)

Estava completamente perdida sem ele. Definitivamente minha vida não fazia mais sentido. Ok tem tudo e mais um pouco de clichê nessa frase, mas é a verdade.

Sempre falei toda a verdade pra ele, nunca escondi nada e a verdade, é que sinto muita falta. Eu prometi a mim mesma nunca me apaixonar por ninguém depois de Pietro.

Ele foi quem mais me magoou, me mostrou o que é sofrer não porque o relacionamento acabou e sim por continuar amando-o. Foi tanta dor que não coube em mim.

E agora, fiz duas coisas que não deveria: a primeira, me apaixonar e a segunda, sofrer por ter terminado tudo sem um motivo aparente. Eu não sabia nada sobre os sentimentos de Jacob.

O julguei e pus um ponto final onde deveria ter uma vírgula. Ter reencontrado Pietro Sant’James foi como se um furacão passasse em minha vida. Vi o quanto ele se tornou parecido com Jacob nesses últimos anos e isso doeu.

Os dois não eram brasileiros, não me amavam, fizeram meu coração trair minha mente, o que me deixou desorientada, sem escolha. Fui para festa na casa de Wanessa, ela insistiu tanto que eu não resisti.

Subi no palco improvisado, peguei meu violão e cantei Iam With You, Avril Lavigne. Deixei a música me levar, expressei meus sentimentos através dela. Queria que Jacob estivesse ali e me levasse pra casa.

A minha casa era onde ele estava. Corri de volta pra casa dos meus pais, deveria ser 13h da tarde. Nossa, passei um dia fora. Sentei-me na calçada com as mãos na cabeça, senti apenas outra pessoa chegar e se sentar ao meu lado.

“– O que houve dessa vez?” O rapaz perguntou baixo.

“– Sinto falta de alguém que fingi não me importar. Agora sei o quão ruim é perder quem se ama.” Respondi sussurrando e olhei para ele “J-Jacob?”

“– Vem, vamos dar uma volta” Sorriu se levantou e estendeu a mão para mim. 

Por pura educação, peguei em sua mão e me levantei com cuidado, mas não soltei sua mão. Era ótimo andar de mãos dadas mais uma vez com ele, inexplicável o quanto é bom.

“– Aonde vamos?” Perguntei baixinho.

“– Jardim Botânico. É um local tranquilo e melhor para conversar.” Respondeu me olhando.

“– Não estou em um bom estado para ir lá, mas tudo bem” Sorri forçadamente.

Ele pareceu não reparar em meu sorriso, parou de andar e colocou a mão em meu rosto, sem soltar sua outra mão da minha. 

“– Nanda” Pronunciou meu nome com certa adoração na voz “Sempre tão louca, e linda.”

Ri baixo, ele acariciou meu rosto, depois de muito olhar em meus olhos, ele me beijou. Deus, como seu beijo é bom... Proibido, mas muito bom. Doce, viciante e envenenador. 

“– Volta pra mim, fica comigo mais uma vez, fica” Pediu ao encostar sua testa na minha. 

Não havia mais o que dizer além de “sim”. E foi exatamente isso que eu respondi, sim. Nunca iria perder a oportunidade de estar mais uma vez ao seu lado.
“– Sim, Jacob” Murmurei “Sim, sim e sim!” Sorri abertamente e ele me beijou novamente.

“– Eu não acredito que ouvi isso” Sorriu bobo.

“– Eu não acredito que achou que eu te deixaria escapar de novo” Rimos.

Fomos para seu apartamento, tomei um banho rápido e me troquei. Pedi para que saíssemos para “comemorar” em algum lugar, ele aceitou e fomos para o restaurante ‘Recanto da Itália’. 

“– Talvez hoje seja a noite mais feliz da minha vida.”

“– Talvez?” Perguntou “Como assim talvez? É ou não é da sua? Porque da minha é.”

(POV – JACOB)

Não era a noite mais feliz da vida dela. Droga. Também não era da minha, eu menti. Já não sei por que faço tanto isso, no fim vai magoá-la ainda mais. Claro que sei, por que sou um completo idiota.

“– Jake é que... Bem, eu tive muitos outros momentos felizes ao seu lado, foram todos importantes demais, por isso não sei dizer.” Sorriu constrangida.

“– Eu te entendo, me desculpe. São tantos momentos...” Disse sorrindo amarelo.

Droga. Isso vai pra minha quota de mentiras, que por sinal, está enorme. Eu preciso parar ou isso vai me matar.

“– Não quer voltar? Queria que conhecesse uma pessoa” Perguntei com o olhar pidão.

“– Se faz questão, podemos voltar.”

Ótimo! Vou apresenta-la a Seth, eles vão se adorar. Dois loucos, crianções e divertidos. No fundo no fundo, sei que isso não vai prestar.

“– Então vamos você vai adora-lo.” Sorri abertamente e a puxei.

Paguei o pouco que havíamos consumido e torci para que Seth estivesse na praia. Caminhamos lentamente até lá, acho que ela estava pensando que eu iria enrola-la.

“– Praia?”

“– Sim, ele deve estar aqui” Corri até a areia e avistei-o de longe “Seth!” Ele estava com uma garota? Mariana? Ok, isso é muito estranho.

“– E aí Jake! Imaginei que não voltasse hoje!” Sorriu. 

“– Queria te apresentar uma pessoa” Chamei Nanda e passei o braço pela sua cintura “Seth, esta é Nanda, minha namorada.”