Coração De Lobo escrita por caroolcardooso


Capítulo 7
Capítulo 6 - Vida, por que sempre tão irônica?




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Finalmente era o dia do grande jogo. Eu estava tranquila, acenava animada para os alunos que me desejavam boa sorte e conversei normalmente na hora do café.

Ok, ok, é mentira. Eu estava me cagando de medo. Eu não dormi, não comi, não conversei com ninguém. Quando alguém falava comigo, eu ria nervosamente. Eu parecia mil vezes mais louca do que já era.

Eu tentava me manter focada nos assuntos, ou me manter calma, mas meu estômago revirava e meu coração estava acelerado.

Estava olhando pela janela, simplesmente o nada, com o olhar vago quando alguém estalou os dedos na minha frente.

- Acorda, sua lesada! -Bruno sorriu - Preciso da sua ajuda hoje.

-  Aham, eu já sei, fazer gols - revirei os olhos.

- Não, outra coisa - disse seco.

- Do tipo ... ? - perguntei curiosa. Essa era nova.

- Sabe Claire? - ele olhou para baixo, envergonhado.

- Aham, aquela que espalhou pra escola inteira que é sua namorada e que você ficou muito puto com isso e depois, romanticamente disse pra ela "tá bom, eu deixo você me chamar de namorado"? - sorri - Em outras palavras, minha cunhada?

- É - fez uma pausa - Vou dar uma aliança pra ela hoje!

- Tá de brincadeira com a minha cara? - revirei os olhos.

- É SÉRIO!

- Tá Bruno, e daqui a cinco minutos meu anão voador vai chegar por essa janela trazendo meu bilhete premiado da loteria!

- Caramba, é sério! - ele estava indignado

- Sério mesmo? - perguntei.

- Aham

Minha segunda reação foi muito pior, eu comecei a rir e não parei mais. Primeiro porque eu estava nervosa por causa do jogo, segundo porque aquilo era realmente uma piada. Bruno era um dos garotos mais galinhas da escola inteira. Todas as garotinhas o achavam lindo e eram apaixonadinhas pelo boboca.

- O QUE ELA BOTOU NA TUA COMIDA? - chacoalhei os ombros dele.

- Vai, pode me zoar, vai, zoa, um dia eu vou fazer isso com você - ele apertou os olhos.

- Peraí, você vai me deixar namorar? - perguntei com um sorriso torto.

- Depois dos 45 - me fitou sério - Talvez 46.

- Ok, eu aceito - dei de ombros - Mas posso te zoar bastante até lá.

Então bolamos todo o plano. Mas tinha um porém: só aconteceria caso a Grifinória ganhasse o jogo. Claire ia adorar sua aliança naquela noite.

Logo depois, encontrei Alice no corredor, quando ia para o Salão Comunal me arrumar para o jogo.

- Você vai ter uma surpresa hoje - ela sorri enquanto pulava de felicidade.

- Que tipo de surpresa? A aliança que meu irmão vai dar pra Claire? É, eu já sei disso - dei de ombros e revirei os olhos.

- AAH, sério? - ela me olhou espantada - Que fooooofos! Os dois irmãos de aliança! - a pequena sorriu demais.

Como?

- Repita sua frase, por favor - disse pausadamente.

- Droga - Alice fechou os olhos - nada, esquece - e saiu andando.

Naquele momento eu não vi mais nada, só dei a louca e segurei o braço dela com força e olhei no fundo dos seus olhos com raiva.

- Me explica isso, agora - ela tentou se soltar, mas eu não deixei.

- Eu prometi ficar quieta!

- Sou sua melhor amiga, desembucha ou morre - disse seca.

- Olha, é exatamente o que você entendeu! - ela fechou os olhos e respirou - Achei que você fosse ficar empolgada.

Demorei uns vinte segundos para entender aquelas palavras. Não, não, ela tava tirando uma com a minha cara.

- Tá, você realmente me pegou! Cai que nem uma patinha na brincadeira, agora preciso me arrumar - voltei ao meu caminho.

- Carol! -  Alice gritou - É SÉRIO!

Quando ela gritou aquilo, eu encostei na parede devagar e escorreguei, até ficar largada no chão e bati minha cabeça com força na parede.

- Por favor - supliquei - diga primeiro de abril

- Carol, a gente tá em dezembro!

- Por favor  diga que tem uma câmera nos filmando agora - olhei pra ela, mas não conseguia vê-la.

- Carol, para! É sério, poxa! Fica feliz, milhões de garotas amariam estar ganhando uma aliança esta noite! - ela sorriu um pouco tensa.

- Todas as garotas do mundo, zilhões delas, e a única que não quer vai receber - me joguei no chão e desejei que ele me engolisse.

- Mas qual é o problema?

- TUDO! EU SOU ALÉRGICA A ALIANÇAS! EU TENHO PAVOR DO NOME, DO ANEL, DO SIGNIFICADO! Arrrgh - bati minha cabeça no chão com força - E SE MEU IRMÃO ME VISSE COM UMA ALINÇA, ALGUÉM NESSA ESCOLA MORRE - bati a cabeça de novo.

- Quer parar de se auto-flagelar? Sua dramática... e você não é alérgica à alianças!

- É MODO DE DIZER! E dramática porcaria nenhuma - me levantei - E você vai acertar as coisas - disse convicta.

- Eu?

- É, você ajudou ele nessa ideia maluca, agora você vai tirar isso da cabeça dele - encostei ela na parede -  Você vai atrás dele agora e diz que é maluquice, sei lá, fala que eu morri! MAS DÁ UM JEITO!

AGORA? - ela parecia desolada - Mas ele deve estar no campo de Quadribol!

- Droga! - chutei a parede.

- Olha, ele disse que só daria pra você hoje caso a Sonserina ganhasse .. Ajuda?

Vida, por que sempre tão irônica?

- Talvez, assim ganhamos tempo - suspirei - Grifinória vai ganhar e eu não vou ter uma aliança - sorri. 

- Você é demente - Stella me fitou confusa.

- Não, eu só quero colocar as coisas nos seus devidos lugares - respondi descendo as escadas e deixando ela gritando o quanto eu era dramática.

Corri para a Sala Comunal da Grifinória, subi para os dormitórios, peguei minha vassoura e desci correndo. Eu corri, por pura vontade de correr. Pessoas me cumprimentavam no cominho e isso só fazia com que o nó no meu estômago apertasse ainda mais. 

Fui direto para o vestiário colocar o uniforme da Grifinória para o jogo. O vestiário não era realmente grande ou um lugar confortável e mágico, era um vestiário comum, com azulejos brancos, armários grudados uns nos outros nos dois lados dos corredores e bancos longos de madeira no meio deles.

Aquele lugar nunca me pareceu tão assustador. Senti como se estivesse me vestindo pra guerra. E eu estava

Até que olhei para um canto e vi a vassoura de Seth encostada no armário do canto. 

- Ele é besta ou o quê? Ele não sabe que qualquer um pode entrar aqui e azarar essa vassoura? Justo hoje, justo a dele. - murmurei pra mim mesma enquanto ia apanhar a vassoura daquele cabeça de vento. 

Olhei uns segundos apreensiva com medo dela, sei lá, me atacar, mas depois de sete segundos contados lentamente, toquei com meu pé nela e me afastei correndo. Nada. Um bom sinal, nada explodiu. Então a apanhei com a mão segurei por cinco segundos e a soltei correndo no banco próximo e sai correndo de novo. Nada. Puxei minha varinha de dentro do uniforme e comecei a murmurar todos as contra feitiços e azarações que eu conhecia, mas nada aconteceu. Então decidi que realmente não hava nada com a vassoura.

Abri meu armário para pegar algo que desse um jeito no meu cabelo e assim que abri estranhei em ver uma caixinha de lesmas de gelatina inteira lá. Eu não deixava caixinhas de lesmas de gelatina inteiras, cheias de lesmas de gelatinas. 

- Accio gostosuras gelatinosas da carol! - apontei minha varinha para o armário e então a caixinha veio flutuando até mim. Embaixo de onde estava a caixa havia um bilhete que eu me esforcei para ler de longe com medo de chegar mais perto.

"Espero que não esteja de mal humor depois da derrota, mas se estiver, a gente da um jeito. Boa Sorte, vão precisar.

Com amor, Viktor"


Prendi a respiração e num movimento rápido e murmurei "adicionar o feitiço que pega fogo" e o pequeno papel virou cinzas rapidamente.

Eu não comi as lesmas de gelatinas, foram as primeiras que eu recusei na minha vida. Mesmo sendo minhas favoritas, mesmo sendo viciadas, eu não comi.

Eu estava insana, muito insana.

Fechei o armário com força, e fiquei parada esperando que algo explodisse, ou sei lá. Mas nada explodiu.

Sentei em um dos bancos e respirei fundo, bem fundo, bem, bem fundo.

- Ei, você ta bem? - alguém entrou batendo devagar nos armários, talvez para não me assustar. 

- Hey, Logan - sorri o mais natural que pude - tensão pré-jogo - dei de ombros. Eu sempre ficava assim, meio paranoica.

- Ainda mais contra a Sonserina, essa manhã eu fiquei até com medo de abrir a pasta de dente e perder um olho! - ele sentou ao meu lado.

- É, e olha o que o boboca do Seth deixou aqui - apontei pra vassoura em cima do banco ao lado - Eu tô aqui há uns dez minutos esperando ela explodir.

- QUE BURRO! - Logan levantou com um pulo, e empunhou sua varinha - Você já tocou nela? 

- Já e já tentei todas as contra azarações e feitiços que eu conheço, já toquei, chutei e nada. Mas você deve conhecer mais feitiços que eu, tenta - fiquei do lado dele, olhando fixamente pra vassoura no chão, esperando. Ele só me fitou e riu - O que foi?

- Por que eu saberia mais feitiços que você

- Dãr, porque você tá no sétimo ano e eu tô no sexto? - revirei os olhos.

- Olha, se você não conhece mais nenhum, sem chances de eu saber - ele me olhou com um sorriso torto - Você continua sendo a melhor aluna de Hogwarts - Logan sabia o quanto eu odiava aquilo e eu o olhei como se eu pudesse sugar sua alma com os olhos.

- Cala a sua boca! - o soquei - Você vai testar a vassoura.

- Eu não! Não posso correr o risco de me machucar! - o idiota se afastou de mim.

- Vaaai logo! - mandei.

- Não! Ainda pretendo fazer o rebate duplo com o Jake - ele sorriu orgulhoso. Rebate duplo é uma jogada onde os dois batedores rebatem um balaço ao mesmo tempo, duplicando a força e bom ... coitado de quem receber o balaço.

- Anda, Logan! - o empurrei na direção da vassoura - Testa.

- NÃO! 

- Tá, o Seth se vira - dei de ombros e comecei a prender o ninho de coruja que chamo de cabelo em um rabo de cavalo.

- Eu o que? - Seth apareceu atrás de nós.

- Você é um idiota que não guarda a própria vassoura - dei uma última volta com o elástico no cabelo e passei por ele, socando seu estômago.

- Autch! - guinchou e se encurvou - Qual o problema? 

- O problema é que no ano passado nas vésperas do jogo contra a Sonserina, uma maçã explosiva deixou nosso antigo artilheiro na ala hospitalar durante uma semana! - Logan o olhou incrédulo.

- É, eu lembro disso... mas eles não entrariam aqui! 

Logan e eu nos entre olhamos por um segundo.

- Quem tirar dois bate - falei rapidamente e, como se fôssemos brincar de "par ou ímpar", mas os dois colocaram dois. E assim, os dois bateram no Seth.

- Ok, ok, pessoal, deixem nosso apanhador vivo, matem-no depois do jogo - Bruno entrou no vestiário botando ordem sendo seguido por Jake, Gabrielle e Laura.

- É que você não sabe o que ele fez, senão o mataria também.

- Meu Merlin, Seth, que merda você fez agora? - Jake começou a rir.

- Ele deixou a vassoura aqui - Logan o fuzilou com os olhos.

- Pra mim não tinha problema nenhum! - tentou se proteger.

- SEU BURRO! - Gabrielle guinchou.

- VOCÊ É LOUCO? - Laura cruzou os braços.

- Você é muito burro! - Bruno fechou os olhos e respirou fundo - Já fizeram o teste na vassoura?

- Não, Logan se recusou - sorri olhando para o garoto moreno ao meu lado que me olhou feio.

- Ei, eu ... - ele tentou protestar mas Bruno o cortou - Jake, vai você.

- EU VOU! - adiantando-se, Jake pegou a vassoura e ia se retirar do vestiário, mas Seth se colocou em sua frente.

- Acho que não vai precisar - ele sorriu.

- Ah, você vai testar? - perguntei irônica.

- Não e ninguém vai - disse confiante - ganhei uma vassoura nova ontem.

- O QUÊ? - todos perguntaram e coro. Então ele foi até seu armário, apontou a varinha para a porta que se abriu no mesmo momento e de lá tirou uma vassoura enorme e novíssima. Tinha tanta coisa que eu fiquei imaginando o que ela fazia.

- É uma Firebolt 2012? - Bruno perguntou se aproximando inconscientemente.  

- Ahaam! - sorriu.

- Mas nós ainda estamos em 2011! - Gabrielle franziu o cenho.

- Meu pai conhece uns caras - ele deu de ombros.

- Ela faz café descafeínado? - perguntei sorrindo.

- Não esse só sai na versão 2013 - Logan respondeu sorrindo pra mim.

- Espera, mas não teve perigo de ninguém ter arrombado seu armário? - Laura perguntou cruzando os braços e encostando na parede.

- Não, fiz um feitiço de proteção, se alguém tentou, saiu machucado - Seth respondeu como se não ligasse.

- Quando você ficou tão inteligente? - perguntei entando conter um sorriso que queria escapar de meus lábios. Ele só me fitou, não sei dizer que olhar foi aquele, se foi bravo ou feliz, mas ele olhou pra mim, sorri.

- Então vamos nos arrumar! - Bruno bateu palmas - Todos queremos uma festa hoje a noite!

Era estranho, minha barriga revirava e olhei as pessoas enchendo as arquibancadas não amenizava nada a situação. 

Estava encostada na porta do vestiário enquanto todos se trocavam até que vi Viktor passar pelo outro lado do campo, ele acenou pra mim.  Paralisei. Virei as costas e entrei de novo no vestiário, pronta pra jogar.


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