Coração De Lobo escrita por caroolcardooso


Capítulo 6
Capítulo 5 - Que merda, literalmente.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185464/chapter/6

Era o dia antes do jogo. Por todo lugar que passava, via Grifinórios e Sonserinos brigando, se encarando, fazendo juras e contando a vitória. E eu me sentia uma traidora.

Eu queria, de coração que Viktor ganhasse, afinal, ele era meu ..hm, você sabe. Mas não conseguia ficar feliz em simplesmente imaginar ele ganhando. Se ele ganhasse, eu não conseguiria ficar feliz, porque nós perdemos. Mas se nós vencêssemos , eu não ficaria triste, pelo contrário, estaria muito feliz e simplesmente não ligaria se ele estivesse triste porque perdeu.

Eu queria que Seth pegasse aquele pomo.

Bruno pediu para que nos reuníssemos depois da aula para decidir o que fazer.

E assim que a aula de Transfiguração acabou, eu sai correndo para o Salão Comunal da Grifinória, mas acabei encontrando Sunny no caminho.

Sunny é uma das garotas mais fofas que já conheci. Ela tinha o cabelo longo e castanho, da cor de brigadeiro, grandes olhos castanhos e um sorriso daqueles que faz você esquecer de tudo e sorrir junto. Nós sempre tivemos algum tipo de "conexão", como sempre fazer piadas iguais, na mesma hora, ou apenas conseguir fazer uma piada, sem dizer nada, apenas olhando uma pra outra.

– Eu to torcendo por vocês amanhã! - ela sorriu animada - Aliás, acho que a escola intera está!

– Pressão demais, pressão demaaais! - respondi mordendo o lábio - Mas quero ver você de amarelo e vermelho amanhã! - sorri.

– De jeeeito nenhum! Eu vou de amarelo e preto! - e beijou o símbolo da Lufa-Lufa em seu peito. Sorri.

– Tuuuuuuudo bem, mas preciso ir senão Bruno esmaga minha cabeça se eu chegar atrasada na reunião! - sorri arrumando a mochila nas costas.

– Ceeeeeeerto! E manda um beijo pra ele! - acenou.

– Podexá! Gritei enquanto corria.

Quando cheguei no Salão Comunal, eu descobri que estava atrasada quando todos olharam pra mim.

– Qual é a parte do sem atrasos que você não consegue entender, Carolina? - Bruno me olhou estressado.

– Descuuulpa! Eu encontrei Sunny no caminho! - levantei as mãos em rendição - E a propósito, ela te mandou um beijo e disse que tá torcendo para nós!

– Hogwarts inteira está torcendo por nós! - ele revirou os olhos - mas eu dou um abraço nela mais tarde.

Discutimos como faríamos com a mudança de apanhador da Sonserina.

– Não há muito o que fazer - dei de ombros - Tudo que precisamos é mostrar praquelas cobras o quaõ alto um leão pode rugir - sorri animada com minha frase linda.

Todos me fitaram por um momento

– Onde voce ouviu isso? - Jacob perguntou, levantando uma sobrancelha.

Foi a coisa mais inteligente que você já falou na sua insignificante existência - Bruno me olhou desconfiado.

– Sou foda, querido - sorri ainda mais - dig din dig din dig din - cantarolei.

– Certo, Carol para com suas frases de efeitos e seus fodas fora de hora - ele deu um tapa na m,inha cabeça, resmunguei baixinho - temos um jogo pra ganhar e ... - apontou para Seth - você vai ter que ficar atento, pelo menos uma vez na sua vida rapá.

– SETH? ATENTO? - Laura riu gostoso, essa é nova.

– OOOW! Eu sei que estou quase dormindo o tempo inteiro, mas eu posso prestar atenção quando quero! - ele fez biquinho enquanto cruzava os braços.

– AAAAAAAAAAWN, TADINHO DO SETH! - Gabe abraçou-o e ele continuou com cara de dó.

– Aham, muita atenção você presta - revirei os olhos e sorri.

– Que seja, Seth, por favor, não durma em cima da vassoura! - Bruno passou a mão pelos cabelos - E você Jake, por favor, não mate ninguém .... Tá, esquece a última parte.

– ÉÉÉ! Será que eu posso ir pra Azcaban por homicídio sem intenção de matar? - Laura perguntou num sorriso torto.

– Se você estiver de TPM sua pena é reduzida - dei de ombros.

– SÉÉÉÉRIO? - pude ver seus olhos brilharem de felicidade.

– Aham, acho que eles contam como se você estivesse, hm, sei lá "louca"

– Mas por que diabos você sabe isso? - Logan pergunto com os olhos arregalados.

– É sempre bom pesquisar sobre a penitência dos crimes que você sente vontade de cometer - olhei friamente para Jacob e depois para Bruno.

– Certo, então .. Hm, alguma das meninas de TPM amanhã? - Logan perguntou um tanto vergonhoso.

Balancei a cabeça negativamente. Gabrielle também.

– EU! - Laura levantou a mão - Deixa que eu acabo com a raça deles!

E assim decidimos que Laura seria a homicida do jogo.

Depois da reunião, fui me encontrar com Viktor como tinha prometido.

Mas ele desmarcou o encontro, deixando um recado por um garotinho do terceiro ano, que me pediu três galeões depois do serviço completo, mandei o pirralho ir pastar, eu não tinha dinheiro nem pra manter meu suprimento de doce, quanto mais pagar um pirralho.

E então, fui ao corujal, um dos lugares que eu mais gostava de ir quando queria ler ou ficar sozinha, pra visitar Kika.

Kika é a minha papagaia, a coisa mais fofa e mais linda da Calól. Normalmente bruxos tem corujas, ratos ou sapos, bom, eu tenho uma papagaia. Corujas servem como, hm, correios e Kika é o meu correio verde berrante.

Subi as escadas devagar, na verdade, eu estava cansada naqueles dias, como se tivesse algo que sempre me puxasse para trás, como se estivesse presa.

Subi todos os trilhões de lances de escadas e sentei no chão, num lugar afastado onde não tinha cocô de coruja, estava ofegante. Eu nunca tinha ficado ofegante subindo aquelas escadas.

Estava tudo quieto, o único som era o do vento entrando pelas enormes janelas da sala, maiores do que o normal e o das corujas se preparando para dormir na imensidão de poleiros espalhados por todas as quatro paredes do cômodo.

Encostei a cabeça na parede por alguns segundos e fechei os olhos. Tinha algo errado, algo muito errado naquilo tudo. Minha vida estava errada.

Eu estava feliz por estar com Viktor, quero dizer, eu o amava, não amava? Amava. Então por que teria algo errado? Não, não tinha nada de errado.

E no meio dos meus pensamentos incompreensíveis, senti algo puxando meu cachecol.

– Ei! - resmunguei olhando pra baixo e vi aquele pequeno serzinho verde tentando estraçalhar a única coisa que era capaz de tampar o estrago que Viktor tinha feito e, consequentemente, salvar minha vida - Você poderia ser mais educada, né? - sorri e coloquei meu dedo em sua frente, ela subiu.

– Pitucurruca mais linda Cadól - murmurei, encostando meu nariz no bico dela - Me diz, o que há de errado com essa idiota aqui na tua frente.

Ela realmente pareceu pensar sobre o assunto, porque ficou me olhando por um longo tempo sem tentar destruir nada meu que estava ao seu alcance. E logo depois começou a bicar de leve meu dedo.

– É, é, ela é maluca, só isso - sorri e comecei a cantar "atirei o pau no gato" e ela cantava comigo.

– Vocês poderiam ir num show de talento - dei um pulo de onde estava e olhei rapidamente para a porta. Então um alivio tomou conta de mim e me joguei no chão de novo.

– Você pode avisar da próxima vez que quiser aparecer de surpresa e eu estiver cantando, eu agradeceria muito - revirei os olhos e comecei a brincar com Kika e a ponta do meu cachecol.

Ele somente riu e sentou ao meu lado.

– O que você veio fazer aqui? - ele perguntou olhando pro chão.

– Sei lá, fiquei com saudades do meu bebê - dei de ombros e dei um beijo no bico do meu ser verde - E você?

– Só queria pensar um pouco ... - deu de ombros.

– Vai te dar dor de cabeça - sorri.

– O que vai me dar dor de cabeça? - o garoto perguntou confuso.

– Pensar, é esforço demais pro seu cérebro! - não pude deixar de sorrir ao ver a cara de bravo dele.

– HÁ-HÁ - ele continuou bravo.

– Fica bravinho comigo não - sorri beijando a bochecha dele

– É brincadeira - dei um tapinha do braço dele - Quero dizer, em partes.

Ele continuou fazendo cara feia pra mim, com biquinho. Então eu coloquei Kika no ombro dele e o abracei.

– Nhááá, Seeeeeeeeethzinho, não fica bravo com a Calóóól! - sorri muito forçado, colocando meu rosto em frente ao dele. Kika voou e ficou num poleiro próximo.

Ele só me fitou bravo e mostrou a língua.

– Nhaaaaaaaaá! - dei um peteleco no nariz dele - Patão!

– EU NÃO SOU PATÃO! - ele levantou as sobrancelhas - Você é patona!

– Sou nada! - cruzei os braços - É você, nem aguenta brincadeira.

– Não aguento brincadeira? - ele sorriu de lado e, num movimento rápido, roubou meu tênis - Então vem pegar, patona!

Olhei feio pra ele. Seth era muito mais alto, não tinha chances, suas pernas eram muito mais compridas e se eu tentasse correr, seria em vão.

– Seth - respirei fundo - dá meu tênis!

O garoto sorriu e correu para o outro lado do cômodo, embaixo de uma fileira de poleiros com corujas arrumando suas asas e que pareciam nem se importar com o fato de eu estar descalça na casa delas.

– Vem pegar! - ele sorriu - patona!

Sai correndo atrás dele, mas o infeliz correu de mim e foi para perto de uma das enormes janelas Filho duma meretriz.

Mas bem na hora em que eu estava decidida a pular em cima dele, uma pomba entrou voando pela janela. Olhei pra cima assustada e depois tive que conter o riso.

– Han ... Seth - apontei pra coruja e depois pra cabeça dele - acho que ela te deixou um presentinho! - comecei a rir desesperadamente.

– AAAH, MERDA! - ele gritou passando a mão na cabeça e sentindo o pequeno presente que a coruja tinha lhe deixado.

– MERDA LITERALMENTE! - praticamente gritei do meio das risadas, apontando pra cara dele.

– AAAH, CARA, EU JÁ TINHA TOMADO BANHO! - Seth estava indignado.

– AAAAAAi - respirei fundo segurando minha barriga - Minhas corujas adestradas são lindas, nunca mais roube meu tênis! - sorri, levantando e tirando meu tênis da mão dele.

– Caralho, vem cá deixa eu limpar em você! - ele tentou puxar minha manga, mas eu sai rapidamente.

– Nem ferrando, a cagada é sua, limpa você - falei espontâneamente e depois de um segundo, parei para refletir o sentido da frase e comecei a rir descontroladamente de novo - literalmente - completei rindo mais ainda.

Seth fez uma cara de bravo, franziu o cenho e passou a mão pelos cabelos de novo, tentando tirar os vestígios do intestino da Coruja.

– Sabia que se você limpar com a mão, sua cabeça vai ficar limpa, mas sua mão vai ficar suja? - sentei no chão e coloquei meu tênis. Ele só me fitou bravo.

Terminei de amarrar meu tênis, ainda rindo escandalosamente.

– Eu só não tampo a tua boca pra você parar de rir porque seria muita maldade.

– E porque você sabe quem voaria por aquela janela, né? - sorri apontando para a janela atrás dele - Vem, eu ajudo você a lavar essa merda - parei um pouco e sorri - literalmente.

– Você pode pelo menos parar com as piadinhas? TEM COCÔ DE CORUJA NA MINHA CABEÇA, CARA! - ele fechou os olhos e fez uma cara de nojo - Af, que nojo, que nojo...

– Vamo lá, sr miojo - andei em direção a porta.

– Miojo? - o garoto perguntou confuso.

– Só se for sabor cocô - sorri e sai correndo do Corujal antes que ele atacasse uma coruja em mim.

Ele me seguiu e, no momento em que estávamos andando pelo corredor e Seth ainda murmurava que estava com nojo, uma porta apareceu a nossa esquerda com uma placa escrita "Banheiro".
– Acho que alguém precisa de um banheiro - sorri com meu trocadilho idiota. Ele só revirou os olhos - Entendeu? Sala precisa, banheiro, seu cocô na cabeça, sacou, sacou? - tentei explicar.
– Chega de piadas! - Seth revirou os olhos e com um puxão, abriu a porta e entrou.
– Acho que alguém precisa fazer cocô e eu não acho que seja a coruja - murmurei pra mim mesma, com um sorriso bobo.
– EU OUVI! - ele gritou de dentro do banheiro.
– DESCULPA, PROMETO QUE PAREI! - gritei de volta entrando também pra ajudar ele a lavar a cabeça.
– Pelo menos espero que isso seja sinal de sorte - sorriu enfiando a cabeça embaixo de uma pia muito grande e espaçosa, com uma grande torneira e uma espelho enorme a frente. Era bem amplo e iluminado, com toalhas fofas empilhadas ao lado de uma enorme banheira ao fundo.
– Talvez seja, olha só, você ganhou um banho de banheira totalmente grátis! E nem precisou ligar nos últimos cinco minutos! - sorri apontando ao fundo, onde estavam a banheira e as toalhas.
Ajudei o garoto a lavar o cabelo, mas só depois que tive a certeza de que o intestino todo da pomba já tinha saído com água, só então usei o shampoo que estava ao pé da banheira, junto com as toalhas.
Quando chegamos ao Salão Comunal (antes fiz a questão de contar pra Mulher Gorda o ocorrido), decidi ir deitar, estava cansada. Então dei um abraço forte no garoto e ele me levantou, tirando meus pés no chão. Depois eu sorri e disse:
– Só vê se não faz nenhuma cagada amanhã - dei de ombros e quando estava ao pé da escada gritei - LITERALMENTE - então subi correndo antes que algo atingisse minha cabeça.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração De Lobo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.