Eu estava preocupada, assim como Lilly. Nico foi o único que reagiu normalmente com a situação, se soltando de sua namoradinha idiota e indo até a porta. Com a mão na maçaneta ele se virou para nós, arqueou uma sobrancelha e perguntou:

– Vocês não vem?

Eu não respondi. Lilly me puxou para fora enquanto eu fuzilava Nico com os olhos.

Saímos do pavilhão com todos os olhares voltados para nós e ao som dos cochichos de semideuses fofoqueiros.

– Lilly, fala para a Hanna que eu soube da história da banana. - Nico disse enquanto caminhávamos até a Casa Grande.

Lilly se virou para mim com uma cara de ponto de interrogação enquanto eu corava.

– Na Captura à Bandeira... Jennifer me chamou de cara de banana e eu acabei soltando que a única banana que eu gostava era a do Nico. - Esclareci.

– Você AMA a minha banana. - Nico zombou.

– De jeito nenhum! Detesto banana nanica! - Revidei. Lilly estava tentando conter o riso.

Entramos na Casa Grande onde Quíron nos esperava sentado em sua cadeira de rodas.

– Sentem-se. - ele disse em um tom sério. - Vamos direto ao ponto: Poseidon convocou vocês três para uma missão.

Eu bufei.

– Uma missão? Com o Di Ângelo? Nem morta! Não tem ninguém melhor, não?

– Seu pai fez questão de que ele fosse. - Quíron respondeu. Ótimo, não sabia que meu pai me odiava.

– Opa! Pai? Hanna, tem alguma coisa que você ainda não tenha me contado? - Perguntou Lilly.

Eu abaixei a cabeça e disse:

- Meu pai é Poseidon.

O rosto de Lilly se contorceu em uma careta.

- Você não era filha de Atena? - Ela perguntou.

– Na verdade, ninguém havia me reclamado até ontem. Mas todos achavam que eu era filha de Atena, sabe? Loira, notas boas, ninguém ganha de mim jogando Batalha Naval... tudo indicava que eu era sua filha, mas ontem Poseidon me reclamou.

– Isso é muito estranho. - Ela disse. - Mas a profecia não dizia que seria uma filha de Atena?

– Mas também dizia que vocês serviriam a Poseidon e, se ele quiser que Hanna participe, que assim seja. - Interferiu Quíron.

– Hanna, Hanna, Hanna... vocês só sabem falar dela? - Nico reclamou.

– Vocês devem encontrar Poseidon em trinta minutos. Ele estará na Praia dos Fogos e dirá aonde vocês irão. Então, partirão de imediato. Preparem as suas coisas e vão. - Quíron disse ignorando a pergunta de Nico.

– Mas para que essa missão? - Perguntei, confusa.

– Vocês procurarão o Livro da Glória. O livro que ensina o segredo do sucesso. Da última vez que usaram o seu segredo uma família inteira foi amaldiçoada.

– Barnabás Di Speranza... - Disse Lilly, com os pensamentos longe.

– Exato. - Quíron disse.

Barnabás? Sério? Olhei para Lilly, que assentiu enquanto eu tentava não rir.

– O Livro da Glória está escondido há milênios. Ninguém o achou desde Barnabás, mas vocês três terão que encontrá-lo. Agora vão arrumar as suas coisas. Poseidon os espera.

Fomos até nossos respectivos chalés nos preparar para a missão. Eu estava furiosa. Passaria dias com meu ex-namorado. E o pior: meu namorado atual / irmão (se é que namorávamos de verdade) não iria. Tá bom, eu era a filha fodástica de Poseidon, mas de que isso adiantava se eu não sabia nem usar meus poderes?

- Oi Hanna. - Percy disse quando eu entrei no chalé. - Que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Sim, muita coisa. - Eu disse. - Nosso papai me convocou para uma missão. Junto com Lillian Di Speranza e Nico Di Ângelo. 

- E...? - Ele perguntou. Ok, filhos de Poseidon têm fama de serem lerdos. Mas eu não sou tão lerda como o Percy. 

- E ele é meu ex-namorado!!! - Eu disse.

- Ah, grande coisa. - Ele disse. Estava começando a ficar com raiva do meu maninho. - A propósito, porque Poseidon não me chamou para a missão? É óbvio que eu sou melhor que você.

- Ah, tá, engraçadão! - Eu disse. - Veremos.

Terminei de arrumar minha mala (lê-se: socar tudo lá dentro) e sentei na cama do Percy, ao lado dele.

- Falando sério, agora. Eu tô com medo.

- Vai dar tudo certo. Qualquer coisa, por favor, mande uma mensagem de Íris. Eu irei correndo para ajudar, tá? - Ele disse. O que raios era uma mensagem de Íris? Resolvi deixar quieto. Olhei para Percy e ele estava olhando para mim. Ele se aproximou e me beijou. Eu estava gostando, afinal, eu o amava. Mas ele era meu irmão agora. Aquilo era muito errado.

- Percy, não. - Eu disse, afastando-o. - Você é meu irmão.

- Eu sei. Eu te amo. - Ele disse, me apertando num abraço de urso.

- Eu também. Mas temos que nos amar somente como irmãos agora. - Eu disse, me levantando. Troquei de roupa ali mesmo e vi que ele olhava para mim com um sorriso bobo na cara.

- Não... não olha assim pra mim. Irmãos não vêem malícia em irmãos.

- Tá certo. Foi mal. - Ele disse, virando o rosto. - Podia pelo menos se trocar no banheiro, então?

Eu ri e fui até o banheiro. Estava uma bagunça, mas ignorei. Terminei de vestir uma calça de couro preta bem colada, uma camiseta rosa e all star preto. Nico iria à loucura quando me visse naquela calça.

Murmurei um rápido tchau para Percy, acenando, e fui até a Praia dos Fogos. Eles ainda não estavam lá, mas depois de alguns minutos, Lilly apareceu.

OBS: A Lilly é uma personagem da fanfic O Livro da Glória, na qual eu fiz uma parceria com a autora.