Reviravoltas - Parte 2 escrita por Milka


Capítulo 13
Indecisa




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Uma pata? 

Nos deparamos com uma pata de macaco gigante e peluda. O macaco nos fuzilava com os olhos enquanto nós entrávamos em pânico.

- Merda. - Disse Lilly.

- AGH! - O macaco de cinco metros de altura respondeu.

- Ok, como nos livramos disso? - Nico perguntou dando alguns passos para trás.

- Não é óbvio? - Eu disse, pegando minha espada. - COOOOORRE!!!

Eu sei que não foi um ato muito heróico, mas eu estava ocupada demais tentando salvar a minha vida para me preocupar com isso.

Eu, Lilly e Nico corremos ao redor do King Kong, que era bem lerdo. Ele se virou e começou a bater com as patas no chão, fazendo com que ele tremesse.

De repente, eu senti uma coisa peluda me agarrando e me levando para o alto. O macaco me pegara. Eu comecei a gritar loucamente até que Nico gritou:

- HANNA! 

- SOCORRO! - Eu gritei.

O macaco me analisava como se eu fosse uma espécie de diversão enquanto eu morria esmagada pelas patas dele.

- Hanna! Não se mexa! - Nico gritou pegando um arco e uma flecha.

Pode acreditar! Eu nem conseguiria me mexer! - Eu disse enquanto o macaco me balançava. Ele me apertava tanto que eu quase não conseguia respirar. Mais um pouco e ele quebraria minhas costelas perfurando meus pulmões.

Nico atirou a flecha bem no olho do macaco, que grunhiu de dor.

- Você quase me acertou! - Eu gritei, mas ele ignorou. Lançou mais uma flecha no outro olho do macaco, que se desfez em areia dourada me deixando cair de lá de cima.

Nico veio correndo e se ajoelhou ao meu lado.

- Hanna! - Ele disse, segurando minha mão. - Tá tudo bem?

- Porque se preocupa? - Eu perguntei, recuperando os sentidos e me levantando.

- Porque... porque eu te...

- QUEM SÃO VOCÊS? - Perguntou uma voz que fez estremecer toda a caverna.

Atrás de nós surgiu uma mulher ruiva, com olhos cinzas, pele pálida, mãos esqueléticas e um vestido roxo que ficava grande demais nela, além da enorme quantidade de jóias de ouro extravagantes.

– Somos Lillian Di Speranza, Hanna Manson e Nico Di Angelo senhora. - Respondeu Lilly.

Ela bufou.

– Venham! Rápido! - ela disse nos tirando da caverna e nos levando até uma pequena e modesta casa no meio da floresta.

- Onde estamos? - Perguntei.

- Esta é a minha casa. - Disse a mulher.

- E você é...? - Perguntou Lilly.

- Ora, crianças ingênuas! - Ela disse, fazendo Lilly se encolher. - Eu sou Madame Luciana.

- Ah, é um prazer conhecê-la, Madame. - Eu disse, fazendo sinal para que Nico e Lilly se curvassem diante dela, assim como eu. Se tem uma coisa que eu aprendi na vida, é que Madames adoram ser idolatradas. E aquela Madame, nós precisávamos agradar.

- Porque nos trouxe aqui? - Perguntou Nico.

- Oh, eu sei o que vocês procuram. E precisam da minha chave. Pois bem, eu vou dá-la a vocês.

- Ah, muito obriga...

- Com uma condição. - Ela disse, apontando um dedo ossudo para nós. - Vocês devem passar uma noite aqui, comigo. Como uma família.

Nós três fizemos cara de Hã? e a mulher continuou.

- É que eu estive tão solitária durante todos esses anos... Não tenho ninguém. Mas não se preocupem. Eu vou lhes dar comida, cama e roupas, como uma verdadeira família. É a única coisa que lhes peço.

- Amanhã de manhã você nos dará a chave. - Disse Lilly, mais como uma afirmação do que uma pergunta. A mulher hesitou, mas por fim disse:

- É claro.

Madame Luciana nos guiou por sua casa, que por fora parecia bem modesta, mas por dentro era bem arrumada e luxuosa. Subimos as escadas e ela nos levou até um quarto no fim do corredor.

- Este é o quarto de vocês. Tem roupas limpas no armário e toalhas no banheiro. Às sete horas, vocês devem descer para o jantar. Qualquer coisa, é só falar comigo. - Ela disse, se virando e saindo do quarto. 

- Tá bom, isso é muito estranho. - Eu disse, fechando a porta depois que Luciana fora embora. O quarto era limpo e de bom gosto, tinha cortinas nas janelas e duas camas. Uma de casal e uma de solteiro.

- Pode ser estranho, mas ela está nos dando moradia de graça. É melhor aproveitarmos enquanto podemos. - Disse Nico, deitando na cama de casal que havia no quarto.

- Pode deitar lá na cama de solteiro. Eu não vou dormir aí com você e tenho certeza que a Lilly também não vai.

- Ah, qual é, Han? - Ele disse, sentando na cama. - É só uma cama. Eu não mordo. Quer dizer, só se você quiser.

- Que nojo, Nico! Sai daí. - Eu disse, empurrando-o.

- Não. Eu vou dormir aqui, e você aqui do meu lado. Vai, deixa de frescura! - Ele disse, e me agarrou pela cintura, me jogando na cama.

- TÁ BOM. Mas não me toque. - Eu disse.

- Hã... vou tomar um banho. Tentem não se matar. - Disse Lilly, pegando uma roupa qualquer no armário de Madame Luciana e se trancando no banheiro.

 - Hanna. - Chamou Nico. - Eu me arrependo, tá bom? Me perdoa?

Não respondi. Sentei na cama, de costas para ele.

- Olha pra mim. - Ele disse.

- Que foi?

- Me perdoa.

Eu não respondi de novo. Levantei e abri o armário, procurando por uma blusa, porque a minha ainda estava com aquele corte no meio, ainda mais ampliado por causa do macaco.

- Vira pra lá. - Eu disse.

- Hã? - Nico disse, perdido.

- Vira pra lá! Vou por uma blusa.

- Ah, tá. Foi mal. - Ele disse, pensando. - Nada que eu já não tenha visto, mas tá.

Eu grunhi e tirei rapidamente minha blusa rasgada, pondo em seu lugar uma blusa vermelha que achei no armário.

- Pronto. Eu estou cansada. Acho que vou dormir um pouco até o jantar. - Eu disse, deitando na cama. - E não me toque. Aliás, você tá fedendo a macaco.

- Assim como você. Dãã. - Ele disse, se levantando e batendo na porta do banheiro.

- Lilly! Vai demorar, aí? - Que idiota, até a Lilly ele enchia o saco.

- Não, já tô saindo! - Ela gritou lá de dentro.

Quando ela saiu, eu entrei rapidamente e fechei a porta, antes que o Nico pudesse entrar.

- Ah, fala sério Han! - Eu ouvi ele dizer lá fora. Eu ri e entrei no banho. Lavei o cabelo também, por causa do macaco. Quando eu desliguei o chuveiro, pude ouvir Lilly e Nico cochichando lá fora.

- Você acha que ela vai me perdoar algum dia? - Disse Nico.

- Não sei. Você magoou muito a Hanna. - Disse Lilly.

- Eu sei, eu sei. Mas ela me magoou também. E a Jennifer... eu nem gosto dela. 

- Fala isso pra ela. - Disse Lilly. Nesse momento eu saí do banheiro.

- Falando de mim? - Perguntei ocasionalmente.

- Hã... não. Vou tomar banho. - Disse Nico, entrando rapidamente no banheiro.

Eu bufei e me joguei na cama, com a cara no travesseiro.

- O que foi, Han? - Perguntou Lilly.

- O Nico. Eu ouvi vocês conversando. Ele... ah, eu não tô entendendo mais nada. É claro que ele não se arrepende!

Ficamos um tempo em silêncio, até que Lilly disse:

- Você ainda gosta dele, não é, Han? 

- EU? Gostar do Nico? Por favor. - Eu disse, revirando os olhos.

- Hanna... - Ela disse, estreitando os olhos.

- Que é? - Eu disse. De repente, lágrimas vieram aos meus olhos embaçando minha visão. Lilly me deu um abraço e eu continuei.

- É claro que eu gosto dele. Mas ele TINHA que estragar tudo. Fala sério, ele é tão doce, atencioso, engraçado, bonito, e... COMO não gostar dele? 

- Volta com ele, Hanna! - Disse Lilly.

- Eu não posso! Ele estragou tudo!

- Mas você também estragou tudo.

Fiquei pensando no que Lilly dissera até que caí no sono. Quando acordei, estava deitada no peito de Nico, seus braços me envolvendo.

- Que parte do Não me toque você não entende? - Perguntei, me soltando de seus braços.

- A parte do não. - Ele disse, beijando minha cabeça. Eu queria odiá-lo, mas ele tornava tudo tão... difícil. - Tá na hora do jantar. A Lilly já desceu.

Descemos e nos juntamos a Lilly e Madame Luciana que já estavam na mesa. Conversamos sobre algumas coisas e depois subimos. Escovamos os dentes e eu me deitei na cama junto com Nico, o mais longe possível dele. A noite estava meio fria, então nos cobrimos com uma coberta que estava lá.

- Boa noite, Lilly. - Eu disse.

- Não vai dar boa noite pra mim? - Perguntou Nico.

- Não. Só dorme. - Eu disse, me virando para o lado oposto de Nico. Estávamos deitados até que eu senti mãos envolvendo minha cintura e me puxando para perto.

- Nico, pára.

- Hanna, por favor, me perdoa! Eu já disse que me arrependo. Você... não me ama?

Eu não respondi. Olhei para ele, que me olhava com os olhos úmidos. Ele se aproximou e me beijou. De repente, eu já estava em cima dele, minhas mãos em seu cabelo negro e meus lábios nos dele. Era incrível o que o destino aprontava com a gente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? ♥