Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184672/chapter/5

O meu relógio despertou as 06h00 da manhã pra eu ir a escola, mas o que eu queria era continuar na cama. Tive um sonho louco sobre demônios, com a minha vizinha, meu dedo latejando e sangrando porque eu tive de assinar um contrato que mais parecia que eu estava vendendo a alma pro diabo. Eu estava me sentindo um caco. Como sempre, sentei na cama e esperando a coragem chegar pra ir à escola. Levantei e fui tomar banho. Fiquei bastante tempo no banho e olhava meu dedo, “como será que eu tinha machucado ele?”. Depois que acabei o banho, fui alimentar meu “vício” e passei na frente do espelho e o que vi não foi meu rosto cansado e pálido, mas sim algo macabro. Era eu, mas não era. Minha pele estava cinza, meus olhos lacrimejavam sangue e estavam vermelhos. Meus dentes estavam negros de tão podres e tinha a minha gengiva cheia de larvas. Abri o espelho para ver algum remédio pra isso e quando fecho, vejo o rosto de alguém que teve uma péssima noite. Era eu de novo. Me vesti e desci as escadas. Era 06h45 da manhã. A escola era perto de casa, 15 minutos andando. Foi tranquilo, estava tudo calminho. Encontrei a Vitória no meio do caminho. O perfume dela era meio forte, mas nem tanto. Era gostoso de sentir o cheiro. Aproveitei que ela estava de costas.

- Perfume delicioso logo pela manhã

Ela se virou e parecia surpresa.

- Bom dia!

- Estuda lá na Mathias?

- Sim. Fui transferida pra lá na semana passada. Minha antiga escola é muito longe

- Qual o nome da sua antiga escola?

- Baronesa

- Ah... Nunca ouvi falar

Ela sorriu. Aparelho vermelho a mostra!

- Quase ninguém ouviu falar de lá, é muito pequena a escola.

- Ah sim... Que série você ta?

- Segundo ano e você?

- Terceiro.

- Nossa, que legal

- Nem tanto. Odeio a escola, acho que vou parar quando acabar o ensino médio

- Por que? Não vai fazer faculdade?

- Não preciso.

- Não?

- Não. Sabe por quê?

- Não

- Porque eu vou ser empresário e sou bom em contas e em controlar as pessoas.

- Empresário de quem?

- Da banda do meu amigo Pedro Bear

- Você tem um amigo que tem uma banda?

- Aham. Já arranjei vários shows pra eles e já sou considerado o empresário deles. To tão garantido quanto eles.

- Que bom pra você!

- Pois é. E você? Vai fazer faculdade de que?

- Direito

- Advogada é?

 - Juíza, na verdade.

- Uou! Foda hein.

- É.

Chegamos na escola e encontrei Pedro na porta, me esperando

- Qual foi cara? – Ele disse

- Velho, se você ficar assim, me esperando em tudo quanto é lugar, as pessoas vão pensar que a gente ta se pegando

- Aham, você quem dá pra mim

- Que isso. Não posso dar pra você, você é quem tem cara de menininha aqui.

Ele fez um gesto obsceno e riu

- O que aconteceu ontem cara? Fui procurar você e tu tinhas sumido!

- Saí com uma garota e não me lembro de nada, mas to cheio de hematomas no corpo

- Aê Garanhão! Tá me traindo com uma masoquista?

Rimos.

- Cara, sério. – Vitória estava atrás de mim. – Ah! Essa aqui é a minha vizinha Vitória.

- Prazer, sou o Pedro, mas me chamam de Pedro Bear também

- Oi!

Ele a olhou como se ela fosse menor de idade! Eu olhei pra ele e ele me olhou com um cara de “deus do céu! Maior gata!”. Eu ri.

- Bem, acho que vou indo pra sala. Tchau garotos. – E lá se foi a Vitória.

- Gatinha em... – Pedro a olhava ainda

- Não tanto quanto as garotas de ontem, o que aconteceu com você ontem?

- Cara, - Fomos andando em direção a sala. – Ela tinha namorado e ele chegou do nada. Foi uma confusão desgraçada. Daí outra garota apareceu com peninha de mim

- Oh, coitadinho!

Rimos e nos sentamos lá no fundo da sala. As aulas eram português, literatura, história e matemática. Putz, chegou na aula de história, apaguei na carteira. A professora estava falando sobre as crenças antigas e coisas relacionadas. Odeio história e dormi mesmo. Assunto chato pra caralho. Sonhei. No sonho um cara de terno aparecia e cobrava algo relacionada ao meu “contrato”. Não entendi, mas ele tremia todo, e balançava a cabeça da esquerda pra direita com violência. Parecia que estava possuído ou algo assim. Eu disse que não estava entendendo nada do que ele falava. Então ele avançou pra cima de mim e disse que eu sabia muito bem do que ele falava. Então sua voz engrossou, seu rosto mudou. Ele parecia... Um demônio.

- CADE MINHA ALMA SOLTA? A DESGRAÇADA QUE ME PROMETESTE! – A voz dele era tão alta que ele nem precisava gritar

-EU NÃO SEI DE NADA – Gritava!

- ORO IN MALEDICTIONEM: ERIT DEDECUS OMNIBUS INTER VOS ESTIS MI HI QUOD PROMISI! AFFER MI HI PUELLA DAEMONEM!

Fui acordado antes de o capeta me engolir. Quando abri os olhos, todos me olhavam estranhamente. Olhei para o Pedro, ele estava assustado.

- Se está com tanto sono, senhor Danilo, deveria ter ficado em casa. Acho melhor sair e lavar um pouco o rosto, está bem? – A professora Vera falou calmamente comigo.

- Sim, senhora. – Levantei e fui ao banheiro.

O que será que era aquele sonho estranho. Não entendi nada do que aquela desgraça tinha me falado. Nunca tinha ouvido aquela língua antes e a frase se repetia na minha cabeça. Fui na biblioteca da escola saber se alguém poderia me ajudar. Era melhor voltar pra sala antes. Quando cheguei, a sala ainda estava quieta. Ou a aula estava muito boa, ou eu roncava muito alto. Sentei e Pedro se virou pra mim:

- Cara, você ta bem?

- Sei lá. Por que estão todos assim? Ronquei?

- Velho, você parecia possuído aí. Gritava coisas estranhas, e arranhava a mesa.

Quando vi, meus dedos estavam machucados e a mesa toda arranhada com pequenas palavras. Inelegíveis.

Quando a aula acabou, fui na biblioteca. Enquanto todos lanchavam, eu estava enfiado lá na toca dos CDFs. Fui na bibliotecária e perguntei se ela poderia me ajudar.

- Se não tiver a frase escrita, amor, não posso fazer nada. Você deveria tentar no computador ali.

 Fui atrás da resposta no computador. Lerdo esse PC da escola em.

Achei!

A tradução é: “Te rogo uma praga: você vai virar uma desgraça a todos a sua volta até me trazer o que me prometeu. Me traga a  Puella Daemonem/ Garota Demônio”

Ops, parece que meu sonho do metrô não era um sonho.

- Maldito. – Falei entre os dentes.

- Achou? – Perguntou à bibliotecária

- Aham.

Merda, se era tudo verdade, como eu ia capturar a Vitória? O que eu deveria fazer? Porra, que merda eu tava pensando quando assinei aquele papel? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pegue O Metrô Da Meia Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.