Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

NOTA DA AUTORA: essa foto não é muito boa, mas vou ver se arranjo uma melhor ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184672/chapter/6

“Deveria saber que não se pode confiar em ninguém docinho... Hum... Está gostando?... Amo essa nossa brincadeira...”

Não sabia o que fazer então eu fugi da escola. Simplesmente isso. Sai sem rumo e lembrei que as minhas coisas estavam ainda na sala de aula. Então mandei uma mensagem para Pedro Bear me trazer tudo, no parque. Depois de cinco minutos lá vinha o moleque acompanhado de outro garoto, Jonas. Ele era legal, meio metido, mas maneirinho. Era da trupe dos alcoólicos. Ele bebia bem mais que todos juntos. Incrível. Pedro me jogou a mochila e abriu a boca, fez menção de falar, mas interrompi ele.

- Acho que to fodido. – Olhei para ele. Estava sentado e olhava para o nada.

- Como assim cara? – perguntou Pedro. A professora ignorou você na sala, ela nem se preocupou com isso, não vai dizer nada. Talvez ela fale do fato de você não ter voltado pra sala de aula, fora isso, tudo tranquilo.

- Putz, cara... Tenho que pegar a minha vizinha, por isso estou ferradaço!

- Cara, desde quando pegar alguém é problema?

- Você não entendeu... Ah quer saber? Vou indo. Valeu. – Peguei a mochila e fui embora, mas Pedro ainda falou algo:

- Cara, relaxa e goza! – Gargalhou.

Sem saber o que fazer, sem rumo nenhum, decidi ir pra casa e ver se tentava dar um jeito, mas precisava falar com o cara do terno. Enquanto espera o ônibus, tentava refrescar a minha mente. Fiquei pensando em como chamar aquele cara pra conversar. Será que teria de chamar um pai de santo? Será que teria de ir ao cemitério? Que merda. O ônibus chegou e na hora tive uma ideia. O metrô! Simples assim. Corri pro outro lado e fui xingado pelo motorista, mas ignorei totalmente. Corri que nem louco até a estação, empurrei um bando de gente na minha frente, pulei a catraca e voei longe. Cheguei comprei a passagem e quando entrei, lembrei de algo tão importante que falei até em voz alta:

- Puta merda, não dá... Era noite naquele dia e está de manhã ainda.

Todos me olharam como se eu fosse um doido.

- E aí povo? Como é que vocês vão? – Pronto, querem dizer que sou louco, esta aí uma razão. Uma menininha riu de mim e sua mãe a censurou. Tadinha. Mal sabe que é só o começo de tudo. A cabine estava lotada, então fiquei de pé. Olhei o relógio: 11h59min. Caramba, nem meio dia era. Uns segundos depois, todos desembarcaram na mesma estação, meio estranho isso. Sentei e adivinha quem aparece do meu lado? Saltei de susto

- Cruzes! – Falei

- Você me prefere nessa forma ou na forma do “cara de terno?” – Disse ele, na forma da ruiva selvagem que tinha pegado na noite passada. A ruiva usava uma blusa apertada e com um belo decote. Calças de couro bem apertadas e botas. Maquiagem escura e um cordão de caveira

- Prefiro na forma do cara de terno, sabe. Ficou mais a vontade com ele.

- Mas você ficou tão à vontade comigo naquele dia. – Disse ela, sentando em meu colo e me beijando o pescoço.

- Olha, isso não vai dar mais certo. – Disse, tirando ela de meu colo. Quando levantei e me virei, era o cara de terno preto e gravata vermelha na minha frente, com sua bengala. Não tinha notado isso antes. Mas parece que seu apoio tinha o formato do que antes era o cordão da ruivinha selvagem.

- O que quer?

- Não sabia que você aparecia de manhã também.

- Quem te disse que está de manhã? – Perguntou ele, sorrindo sinistramente e levantado uma das sobrancelhas.

- Como?

- Olhe o relógio

12h03min. Ele me fez perder o dia todo. Vão pensar que morri em algum lugar por aí.

- Gostou? – Perguntou, agora com um largo sorriso negro.

- Porra, cara... Vão pensar que eu morri! Dá pra voltar no tempo d...

- Não. – Direto e bem sério. – O que quer? Seja rápido, você me faz perder tempo.

- É? Sabia que gosto tanto de você quanto você de mim? Cara, como vou fazer aquilo?

- Aquilo o que?

- Sabe? A minha vizinha... Como é mesmo? “Puta demonium”?

Ele me olhou com as sobrancelhas erguidas e com a cara de quem não estava entendendo nada.

- Quer dizer a “Puella Daemonem”?

- É, ela mesma. Como faço pra pega-lá?

- Vá atrás dela. Isso é com você

- Aham. Mas tenho de fazer algum exorcismo nela ou jogar sal nela ou o que?

Ele riu. Gargalhou. Era uma risada até acolhedora, mas inimaginável para alguém como ele.

- Ai, ai... Assim vou acabar, como vocês dizem, “mijando nas calças”. – Disse ele, segurando a barriga com uma mão e a bengala com a outra.

- Ah... – Soou meio irônico. Como imaginei.

- Bem, você deve tirar sangue dela, arrancar lhe os olhos e cortar seus dedos e fazer um sina da cruz no chão e deitá-la em cima dela.

- Caralho, isso vai dar trabalho. É sério mesmo?

- Não. – Sorriu e ficou sério novamente. – Apenas arranque a cabeça dela e espete-a em uma cruz de cabeça para baixo.

- Como farei isso?

- Se virei, - Estalou os dedos e tudo ficou preto. Estava em casa de novo. Como ele fazia isso?

Levantei e ainda estava de uniforme.

- Nem pra me colocar um pijama. Eu hein.

Fui pra varanda e lá estava a minha vizinha Vitória. Sentada no chão lendo um livro. O vento fazia seus cabelos castanhos voarem. Lindo. Ela usava óculos, mas não esses que todos usam hoje em dia, Ray-Ban. Mas sim um simplesinho. Não dá pra acreditar que ela era um demônio, parecia mais um anjo. Olhei para cima, o céu limpo, tentando raciocinar como faria tudo isso. Precisava de um plano.

- Ei você! – Ela falou sorrindo.

Voltei-me para ela, estava de pé e sorria, acenando para mim.

- Nossa, que sociável. Como você está? – Falei, meio perdido até.

- Eu é quem te pergunto, você fugiu da escola ontem. O que te aconteceu?

- Como ficou sabendo disso?

- Posso ser nova lá, mas já me enturmei. As pessoas, algumas, comentaram. E vi o Pedro com a sua mochila, achei estranho.

- Hum... Como a maioria das meninas, você sabe de contatos e é bem informada.

- Está me chamando de fofoqueira? – Ela perguntou rindo

- Não... Disse que você sabe se informar só isso. – Falei de um jeito irônico e engraçado.

Rimos desajeitadamente.

- Por que está de uniforme, se não tem aula hoje? Disseram ontem que a escola ia ser dedetizada hoje.

- Ah, valeu pelo aviso, vou me trocar.

- O que vai fazer mais tarde? – Opa, convite e oportunidade de me aproximar dela.

- Não sei, por quê?

- Soube que você é festeiro. Que tal sair comigo para uma festinha que vai ter mais tarde?

- Hum... Depende.

- Pode chamar seu amigo. Mas digo que não deve ter medo de mim, não mordo. Passo aí na sua casa as oito pra te levar. – Ela recolheu seu livro e saiu de cena.

- Ótimo, vou ligar pro Pedro depois do meu banho.

Com certeza ele iria topar e assim poderei traçar um plano, mas ainda acho que tudo isso é muito surreal. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pegue O Metrô Da Meia Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.