Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana


Capítulo 4
Capítulo 4




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Aproveitei que estava no banheiro para mijar. Depois de lavar as mãos fui esperar o último metrô. Era tarde, mas nem tanto. 12 horas para ser mais exato. Sai cedo da festa, aquela mulher me deixou zonzinho. Mas voltar pra lá não tinha nem mais graça, afinal ela já tinha ido embora. E tudo que tinha me deixado era uma mancha roxa no meu pescoço e no meu “amigo”. 12h10min. Foi quando o metrô chegou. Estaria dormindo se não fosse a música do celular que havia posto pra tocar. Não tinha ninguém por perto mesmo, então ouvia sem os fones. Entrei e não havia ninguém. Aquilo estava parecendo um filme macabro. Sentei perto da porta e o metrô começou a andar. 12h12min. Sabe o que dizem das horas iguais? Muitas coisas. Uma é que a pessoa que você gosta está pensando em você, outra é que você deve fazer um pedido, tem uma que é que se você pensar em quem você gosta, essa pessoa vai pensar em você também. Pra mim tudo isso é baboseira. Parou de novo e um cara de terno preto entrou e se sentou na minha frente. Usava uma tão gravata vermelha quanto seus olhos. 12h12min. O cara de terno me fitava com seus olhos cor de sangue vivo. Estava ficando nervoso. Decidi abaixar um pouco a música.

– Não se incomode, Pode aumentar se quiser. – Ele disse. Será que ele é fã de Metallica? Estranho, mas engraçado. Nunca pensei que alguém vestido com ele poderia curtir um bom rock.

– Não, ta tudo bem. – Minha língua estava enrolando toda e quase não consegui entender o que eu falava.

– Me desculpe incomodar mais poderia me dizer que horas são?

– Claro. – 12h12min. Estranho, já está a algum tempo assim, acho que o meu celular ta doido. – Senhor, acho que o meu célula quebrou u algo assim. Lamento. – Sou educado até bêbado.

– Que horas ele marca?

– 12h12min. Mas já ta marcando assim há algum tempo.

– Meu jovem, a hora está certa, você é quem está vendo errado

Olhava para ele como se fosse o cara mais doido do mundo. Será que esse homem de terno estava drogado ou será que é daquele tipo de pessoas que se acham filosofas?

– Não, Jovem Danilo, não sou filosofo. Muito menos drogado.

Falei em voz alta e não notei?

– Não falou não

Silêncio sinistro. Minha cabeça rodava, estava perto de vomitar. Merda, será que bebi tanto assim?

– Não creio nisso, rapaz. Você saiu cedo daquela festa.

– Perdão?

– Ah, mas que falta de respeito a minha.

Ele se levantou e me disse algo curioso. Se apresentou.

– Meu nome é Anima Lactentibus [N.A.: Sugador de almas] e vim em busca da sua ajuda.

Olhava para ele de boca aberta, sem entender nada

– Minha ajuda? Seu nome não poderia ser mais fácil?

– Me chame de Alex então e sim, sua ajuda.

– Pra que?

– Vitória

– Vitória sobre quem?

– Sua vizinha. Vitória

– O que tem ela?

– Ela não é bem humana, entende?

– Na verdade não.

– Vou explicar. Mas me diga que horas são

Hã? Alguém ta entendendo alguma coisa? Horas, horas. Meu Deus! Que eu saiba não existe essa hora.

– Meu senhor, acho que meu celular realmente quebrou. Está marcando 06h66min. – Um sorriso macabro surgiu da boca dele. Ele tinha presas e certos dentes estavam podres e tinha vermes em sua gengiva. Como alguém que anda de terno a essa hora da noite, desacompanhado teria uma dentição tão ruim quanto uma criança de cinco anos viciada em balas?

– Está na hora então

O metrô simplesmente parou. Sua luzes começaram a piscar. Que clichê.

– Pois não? – Perguntei com cara de quem está começando a não gostar da brincadeira.

– Bem, como eu ia dizendo, Vitoria, mas precisamente Puella Daemonem [garota demônio]. Ela é uma sugadora de almas e está solta por aí, o que não é problema, mas ela quebrou as regras do nosso Britanniarum Daemoniacus [Reino de demônios]. E preciso leva-lá de volta. Para isso preciso de ajuda. Por isso te trouxe até aqui.

– Me trouxe até aqui?

– A ruiva selvagem. Luísa

– Quem? – Pai do céu. Já havia esquecida a garota.

– A que te deixou roxo.

– ... Ah sim... Eca! Era você? – Perguntei atordoado. Imagine sentir prazer por um homem está gemendo! Nada contra os gays, mas sabe, eu não curto. Mas não ligo se os outros gostam. Cada um tem seu gosto

– Não, não faria isso com você.

– Ah ta.

– Era eu sim. Por favor, demônios não têm sexo. Posso ser tanto uma mulher quanto um homem. Mas prefiro essa aparência que você vê.

– Porra cara, não dava pra vir como homem e conversarmos não?

– Um cara ia conseguir te tirar daquela festa?

– Não

– Então. Voltando ao assunto: Vitória violou a lei de tempo de permanência entre os humanos e não cumpriu sua cota de almas

– É? Legal, boa sorte com ela então.

Ele riu. Seu Alex era assustadoramente estranho, mas não parecia estar brincando. As luzes do metrô estavam fracas demais, quase não via mais nada.

– Vitória é uma estúpida, faz besteiras pelo seu mundo. Você não a conhece direito.

– Ela não tem cara de ser tão má assim quanto o senhor diz.

– Puella Daemonem fez coisas inimagináveis até para a mente mais perversa desse seu mundinho. Ela é pior do que sua mente minúscula pode imaginar.

– Me perdoa milorde. Não era a minha intenção ofender tal pessoa. Não se preocupe não farei de novo e não se importe, eu não me ofendi com o que disseste – Também sei ser arrogante quando quero.

Percebi que as horas alteravam se loucamente e que o metrô não andava mais. Alex me encarava, quieto.

– Por que eu? – Finalmente perguntei

– Você é diferente. Ela não desconfiara de você

– Por quê?

– Porque ela acha que você é um demônio. Ou um anjo. Você é diferente demais do outros, das pessoas normais. Pensa diferente. Talvez ela fique com sua alma. A alma das pessoas como você tem algo de tão especiais que as tornam muito raras e muito mais apreciadas.

– Interessante.

– Pode se dizer que sim. – Ele voltou a mostrar seu sorriso sinistro. – Quero lhe explicar: Vitória é um demônio e por isso, às vezes, tem de vir para seu reino humano e cumprir sua cota de almas em u determinado período. Ela deve ter desistido por gostar de viver nesse lugar mórbido que vocês, humanos, chamam de Terra.

– Na verdade se eu pudesse, iria embora. As pessoas daqui são muito ignorantes.

– Por isso gostamos de vocês. Humanos são tão “podres”, vamos dizer assim, quanto nós, demônios.

–Tenho de discordar. Há gente boa por aí, são poucas, mas tem.

– Claro que há. Por isso as almas delas são mais raras e proveitosas.

– Hum... – Esse papo todo estava me deixando com sono.

– Vai me ajudar? – Perguntou Alex, seriamente

– Está bem. Tenho mais nada pra fazer. – O que? Acho que o álcool estava me afetando seriamente.

Ele se levantou, aproximou-se de mim e me mostrou um papel. Parecia um contrato ou algo assim.

– Assine.

– Tem caneta? – Levantei os olhos para encará-lo. Seu rosto parecia arder em febre, suava como um porco e seus olhos pareciam estar em chamas de tão vermelhos que eram. Parecia estar babando de felicidade ou algo assim.

– Não se assina um contrato desses com tinta e sim com sangue. Precisa selar o contrato corretamente e é assim que fazemos.

– Está bem, mas como vou... – Ele pegue a minha mãe e me mordeu no dedo indicador.

– AIIII PORRA! – Gritei

– Assine! Escreva seu nome! – Falou lambendo o meu sangue que estava em sua boca.

Assinei.

– Ótimo. Tenha bons sonhos, Danny.

Ele estalou os dedos e de repente eu estava em casa, na minha cama de calça apenas. Eram 04h47min da manhã. Muito cansado para pensar em como voltei pra casa, voltei a dormir.



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