Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 46
Verdade ou consequência, fale em voz alta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/183623/chapter/46

A primeira faísca alaranjada veio tímida, um pequeno ponto luminoso como uma estrela saliente na noite, mas logo depois a chama se expandiu. Eu quase podia sentir o calor vindo contra meu rosto apenas vendo tudo pelo monitor. Fechei meus olhos quando a chama cuspiu enormes labaredas e a madeira em torno da janela cedeu ao fogo, mas um puxão no meu cabelo ergueu minha cabeça para trás e dedos gelados repuxaram minhas pálpebras sem titubear.

– Assista! – O homem carrancudo vociferou sem piedade. – Assista e veja o que você fez!

Abri meus olhos outra vez, sentindo-os arder. Eu não tinha feito nada, esses caras eram loucos, mas por mais que eu negasse isso para mim mesmo, eu sabia que a culpa era inteiramente minha. Eu só queria protegê-las e acabei causando todo aquele problema. Era incrível a minha capacidade de querer consertar as coisas e de um jeito magnificamente impossível, torná-las ainda piores.

Nada de dentro da casa era visível, a fumaça negra formava uma espessa cortina sobre toda a casa, meu peito sufocava e ardia, eu queria chorar, mas estava fazendo um enorme esforço para não fazê-lo ali.

– Você está vendo Sam? – a voz de Kail era algo assombroso junto ao meu ouvido. – Está vendo o que sua desobediência causou?

– Você é doente, ela é só uma criança!

Kail fez que não ouviu e se virou para a TV.

– Olha que maravilha Samuel, elas estão vivas! – Meu rosto se virou desesperado para a TV e assim que o fiz as lágrimas de alívio desceram pelo meu rosto. Sacudi a cabeça tentando escondê-las, mas Kail colocou a mão sobre meu ombro. – Não precisa ter vergonha de chorar Sam.

Esquivei o ombro da mão dele da maneira mais brusca que consegui e mantive os olhos na tela. A figura alta e corpulenta de James foi a primeira a surgir, com uma coisa pequenina e chorosa dependurada em seu pescoço, abraçando de qualquer jeito seu tronco com as perninhas pequenas e brancas. Meu coração bateu mais depressa quando Alison apareceu, coxeando e com um careta de dor. Assim que ela se viu longe das labaredas, deixou o corpo cair no chão e chorou de dor, Jimmy colocou Shannon no chão e os dois foram ao encontro de Allie, aparentemente ela estava em pior estado.

Não era possível ouvir o diálogo deles, a câmera estava muito distante e não captava sons, mas as imagens tornava a compreensão muito simples. Eles estavam desesperados, confusos, cheios de dor.

– E quem é esse cara com a sua família Samuel? Tsc tsc, essa tal Alison é uma safada, é por causa dela que estamos nessa situação tão desconfortável?

– Cuide da sua vida. – minha voz era um ruído grave e monofônico.

– Ah, essas mulheres. Difícil com elas, pior sem elas. – Ele continuava fazendo graça, brincando, deixando claro que aquela situação não significava nada para ele. – Espero que agora tenha aprendido a lição, não é Sam. – Mikail fez um sinal para o homem atrás de mim e ele soltou minhas algemas. Meus pulsos estavam feridos e inchados, apertei os punhos para que a circulação se normalizasse. – Você tem 48 horas pra decidir de que lado realmente está Sam, eu estou ficando cansado dos seus truques. Eu quero a verdade, toda a verdade sobre aquela máquina. Não preciso saber como ela funciona, só preciso saber o suficiente pra entrar lá e destruí-la. Não é nada demais, é um preço muito barato se formos compará-lo com a vida da sua família.

Logo depois que ele acabou de falar, fui puxado para trás com agressividade e jogado para fora da sala. Tropiquei mas não caí, apoiei as mãos na parede e depois fui escoltado para fora do prédio que lhes servia de base.

Do lado de fora estava escuro e frio, uma pequena geada salpicava as ruas de branco. Fechei o casaco até o pescoço e caminhei até o carro. Quando entrei no veículo, soltei a respiração exausto, apertei as têmporas e ponderei a respeito de tudo. O que eu faço agora?

Max

– VOCÊ PRECISA TRAZÊ-LAS DE VOLTA, JAMES!

– PRA QUÊ? PRA ELAS SEREM UM ALVO AINDA MAIS FACIL? VAI SE FODER QUE EU VOU DEIXAR MINHA FILHA AÍ NESSA PORRA DE LUGAR!

Apertei os olhos com força e puxei o ar bem devagar, eu estava apertando o telefone junto ao ouvido com tanta força que quase achei que fosse se partir em dois ali na minha mão. A conversa com Jimmy tinha sido assim desde o começo, ele estava puto da vida por que a segurança não tinha sido capaz de protegê-los, eu podia dizer para ele o quanto aquilo também me afetava, que elas eram minha única família, mas eu só conseguia pensar em mandá-lo ir tomar no cu.

– Eu vou coloca-las em um lugar seguro, Jimmy. – disse em tom mais civilizado.

– Foda-se o seu lugar seguro, elas vão ficar aqui. E acho bom que você comece a fazer alguma coisa Max, isso se ainda quiser viver mais um pouco.

Abri a boca para responder, mas o telefone já havia sido desligado. Joguei o telefone sem cuidado algum sobre a mesa e passei as mãos pelos cabelos, eu já estava a ponto de explodir.

– Max? Está tudo bem? – Lali havia entrado na sala e eu nem tinha percebido.

– Na verdade não, está tudo péssimo.

– O que aconteceu?

– Colocaram fogo na antiga casa dos Sullivan, com a Allie, Shannon e Jimmy lá dentro.

– Oh meu deus! Eles estão bem?

Agitei a cabeça tentando reordenar os pensamentos.

– Allie queimou a perna, Jimmy também, mas nada muito grave, a Shay saiu ilesa.

– Caramba, e já sabem quem fez isso?

– Você tem alguma dúvida? – ergui a sobrancelha – Só pode ter sido o Kail e aquela louca da Lyn.

Lali confirmou com a cabeça.

– O que vai fazer agora?

– Eu queria trazê-las de volta pra cá, mas o Jimmy ficou meio maluco e falou um monte de merda, acho que ele está aterrorizado.

Apertei as têmporas, minha cabeça de repente estava martelando incessantemente.

– Max, eu sei que não é uma boa hora pra gente tratar de mais assuntos delicados, mas eu tenho algo importante pra te dizer. – a morena mordeu o lábio inferior e franziu o cenho, ponderando por um longo instante – Pode ter a ver com o que aconteceu com a Allie e Jimmy.

Olhei para ela um bocado confuso, onde ela queria chegar?

– Pode falar. – Ela apontou para minha cadeira e pediu que eu me sentasse.

Assim que eu a obedeci, ela começou a falar.

– Eu acho que isso pode ter alguém daqui de dentro passando informações valiosas para o grupo do Kail.

Eu não respondi a princípio, pisquei algumas vezes só pra ter certeza que aquela era realmente a minha vida. Como eu posso ser tão sem sorte?

– Como assim? De onde veio essa ideia?

Lali soltou um longo suspiro e esticou para mim um envelope pardo. O peguei com cuidado e espalhei seu conteúdo pela mesa. Peguei a primeira folha e a li com cuidado. De acordo com o que havia escrito ali, Ray já tinha sido enquadrado pelo FBI duas vezes por ter agido como agente duplo e levado seus verdadeiros protegidos à falência. Aparentemente, ele ainda não havia sido afastado do cargo apenas por saber muitos segredos de estado, mas havia sido rebaixado à agente de segurança.

Apertei os punhos contra a mesa e me deixei refletir por um momento. Ótimo, a coisa só estava ficando melhor!

– Você está me dizendo que o Ray é um agente duplo?

– Eu não tenho como ter certeza Max, mas convenhamos que isso ponha explicação em muito do que tem acontecido recentemente. Como alguém ia saber da localização da sua família se não fosse alguém daqui de dentro?

Me levantei e me encaminhei até a porta, mas antes de abri-la, me voltei para Lali.

– Como conseguiu essa informação?

Ela engoliu seco.

– Eu recebi anonimamente.

– E é confiável?

– Eu não sei.

Acabei demorando um tempo ainda maior diante da porta, eu precisava pensar com cuidado, caso contrário eu cometeria um erro colossal.

– Isso é uma coisa que eu não posso responder por você Max, mas você precisa de pessoas em quem confie de verdade.

Respondi com um breve aceno de cabeça e abri a porta.

Allie

A atadura no meu pé coçava, pinicava e doía, meus pulmões pareciam cheios de carvão e meus olhos ainda estavam lacrimejando sozinhos. Shannon estava dormindo com a cabeça recostada no meu peito. Ela já havia feito inalação de remédios para limpar as vias respiratórias do excesso de fumaça, de nós três, ela havia sido a única que havia saído ilesa e eu estava mais do que satisfeita por isso.

O dia estava amanhecendo, mas eu não havia conseguido pregar o olho nem um breve instante, apesar de estar exausta, minha cabeça estava a mil por hora. Jimmy também não tinha dormido, nem tinha se deitado, eu podia ouvir a voz irritada dele reclamando uma tonelada de palavrões para Max. Ele não gritava, mas a voz era maciça e perfeitamente audível.

– O que pretende fazer agora? Hein? Seus guardas do FBI não serviram pra porra nenhuma!

Aparentemente, Max também não estava distribuindo rosas do outro lado e o tom de Jimmy só ficava mais desesperado e furioso.

A porta do quarto se abriu, impedindo que eu terminasse de ouvir a voz de Jimmy.

– Posso entrar? – Barbara estava no sopé da porta e tinha uma bandeja com café da manhã em mãos.

– Oh, claro!

– Imaginei que estivesse acordada.

Barbara ainda estava de camisola, mas duvido que também tenha dormido alguma coisa. Colocou a bandeja sobre o criado mudo, o cheiro das panquecas fez meu estômago rugir e dançar samba, serviu um pouco de chá de erva doce em uma xícara e estendeu para mim.

Peguei a xícara sem cerimônias, eu estava faminta, ainda queimei a língua com o chá quente, como se eu já não estivesse queimada o suficiente.

– Vá com calma querida, não queremos que se queime ainda mais.

Sorri sem muito jeito e Barbara ajeitou o travesseiro para que eu ficasse mais ereta, com o movimento, Shannon rolou para o lado sem sequer se despertar do sono.

– Obrigada Barbara.

Ela estava visivelmente preocupada.

– Como está a perna?

– Horrível, dói muito.

– Ugh, imagino. – Ela estava bastante inquieta, me entregou o prato com as panquecas e passou a mão no cabelo, tentando controlar o volume. – O que está acontecendo Allie? Eu nunca vi meu filho tão perturbado.

Eu queria responder, queria muito, se eu ao menos tivesse as respostas.

– Eu não sei Barbara, se eu realmente soubesse eu contaria... Mas eu não sei.

A senhora rechonchuda e de faces rosadas soltou um suspiro pesado, era a intuição de mãe dela que a estava deixando tão alvoroçada? Eu queria dizer mais alguma coisa, mas eu não sabia o que dizer. A mão dela pousou sobre a minha e a apertou de leve.

– Termine de comer Allie e descanse um pouco. E quando essa coisinha acordar... – passou os dedos pelos cabelos de Shannon – a mande lá para mim okay? – Assenti com a cabeça e a acompanhei sair do quarto com o olhar.

Jimmy entrou pelo quarto quando eu já havia terminado de comer e bebericava o chá. A expressão dele era dolorosa, ele estava uma pilha. O cabelo estava armado e ele estava vestido numa roupa do Joe, que não só era menor do que ele, como também era mais magro. As calças de moletom iam apenas até as canelas e a camisa de mangas apertava um pouco em seu braço.

– Como se sente?

– Como um pedaço de peru assado.

Um pequeno sorriso se abriu em seu rosto. Ele caminhou em minha direção e puxou uma cadeira para perto da cama.

– Eu falei com os policiais e eles estão investigando quem quer que possa ter colocado fogo na nossa casa, mas eles acham que deve ter sido algum fã maluco. – ele agitou a cabeça de um lado para o outro – Nós estamos ficando sem muitas opções.

– Estava falando no telefone com o Max? – Jimmy assentiu com a cabeça – O que ele disse?

– Ele quer que voltem para Wisconsin. – uma ruga se formou em sua testa – Vocês não podem voltar para lá, é muito perigoso. Vocês podem ficar aqui na casa dos meus pais enquanto eu estou na turnê. Aposto que o Timmy devolveria seu velho emprego e...

– Pode parar Jimmy. Isso não vai dar certo, não desse jeito. Se eu ficar aqui na casa dos seus pais corre o risco de ter mais uma casa em chamas, não posso sujeitar seus pais a esse perigo, eles não fazem parte de tudo isso. E eu até voltaria a trabalhar com o Timmy numa boa, se a cadela da Leana não estivesse lá.

– Você pode ficar na casa do Matt, com a Val e moleque deles.

– Jimmy... Eu quero voltar pra Madison.

– NÃO! VOCÊS NÃO PODEM VOLTAR PRA AQUELE LUGAR! – fiz um sinal para que ele falasse baixo, Shannon ainda estava dormindo.

– Jimmy, sua turnê é daqui a algumas semanas e vai durar um semestre inteiro. Não tem nenhum sentido que eu fique aqui sem você, o Max precisa de mim.

– Vocês vão ficar em perigo...

– O perigo é o mesmo, estando aqui ou lá.

Jimmy respirou fundo, parecia extremamente perturbado, exatamente como Barbara disse que ele estava.

– ALLIE, TELEFONE PRA VOCÊ! – Joe gritou lá de baixo – É UM TAL DE SAMUEL.

Encaminhei a mão para pegar o telefone no criado mudo, mas Jimmy segurou-a antes que eu o alcançasse.

– Me deixe falar com ele primeiro.

Assenti com a cabeça e Jimmy então pegou o telefone.

Sarah

O Sr. Foster estava vermelho de raiva, apontava o dedo roliço para o rosto de Max parecia feito de pedra.

– VOCÊ É UM FEDELHO IDIOTA! ACHA MESMO QUE EU IA TRAIR O TRABALHO DA MINHA VIDA INTEIRA? EU TRABALHO PRO FBI DESDE QUE VOCÊ AINDA CAGAVA NAS CALÇAS!

– Eu quero você e todo o seu pessoal fora do meu laboratório até o fim do dia.

Ray estava louco de raiva, mas logo abriu um sorriso extremamente debochado.

– Todo o meu pessoal? Ótimo, você vai ficar sem sua putinha então. Faraday, se não se lembra, eu sou o seu chefe. – O olhar de Max caiu sobre mim, tinha o maxilar apertado, mas era difícil de entender o que havia em seus olhos. – Vamos Faraday, o que está esperando?

Dei um passo para frente, senti um leve tremor transpassando minha espinha. Levei a mão ao bolso e o senti lá, o couro macio da proteção que o envolvia. Meu coração se apertou por um pequeno instante. Eu havia me arrependido no mesmo instante que aquela ideia veio a minha mente, mas era mais forte do que eu.

O tirei de dentro do bolso e estendi para Ray.

– Não, eu não vou deixar que faça isso. – Max segurou meu pulso, mas logo o afastei com um empurrão.

– Cale a boca. – retruquei.

Raymond agitou a cabeça em desaprovação, mas pegou o que havia em minha mão e logo disse:

– Devolva a arma também, sem isso aqui – agitou meu distintivo no ar – não pode usá-la. – Fiz o que ele ordenou e desatei o cinto com a arma, entregando para ele logo em seguida. – Você está cometendo um terrível engano Faraday, este rapaz não merece que o proteja.

– Eu fiz uma promessa e devo cumpri-la.

Ray agitou a cabeça novamente, mas logo se voltou para um de seus agentes e ordenou que todos eles se retirassem do prédio.

– O governo vai ficar sabendo disso, Turner.

– Espero que saiba mesmo.

Em seguida Ray se retirou, com meu distintivo, minha arma e minha carreira. O que diabos eu estou fazendo?

– Você não devia ter feito isso Sarah.

– Eu sei, foi estúpido não é?

– Muito estúpido.

– Mas eu fiz uma promessa, e eu jamais quebro promessas.

– Obrigada. – a mão dele pousou em meu ombro.

Afastei-me do seu toque e voltei meu olhar para ele.

– Não precisa agradecer senhor, só estou cumprindo meu dever. – o olhar dele era exausto, era óbvio que ele queria ouvir mais do que palavras ensaiadas, mas logo exibiu um breve sorriso.

– Precisamos arranjar uma arma nova pra você.

Jimmy

– Jim? Está me ouvindo?

Minha cabeça estava em outro lugar, mas Larry estalou os dedos diante do meu rosto e logo voltei ao que estava acontecendo aqui.

– Desculpe Larry, dei uma viajada aqui.

Ele sorriu e deu de ombros.

– Tudo bem, eu sei que tem sido uma semana terrível, mas tente se concentrar um pouco aqui okay? – assenti com a cabeça e ele prosseguiu – Matt, como anda a checagem dos equipamentos?

O Berry estava sentado junto com Johnny e logo começou a falar com um tanto de orgulho.

– Está tudo em ordem Larry, tudo já está sendo colocado dentro do jato que vai levá-los pra Indonésia.

– Ótimo, bom trabalho Matt.

O Berry sorriu e deu um cutucão provocativo em Johnny.

– A Warner está colocando uma pilha enorme encima de mim já há dois meses, eu sei que não é assim que vocês queriam começar o 2014 de vocês, mas nosso contrato obriga que sejamos exemplares. O avião parte amanhã nove da manhã, fiquem prontos okay? E Gates, eu quero ouvir aquele solo novo que você disse que tinha feito.

Brian balançou languidamente a cabeça e puxou a guitarra para tirar o solo. Zacky pulou para o meu lado com duas latas de energético.

– Toma aí Rev, você tá com cara de que precisa de um desses.

– Eu preciso de uma cerveja, isso sim.

– Ainda está muito cedo, vamos começar de leve. As garotas já embarcaram?

– Ontem à noite.

– Allie já está melhor das queimaduras?

– Parcialmente. – dei um gole na lata de Red Bull e senti o gosto meio adocicado descendo goela abaixo. Estava com o estômago vazio e o pobre quase rugiu quando o líquido bateu no fundo.

– Isso é bom. Você está legal com isso? – assenti com a cabeça e dei mais um gole no energético – Que bom, logo você vai poder ver elas de novo.

Larry encerrou a reunião e nós fomos pro estúdio, Zacky logo pegou a guitarra e a estendeu para mim.

– Mostra aquele acorde outra vez.

Peguei a guitarra dele outra vez e tirei o acorde que ele pediu, era rápido e agressivo, ele conseguiria tirar melhor do que eu. Na verdade eu queria ir logo pra minha bateria, me sentar lá no banquinho dela e descarregar tudo o que estava dentro de mim.

– Estão fazendo música nova é? – Matt perguntou enquanto colocava o microfone no apoio. – Deviam ter feito ela antes de finalizarmos o álbum.

– Não, é só por diversão. – Zacky deu de ombros.

– Outra música de cocaína não, pelo amor de deus! – Gates riu pelo nariz enquanto se sentava e cruzava a perna pra servir de apoio pra guitarra.

– Relaxa Gates, dessa vez é sobre o Crack. – brinquei. – Viu? Consegue repetir? – falei para Zacky.

– É claro que eu consigo repetir, pensa que está falando com quem? – Entreguei a guitarra para ele e o ouvi repetir o acorde com perfeição.

– Esse é meu garoto. – Brian falou.

– Você quer dizer que ele é “sua garota” né? Sem Michelle, sem a Gena e agora o Obama legalizou o casamento gay, olha essa é a chance de vocês.

– E você devia enfiar o punho no cu pra vê se encaixa, Johnny! – Zacky retrucou e todo mundo começou a rir.

– Okay, já chaga, vamos começar. Precisamos da setlist de pelo menos três dos primeiro shows. – Matt fez sinal para que eu fosse para a bateria e quase corri até ela, eu estava com muita saudade de tocar.

Era um semestre inteiro em turnê, Oriente Médio, Europa, América Latina e acabaria aqui nos Estados Unidos. Ia ligar para Allie ao menos três vezes por semana, mas também não podia deixar que aquilo me consumisse, as coisas ficariam bem, tinham que ficar. Talvez se eu pensasse com muita dedicação, elas realmente dariam.

Allie

Shannon correu gritando pelo aeroporto assim que o avistou, ele abaixou e abriu os braços para recebê-la. Era difícil de saber quem estava mais feliz com esse encontro, ele se atrapalhava tentando beijar seu rosto enquanto ela pulava e acertava a cabeça várias vezes no queixo dele. Ele acabou a confusão pegando-a no colo e girando-a no ar.

– Eu senti tanto a sua falta papai. – Shay beijou a maçã do rosto pálida dele.

– Eu também senti a sua, meu amor.

Sam caminhou até mim e também me abraçou, mas de forma bem mais contida. Pegou nossas malas e foi perguntando a respeito da viagem. Não havia muito o que falar, Jimmy já havia explicado quase tudo para ele.

Nossa casa continuava a mesma, assim que chagamos, soltei Wolfie no quintal novamente e Shannon correu com a raposa de um lado para o outro.

Sam parou ao meu lado, observando-a, assim como eu. Ele cheirava muito bem, eu nunca poderia reclamar do contrário.

– Vai ficar por aqui? – perguntei.

– Sim, eu prometi ao seu marido não é? – o tom dele não era rude, nem magoado, era bem tranquilo, na verdade.

– Eu tenho algo importante pra te dizer Sam.

Os olhos negros se voltaram para mim.

– O que é?

Minha voz se apertou em minha garganta, as palavras não queriam vir, mas elas tinham que vir, eram obrigadas a vir.

– Eu estou grávida.

A expressão dele mudou rapidamente para surpresa.

– E...? – ele queria que eu dissesse que era dele, era óbvio.

– Não é seu. É do Jimmy, não importa com quem essa criança se pareça.

– Eu entendo. – sim, ele compreendia perfeitamente. – Nada vai acontecer a vocês, eu posso garantir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Come Back" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.