Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 45
Todos os problemas que eu tenho alimentado


Notas iniciais do capítulo

Bla bla bla
Estou trabalhando numa sequência de Come Back, quem sabe um dia ela venha à vida.



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– GRACE ESTÁ MORTA? – Ele gritou tão alto que a veia de sua testa saltou, o pobre rapaz que veio dar a notícia se encolheu um pouco com medo de sua fúria. – COMO ESSA PORRA ACONTECEU?

– Eles não sabem, senhor. Só sabem que teve uma luta intensa, mas que Grace acabou se dando mal. Cortaram a garganta dela.

O russo deu uma volta brusca e caminhou a passos duros pela sala.

– E o que mais?

– Levaram alguns documentos senhor. – Mikail apertou o maxilar com força e a ruga em sua testa só se aprofundou.

– Que documentos?

O rapaz olhou de relance para mim, isso era algo ruim? Meu estômago estava se retorcendo e cada vez eu me arrependia mais de estar ali.

– Cópias de fichas, senhor. Do nosso informante e de um dos aliados do Turner, o homem do FBI.

– As câmeras não registraram nada?

– Não havia câmeras no quarto da Grace, e não encontraram nada nas outras.

Kail voltou os olhos para mim, o olhar dele era terrível, sanguinário.

– Venha até aqui, Sam. – Permaneci no mesmo lugar, mas o segurança atrás de mim me empurrou sem dó. Talvez esse fosse o motivo dele ter ordenado que me algemassem, mas eu não fazia a menor ideia de quem era Grace e por que ele estava me olhando daquela forma. – Você não está tentando me fazer de bobo, não é, Jones?

Neguei com a cabeça, mas o homem atrás de mim me empurrou mais uma vez, agora para que eu falasse com a boca.

– Não. – disse a contragosto.

– Você sabe quem era Grace, Sam?

– Não.

– Ela era uma das minhas melhores agentes e que, coincidentemente, estava encarregada de vigiar a sua querida família lá na Califórnia.

– Espero que ela tenha tido uma morte lenta e dolorosa.

A mão dele acertou meu rosto com tamanha força que senti o sangue voando para fora do meu nariz. Eu reconheço que ás vezes falo demais, o problema é que é sempre meu nariz que paga, acho que de uns anos pra cá ele já até deu uma entortada.

Os homens dele me puxaram imediatamente para trás, como se previssem que eu jogaria meu corpo contra o dele.

– Não banque o esperto Sam, sabemos muito bem quem está em vantagem aqui. – ele pigarreou e eu o fitei com desprezo – Quer me dizer que foi coincidência, justamente a agente que eu tinha colocado para vigiar sua filha estar morta agora e exatamente os papéis que te colocavam como meu informante terem desaparecido?

– Pode ser que seja. Essas coisas acontecem.

– Eu não acredito em coincidências, Sam. E você tem me dado nos nervos ultimamente. Nenhuma notícia útil, nada que me sirva pra conhecer a máquina, você não acha que eu sou capaz de cumprir minhas promessas?

– O que vai fazer? Me matar? Eu não tenho acesso a mais nada.

– Ah não? E o seu conhecimento próprio? E a sua ex-mulher? Ela não sabe de nada? Você não sabe o que ela sabe? – meus olhos desviaram por um único instante e isso não passou despercebido por ele. – Oh, é claro que você sabe. Você está com sorte de que eu estou muito bonzinho hoje e vou mudar sua tarefa, ao invés de trazer papéis, você só vai me contar o que sabe, que tal?

– Eu não sei de porra nenhuma.

– Ah não? Vamos ver se você realmente sabe até o fim do dia. – Kail se virou para o rapaz que tinha trazido a notícia da morte da tal Grace – Dê o sinal para os rapazes irem atrás das duas e cumprirem com o planejado, o nosso Sam aqui está querendo jogar duro.

– NÃO! NÃO TOQUE NA MINHA FILHA!

Mikail exibiu um sorriso vitorioso.

– Como eu posso tocar na sua filha se eu estou bem aqui na sua frente e sua filha lá na Califórnia? Eu não sou o Flash! Outra pessoa vai tocar nela por mim e sinto em dizer que provavelmente não com a mesma sutileza que eu teria.

Jimmy

Mordi o lábio inferior com tamanha força que um leve sabor de sangue preencheu minha boca, voltei o tronco para frente, enquanto apertava o volante entre minhas mãos.

– De onde você tirou isso? – Allie se virava para todas as direções tentando enxergar alguma coisa.

– Vire para frente, vamos sair daqui.

Dei partida no carro e pisei fundo no acelerador, Shannon soltava alguns gritinhos de animação a cada curva brusca que eu fazia, pelo menos alguém ali não estava tenso.

– Jimmy, fale alguma coisa, está me deixando assustada. Por que diabos alguém estaria atrás da gente? – Eu não respondi, só quando fui obrigado a parar diante de um sinal de trânsito é que não pude fugir do olhar incisivo dela. – Está escondendo mais uma coisa de mim não está? É sobre a sua viagem?

– Quando chegarmos em casa a gente conversa.

Depois disso o silêncio predominou. Estacionei o carro do outro lado da rua e saltei ainda sem camisa de lá, olhei para os dois lados, não havia uma alma viva na rua, Alison veio logo em seguida, com Shannon entrelaçada em seu tronco.

Entramos na casa rapidamente, mas aquilo provavelmente não adiantaria muito, se alguém estivesse realmente interessado de saber da nossa vida, apenas o ato de perguntar a um pedestre poderia dar nossa localização. Nessas horas ser uma figura pública não ajuda muito.

Tentei ao máximo, não transparecer meu transtorno à Shannon. Abri um sorriso e a peguei do colo de Alison. Coloquei a língua em seu ombro em brincadeira.

– Hum, já está salgada essa carne, podemos assar pro jantar, o que acha Allie?

Allie também riu nervosa.

– Ah claro, mas essa carne não cabe no nosso forno, ficou grande.

A garotinha sorriu.

– NÃÃÃÃO! EU NÃO QUERO SER ASSADA!

Girei-a no ar e sussurrei em seu ouvido.

– Corre lá para o banheiro pra tirar esse sal, antes que eu te coloque no forno. Corre, corre!

Coloquei-a no chão e ela saiu correndo e agitando os bracinhos no ar.

– Não corra na escada, meu amor! – Allie gritou, mas Shannon fez que não ouviu.

Quando ela desapareceu, Allie retomou seu olhar de pedra.

– Pare de me olhar assim, eu me sinto intimidado.

Abri um meio sorriso e a expressão dela desvaneceu um pouco. Segui até o centro da sala e ela me acompanhou, não me sentei, estava inquieto demais para ficar sentado.

– Pode começar a falar.

– Allie, você sabe que essa máquina tem um significado muito grande, não só pra tecnologia, como pra todo o mundo. Ela é um avanço muito grande desse país. Qualquer pessoa no mundo já quis algum dia poder viajar no tempo e consertar o passado ou conhecer o futuro. – Allie me fitava com olhos atentos.

– Onde quer chegar?

Estalei o pescoço antes de responder.

– Uma associação russa está atrás do Max. Eles querem destruir a máquina... e o Max.

– O QUÊ? Por que ninguém me falou nada? O FILHO DA PUTA DO MAX TA SENDO AMEAÇADO DE MORTE É ISSO? Eu preciso ligar pra ele...

Ela começou a caminhar cega pela sala, mas imediatamente a barrei com meu corpo.

– Isso não pode se resolvido por nós Alison, tente se acalmar.

– O QUE MAIS ESTÃO ESCONDENDO DE MIM? PUTA QUE PARIU! – os olhos dela se encheram de lágrimas, ela estava visivelmente confusa, irritada, magoada.

– Não se estresse assim okay? Não é bom pro bebê.

Allie soltou um suspiro doloroso.

– A porra do bebê! – gesticulou nervosa com as mãos.

– Não fale assim, eu sei o que está pensando e, por favor, não pense. Essa criança é minha, e de mais ninguém, entendeu? Pare de pensar nele como uma punição.

As lágrimas enfim transbordaram de seus olhos.

– Eu preciso contar pra ele...

– Você vai contar, e também vai deixar bem claro que essa criança é minha.

Ela soluçou com os lábios selados na tentativa de conter o choro.

– E sobre essas pessoas atrás da gente? O que eles querem?

– Você é a pessoa mais próxima que o Max tem, você e a Shannon. Usar vocês duas pra arrancar qualquer coisa do Max é algo simples.

Os olhos e a boca dela se abriram de uma única vez, aterrorizados.

– Se eles ousarem tocar na minha filha...

– Eles não vão. Eu prefiro morrer a deixar que isso aconteça. Vou ligar para o Max.

Peguei o celular e disquei o número do escritório, mas Lali disse que ele havia tirado o resto do dia de folga.

– Algum problema Jimmy? – Lali perguntou.

– Espero que não, vou tentar falar com ele no celular.

O celular caiu imediatamente na caixa de mensagens. Cocei a cabeça irritado e deixei um recado pedido que ele retornasse a ligação assim que o ouvisse e desliguei.

– Ele não atendeu o telefone? Que diabos eles está fazendo que não atende essa merda? – segurei seu braço.

– Eu sei que está sendo difícil e confuso pra você, eu também estou aterrorizado, mas eu preciso que você esteja bem para que isso dê certo. Vamos aguardar com calma okay? – caminhei até a janela, apenas os guardas do FBI eram visíveis. – Pode ser que eu tenha me enganado, deve ter sido só impressão, sei lá. – disse por fim, talvez eu estivesse ficando paranoico ou com um desejo muito insano de brincar de James Bond. Na verdade, eu estava morrendo de medo de que algo ruim acontecesse, mas essa atitude impulsiva que a Allie tem me impede de ser mais franco.

– Nós vamos morrer, não vamos? Você disse...

– Não, nós não vamos. – A puxei para perto de mim e beijei seus lábios. Eu realmente não fazia a menor ideia do que fazer, de como fazer, ou se a gente ia mesmo morrer, mas eu sabia que a queria inteira, eu queria Allie. O corpo dela estava frio e úmido da água da praia, dava pra saborear o mar em sua pele. Eu sentia falta daquela pele. – Eu devo ter visto errado, não queria te assustar.

– NÃO QUERIA ME ASSUSTAR? NÃO QUERIA ME ASSUSTAR PORRA!

Não consegui conter o riso, por mais nervoso que ele tivesse saído.

– Nós tivemos uma tarde excelente e tem quatro caras enormes do FBI lá fora, não vamos nos preocupar mais por hoje okay?

Deslizei meus dedos ásperos pela pele macia dela, o fato dos calos na minha mão terem cicatrizado significava que eu estava há muito tempo sem tocar, mas me permitia sentir melhor o toque dela. As mãos delas estavam geladas e fizeram uma deliciosa cócega enquanto escorregaram por minhas costas nuas.

– Eu sinto falta de você, Wade. – murmurei em seu ouvido.

– Me desculpe... por não ser mais como eu era...

– Não, não precisa se desculpar, só se perdoe, e deixe eu te amar outra vez. – Ela contornou pensativa a tatuagem do meu ombro esquerdo, eu sabia o quanto ela adorava aquele deathbat dourado. – No que está pensando?

Ela abriu um sorriso.

– Eu estou pensando que você está pronto pra ir pro forno, salgadinho assim.

– Acho que sou mais gostoso cru. – em seguida selei seus lábios nos meus mais uma vez, dessa vez de forma mais voraz. Trouxe minhas mãos um pouco para cima e encontrei os bicos de seus seios formando uma pequena saliência sob o tecido do biquíni. Apertei seus seios e senti-a gemer de dor dentro da minha boca, eu sabia que a gravidez os deixara mais sensíveis. Meu deus, ela está grávida. É normal que isso me deixe ainda mais excitado?

Choquei meus quadris com os dela e deixei que minha ereção roçasse rígida contra sua intimidade. Alison quebrou o beijo de uma única vez.

– Shannon, ela está lá em cima. Vou colocá-la para dormir, você sobe e raspa a droga dessa barba e espera por mim.

– Ah! Por que a minha barba?

– Eu sou uma mulher grávida James, meus hormônios estão colidindo, não discuta comigo.

– Já estou indo.

Saí correndo na frente, mas ainda a senti apertando minha bunda quando dei as costas.

Sarah

Estava andando parecendo uma garça com aquele salto, a calcinha tinha entrado na minha bunda quando desci do carro e agora os homens da segurança (que por sinal são meus subordinados) estão querendo usar o pretexto da revista pra passar a mão em mim.

– Se tocar essa sua mão imunda em mim eu arranco esse seu olho com a unha!

– Você quase não tem unhas, Sarah. – ele surgiu por detrás de um dos enormes seguranças. Meu chefe. Eu posso chamar ele de filho da puta na minha mente, não posso? Filho da puta!

– Isso é não tem graça Max.

– Se eu me lembro, a ideia de seguranças revistando minhas visitas foi uma ideia sua.

Não mostre o dedo pra ele, não mostre. Ele paga o seu salário.

– Eu não me lembro de ter dado essa ideia.

Ele abriu um sorriso enorme e fez um sinal para que os seguranças me deixassem em paz. Era o fim da tarde e ele praticamente me intimara a sair com ele. Não gostava da ideia de sair com o meu chefe, estava me sentindo uma daquelas secretárias putas.

Para minha surpresa, Max não estava arrumado, o cabelo castanho claro estava extremamente revoltado e os olhos azuis pareciam ter dificuldade em permanecer abertos por inteiro. Na verdade, parece que a minha chegada tinha feito com que ele despertasse de um excelente cochilo, algo que ele com certeza estava precisando muito mais do de que sair com a segurança ossuda.

Ele me convidou para entrar e lá se foi eu, com toda a elegância do meu caminhado de garça seguindo Max andar tranquilamente descalço pela calçada de sua casa. Ao entrar na casa, estava tudo escuro.

– Por que está tão escuro aqui? Estava dormindo?

– Não, estava jogando Zelda.

– E por que não acendeu a luz?

– Eu não ia interromper o jogo só pra me levantar e acender a droga de uma lâmpada. – ele falou como se eu tivesse feito a pergunta mais absurda do mundo. Apertou o interruptor e de repente, a sala inteira estava clara.

Pulei para o sofá e me estiquei, pelo menos sentada eu não parecia uma idiota.

– Por que você ainda está desse jeito? Não me diga que me fez me vestir feito uma idiota pra você me dar um bolo logo agora.

O sorriso dele se iluminou, por mais filho da puta que meu chefe fosse, é justo que eu assuma que o desgraçado era muito bonito e eu não conseguia evitar encará-lo como uma débil mental ás vezes.

– Eu não vou te dar um bolo, claro que não. Tire esse sapato horroroso, está na cara que você os odeia. – imediatamente chutei as sandálias para longe dos meus pés, até que enfim ele deu uma ordem que me deu gosto em cumprir. – Eu estava animado com a ideia de levar você a um restaurante ou coisa do tipo, mas eu decidi que isso não seria tão divertido.

– Meus pés agradecem! – esfreguei os dedos uns nos outros – O que tem pra comer?

– Eu não disse pra que sentisse em casa, okay?

Me levantei descalça e caminhei até ele, fui surpreendida com o fato de que ele era maior do que eu quase um palmo. Parei diante dele e coloquei as mãos para trás, em postura formal.

– Ás suas ordens, senhor.

– Você está linda. – Linda? O que diabos ele quis dizer com linda? Meu rosto ardeu imediatamente. – Ah, deixa pra lá, pode ficar a vontade, não estou nem aí. – ele deu de ombros e piscou um dos enormes olhos azuis, mas que porra! – Sabe jogar alguma coisa?

Dei meia volta e fui caminhando para a cozinha.

– Estou com fome demais pra saber alguma coisa. – tirei a calcinha da bunda e ele gargalhou atrás de mim.

Abri a geladeira e só encontrei água.

– Tem um pacote de nachos no armário. – ele gritou da sala, já sabendo que eu ia encontrar a geladeira vazia.

Peguei o pacote extragrande no armário, abri e coloquei uma enorme porção na boca, em seguida caminhei para a sala novamente, abraçada ao pacote. Max já havia arrumado o vídeo game para que duas pessoas jogassem, ele exibiu vitorioso a capa do jogo.

– Os caras do Avenged aparecem nesse. – ele sorriu feito uma criança. Assim, fora do laboratório, ele parecia um menino de 10 anos.

– Okay, vamos matar alguns zumbis!

Me sentei ao seu lado e começamos a jogar. O jogo se estendeu até uma hora da manhã, e só paramos por que eu acidentalmente esbarrei o pé no fio e o desliguei da tomada. Max teve um surto e depois tombamos sonolentos no sofá cheio de farelo de nachos.

– Meus olhos não conseguem mais ficar abertos. – disse sorrindo – Por que quis que eu viesse com você, eu não sou boa nessas coisas de encontros. Eu sou boa com armas e chutes.

– Você é boa em matar zumbis.

– É, eu devia colocar isso no meu currículo.

– Com certeza. – disse em meio a um bocejo.

– Você não respondeu.

– O quê?

– Por que eu?

– Eu preciso de uma razão? Eu sou seu chefe.

– Não existe uma lei contra esse tipo de coisa? Assédio?

– Isso seria uma mentira, eu nunca assediei você. Você queria que eu assediasse?

Meu rosto entrou em ebulição de tão quente.

– N-não, eu só... foi um modo de dizer.

– Eu gosto de você Sarah, eu me sinto a vontade com você. Achei que talvez pudesse estreitar os laços, fazer amizade.

Amizade. Esbocei um sorriso.

– Já que estamos estreitando laços, permite que eu faça uma pergunta?

– Pedir permissão pra fazer perguntas não é estreitar laços, Sarah. – ele debochou. – Fale logo o que quer saber.

– O que está acontecendo com você? Digo, você está tão estressado, preocupado. Eu sei que você me disse que tem uma gangue perigosa atrás de você, mas até agora eu não vi absolutamente nenhum perigo, principalmente um que fosse motivo o suficiente para deixar você tão... tão mórbido.

Ele não sorriu dessa vez, parecia considerar entre responder e me chutar para fora dali.

– Você não considera o fato da minha casa ter explodido comigo dentro algo grande o suficiente? – eu tinha esquecido desse detalhe, senti minha cara se contraindo de vergonha, mas ele prosseguiu – Eu tenho um monte de cicatrizes legais, se você quiser ver.

– Me desculpe, eu...

– Não precisa se desculpar. Eu vou morrer Sarah, em breve. Eu só preciso encontrar um pupilo pra passar meus conhecimentos e isso precisa ser logo, é óbvio que não pode ser qualquer pessoa.

– O que quer dizer com “Eu vou morrer Sarah”? Você está com câncer?

– Não, é complicado. Digamos que, não é mais tão difícil ver o futuro agora, você me entende?

Assenti com a cabeça e permaneci em silêncio. O que eu estava fazendo? De repente todo o comportamento dele parecia fazer sentido e aquilo fez com que eu me sentisse patética.

– Foi por isso que escolheu dois incompetentes como seguranças? Não vale a pena gastar com proteção? Você não está nem tentando sobreviver.

– Talvez o Sam seja incompetente, mas você? – ele agitou a cabeça – Só pelo fogo no seu olhar eu sei que você é boa demais, até mesmo pra ser desperdiçada na minha guarda. Você não vai me deixar morrer, mesmo que isso aconteça contra a sua vontade.

Me peguei encarando ele novamente, ele devia ter quase a mesma idade que eu e soava como um velho a beira da morte. De forma inesperadamente doce, Max tocou a ponta de uma mecha do meu cabelo e enrolou lentamente no dedo.

– Vamos encontrar uma maneira de preservar o seu conhecimento... e eu vou proteger você.

– Obrigada – ele ainda enrolava languidamente a mecha do meu cabelo no dedo e olhava meio perdido para mim, mas parecia não olhar para nada.

Inclinei o rosto sem nem ter ideia do que estava fazendo e parei assim que senti a respiração dele vindo quente próxima do meu rosto, eu não tinha esse direito, ele é o meu chefe, ele paga o meu salário, não, eu não podia fazer isso.

Ia voltar o rosto para trás, mas ele não deixou que eu sequer continuasse a pensar. Seus lábios vieram de encontro aos meus, e diferente de mim, ele não estava com nem um pingo de preocupação com o fato de ser meu chefe. O senti pedindo passagem e em seguida explorando minha boca de forma sutil, segurei seu rosto com ambas as mãos e me inclinei um pouco mais para frente. Seu maxilar era áspero onde meus dedos tocavam, a barba já despontava levemente. Escorreguei as mãos por seu pescoço e abracei seus ombros, as mãos dele repetiram meu ato, mas descendo até minha cintura. Depois de um longo instante, quando o ar faltou, ele separou o beijo, ofegando e com o rosto tão perto do meu, os olhos tão azuis ali, brilhando bem diante dos meus.

– Isso foi bom. – ele disse ainda com a respiração alterada.

– E-eu... preciso ir. – levantei imediatamente dali e peguei meus sapatos, caminhei apressada até a porta, mas parei e olhei para trás. Max não parecia muito surpreso com a minha atitude repentina. – Obrigada pela noite e... vejo o senhor amanhã.

Abri a porta e a bati atrás de mim, ainda pude ouvi-lo resmungando que era mais novo do que eu depois de fechar a porta, em seguida saí a passos rápidos para a saída da casa dele. Quando enfim entrei no carro e soltei um longo suspiro, levei a mão ao meu peito e senti que meu coração ainda estava batendo acelerado.

Allie

– Eu não quero história, quero que o gigante cante pra eu dormir, mamãe. Eu gosto quando ele canta.

O sorriso que veio ao meu rosto foi quase que imediato.

– Eu gosto quando ele canta também, mas ele está no banheiro agora.

– Você pode cantar no lugar dele.

– Shannon meu amor, você quer ter pesadelos? – ela sorriu e puxou a coberta mais para cima.

– Você canta o tempo todo quando está fazendo alguma coisa, eu não vou ter pesadelos.

– Jura?

– Juro!

– Okay então. – A posicionei melhor na cama e puxei sua franja para longe dos olhos, era lindo como os olhos dela alteravam entre cinza e azul dependendo da luz. – Você que eu te amo, não sabe?

– Eu sei.

– Ótimo, agora fecha os olhos. – esperei que ela fechasse os olhos e comecei a sussurrar bem devagar as letras da música, sussurradas elas disfarçavam minha total falta de afinação. – There comes a day when we all find out for ourselves that once we have the words to say, there's no one left to tell. I know why you're running away. There's a place where nothing seems to be a simple quite cohesively. It's all your mind, all your mind! Something little shouldn't feel this way, We got a million thoughs we can't convey. It's all your life, all your life! It's four in the morning, you got one more chance to die. Like beautiful stories the greatest chapters flew right by. There comes a day when we all find out for ourselves that once we have the words to say, there's no one left to tell. I know why you're running away.

Logo que acabei o refrão, Shannon já tinha caído no sono. A tarde na praia tinha levado todas as suas forças e tinha tornado a tarefa de coloca-la na cama algo muito fácil. Mesmo sabendo que Jimmy estava me esperando no outro quarto, ainda fiquei ali um breve instante, observando-a dormir. Com um instinto involuntário, levei a mão à barriga. Daqui há alguns meses eu estaria colocando duas crianças para dormir ao invés de apenas uma. Uma criança que Jimmy estava mais do que disposto a amar e cuidar, então por que eu estava com tanto medo? Por que eu ainda não me permitia amar essa criança dentro de mim? Eu sabia a resposta, bem no fundo eu sabia. Jimmy também sabia.

Essa criança não é dele. Essa criança é do Sam.

Uma corrente de ar entrou pela janela do quarto de Shannon, agitando as cortinas, me desfiz de meus pensamentos, Jimmy tinha razão, aquela criança não era nenhuma punição, era apena mais uma luz na minha vida, talvez tão linda quanto Shannon e não merecia que eu a punisse pelos meus erros.

Levantei e fechei a janela. Dei uma última olhada em Shannon e apaguei a luz, fechei a porta e fui para o quarto.

Jimmy estava sentado apenas de cueca na ponta da cama, de banho tomado, barba feita, cabelo lavado e penteado pra trás e exalando um delicioso aroma de pós-barba e creme dental. Tinha um bloco de papel em mãos e ele escrevia concentrado. Eu não precisava perguntar o que ele estava fazendo, eu tinha uma ideia.

– Música nova? – disse enquanto tirava o short úmido de água do mar sujo de areia. Ele apenas confirmou com a cabeça, provavelmente algo o inspirara e ele não podia deixar passar. Decidi não interromper, entrei no banheiro e terminei de me despir, uma tonelada de areia caiu junto com cada peça do biquíni, entrei debaixo do chuveiro morno e tirei o restante da areia impregnada no meu corpo.

Lavei o cabelo e me permiti ficar mais alguns segundos debaixo da água morna, massageando a barriga (que ainda não tinha crescido um único centímetro). De repente eu estava me sentindo mais feliz.

Aquela sensação durou pouco, na verdade, assim que ela veio, foi embora. Max veio a minha mente. Eu tinha um pressentimento ruim, só Deus sabe o que estava acontecendo com ele e enquanto isso eu estava aqui, indo para a praia como se minha vida estivesse uma grande maravilha. Se a grande ideia era nos manter seguros ali na Califórnia, não estava dando muito certo, pelo menos não depois de hoje. Assim que as festas de fim de ano passassem, eu voltaria para Madison, Max precisava de mim e de toda a forma, Jimmy retornaria às turnês, não havia nada para mim em Huntington Beach enquanto ele não estivesse lá também.

Desliguei o chuveiro, me enrolei no roupão e penteei o cabelo para trás, quando saí do banheiro, Jimmy colocou o caderno de lado.

– Achei que não fosse sair desse chuveiro nunca. – ele levantou e veio em minha direção. Percorri seu corpo com o olhar, todas aquelas tatuagens causavam uma sensação muito intensa em mim. O corpo dele estava mais forte, mais robusto, senti um delicioso arrepio percorrendo minha espinha. Jimmy beijou meus lábios com avidez, mordiscando meu lábio inferior e depois meu pescoço. O abracei, sentindo o calor de sua pele em minhas mãos geladas e o leve movimentar de suas omoplatas enquanto ele abria o laço do meu roupão, que logo caiu em meus pés.

Jimmy me impulsionou segurando em minha cintura e então subi em seu colo, abraçando seu tronco com as pernas. Ele me deitou lentamente sobre a cama e falou em meu ouvido.

– Tem certeza que não tem problema se a gente fizer isso com você grávida?

– Se você não for muito agressivo, não tem problema.

– Joe não vai nascer com cara de pinto?

Soltei uma gargalhada.

– Espero que não!

– Ótimo, seria uma pena se eu tivesse que parar logo agora. – os lábios perfeitamente delineados dele beijaram meu nariz, e depois morderam. Sua língua fez um caminho quente por meu pescoço e parou no espaço entre meus seios, como se estivesse em dúvida por qual começar. – Eles estão um pouco maiores, sabe?

– Sim e mais sensíveis, então por favor... OH!

Ele havia feito de propósito. Fechou os dentes em um dos meus mamilos e beliscou o bico do outro, sem nem um pouco de piedade. Começou a sugar com avidez o que estava em sua boca e o misto de dor e prazer deu um pequeno nó no meu cérebro. Arfei quando ele parou de sugar e deu alguns beijinhos carinhosos sobre as marcas de seus dentes.

Jimmy desceu os beijos por minha barriga e fez uma pequena saudação ao bebê.

– Vá dormir Joe, isso não é coisa para criança ver.

Os beijos desceram e desceram, até atingirem seu destino. Eu já estava completamente úmida quando a língua dele roçou em meu clitóris, gemi imediatamente que ele começou a sugar aquela região com enorme avidez. As mãos dele eram ásperas e deslizavam com carinho por minhas pernas, ele puxou ligeiramente meus joelhos para fora, para que minhas pernas se abrissem um pouco mais e sua língua então me penetrou.

Abafei um gemido alto mordendo os nós dos dedos, ele colocou e tirou a língua vezes e já estava começando a sentir os pequenos espasmos de êxtase vindo ao meu corpo, quando ele interrompeu a atividade e ergueu o rosto, posicionado o piercing do queixo exatamente sobre meu clitóris.

– Não tão depressa Wade. – Jimmy beijou o interior de minhas coxas e ergueu o tronco.

Ele tirou a cueca e juntou minhas pernas, segurou minhas canelas com uma única mão e as elevou até perto de sua cabeça. Com a outra mão, ele massageou o membro algumas vezes, já estava ereto e mordi o lábio ao ver o quanto já estava grande.

Jimmy apoiou meus calcanhares em seu peito e se inclinou para frente, me penetrando lentamente, sem deixar que minhas pernas se abrissem. Um calor queimou meu corpo por inteiro ao senti-lo entrando em mim, me abrindo em duas enquanto minhas pernas lutavam para se abrir.

Abafei outro grito, não podia fazer barulho com Shannon no quarto ao lado. Quando ele entrou por completo, senti meu corpo se moldando à ele como já havia feito outras vezes, depois disso Jimmy soltou meus pés, abri as pernas e ele segurou em minha cintura, dando início às estocadas, lentas e intercaladas. Jimmy caiu o tronco sobre o meu, colando toda a sua pele do tronco à minha, sua boca chegou junto ao meu ouvido e sussurrou em meio a leves gemidos:

– Sexo mamãe e papai, pra combinar com o bebê.

Eu sorri e o abracei com as pernas, o sentindo se movimentar com mais facilidade e rapidez dentro de mim. A cada estocada meu corpo se contraía mais, até que senti meu ápice vindo. Apertei minhas unhas em seus ombros e fechei os olhos, aguardando aquela sensação luxuriante tomando conta de cada pequena célula do meu corpo, o ápice de Jimmy veio um pouco depois.

Ele saiu de cima de mim deitou ao meu lado.

– Vamos deixar o Joe dormir em paz agora.

– Quando foi que nós decidimos que o sexo e o nome desta criança mesmo?

– Eu sou vidente. – ele disse com um enorme sorriso que dava pra ver até na penumbra do quarto.

Recostei a cabeça em seu peito e ele pôs a mão sobre meu ventre. Fui fechando os olhos devagar, mas o enorme estalido de vidro sendo quebrado e um feixe de luz fizeram com que abrisse os olhos.

Levantei o tronco imediatamente e Jimmy fez o mesmo, novamente algo caiu dentro do quarto, quebrando outra janela e colocando fogo nas cortinas. O quarto inteiro de repente estava em chamas. Jimmy colocou a cueca rapidamente e gritou.

– CORRA ALLIE!

– EU TO PELADA!

Ele me lançou a camiseta úmida, suada e cheia de sal que havia usado para ir para praia e saiu correndo, fui logo atrás, mas o chão estava quente e uma chama ricocheteou em minha perna, fazendo com que eu soltasse um grito agudo de dor. A fumaça estava por toda parte, respirar e enxergar estava difícil. Saí mancando para o corredor e Jimmy já estava nas escadas com Shannon meio adormecida no colo.

– VEM LOGO ALISON!

Corri o melhor que eu pude com a perna queimada, a sala inteira já estava em chamas também. Os sofás, cortinas, carpetes, tudo. Já chegavam ao pé da escada quando Jimmy passou correndo para a porta dos fundos. Fiz o melhor que eu pude para correr, mas ele teve que voltar e me ajudar a sair dali antes que ficasse ilhada. Quando chegamos do lado de fora, Shannon chorava, eu e Jimmy olhávamos confusos um para o outro.

Corremos para a parte da frente da casa e encontramos os 4 agentes caídos no chão, cada um compartilhando uma bala muito bem atirada no meio de suas testas. Jimmy puxou o rosto de Shannon para que ela não os visse e olhou para mim.

– Você está bem?

Meu rosto se contorceu em uma careta de dor, olhei para meu pé ele estava em carne viva.

– Mas que porra foi essa Jimmy? – disse aos prantos.

Jimmy engoliu seco, ele também estava queimado.

– Acho que começou.

– QUE DIABOS COMEÇOU?

– Tudo.


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