A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 52
Capítulo 51 - Tenente


Notas iniciais do capítulo

Gente. Gente. Gente gente gente gente gente gente gente GENTE GENTE GENTE GENTE. MINHA GENTE DO CÉU!
Eu amo vocês. Eu já disse isso? Nossa, eu amo tanto vocês que eu tenho vontade de tirar as suas cabeças e mergulhar no café, o que é muito estranho porque... Eu não tomo café.
Sabem qual foi a última vez que eu postei dois dias seguidos? Quando entrei em Hiatus e quando ainda era inocente e achava que isso faria as pessoas me amarem.
MAS GENTE. EU POSTEI PARA COMEMORAR OS 200. E NO OUTRO DIAS VOCÊS ME DÃO O PRESENTE DE 300 COMENTÁRIOS, E AGORA QUASE 310.
Sério, isso significa muito mesmo para mim. Por mais que os comentários de vocês sejam meio cretinos às vezes, isso é o maior feedback que já recebi na vida. Nunca recebi uma reclamação que fosse e nem nada que me fizesse amar vocês menos.
Um beijo para a SeleninhaLuluf que leu a fic toda em praticamente três dias e me encheu de alegria. A Marilands, que também comentou um monte. A StelinhaBoutris que mesmo depois de ler voltou comentando (aliás, você que é fã de Originals, já leu a minha fic Originals?).E me desculpem se eu esqueci alguém, porque as atualizações do Nyah só mostram 50.
Então obrigada, obrigada, obrigada, obrigada e aproveitem isso aqui!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/183585/chapter/52

Nessie


Quando abri os olhos, cada grão de poeira que caía preguiçosamente em direção ao chão parecia ter um brilho especial, como os pequenos flocos de neve que Jake e eu costumávamos pegar quando eu era pequena. Senti sua pele quente acariciar-me o ventre nu, ainda adormecido. Na noite anterior, tínhamos ficado na mesma temperatura. Virei-me de frente para ele, tocando seu rosto com a ponta dos dedos, traçando linhas de leve com a unha. Jake gemeu de leve, enlaçando minha cintura e me puxando para perto, encostando a testa a minha.

-Deus, não pare.

Ri de leve, beijando seus lábios de leve.

-Não posso, meu amor. Eu tenho uma filha sofrendo pela morte do pai.

Ele fez uma careta quando viu meu sorriso diminuir lentamente, ao lembrar-se do que acontecera apenas no dia anterior. Senti uma massa quente se movimentar pelo meu corpo na direção do meu peio. Elijah nem ao menos esfriou e você já está ai, pronta para se entregar do modo que jamais poderia se entregar a ele.

-Não. – Disse Jake beijando meu rosto. – Não. – Repetiu, dando-me outro beijo. – Não. Não. Não. Não. Não.

E cada palavra era um beijo, de modo que foi difícil permanecer triste. Ri de leve, empurrando-o com delicadeza. Ele rolou para cima de mim, impedindo-me de escapar.

-Jake, pare. Lizzie deve estar precisando de mim – Voltei a acariciar seu rosto – E ela não tem você para consolá-la.

Ele riu de leve e beijou a ponta do meu nariz, roçando a ponta de seu nariz sobre ela.

-É claro que tem. Só não do mesmo modo. Aparentemente, não sou o tipo dela. Tento não me sentir ofendido com isso. – Ele olhou dentro dos meus olhos por alguns segundos e suspirou alegremente – Eu te amo. Muito. Nunca vou esquecer o dia de hoje.

-Nem eu. Te amo demais.

-É possível amar demais?

Ele perguntou em tom filosófico, levantando uma das sobrancelhas. Dei de ombros, beijei-o uma última vez e o empurrei de cima de mim. Ele deitou-se na cama docilmente, sonolento. Levantei-me à busca das minhas roupas. O frio arrepiou meu corpo e Jake sorriu, escondendo o rosto no travesseiro, soltando o ar com força.

-Oh, Nessie...

Gemeu, respirando fundo. Ri e alcancei minha jeans e calcinha, felizmente intactas. O mesmo não se podia dizer da camiseta, do moletom e da jaqueta. Suspirei, vestindo a parte de baixo e vestindo o enorme moletom de Jake sobre a cabeça. Senti o cheiro dele já impregnado na roupa nova. O cheiro inconfundível de casa, segurança, amor e proteção.

-Isso é meu.

Ele sussurrou, sonolento, espiando-me por debaixo do travesseiro. Levantei o travesseiro e beijei-o.

-Eu sou sua. Já não é suficiente?


-Lizzie? Liz, sou eu.

Lizzie estava deitada na cama cercada de pelos brancos e pretos. Riley e Nova estavam ambos com as cabeças sobre o seu colo. Ela lia Harry Potter com uma careta, calada. Ela já havia lido a saga duas vezes, mas ela sempre dizia que, de algum modo, o livro a fazia se sentir melhor quando as coisas iam mal. Riley levantou-se e pulou na minha direção, latindo uma vez como se dissesse: Ei, onde esteve?

Liz levantou os olhos do livro, marcou a página, fechando-o e correu até mim, pulando no meu colo e abraçando-me com força.

-Foi horrível...

Disse, com a voz fraca.

-Eu sei. Eu sei.

-Onde estava?

Suspirei. Não contaria a ela. Não apenas porque ela era jovem demais para aquilo, mas porque não queria que ela pensasse que eu estava esperando por aquela desgraça. Para que não pensasse, como eu, que eu era uma pessoa horrível.

-Eu... Eu fiquei até... O fim. E não tive força para voltar para a casa. Jake me trouxe para dentro.

Lizzie gemeu, exasperada.

-Eu tentei ajudar. Eu achei que tinha funcionado, mas...

-Não funcionou, Liz. Mas eu sei que você fez o que podia – Ela apertou-se com força, chorando e eu sabia que ela desejava ter feito muito mais. Meu coração queimou de saudade, desejando que ela pudesse tê-lo salvo. Apesar do estranho êxtase fazendo minha barriga girar e a dor ardente que eu sentia em meu vértice, a dor insistia em se fazer presente. Nunca devia ter deixado o quarto de Jake. – Ele te amava muito. Você sabe disso, não é? – Ela assentiu. – Nós vamos ficar bem. Você vai ver.


-Temos mesmo que fazer isso?

Lizzie perguntou, com as mãozinhas claras suando contra o papelão das caixas que carregava.

-Você não tem que fazer nada. Já disse que acho melhor você ir para o quarto e deixar que eu e Tyler cuidemos disso.

Ela calou-se, determinada, focada na porta do 12. Eu sabia o que ela estava fazendo. Estava tentando ser forte, provar que podia fazer aquilo com tanta facilidade quanto eu podia, embora para mim não estivesse sendo nada fácil. Eu tinha um pilar forte, tinha Jake. Ela só tinha a mim, um pilar capenga, apoiado em outro.

-Imagino onde Sage está – Disse Tyler, a voz desaparecida em um sussurro. Parecia ter perdido o sono nas últimas noites – A pobrezinha deve estar assustada.

Suspirei.

Imagino onde Jake está. Ele sumira desde a manhã anterior, quando eu acordara e ele não estava no quarto. Ninguém parecia tê-lo visto pela casa. Isso, somada à falta das minhas flores de baunilha diárias estava deixando meus nervos a flor da pele.

Chegamos ao quarto e eu engoli em seco. A porta se abriu sem rangidos, sem estalos, sem gemidos de fantasma. E quando entrei no quarto, era como se ele nunca tivesse partido. Como se tivesse simplesmente ido caçar ou ido até o laboratório jogar papo fora com Tyler. Era como se ele fosse surgir por trás de mim, envolver minha cintura com os braços e beijar-me a bochecha, perguntando o que estávamos fazendo ali com todas aquelas caixas. Mas ele não veio, e nós ficamos lá os três, parados na porta, sentindo a corrente de vento da qual ele sempre reclamava passar por nós.


Ele estava lendo esse quando nos beijamos pela primeira vez. Peguei o Sidney Sheldon de primeira edição entre as mãos. Abri o livro em uma página aleatória e a cheirei. Era fria ao toque. Cheirava à papel e editora, cola antiga e tinta. E embora aquele fosse um dos melhores cheiros do universo, não cheirava a Elijah, nem a boas lembranças. Estava frio, vazio e rígido. Não tinha espírito algum.

Lizzie espirrou, atraindo minha atenção. Ela estava ajoelhada ao lado da cama de Elijah e um livro levemente poeirento estava pousado sobre o seu colo. Era m caderno de brochura com capa de couro, com uma antiga e gasta corda amarrando-o. Ela desfez o nó, abrindo o caderno com curiosidade.

-O que tem aí, Liz?

Perguntei, guardando o livro em minhas mãos na caixa para levar ao porão.

-Não sei bem, mas acho que... É o diário da mãe dele.

Levantei-me e fui até ela, ajoelhando-me ao seu lado, pegando o diário.

-Tyler? – Chamei, abrindo as páginas e encarando as páginas preenchidas por inteiro com palavras escritas com uma letra pequena. Tyler veio do banheiro. Mostrei a ele o livro. – Elijah não tinha te emprestado isso?

-O diário da mãe dele? Ele nunca deixou ninguém tocar nisso aí.

Disse, voltando para o banheiro. Mas... Se o diário estava com ele e não com Tyler o tempo todo, porque ele parecia tão nervoso para jogar? Será que, depois de tudo aquilo, ele só tinha feito aquilo para... Me beijar? Eu me recusava a acreditar que Elijah iria tão baixo, até porque, ele não era o tipo de pessoa que se entregava facilmente às “necessidades da carne”. Lizzie não me deixou pensar nisso por muito tempo, enfiando-se embaixo da cama e tirando uma caixa de papelão lá de baixo. Havia mais livros na caixa.

Ela pegou um deles aleatoriamente.

-São... São os diários dele. - Ela disse depois de ler por algum tempo, entregando-me o livro que tinha escolhido. – É antigo, mas nem tanto.

Baixei os olhos para o papel, enquanto Lizzie se enfiava na caixa, olhando os cadernos um por um.


Prezado amigo,

Faz um tempo que não escrevo. Klaus me mandou em uma missão para encontrar uma híbrida hoje. Ele disse que houvera ‘problemas’ em sua captura e que eu era necessário. Porque, ele nunca me disse. Levá-la foi fácil, embora tenha sido perturbador ver que ela estava em tão... Bom estado. Como eu já lhe disse diversas vezes, todo híbrido é um bastardo aos olhos dos pais. Nunca havia visto um clã que tivesse incorporado seus híbridos.


Parei e avancei algumas páginas, sem me ater a nada. Havia desenhos, meus, de Lizzie, de cães, de Tyler e de vanillas. E havia versos por toda a parte. No canto da página, por cima das palavras, seguindo a linha dos desenhos, e rabiscados no couro da capa.


O passado do nosso amor é um som tão sofrido

Esta noite eu o enterrarei

Gosto de manter meus problemas enterrados

Mas é sempre mais escuro antes da madrugada.


-Oh, Elijah...

Sussurrei, tapando a boca ao seguir a linha confusa que só ele parecia entender. Lizzie virou-se para ler também.


Se tivesse metade da chance

Faria tudo de novo

Um romance tão bom,

Mas me deixou incompleto.

Estou perdido se me livrar

E se não me livrar?


Pronto para sofrer

Para esperar

Tiro no escuro

Tiro na garganta

Procure o paraíso

Encontre o inferno


É difícil dançar com o diabo nas costas

Dane-se, não vou deixar acontecer comigo.


-Nessie?

Chamou Lizzie, percebendo que eu estava perturbada. Ela estava abraçada à caixa cheia de diários. 200 anos de história interrompidos por mim. Fechei o diário, pousando-o sobre o colo e sobre o diário de Angela, sentindo as mãos tremerem. Lizzie se aproximou e pegou minhas mãos nas suas, que estavam geladas. Apertei-as de volta, sustentando seu olhar. Senti uma única lágrima escorrer e Lizzie estendeu a manga para secá-la.

-Nós éramos a família dele. Ele só queria nos proteger.

-Eu sei, é só que... Eu fiz ele sofrer demais, Liz.

-Ele não se importava. Ele amava você.

-Mas eu me importo.

Soltei suas mãos e fechei os dedos ao redor do diário. Então soube o que Elijah sentira quando recebera o diário de Angela de... Seu pai. Era como se ele estivesse vivo e em minhas mãos. Como se todo o seu legado repousasse em minhas mãos agora.

-Mãe...

Lizzie chamou. Sua voz estava assustada. Virei-me ara trás. Scott estava de braços cruzados na porta, com um sorriso cruel. Imagens de alguns dias atrás voltaram a minha mente. O chicote em sua mão estalava contra Elijah. E eu queria matá-lo mais do que tudo. Mais do que qualquer coisa.

-O que está fazendo aqui?! – Perguntei, apertando o caderno em minhas mãos como se isso fosse proteger Elijah – Você não tem direito de estar aqui!

Agarrei o abajur em cima da mesa e atirei-o em sua direção. Ele o pegou como se não fosse nada mais que uma bola de futebol mal arremessada e jogou sobre a chàise com descaso. -Como se não estivesse esperando por isso para foder seu lobisomem.

Deixei de lado o caderno com uma delicadeza contrastada com o ódio que me lancei na sua direção. Como se ele tivesse qualquer moral para me julgar! Como se ele soubesse alguma coisa sobre amor, sobre perda ou sobre Elijah! Ele segurou meu pulso a meio caminho do seu rosto e o torceu. Gemi e ele me empurrou contra o chão, onde caí com estrondo. Lizzie veio para o meu lado e Tyler saiu do banheiro.

-Eu gosto de matar – Explicou-se, como que me dando satisfação. Como se isso fizesse tudo ficar bem. – E é a lei de Klaus. Não havia nada que eu pudesse ter feito. Ao contrário de você, eu gosto de viver e sou capaz de esconder minha opinião para isso.

Trinquei os dentes. Do jeito que ele falava era como se ele se importasse com Elijah. Como se se importasse com algo além do próprio prazer. Meu pulso latejava e eu apenas o encarei em silêncio. Estava furiosa, mas sabia que não poderia vencer.

-O que é que você quer?

Perguntou Tyler, enquanto Lizzie, pegando meu pulso torcido entre as mãos e fazia suas mãos brilharem. A cura durou pouco tempo e logo eu já girava o pulso, bom como novo. Lizzie apoiou-se em mim, tonta.

Scott nos encarou com uma careta.

-Klaus quer ver você, mamãe.

-E o que é que ele quer?

Perguntei, agradecendo a Lizzie com um beijo no topo da sua cabeça. Ela abraçou minha cintura, observando Scott com cautela. Ele riu.

-Você me superestima bastarda. Eu gosto disso – Disse, sorrindo. Então tirou uma sujeira debaixo da unha e a jogou em um canto, indiferente – Eu não faço perguntas. Você não deveria fazer também. Ande logo, ele vai ficar impaciente.

Assenti e afastei Lizzie de mim com delicadeza, segurando-a pelos ombros.

-Eu volto logo, está bem?

-Não vá...

Ela pediu, os olhos claros brilhando de medo. Tirei-lhe o cabelo dos olhos e beijei-lhe a testa.

-Fique com Tyler. Eu volto logo, está bem?

Pedi, ao me por de pé. Segui Scott, com a nítida sensação de que coisa boa não deixa ser.


O vampiro loiro me levou através das árvores, cada vez mais longe da Casa e eu me sentia nervosa. Quem garantia que era Klaus que queria falar comigo? Talvez fôssemos eu e Scott que teríamos uma conversinha que, caso acontecesse, seria um monólogo e dos longos. De vez em quando ele olhava para trás, só para conferir se eu estava seguindo-o e me dirigia um sorriso maldoso de canto que me dava medo e me fazia querer fugir pela montanha por trás da escola. Talvez não houvesse verbena lá.

E então eu o vi. Klaus. Parado no meio das árvores, conversando com alguém cuja silhueta bloqueava. Aproximei-me, mesmo quando Scott ficou para trás. Parei à alguns metros dele, cruzando as mãos, nervosa.

-Klaus.

Chamei, cautelosa. Ele olhou para mim, sorrindo, ainda bloqueando com quem conversava antes de eu chegar.

-Ah, se não é a minha adorável ex-nora. Acho que lhe devo meus sinceros pêsames.

Assenti baixando a cabeça.

-Eu lhe ofereceria os meus. Mas você não se importa.

Respondi, suspirando. Seu sorriso se congelou no lugar e escureceu, mas eu não senti medo. De que outro modo ele podia me machucar?

-Deve-se olhar para si mesmo antes de atirar a primeira pedra, Renesmee – Ele se afastou, revelando com quem conversava. Meu coração se acelerou, assustado. Jacob – Eu não traí meu filho. Você pode dizer o mesmo.

-Não foi traição. – Revidei, segurando-me no lugar para não me jogar na sua direção – Ele pediu que eu fizesse isso – Klaus riu alto, me interrompendo, mas eu não tinha vergonha. Era a verdade. – Pediu que eu fosse feliz depois do que você fez!

-E você não podia gastar um dia só de luto, não é?

Ele perguntou, olhando-me cinicamente. Fechei as mãos em punho, tremendo. Eu sabia que não soava bem o que eu fizera, e que não havia explicação, mas a verdade é que eu esperara até demais. Fizera a escolha errada. Eu e Elijah sabíamos disso, talvez desde o início. Onde quer que ele estivesse, eu sei que ele não estava chateado comigo. Só queria que eu fosse feliz. Porque ele me amava. Porque esse era o tipo de pessoa que ele era.

Mas não consegui formular nenhuma resposta. Tudo o que eu conseguia fazer era encarar Jake. Klaus – ou Scott, que ambos fossem para o inferno! – o machucara muito. Seus olhos estavam inchados, assim como o lábio superior. Ele já começava a curar, então aquilo deveria ser recente. Sua cabeça estava caída sobre o ombro, e os lábios se mexiam de leve, semiconscientes. Meu coração estava acelerado. Por favor esteja bem, por favor. Você tem que estar bem...

-O que é que você quer?

Perguntei a Klaus, sem coragem de me aproximar.

-O que eu quero? – Ele riu – Ora, minha cara, o que é que eu não quero?

Suspirei impaciente. Porque ele insistia em brincar comigo quando eu já estava rendida?

-Não importa. Só o deixe ir. Ele não tem nada a ver com isso.

-Oh, não tem?! Ora, eu achei que uma paixão tão arrebatadora quanto a sua me seria útil... Acho que me enganei... – Ele pareceu genuinamente chateado até que um vislumbre de surpresa cruzou seus olhos. – Oh não! Espere! Eu não me engano!

Sua expressão ficou sombria e ele tirou seu punhal da bainha no cinto, arremetendo na direção do pescoço de Jake.

-NÃO!

Gritei, jogando-me contra ele. Derrubá-lo no chão foi mais fácil do que imaginei. Klaus riu sadicamente abaixo de mim como se eu estivesse lhe fazendo cócegas.

-Esplêndido! Sempre subestimo o poder de ferir uma pessoa amada – Ele encostou o punhal contra minha garganta, mas não de forma ameaçadora, já que eu segurava seus pulsos, mas apenas traçando linhas imaginárias por elas – Mas não cometerei esse erro novamente. – Em uma batida do coração, eu estava por baixo e ele por cima. Seu punhal rasgou de leve minha pele, fazendo-a sangrar. – Seja minha tenente.

Pediu.

-O que?!

Ele sentou-se sobre minha barriga, deixando-me sem ar. Levou a faca aos lábios e a lambeu, revirando os olhos e gemendo de prazer.

-Seu dom, querida Renesmee.

Ele disse, pondo-se de pé, novamente cortês como no momento em que eu chegara. Me pus sentada, tonta, tocando o ferimento em meu pescoço.

-O que tem ele?

-Como você se sentiria se estivesse no seu quarto e, de repente, uma voz estranha lhe desse ordens e mesmo se você cobrisse os ouvidos, ela continuasse, porque está dentro da sua cabeça?

Dei de ombros, ajoelhando-me, ainda assustada, lançando um olhar para Jake.

-Não sei. Sobressaltada. Assustada, provavelmente.

-Mas obedeceria ao que ela mandasse?

-Se fosse razoável. Se a voz me assustasse ou me passasse confiança.

Ele sorriu.

-Isso é tudo o que eu precisava ouvir. Levante-se.

Pediu. Aproximei-me, erguendo a mão em sua direção. Ele balançou a cabeça e baixou minha mão. Fez um gesto para que eu retrocedesse. Dei um passo para trás, cautelosa.

-De onde você está.

-Não sei fazer isso. Preciso tocá-lo.

Ele balançou a cabeça, parecendo decepcionado. Mas eu o conhecia bem o bastante para saber que não havia nada dentro de Klaus. Era uma casca vazia e perigosa.

-E uma pena. De fato, uma pena.

Ele acenou para Scott, que se adiantou com um objeto preto que crepitou e emitiu uma luz azul, zumbindo como uma abelha. Ele o encostou a Jake. Seus olhos se abriram instantaneamente, despertos. Todos os seus músculos se comprimiram, como que atrofiados e ele entrou em convulsão por assustadores dois segundos. Ele se estirou no chão, respirando com dificuldade, exausto.

-Jake!

Gritei, caindo de joelhos ao seu lado, mas Scott puxou-o para longe de mim.

-Não tema. A voltagem não está acertada para matar. Ainda. Mas as coisas podem mudar caso você não se sinta particularmente... Colaborativa hoje.

-O que eu preciso fazer?!

-Entre na minha mente e fale comigo. Não me hipnotize. Peça como só você sabe fazer.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Porque ele estava insistindo naquela loucura? Porque estava fazendo aquilo comigo? Era por causa de Elijah? Mas ele nem ao menos gostava dele.

-Eu não sei como...

-Então espero sinceramente que descubra logo.

Ele tirou um relógio de forno em formato de ovo e o girou. O tique-taque começou e a setinha apontava os números abaixo, girando de forma decrescente. 57, 56, 55, 54, 53... Klaus olhou de lado para Scott que riu e fez sua arma de choque estalar.

Fechei os olhos, tentando me lembrar sobre o que minha mãe me dissera sobre expandir dons. Era preciso visualizá-los. Expandi-los. Mas eu não conseguia pensar em nada que eu pudesse expandir com aquele som ecoando na minha cabeça de forma distrativa.

-Tique-taque, Renesmee. 20 segundos.

Eu tentei visualizar. Algo que se expandisse. Elásticos, silicone, sandálias antigas, queijo de pizza, jeans de grávidas... Não importava, não conseguia me concentrar. Não com Jake em perigo logo a minha frente.

-AARRRGGHHHHRRAAAARRRR...

Ele gritou fazendo-me abrir os olhos. Pude ver que o choque fora mais forte daquela vez. Ele virara de barriga para cima. Os olhos estavam fechados com força e ele tremia. Espuma caía do canto da sua boca. Klaus voltou a dar corda no relógio.

-Mais um minuto, Renesmee, não teste minha paciência.

Scott girou o único botão da máquina, fazendo-a zunir mais alto. Não queria descobrir porque seu brinquedinho se tornara ao barulhento de repente. Fechei os olhos, determinada e mordi meu lábio inferior até sentir o gosto do sangue se espalhar pela língua. Imaginei um arco... E então uma flecha amarrada à uma lona. Uma lona leve, que voasse com facilidade. Tencionei mentalmente a corda do arco e algo no meu corpo pareceu estremecer em resposta. Talvez fosse apenas meu estômago apavorado.

Soltei a corda e a flecha voou adiante, procurando onde se alojar. Enquanto voava, a lona cobriu os três como uma imensa tenda e eu lancei tudo o que eu podia. Medo, frustração, raiva, angústia e acima de tudo, dor. Dor de quase perder Lizzie, de perder Elijah e de estar prestes a perder Jake por um capricho aleatório de Klaus.

O relógio de forno de Klaus estalou, mas a arma de choque continuou a zunir na mesma intensidade. Suspirei. Eu devia ter feito algo certo. Estava exausto. Não era apenas Lizzie. Usar demais do meu dom me deixava cansada. Nunca me sentira tão esgotada em toda a minha vida. Era horrível. Abri os olhos. Jake estava desperto, piscando os olhos confuso, tentando se recuperar. Scott piscava, desnorteado e Klaus estava com uma careta no rosto. Só esperava que eu não o tivesse desapontado. Ele assentiu.

-Você vai trabalhar para mim de agora em diante. Será minha tenente.

Assenti, sem coragem de dizer nada. Não com Jake ainda em seu poder, semi-consciente.

-Só o deixe fora disso – Eu disse, deixando as lágrimas escorrerem. – Por favor. Eu farei o que você quiser.

Quando pisquei, eu estava sozinha com Jake. Eles tinham partido. Engatinhei para perto dele e o puxei para o meu colo, deixando a cabeça repousar sobre sua testa. Beijei seus lábios, abraçando-o.

-Vai ficar tudo bem.

Tinha que ficar. Apenas por um tempo. Estava cansada de lutar.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nossa, eu amo tanto vocês, que eu queria que essa fic nunca acabasse. Pena que vai acabar em 5 capítulos.
Aproveitem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Casa De Klaus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.