A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 4
Capítulo 3 - Longas histórias e novas histórias


Notas iniciais do capítulo

Bom dia coisinhas maravilhosas desse mundo maravilhoso mágico e lindo ~ tá parei. Vou postar dois capítulos, mas só porque vou ficar mais um tempinho viajando e não quero minhas vampirinhas na seca. Lá vai.



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Comer não me fez sentir melhor como Jake disse. Mas fingi que sim para que ele deixasse de se preocupar, não gostava de vê-lo com aquele olhar apreensivo. Eu sentia como se pudesse jogar tudo para fora a qualquer segundo. Sentamos no sofá para descansar e por alguns minutos, não dissemos nada, observando a tela preta da televisão desligada. “No que está pensando?” Perguntei através do contato, sem sentir necessidade de falar, acariciando seu peito. Ele apertou mais o braço ao meu redor, puxando-me para perto.

–Estou preocupado com você – Disse acariciando meu braço com carinho, me observando com um olhar paternal – Só isso.

Deitei a cabeça em seu ombro e suspirei. “O que contaram a você?” Ele ficou quieto, ainda encarando a tv desligada. Ele nem tinha coragem de me olhar nos olhos! Porque achei que ele me contaria algo? Eu era uma bomba relógio anti-verdade certo? Cutuquei sua costela com o indicador.

–Ai Nessie...

–Jacob Black, responda quando eu falar com você.

Bronqueei irritada. Uni as sobrancelhas e fiquei olhando para ele, esperando uma resposta. Ele me deu um sorriso divertido.

–Você é igualzinha a sua mãe...– Não desviei o olhar irritado e ele revirou os olhos – Muito bem, Srta. Cullen. – Ele reclamou – E se eu te contar a história longa e triste que mencionei ontem?

Minha surpresa foi tão grande que minhas sobrancelhas se ergueram imediatamente. Com toda aquela coisa da visão tinha até esquecido da história que tanto me intrigara na noite anterior, na volta para casa. Cruzei as pernas em cima do sofá e me virei para frente dela.

–Pode ser... Mas é bom ser das boas.

–Promete que vai entender? Vai me deixar terminar? Não vai explodir?

Bufei enfastiada.

–Não sou uma bomba relógio, Jacob.

Reclamei irritada. Realmente foi uma história longa, e não era apenas dele, envolvia a todos nós. Eram os acontecimentos de antes de eu nascer. Não fiquei quieta um segundo, fazendo perguntas. Era estranho pensar que um dia mamãe e Jake tiveram alguma coisa. Eles pareciam tão diferentes agora. Jake era quente e ela, fria. Ela era minha mãe e ele... Meu melhor amigo. Depois de me contar sobre seu frustrado romance com mina mãe, contou sobre o casamento, sobre a descoberta da minha gravidez, como tentou fazer minha mãe desistir de mim, e sobre as brigas que costumava ter com tia Rose.

–Isso faz muito sentido.

Conclui. Ele sorriu e continuou. Contou sobre quando ainda fazia parte da matilha de Sam, e como ele ordenou que me matassem no ventre de minha mãe, praticamente obrigando todos os lobos a marchar na direção da casa dos Cullen, prontos para enfrentar todos os que eu conhecia e amava. Narrou a dispersão da alcatéia e a irritação que sentira ao ver que Seth e Leah o seguiram inicialmente e de como aos poucos passou a aceitá-los. Então ao falar na hora do parto, sua voz ficou sombria e ele me disse que nunca tinha sentido tanta raiva antes.

–Raiva de quem?

Perguntei. Ele deu de ombros, pensando. Pude ver em seu olhar que ele tentava achar sentido no que havia se passado. Fiquei feliz por isso. –De Bella... Mas de você principalmente. Que bobeira. Ele disse a si mesmo. Baixei a cabeça. Por alguns segundos me senti culpada, por não ter deixado que minha mãe cumprisse a promessa, e por ter praticamente jogado os dois a dois lados diferentes.

–Desculpe.

Disse, sentindo que isso não consertaria nada. Ele levantou meu rosto até me fazer olhar nos seus olhos.

–Não foi sua culpa, minha linda. Nada disso é sua culpa. Você nunca pediu para nascer.

Ele sorriu, parecendo tranqüilo e aquilo me tranqüilizou também. Ele não me culpava e era isso que importava. Ele abaixou-se para me beijar, mas interrompi nossos beijos alguns segundos depois. Minha curiosidade ainda não estava saciada.

–E o que aconteceu depois?

Ele pareceu relutante em seguir adiante.

–Eu... Hum, é... Nessie... Eu...

–Pode me contar Jake. Eu agüento.

Ele suspirou como se preparasse a si mesmo para a minha explosão.

–Eu... Quis te matar.

–E porque não matou?

Perguntei sem querer. Eu sabia a resposta dessa antes mesmo que ele respondesse, apesar de não concordar com ela. Se eu fosse ele, me mataria. Ele me encarou, com os olhos negros brilhando como duas estrelas.

–Porque meu mundo gira ao seu redor, não do sol– Ele disse puxando-me para perto e acariciando meus cabelos – Meu sol particular.

–Querido, era só dizer que teve um imprinting.

Eu disse com uma voz doce e um sorriso maroto cruzando meu rosto. Seus olhos se arregalaram.

–Como...

–Fiquei curiosa pelo jeito que Quil olhava para Claire. Era parecido com o jeito que olha para mim. Aquela cara de “Ou fui acertado por um poste ou estou apaixonado”. Então um dia a caminho da sua casa, encontrei os dois na praia e perguntei para ele qual era o lance. Ele explicou que assim como você não era tipo algum de pedófilo, e me explicou sobre o imprinting.

Sorri, orgulhosa por ter descoberto algo sozinha, talvez pela primeira vez na minha vida

. –Que bela narrativa, sua danadinha.

Ele disse tocando carinhosamente meu nariz com o indicador. Eu ri me aconchegando mais nele, sentindo seu calor.

–Você...– Ele disse depois de muito tempo de um silêncio preenchido por sorrisos e suspiros – Não ficou zangada ficou? Pelo imprinting e... Pela sua mãe?

–É só uma história Jake. Mamãe escolheu papai e você escolheu a mim. E como me zangaria sabendo que me ama desde o dia que nasci?

Ele sorriu e me beijou. Ser má não era o único jeito de atrair sua atenção, concluí descansando minha testa contra a dele com um sorriso sem fim estampado no rosto.

Tão logo almoçamos, vô Carlisle chegou do hospital para o horário de almoço, não que precisasse almoçar. Eu e Jake ficamos aninhados no sofá contra a chuva que se debulhava copiosamente do lado de fora. Assistimos à “O Amor é Cego” e Jake ficou fazendo piadas sobre o amigo do personagem principal que tinha uma espécie de rabo, dizendo que devia ser algum irmão perdido. Tão logo o por do sol chegou, os jogos de basquete começaram, e com eles chegou o resto da minha família, que reuniu-se na frente da casa na frente dos degraus como um dos times antes de cada jogo. Cutuquei Jake, rindo da expressão de cada um, com os narizes franzidos. Ele baixou o volume da TV e olhou para a porta mas seu olhar não era nada divertido como eu esperava.

–Como foi?

Ele disse assim que meu pai entrou na casa abrindo a porta para os outros. Antes de responder, papai fuzilou todas as partes do meu corpo que Jacob encostava, e ainda não havia nenhum sorriso divertido em seu rosto.

–Foi bem, Jacob – Disse com a voz fria e rabugenta, segurando a porta para os outros entrarem – Correu tudo bem.

Ele voltou a encarar furiosamente os lugares em que eu o tocava. “Podia ser mais discreto? Falaremos sobre isso mais tarde!” Pensei, encarando-o com um olhar de reprimenda. Ele fez que sim quase imperceptivelmente e desviou o olhar.

–Oi Nessie, oi Jacob.

Disse tia Alice, entrando com seu corpo minúsculo na sala, sorrindo e parecendo satisfeita consigo mesma, antes de desaparecer escada acima. Tio Jasper sorriu sem mostrar os dentes e bateu uma continência casual com dois dedos antes de subir para o andar de cima. Suspirei. Fora tão rápido que nem valia alertar a mídia... Tio Emm passou a nossa frente roubando o controle da mão de Jake e bagunçando meu cabelo Na velocidade que só um vampiro poderia alcançar, sentando-se em uma das poltronas ao nosso lado com um sorriso maroto.

–Ei Lassie, empurrei Timmy no poço. Vá se jogar atrás dele.

Disse tia Rose pendurando o fabuloso casaco de camurça branco no porta casacos ao lado da porta. Jake olhou para mim e finalmente vi o sorriso que eu queria, brincando em seus lábios.

–Do Roseano quer dizer que é hora de ir para casa.

Ele sorriu e me beijou. Se raios pudessem sair dos olhos dos meus pais, eu tinha certeza de que eu e Jake estaríamos esturricados e virando cinzas sobre o sofá branco. “Precisava ser na frente dos meus pais? Perguntei a Jake, através do contato com seu peito, ainda não contei a eles.”

–Não pude evitar.

Ele sussurrou para mim sorrindo, mesmo sabendo que todos podiam ouvi-lo. Ele se levantou e se dirigiu até a porta, que minha mãe segurava com uma cara nada feliz para que ele passasse.

–Tchau Bells.

–Até mais Jacob. – Ela disse fechando a porta atrás dela e virando-se para mim cruzando os braços. Senti os olhares dos dois caírem sobre mim, pesados como orcas douradas. – Tem algo que gostaria de nos dizer, Nessie?

Perguntou mamãe, usando sua temida “Cara de mãe”. A “Cara de Mãe” era a mais temível careta conhecida no mundo e toda mulher pode fazê-la, desde que já tenha sido mãe e esteja terrivelmente irritada ou decepcionada. No geral, só conhecia Bella e Esme que tinham estas características. Quer chegar mais perto? Imagine os sentimentos de uma mãe ao chegar em casa com a filha adolescente dando uma festa. Imaginou? Agora some aos sentimentos de um pai superprotetor ao conhecer o primeiro namorado da filha. Agora multiplique esses sentimentos por 10, e condense-os em um só olhar. Então você terá chegado perto da “Cara de Mãe”.

–Eu ia contar... – Comecei. A TV a nossa frente se desligou e com o canto dos olhos vi tio Emmett olhar para nós com um sorriso divertido. Revirei os olhos e respirei fundo. – Mas então tia Alice teve a visão, eu tive todos aqueles sonhos, ninguém apareceu. Eu meio que deixei isso de lado.

Meus pais trocaram um olhar cúmplice. Eu sabia que eles sabia sobre o imprinting.

–Tem certeza que é isso o que você quer Nessie?

Perguntou meu pai. Eu sabia que ele queria que eu dissesse que não, mas fiz que sim. Era ele que eu queria. Olhei desconfortável para tio Em com o canto do olhos que assistia tudo com um sorriso aberto. Mamãe sentou-se ao meu lado, fazendo-me olhar para ela segurando meu queixo.

–Tem mesmo certeza, Nessie? Você é tão novinha minha menina...

–Você sabia que ia acontecer. – Respondi dando de ombros – Cedo ou tarde.

Ela fez que sim e olhou para meu pai. Ele fez que sim também se sentou do meu outro lado. Tio Emmett deixou a sala, resmungando sobre sermos tediosos, enquanto nos abraçávamos.

Mais tarde retornamos ao chalé. Peguei um caderno qualquer e comecei a esboçar uma história. Era sobre uma garota chamada Jazmyne que conhecia um garoto diferente. Ele não saia ao sol e se parecia como um deus deveria ser. Ele não falava muito com as pessoas e parecia adorar a chuva que caía em abundância na pequena e pacata cidade Knifes, no interior de Oklahoma. –O que está fazendo, Nessie? Perguntou minha mãe, na porta do quarto trazendo um chícara de chá fumegando para mim. “Espero que seja camomila”, Pensei deliciada.

–Comecei a escrever uma história. É só um começo, mas... Tem seu charme. Mamãe sentou-se ao meu lado na cama, espiando a página antes branca agora totalmente preenchida com palavras azuis, e colocando a xícara na mesa de cabeceira.

–Escrevendo, é? E sobre o que é?

–Basicamente, você.

–Eu?

Ela perguntou, sorrindo surpresa. Fiz que sim.

–Não apenas você. Somos nós. Uma garota conhece um vampiro, eles vivem um grande amor, coisas assim.

Ela fez que sim, sorrindo novamente, passando os olhos pela página.

–Pode ler um pouco para mim?

Fiz que sim, respirei fundo e limpei a garganta.

–A cidade é fria. Chove durante 6 meses, e neva durante 4. Nos outros dois, alternamos entre dias dublados e chuvas de granizo. É diferente do calor da Flórida com o qual eu estava acostumada. As pessoas aqui também são frias, apesar de levarem a vida como levávamos. As crianças vão á escola, os pais trabalham o dia todo. E tem ele. Ah sim, ele. Lindo, tempestuoso e quieto. Não o conheço, mas sinto que devia. Algo me dizia que havia algo a mais por trás da sua fachada de mármore, quieta como um túmulo, e bela como se esculpida por um dos Antigos Mestres.

Baixei o caderno e olhei para mamãe, esperando aprovação ou rejeição. Ela balançou a cabeça afirmativamente e sorria, sem conseguir desviar os olhos das páginas.

–Você tem muito talento, meu amor.

Sorri observando as páginas. Aquilo era só o começo de algo muito grande.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se. A escuridão está em todo o lugar.