A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 3
Capítulo 2 - Às cegas


Notas iniciais do capítulo

Bom, como eu vou viajar e não sei quando vou postar de novo, vou deixar esse capítulo. Mas no futuro não postarei com tanta frequencia ok?



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Jake me deixou na frente da casa dos Cullen. Houvesse o que houvesse, não queria encarar meu pai antes do necessário. Sorri enquanto a moto se distanciava na direção de La Push. Toquei meus lábios, rindo comigo mesma, e me virei para entrar na mansão. Abri a porta e a fechei com um estalo. Quando me virei de de cara com tia Alice e tio Jasper se beijando. Bem, se me notaram, não mostraram isso. Eles parecem um casal calminho, mas são mais ardentes do que meus pais, e vocês nunca queiram dormir no chalé com eles no quarto ao lado.

-Tio Jasper está sorrindo, por favor alertem a mídia! Isso não pode ser esquecido!

Eu disse. Ouvi tio Emmett rindo estrondosamente na cozinha e me dirigi para lá pendurando meu casaco no porta casacos ao lado da porta. Tia Rose me abraçou antes que eu tivesse tempo de assimilar a cozinha ao meu redor.

-Até que enfim você chegou! – Ela disse, dando um passinho para trás com o nariz franzido pelo meu cheiro. – Deixou o cachorro lá fora, certo?

Revirei os olhos e fiz que sim me dirigindo para a geladeira. Tio Emmett segurou minha cintura antes que eu pudesse chegar lá.

-Porque é que a mocinha não foi jogar baseball hoje? Posso saber? Precisavam de alguém no time perdedor.

Tia Rose riu e tirou os braços dele do meu redor e empurrou-o para trás.

-Ele quer dizer o time dele.

Eu ri enquanto retomava meu caminho até a geladeira. Claro que não havia muita coisa lá, afinal eu era a única que comia naquela casa, e nem ficava lá em tempo integral.

-Eu NUNCA perco minha doce Rosalie – Ele disse sentando-se sobre a mesa e puxando-a para o seu colo – Eu apenas sou humilde o bastante para deixar os outros ganharem.

Ela olhou para mim e disse sem som “ele perde sim”. Ri novamente e peguei uma lata de damasco em calda, enquanto procurava um abridor de latas nas gavetas impecáveis e intocadas, vovô e vovó adentraram a cozinha.

-Olá Nessie.

Saudou vovó se aproximando para um abraço. Deixei a lata e o abridor na pia para abraçá-la.

-A que devemos o prazer da sua visita?

Perguntou vovô abraçando a nós duas.

-Jasper está sorrindo. Nessie não quis perder o evento do século.

Ri novamente, balançando a cabeça. Era deliciosa a atmosfera da minha família... Uma mistura de cainho, ternura, e bom-humor... Mas a voz insistente na minha cabeça tornou a dizer que seria por pouco tempo. “Pare de dizer isso...”, Pensei irritada.

-Só pensei em dar um oi antes de ir para o chalé.

Tia Alice apareceu na porta, com a expressão transtornada que sempre ostentava quando tinha acabado de ter uma visão. O sorriso de todos sumiu na hora, inclusive do tio Jasper, que viera a cozinha logo atrás dela, dando lugar a uma expressão tensa e consternada geral.

-Nessie querida – Disse tia Alice com uma voz engasgada diferente da tilintada de sempre – Não vá para o chalé hoje.

-Mas tia, o que...

-Vamos Nessie, vá tomar um banho e colocar um pijama bem quentinho.

Disse vovó Esme conduzindo-me em direção à escada.

-Mas...

-Eu entendo-me com seus pais – Disse vovó me empurrando um pouco mais forte – Só vá subo logo, logo para arrumar sua cama.

Fiz que sim tentando parecer calma, quando eu não estava. Sentia como se tivesse sido praticamente expulsa da cozinha. Ouvi-os conversar nervosamente em voz baixa, mas para meus ouvidos não tão apurados quanto os deles, os murmúrios eram ininteligíveis. Abri o chuveiro e peguei uma toalha no armário. Coloquei o registro no máximo de quente, mas nem isso aplacou os calafrios que passei a sentir. Coloquei um dos pijamas guardados para mim, e me escondi por entre das cobertas que vovó Esme tinha arrumado enquanto eu estava no banho sem aparecer para mim. Tremi até cair em um sono frágil e cheio de pesadelos.


“Eu corria o máximo que podia através das árvores. Uma neblina pegajosa espalhava-se pelo chão da floresta e parecia tentar agarrar minhas pernas para me impedir de correr, mas eu lutava porque algo dentro de mim dizia que se fosse pega, eu seria morta. Logo ouvi movimentações de folhagens do meu lado esquerdo, mas antes que eu pudesse entrar em pânico, vi que era imenso lobo cor-de-chocolate que eu conhecia e aprendera a amar. Com ele, eu me senti segura para correr. Mas logo o que quer que estivesse nos perseguindo agarrou sua pata traseira. Olhei para trás por dois segundos, mas não pude ver o que o pegara, apenas os olhos negros brilhando na névoa, implorando, suplicando por ajuda.

Eu quis parar, mas algo não me deixava. Eu tinha que correr, correr pela minha vida.

-Jaaaaaakeeeee!!!”

–Jaaaaakeeee!!!!

Eu acordei gritando e me debatendo na cama. Meu rosto estava encharcado com suor frio e lágrimas quentes, que escorriam pelo meu rosto, grudando cabelo a ele. Quando levantei o olhar tia Alice e tia Rosalie já entravam no quarto, entreolhando-se preocupadas com algo que eu não sabia e provavelmente não saberia o que era.

-Tudo bem querida?

Perguntou tia Rose sentando-se no canto da cama passando o braço pelo meu ombro. Tia Alice subiu na cama e se sentou no espaço vazio entre mim e a parede.

-Tudo – Eu disse engasgada, com a garganta doída de tanto gritar – F-f-foi só um pesadelo. U-u-um pesadelo. Só isso.

Percebi que meu queixo não parava de tremer. Minhas tias trocaram mais olhares preocupados entre si.

-Você quer nos mostrar?

Fiz que não para tia Alice, sentindo mais lágrimas encherem meus olhos. Não queria reviver aquilo tão cedo, aquela sensação de medo, pavor e solidão. Só de pensar naquilo agora me fazia sentir como se uma faca estivesse encostada à minha garganta.

-Não...

Consegui dizer novamente, ainda engasgada. Tia Rose beijou o topo da minha cabeça e se levantou.

-Vou fazer um chá para você.

Enquanto ela deixava o corpo tia Alice me abraçou e me escondi no seu minúsculo abraço gelado.

-Cadê minha mãe?

Perguntei trêmula.

-Ela e seu pai foram... – Ela começou mas senti sua hesitação enquanto trocava de desculpa – Caçar.

Eu quis perguntar de uma vez o que eles estavam escondendo de mim mas eu estava tremendo tanto que meu queixo travou e não abriria tão rapidamente. Tia Alice acariciava meus cachos castanhos avermelhados. Eu estava muito assustada com o perseguidor misterioso do meu sonho. Eu estava completamente certa de que ele ia me matar, e quando a coisa pegou Jake... Eu simplesmente... Não consegui parar, mesmo querendo morrer no seu lugar. Tia Rose logo voltou com o chá, e antes que eu percebesse estava dormindo de novo.

Mas é claro que aquela noite não tinha acabado. Estava longe de acabar.


A primeira coisa que percebi foi o fogo. Sim. Havia fogo e havia por todo o lado. Soube que havia sido pega no segundo seguinte quando uma voz estrondosa surgiu do outro lado da parede de chamas vermelhas e alaranjadas ao meu redor.

-Nessie querida, me diga, por favor... – Disse a voz masculina, como se fosse um professor me ensinando algo – Como é que se mata um vampiro?

Em meio às chamas se distinguiram mais oito corpos de fogo e dentro deles, oito vultos escuros, mas que eu podia ver os rostos com clareza. Eram todos lindos e pálidos. Minha família, todos na mesma posição, rendidos, de joelhos e mãos amarradas atrás das costas. Tentei levantar e correr até eles, mas estava na mesma posição que eles e quanto mais eu tentava me libertar das cordas arroxeadas que prendiam meus pulsos, mais sangue quente escorria deles. No canto de tudo, uma gaiola de ferro negra ficava em um canto, onde um lobo cor de chocolate batia contra as grades incansavelmente e gania como se tivesse sido queimado. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas a ‘eu do sonho’ parecia saber.

-Você tem que rasgar as partes e queimá-las antes que se recomponham.

Ouvi um ruído de aprovação do professor, mas não vi nem seu vulto, mesmo sabendo que ele pairava a minha volta como um urubu. Pude sentir pares de olhos brilhantes me encarando na escuridão, esperando ansiosamente por cada resposta que eu tinha a dar.

-Muito bem, muito bem. E Renesmee, como se mata um transfigurador?

Respirei fundo e tentei me soltar mais uma vez antes de responder, agora com mais sangue nas mãos.

-Transfiguradores são mortais, É só fazer com que o coração pare de bater.

Pude ver pela primeira vez o vulto do professor. Ele fez que sim.

-Isso mesmo, boa menina. E finalmente, me leva a ultima pergunta... Como se faz para um mestiço bastardo para manter a boca calada?

-Mata a quem ele poderia contar.

-E porque?

-Três pessoas podem guardar um segredo, se duas delas estiverem mortas.

O efeito daquelas palavras me acertou com uma fúria incomensurável só com um efeito melhor do que a sensação do ferro frio atravessando minha garganta.”

Dessa vez não gritei, só chorei. Chorei muito. Chorei e continuei chorando, como um bezerro desmamado, ganindo como um cão machucado, debulhando-me em lágrimas. Tive que me abraçar com força, para evitar que se despedaçasse quando toda a água do meu corpo fosse transformada em lágrimas. Ninguém apareceu por algumas horas e por algum tempo tive medo. Um medo bobo, de que o professor os tivesse pegado, e os levado para longe de mim, para prendê-los em suas cadeias de fogo. Mas logo mamãe e papai adentraram o carro. Não pude ler suas expressões. Quando mamãe percebeu que eu andara chorando trocou um olhar preocupado com meu pai e veio até mim, sentando-se ao meu lado. Sentei-me e abracei sua cintura com força, enterrando-me no seu abraço gelado. Ela correspondeu ao abraço, acariciando meu cabelo com carinho e beijando o topo da minha cabeça.

-O que aconteceu, meu bem?

Perguntou ela. Fiz que não, apertando mais os braços ao seu redor.

-Tive pesadelos.

-Ah, meu tesouro... – Ela miou baixinho para me acalmar – Foram só sonhos, querida. Quer nos mostrar?

Fiz que sim. Não o quisera com tia Alice e tia Rosalie, mas agora queria. Se fosse reviver aquilo, seria com as duas pessoas mais fortes que conhecia. Meus pais. Meu pai sorriu ao ouvir aquele pensamento, e juntou-se a mim e a minha mãe, sentando-se ao lado dela, abraçando-nos por trás, demonstrando que estava ali e nos protegeria. Isso me fez sentir bem o bastante para respirar fundo e começar a repassar as imagens. Depois de acabado os sonhos, meus pais trocaram mais olhares preocupados. Meu pai foi o primeiro a falar.

-Isso não quer dizer nada, meu amor. Foram apenas sonhos Renesmee. Tudo está bem agora.

Mamãe fez que sim, mostrando que concordava com ele.

-V-v-vocês prometem que não vai acontecer. Nunca, nunca, nunca?

-Que bobagem Nessie – Reclamou minha mãe. Ela resgatou meu pequeno tesouro, meu medalhão de dentro do pijama suado e molhado, e o abriu, mostrando a foto no relicário – Sabe o que isso significa não sabe? Sempre soube. Mais do que minha própria vida. Quer dizer que não importa para onde, ou por quanto tempo a vida nos leve. Sempre estaremos com você.

-Sempre...

Concordou papai. Fiz que sim, apesar de saber que aquilo era uma resposta diplomática.


Resolvi levantar quando meu estômago começou a roncar por volta do meio da manhã, reclamando do café da manhã que ainda não havia tomado. Papai e mamãe tinham ido embora sob o pretexto de coisas importantes e inadiáveis a fazer na cidade. Levantei-me e lavei meu rosto. Olhei para mim mesma no espelho e não gostei do que vi. Os olhos esbugalhados e vermelhos do sono mal dormido e das lágrimas derramadas. As olheiras começavam a nascer pela noite mal dormida e o cabelo estava emaranhado e sujo, grudado ao rosto. Tomei um banho, lavei o cabelo. Uma vez fora sequei-os e escovei-os e aos meus dentes. Depois olhei para mim mesma no espelho e sorri tentando me lembrar do quão feliz eu tinha estado na manhã anterior. Balancei a cabeça e o desmanchei, diante da sua falsidade.

Fui para o quarto e busquei entre as milhões de peças que tia Alice e tia Rosalie deixavam no meu quarto na mansão para quando eu dormisse lá, algo que fosse confortável, quente para aplacar aquele dia frio e para evitar uma bronca, estiloso. Acabei optando por um vestido nos joelhos de mangas longas, cor de vinho, com renda na bainha. Coloquei uma meia calça e calcei um par de botas de montaria quentes e confortáveis, minhas favoritas. Desci as escadas devagar, temerosa com um medo infundado. O que eu esperava? O professor do meu sonho sentado no sofá da sala? Talvez aproveitando uma taça de vinho? Que besteira! Balancei a cabeça afastando os pensamentos ruins. Fui até a cozinha onde vovó me esperava com o café pronto e quentinho e um sorriso enorme no rosto.

-Bom dia querida. Como foi a sua noite?

Suspirei arrastando a cadeira da grande mesa e desabando em cima dos braços cruzados.

-Agonizante, aterrorizante, arrepiante... – Suspirei apoiando a cabeça na mão, apoiada na mesa pelo cotovelo. – Posso continuar se a senhora quiser.

-Oh, querida. – Ela disse vindo até mim e acariciando meus cachos castanhos. Era a maneira que meus parentes conheciam de demonstrar afeto, já que eu era a segunda mais baixa da sala, apesar da aparência de 16 anos. – Hoje é um novo dia, certo?

-Certo. – Disse desmotivada. Alcancei uma tira de bacon e mordiscando-a sem vontade. – Porque ninguém me diz o que está acontecendo?

Resmunguei sem querer em voz alta, ainda mordiscando indignada o bacon. Vovó deu a volta na mesa e seu olhar era austero apesar da voz gentil não se alterar.

-O importante é que você está bem. É tudo o que importa.

Fiz que sim. Outra resposta diplomática. Conhecia delas. Toda a minha família parecia gostar de me manter de fora de assuntos assim. Sentia-me uma bomba relógio que explodiria não ao cortar o fim vermelho mas ao ouvir uma verdade que fosse. Antes que me mexesse para fazer meu prato, senti o cheiro dele. Levantei os olhos para encontrar Jake entrando pela porta da cozinha aberta, torcando um olhar cúmplice bem perceptível com minha avó até se fixar em mim. Em três passos ele estava ao meu lado e levantei-me para receber seu abraço, passando os braços por seu pescoço, sentindo seu cheiro, inspirando fundo. Isso acalmou meus maus pressentimentos. Pelo menos mais um pouco.

-Você está bem?

Ele perguntou, aninhando-me contra o peito. Fiz que sim, inspirando novamente seu aroma. Haviam contado o segredo a ele. Aquilo não me irritou nem ofendeu o quanto deveria, porque ele me protegeria agora.

-Que bom.

Ele disse, acabando nosso abraço cedo demais, puxando uma cadeira ao meu lado. Pegou uma tira de bacon, mas parou-a a caminho da boca, olhando com cautela para minha avó, como um filhote que foi pego fazendo algo errado.

-Tudo bem Jacob, pode comer. Parece que Nessie está sem apetite hoje.

Ela disse indo até a pia lavar a louça. Ele olhou para mim parecendo preocupado.

-Você deveria comer, Nessie. – Ele deu um soquinho no meu braço. – Gosto de te ver forte e saudável.

-Não estou com fome. Tive pesadelos a noite toda. Acho que só não estou muito disposta.

Ele franziu as sobrancelhas a menção das palavras não e dispostas na mesma frase. Peguei sua mão e mostrei-lhe as cenas, mas apenas do segundo sonho. O primeiro poderia significar que não confiava nele, ou que tinha medo que me deixasse. Mas confiava, e não tinha medo. Sabia que ele ficaria comigo e não queria que ele ficasse pensando besteiras. Jake fez que sim parecendo perturbado ao reconhecer a si mesmo na cela de ferro negro. Acariciou a mão que segurava e seu um sorriso reconfortante, beijando minha testa e sussurrando contra a pele:

-Coma alguma coisa. Sei que vai se sentir melhor depois disso.



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