A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 25
Capítulo 24 - Fogueira


Notas iniciais do capítulo

Estou muito feliz com os reviews. Continuem assim.



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-Acampar?

            -Não diga desse jeito. Diga assim, Acampar!

            Corrigiu Caroline, piscando os olhos claros com animação. Meredith folheou o livro na sua mesa ali do lado e revirou os olhos.

            -Esqueceu do “Yay!”.

            Caroline lançou um olhar irritado a Meredith, que não desviou os olhos do livro a sua frente. Ela voltou-se novamente para mim, ainda irritada, mas não deixando demonstrar, dando mais um dos seus brilhantes sorrisos californianos.

            -Então, você vai?

            -Ah, claro, porque não? Meu pé já está melhor de qualquer jeito...

            Caroline fez que sim, satisfeita. Então parou de sorrir.

            -Mas... Deixe Lizzie com Jenna, ok? É uma noite para adolescentes.

            Revirei os olhos e fiz que sim, olhando para Lizzie, sentada da cadeira do lado. Ela mostrou a língua para Caroline e cruzou os braços. Revirei os olhos novamente.

            -Você precisava mesmo falar na frente dela?

            Caroline deu de ombros, sorriu e foi para o fundo da sala, toda animada. Lizzie olhou para mim, irritada.

            -Porque eu não posso ir?

            -Porque Caroline disse que não.

            -Ela não manda em mim.

            -Mas eu mando em você e eu digo que não.

            Eu disse, definitiva, tentando, pela milésima vez, fazer uma “Cara de Mãe” decente. Mas, pela milésima vez, apenas tentando. Lizzie fechou a cara e virou-se para o seu livro. Ela começara a ter algumas aulas conosco e Jenna tentava ao máximo situá-la para que ela pudesse ter cada vez mais aulas. A baixinha era esperta e deixava muita gente ali no chinelo. Eu tinha muito orgulho do meu raiozinho de sol, que toda tarde chegava no quarto, terminava as tarefas, e implorava para que eu penteasse seu cabelo, 50 vezes de cada lado.

            A Srta. K entrou na sala e mandou todo mundo sentar, do seu jeito robotizado. Virou-se para o quadro e começou a esboçar equações até o sinal tocar.

            -Não vou ficar com a Jenna. Eu vou fugir!

            Disse Lizzie, enquanto eu penteava seu cabelo e o prendia em duas trancinhas.

            -Não, você não vai. – Observei meus dedos dançarem pelo cabelo dourado de Lizzie, deixando uma trança perfeita para trás – Nem vai ser tão interessante assim Liz. Vamos sentar, assar umas salsichas, uns marshmellows e ir dormir.

            -Mas então porque eu não posso ir?

            Suspirei, trançando em silêncio por alguns segundos. Lizzie viu que não daria certo e quando terminei de prender sua trança, ela virou-se para mim, com um bico enorme. Ela parecia prestes a chorar, olhando para as mãos, sem querem me encarar. Com a dobra do indicador, a fiz olhar para mim. Ela piscou os olhinhos azuis, magoada.

            -Da ultima vez que eu não dormi com você, Jenna não me deixou vir para casa por três dias. E quando eu cheguei você estava toda congelada. - Ela reclamou, chorosa e então implorou – Não vai, por favor...

            Cortou-me o coração vê-la implorar, mas já tinha prometido a Caroline que ia, e se quebrasse a promessa, ela ia fazer o impossível para fazer da minha vida um inferno. E pelo que me constava, minha vida já estava ruim o bastante, obrigado. Peguei suas mãozinhas nas minhas e a olhei nos olhos. -Eu vou estar logo ali no jardim. E todo mundo vai estar comigo. Elijah vai estar comigo. Você confia nele, não confia? – Ela fez que sim – Vai dar tudo certo. Não há absolutamente nada com o que se preocupar.

            Ela virou a cabeça de lado, como se avaliasse se eu mentia ou não. Por fim ela suspirou e deu de ombros, baixando o olhar, decepcionada. Revirei os olhos e levantei, pegando a sua malinha de uma noite e estendendo a mão para ela.

            -Tem certeza que quer fazer isso?

            Sussurrou Elijah no frio da noite de outono. Olhei para ele, sorrindo.

            -Caroline não nos deixa muita escolha. Ou vamos, ou vamos. Não há outro jeito.

            Eu disse dando de ombros. Ele brincou com os meus dedos enluvados, quieto. Ele ainda parecia desconfortável com a ideia de que agora tudo aquilo era para valer. Sempre deixando palavras por dizer, pela metade. Sempre misterioso. Sempre distante. Deixei a cabeça tombar para o lado e apertei sua mão, sorrindo.

            -Qual o problema? Está com medo?

            Perguntei, brincando. Ele fez que não, desviando o olhar.

            -Eu quis dizer... Tem certeza quer que fazer isso... Comigo?

            Pisquei duas vezes, e suspirei. Deitei a cabeça em seu ombro. Ele pareceu rígido, como se caminhasse diretamente na direção de sua própria forca.

            -Nós estamos juntos agora. Você vai ter que agüentar os caprichos da sua namorada...  - Eu disse sorrindo. – E nós não vamos tem dormir na mesma barraca. Não tem porque ficar nervoso.

            Ele ainda assim parecia relutante.

            -Mas os seus amigos... E se eles não gostarem de mim?

            Levantei a cabeça e troquei um olhar com ele. Ele parecia assustado. Ele havia sido atacado centenas de vezes por Scott, talvez mais, pelo tanto de cicatrizes que trazia. Como ele podia ter medo dos meus amigos? Sorri para ele, tranqüilizadora, e beijei sua bochecha.

            -Você é ótimo. Eles vão te adorar.

            Garanti a ele, engatando meu braço com o dele.

            -Aí estão eles!

            Disse Rose, parecendo aliviada. A fogueira de um metro de diâmetro se abria a nossa frente e todo mundo já estava sentado ao redor dela, assando salsichas, lingüiças, marshmellows, sanduíches de marshmallow e chocolate, entre vários outros sortimentos de comida de acampamento que podem ser colocadas no fogo. Uma barraca cor-de-rosa para 4 pessoas era a única montada. Todos os casais estavam aconchegados uns nos outros, com exceção, é claro, de Bonnie e Rose, que com um namorado indeciso e um morto, pareciam perdidas feito duas cegas em um tiroteio. Caroline sorria, satisfeita, enroscada nos braços de Matt.

            -Sejam bem vindos à primeira fogueira da Casa de Klaus.

            Sorri,sem saber o que dizer. Elijah estendeu o cobertor por cima das folhas vermelhas que estalavam, se nós nos sentamos. Por algum tempo, todos ficamos quietos, espiando o fogo subir e descer, dançando graciosamente.

            -Então... Nós vamos fazer isso a noite inteira?

            Perguntou Damon, erguendo uma sobrancelha. Katherine suspirou e revirou os olhos. Era mais que óbvio que ela não o suportava. Menos quando estavam se beijavam. Daí ela parecia adorá-lo.

            -Você podia pular na fogueira, irmão.

            Stefan alfinetou, estreitando o braço ao redor de Elena. Ela mandou um olhar irritado ao namorado, que se desculpou com o olhar, unindo as sobrancelhas.

            -Até que não é uma má ideia... – Disse Matt. Damon o fuzilou com o olhar. – Calma, eu quis dizer pular a fogueira. Por cima.

            -Quem amarelar dorme fora da barraca.

            Sugeriu Miles. Todos concordaram fazendo que sim com a cabeça.

            -Só eu que acho que isso vai dar terrivelmente errado?

            Bonnie perguntou, olhando de mim para Elena e Meredith. Jeremy levantou, sacudindo as folhas da calça jeans, seguido pela maioria dos meninos, que já estavam animados com a ideia.

            -Vamos, Bon, é só um testezinho de masculinidade.

            Disse o garoto, saltitando no lugar, como se estivesse em uma luta de boxe. Elijah também se pôs de pé, sobressaltando-me.

            -Qual o pior que pode acontecer?

            Ele me perguntou, sorrindo, quando o puxei pela manga, questionando-o com o olhar. Ele foi para trás da fila que começava a se formar. Jeremy apontou para ele e socou seu ombro quando ele se aproximou. Interpretei aquilo como um “Valeu cara”, no homenês, a língua que as mulheres tentam desvendar desde que Adão e Eva deixaram o Éden. Bonnie olhou para mim como se perguntasse qual era o problema do meu namorado. Fiz que não com a cabeça, dizendo que não sabia. Aquele garoto tímido de algum tempo atrás desaparecera. Agora ele observava avidamente a técnica de cada garoto que pulava a fogueira alta. Damon foi primeiro. Percorreu uma distância e observou a fogueira com um olhar voraz.

            -Tome cuidado, Damon!

            Elena pediu, roendo as unhas, agoniada com a brincadeira sem graça. Damon só piscou para ela e correu. Com facilidade, ele pulou a fogueira, caindo de pé, com pompa, do outro lado do buraco da fogueira, intacto e sorrindo. Elena respirou fundo e todas nós aplaudimos, sem mais o que fazer. Ele abriu os braços, agradecendo os aplausos, como uma celebridade completa. Revirei os olhos, deixando de aplaudir e espiando Elijah. Ele ainda parecia concentrado.

            -Mova-se, irmão! Estou chegando!

            Disse Stefan, já a meio caminho de pular. “Isso não vai acabar nada bem”, Pensei, tapando os olhos com as mãos. Só ousei abrir os olhos quando o baque de corpos já havia passado. Os dois irmãos Salvatore estavam no chão. E acho que não preciso dizer que Damon estava inconformado por ter sido derrubado.

            -Eu disse que estava chegando, big brother.

            -Sai do meu caminho, irmãozinho.

            Disse Damon, empurrando o irmão de cima dele. Stefan se levantou, rindo e se jogou ao lado de Elena em seu cobertor, que o recebeu com um beijo. Damon sentou rabugento ao lado de Kath, que o ignorou completamente. Jeremy, Matt e Miles passaram por cima da fogueira sem maiores incidentes. Mas aquela altura, eu já torcia a ponta do cobertor nervosamente, esperando pela vez de Elijah. Apesar de ser mais forte do que aparentava, Elijah era tão... Pequeno. Quero dizer, não que ele fosse baixo... Para mim não. Mas eu não era um bom parâmetro.

            Enquanto os meninos o encaravam, incrédulos de que ele realmente faria, eu mordia o lábio, implorando mentalmente que ele não fizesse. Justo quando ele ia começar a correr, a fogueira explodiu, para o dobro do seu tamanho. Olhei para onde a pilha de lenha devia estar, e só vi a perna de Damon esticada ali, e um sorriso maldoso no rosto de Katherine.

            -Opa, desculpa cara, - Ele disse, sorrindo inocentemente com aqueles olhos azuis – Espere que isso não te atrapalhe...

            Quem aquele cara pensava que era? Eu estava ponderando seriamente jogá-lo na fogueira, sob o pretexto de que precisávamos de lenha já que ele tinha desperdiçado a nossa. Mas para a minha surpresa, Elijah só sorriu, charmoso.

            -De forma alguma.

            Stefan riu e apontou para o irmão, debochando de sua tentativa falha. Os garotos começaram a incentivar a loucura do meu namorado, chamando seu nome. Abri a boca, mas nada saía dela. Aquele fogo estava muito alto. Era impossível ele conseguir. “ELIJAH! ELIJAH! ELIJAH!”, eles gritavam. “Não pule, não pule, não pule”, era o que eu pensava. “Ele vai pular”, foi o que eu percebi. Elijah correu. Ele não ia conseguir de forma alguma. Daquela distância, ele jamais pegaria impulso o bastante para pular aquela altura. Mas quem disse que ele queria aquele tipo de impulso? Usando a mão como vara, ele a plantou no chão no ultimo segundo, e, sem brincadeira, voou fogueira acima. Bocas caíram. Bonnie esfregou os olhos para ter certeza que estava mesmo vendo-o voar. Rose tapou a boca com as duas mãos, britanicamente espantada. Os olhinhos claros de Caroline brilharam, Meredith calculava mentalmente sua trajetória, mexendo a boca sem som.

            Então ele pousou, gracioso como um gato que você tem certeza que vai se espatifar, mas que fica de pé e quase sorri para você, como se risse de você por duvidar dele. Ninguém disse nada por alguns segundos, até que ele limpou a garganta.

            -Fãs para a direita, haters para a esquerda, e por favor, ao invés de flores, façam uma doação a uma instituição de caridade à sua escolha.

            E então foi uma gritaria confusa só. Todo mundo levantou ao mesmo tempo, aplaudindo, e gritando. Elijah se curvou, como um perfeito cavalheiro. Nem preciso dizer que eu aplaudi com mais força do que o necessário, de tão nervosa que eu tinha ficado. Ele sorriu para mim, e voltou a sentar ao meu lado. Alcancei seus lábios, parabenizando-o.

            -Eu disse que não tinha nada com o que se preocupar.

            Sussurrei em seu ouvido. Ele deu de ombros. Ouvimos Caroline limpar a garganta.

            -Agora que os meninos acabaram de brincar... Que tal algo tipicamente acampamentelístico?

            -Histórias de terror?

            Sugeriu Jeremy. Katherine jogou folhas nele.

            -Cuidado onde joga isso, Kath...

            Disse, chateado.

            -Música de fogueira?

            Miles sugeriu. Caroline revirou os olhos.

            -Será que nenhum de você tem imaginação? Estou querendo dizer “Verdade ou Desafio!”, duh!

            Os meninos gemeram de agonia uníssona. Só Elijah permaneceu impassível.

            -O que é isso?

            Ele perguntou no meu ouvido. Pisquei, confusa.

            -Você nunca jogou Verdade ou Desafio?

            Ele fez que não. Uni as sobrancelhas, ainda conturbada.

            -Há uma garrafa, e nós a giramos. O bico aponta para uma pessoa e o fundo para outra. A primeira pergunta a segunda se prefere Verdade ou Desafio. Dependendo do que escolher, a pessoa tem que dizer uma verdade absoluta sobre si mesmo, ou ser desafiado a algo embaraçoso ou extremamente desafiador.

            Ele assentiu, como se digerisse a informação devagar. Observei-o, imaginando se alguma vez aquela alma solitária já estivera em algum evento assim. Algo entre amigos, descontraído e de bem com a vida. Caroline e os meninos discutiam avidamente sobre algo mais “masculino a fazer”.

            -Ótimo, então os meninos vão armar barracas e nós vamos para a barraca de Caroline jogar.

            Disse Elena, pacificadora, levantando-se. Os meninos resmungaram, chamando-a de sem graça e amaldiçoando o momento que decidiram vir. Caroline se levantou e foi até a amiga.

            -Obrigada.

            Agradeceu, pegando sua mão e levando-a para dentro da barraca. Lentamente, as meninas levantaram, se espreguiçaram e arrastaram seus cobertores para dentro da barraca. Troquei um olhar com Elijah.

            -Você vai ficar bem aqui fora?

            Ele deu de ombros.

            -Vamos lá... Não vai ser a primeira barraca que vou montar na vida.

            Sorri e lhe dei um selinho.     

            -Lembre-se: Divirta-se. A noite é uma criança.


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Notas finais do capítulo

Beeem, eu estou pensando em começar uma nova fic, baseada na Família Mikaelson de A Casa de Klaus, e eu queria saber se vocês leriam. Comentem!