Eu não podia me sentar de novo, me sentia elétrica demais para isso. Mas antes que eu decidisse fazer alguma coisa – como me sentar – Rosemary apareceu, ao mesmo tempo furiosa e aterrorizada. Ela veio em nossa direção e me segurou pelos ombros, os olhos repletos de lágrimas.

– Anneliese, você sabe onde está Brian? Pelo amor de Deus diga que sim. – as palavras atropelavam umas as outras, enquanto meu coração dava um salto e meu estômago se retorcia.

– Não senhora, eu não o vejo desde ontem a noite. O que aconteceu?

Chad se levantou e me segurou pela cintura, enquanto Rosemary se soltava dos meus ombros e olhava para trás, onde eu podia ver alguns alunos reunidos em um circulo meio torto. Rose estava realmente desesperada, passou as mãos pelo cabelo solto e, antes de sair correndo novamente, me disse:

– Uma aluna foi assassinada. Esfaqueada. A vimos com Brian ontem à tarde, depois da escalada, e agora não sabemos mais onde ele está.

Um minuto de silêncio. Talvez dois, três minutos. Meu coração parou, meus músculos se retorciam. Chad apertou forte minha cintura, mas eu não pude sentir suas unhas penetrando minha pele fraca, apenas pensava em Brian. Brian com uma faca na mão, chorando, o rosto coberto de sangue. Essa imagem era realmente surreal, não era? Brian não seria capaz de machucar nem uma mosca, muito menos matar uma garota inocente. Quer dizer, isso parecia mais um daqueles fatos que ocorrem em livros de terror, onde uma pessoa possuída abriga uma cabana no meio do nada e seduz outra, apenas para assasiná-la e devorar sua alma. Espera, de onde veio isso? Eu nunca nem ao menos li um livro de terror. Minha cabeça girava, explodia, dava estrelinhas enquanto se batia com a maior força possível. Me virei para Chad, em busca de proteção. E o que vi foi surpreendente.

Chad estava com os olhos completamente vermelhos, sem ao menos uma minúscula partícula do castanho escuro que sempre estava ali. Seus músculos estavam mais visíveis e a sua pele parecia mais chamativa que o normal, praticamente suando. Mas antes que eu pudesse tocar em seu rosto, perguntar o que estava acontecendo, o rosto dele se contorceu e avistei grandes sombras negras surgindo às suas costas. Não, não eram sombras, eu sabia muito bem. Eram suas asas. Asas felpudas e deliciosamente sexy's, asas aquelas que apareciam sempre nos meus sonhos e nas mais secretas lembranças. Lembranças que eu guardava sem ao menos saber.

– Chad, querido...

Não tive tempo de dizer mais nada. Em fração de segundos, Chad alçou vôo e eu não o vi mais. Olhei ao redor, em busca de que mais alguém tinha visto aquilo. Mas não, agora todas as garotas e garotos do acampamento estavam perto da aluna morta, enquanto Rosemary ligava para os bombeiros, ambulância, seja lá o que fosse. Sentei-me. Se antes eu estava confusa, agora estava completamente apavorada.