– Bom... – Gerard disse, pensando. – Eu não sei o que dizer... – ele desistiu.

– O que você sentiu quando ela te beijou? – perguntei sem pensar.

Qual o meu problema? Eu sou masoquista e não sabia?

– Nada, foi rápido de mais – ele disse, unindo as sobrancelhas.

– Então você queria que tivesse sido mais longo? – arqueei uma sobrancelha.

– Não! Eu disse que não senti nada! – ele disse, histérico.

– Estou brincando, Gerard... – falei, arregalando meus olhos.

– Ah... – ele suspirou. – Está bem humorada ou fez isso para descontrair?

– Fiz isso para descontrair – admiti.

– Hum... – ele balançou a cabeça, concordando.

– Okay, eu falo primeiro – falei assim que percebi que ele não fazia ideia de por onde começar.

Antes que eu pudesse começar a falar algo, Gerard voou para cima de mim, abraçando-me com força, ele envolveu meu pescoço com um de seus braços, e o outro ele envolveu em minha cintura, apertando-me.

– Desculpa, Layla, por favor! – ele implorou em meu ouvido.

Não respondi, correspondi o abraço levemente, apenas colocando minhas mãos em suas costas.

Gerard deu um beijo em meu pescoço, estava ofegante e nervoso. Logo depois me soltou, pegando minhas mãos e segurando-as no meio das suas.

– Olhe, eu já expliquei a história toda, já disse que eu não tive culpa de nada, o que mais você quer que eu diga? – ele perguntou, falando rápido.

– Eu... não sei – fui sincera. – Acho que o que eu queria agora, na verdade, era que isso fosse mais um dos meus pesadelos.

– A gente pode agir como se fosse, podemos esquecer... – ele disse, esperançoso.

– Eu acho que não dá – falei. – Eu nunca vou conseguir esquecer que ela... que os lábios dela tocaram os seus – levei minha mão até seu rosto, tocando seus lábios.

– Os seus lábios foram tocados pelos os de Brendon, lembra-se? E eu esqueci – ele disse, pegando minha mão e a mantendo em seu rosto, fechando levemente os olhos.

Pensei em dizer “é diferente”, mas será mesmo que havia diferença? Se Gerard falava a verdade quando dizia que Jessica o beijara de surpresa, seria a mesma coisa que Brendon fizera, ou pelo menos parecida.

– Por favor, Layla – ele disse, uma lágrima rolou por sua bochecha, chegando até minha mão que permanecia em seu rosto. – Por tudo que a gente passou, por tudo que a gente enfrentou até aqui, pelos nossos filhos... por mim– ele abriu os olhos, encarando os meus.

O que eu poderia falar? Agora era eu quem estava sem palavras, que não sabia como começar a dizer algo.

– Por que você não parou de falar com ela? Afinal, ela ligou outras vezes para você depois daquilo – disse.

– Eu não queria que você desconfiasse de nada, e você acharia estranho se eu começasse a ignorá-la de repente – ele explicou, sem emoção na voz, ainda encarando-me. – Eu não podia imaginar a hipótese de perder você.

Não falei mais nada, inconscientemente avancei até Gerard, puxando-o para mim. Selei nossos lábios rapidamente, levei minhas mãos até sua nuca, mantendo nossos lábios unidos, Gerard envolveu seus braços a minha volta, puxando-me para ele.

– Me perdoa – ele sussurrou entre meus lábios, deixando mais uma lágrima escapar.

– Sim... – sussurrei em resposta.

– Eu amo você, como nunca amei ninguém – ele continuou.

– Eu te amo – respondi, separando nossos lábios e olhando em seus olhos. – Como nunca amei e nunca irei amar outra pessoa.

Gerard sorriu levemente e voltou a me beijar, um beijo sincero, delicado, mas ao mesmo tempo urgente e apaixonado.

Gerard entrelaçou os dedos em meus cabelos, segurando minha cintura com a mão livre, deitando-me lentamente na cama. Gerard deitou sobre mim, beijando meus lábios delicadamente.

Ele passou seus lábios lentamente até meu queixo, afastando meus cabelos molhados de meu rosto com a mão. Ele levou seus lábios até minha bochecha, dando um beijo leve, depois traçando um caminho de beijos por meu maxilar, indo até minha orelha, descendo por meu pescoço lentamente – causando-me um arrepio na espinha – e depois fazendo o caminho inverso, voltando aos meus lábios.

***

Abri meus olhos, sonolenta, demorei alguns segundos para raciocinar.

Minha cabeça estava deitada sobre o peito de Gerard, eu mantinha um de meus braços sobre sua barriga e uma de minhas pernas sobre as dele, como se o abraçasse por completo. Ele me abraçava com um de seus braços firmemente, mas ainda assim confortável. Com a mão livre ele acariciava levemente meu braço que estava sobre ele.

Olhei lentamente para ele, erguendo-me um pouco para olhar seu rosto, ele olhava para o teto, sem expressão, talvez estivesse vagando por pensamentos. Logo depois olhou para mim, dando-me um sorriso alegre, sem parar de acariciar meu braço.

– Bom dia – ele disse.

– Bom dia - respondi. – Os bebês não choraram hoje? – estranhei.

– Não – ele sorriu novamente. – Eles deram um tempo para a gente.

Dei uma risadinha.

– Minha hieninha – ele riu, tocando meu nariz com o dedo indicador.

– Não sou hiena – falei, fechando a cara.

– É sim, você é a minha hieninha – Gerard riu novamente, vindo para cima de mim e fazendo cócegas em minha barriga.

– Ai, pára, Gee – eu falava, rindo e dando tapas leves em suas mãos.

Ele parou depois de alguns instantes, quando eu já estava sem fôlego de tanto gargalhar, ele deu-me um beijo rápido e se levantou da cama, carregando o cobertor com ele.

– Hey – falei, sentando-me na cama. – Eu sou menina, não posso ficar descoberta na frente de menino – cruzei os braços, emburrada.

– Fica mais bonita assim – ele riu, olhando-me maliciosamente e fazendo menção em voltar para a cama.

– Nem vem – balancei a cabeça em negação.

– Chata – ele resmungou, indo até o banheiro e jogando o cobertor para fora, fechando a porta rapidamente.

*

Vesti uma calça jeans e uma blusa branca qualquer, desembaracei meu cabelo no espelho do quarto, Gerard apareceu ali, ficando atrás de mim enquanto eu desfazia os nós de meu cabelo horrível.

– Estão a mesma coisa – ele disse.

– O que? – fiquei confusa.

– Eles – Gerard disse, olhando para a região de meu busto.

– Engraçadinho – ironizei. – Isso é por que eu ainda não terminei de amamentar, ainda tenho muito meses pela frente – expliquei. – Você vai ver como eu tinha razão e vai querer me pagar um silicone.

– Mas assim está legal... – ele choramingou. – Não precisa mudar.

– Não é uma escolha minha, você vai ver como eu estou certa – falei.

– Daí eles ficam iguais? – ele perguntou, fazendo beicinho.

– Não... – falei. – Ficam melhores – sorri largamente.

– Hum... Então podemos pensar nisso – ele sorriu maliciosamente de novo.

Gerard pegou o celular sobre a mesa de cabeceira – eu havia o colocado no “mudo” na noite anterior para ninguém interromper nossa conversa.

– Estranho, cinco chamadas perdidas de Frank e duas de Mikey – Gerard disse.

– Será que estão querendo confirmar sobre a viagem de vocês hoje à noite? – deduzi.

– Não sei, vou ligar para eles – ele respondeu, já colocando o celular no ouvido.

Gerard ligou para Mikey e conversou com ele por alguns instantes, ele ficou com uma expressão estranha ao desligar.

– O que houve? – perguntei.

– Mikey disse que é para mim ligar a televisão no noticiário, parece que encontraram a Jessica... morta – ele disse, perplexo.

Arfei, fiquei surpresa com a notícia. Ela podia ser tudo de ruim para mim, mas acho que não merecia isso. Acho.