Layla’s P.O.V.

 Eu não sabia para onde estava dirigindo, girei a cidade feito louca.

 Estava dirigindo há mais ou menos cem quilômetros por hora, cheguei a passar pelo acostamento para não precisar reduzir.

 De repente, passei por um carro vermelho sem pensar, consegui apenas enxergar o outro carro vindo contra mim, me acertaria em cheio. Graças ao meu reflexo rápido, consegui desviar, parando no acostamento, sem fôlego.

 Desliguei o carro e me encostei no banco, respirando fundo e secando o suor de minha testa com as costas da mão. Eu poderia ter morrido há poucos segundos se não tivesse desviado há tempo.

 Liguei o carro novamente, voltando à pista e dirigindo com mais calma, agora eu tinha um destino.

*

 Parei em frente ao prédio de Leticia, subi rapidamente até o apartamento, o porteiro me conhecia então permitiu meu acesso.

 Toquei a campainha rapidamente, Leticia abriu a porta e se assustou ao me ver ali.

 - O que aconteceu? – ela perguntou, puxando-me até o sofá e fechando a porta.

 - Gerard... Ele me traiu, Leticia! Ele beijou a Jessica! – disse, voltando à chorar.

 - Layla, tem certeza? – ela ficou assustada.

 - Tenho, ele mesmo confessou!

 Mikey apareceu ali na sala, eu não sabia que ele estava ali.

 - Oh, o que aconteceu? – ele perguntou.

 Não respondi, apenas enterrei meu rosto em minhas mãos.

 - Mikey, acho melhor você chamar Frank e irem até o apartamento de Gerard e conversar com ele – Leticia disse. – Ele vai lhe explicar tudo...

 - Okay – ele disse, pegando as chaves do carro e saindo do apartamento.

 - Agora me explica isso... – Leticia pediu.

 Expliquei toda a história a ela, era cada vez mais difícil falar com aquele nó na garganta. Leticia também chamou Diana, que havia ficado sozinha já que Frank fora até meu apartamento com Mikey.

 - Mas vocês nem conversaram? – Diana perguntou.

 - Você queria o que? Ele confessou que beijou ela! – esbravejei.

 - Um beijo de que ele não teve culpa, Layla, foi ela quem beijou ele – Leticia disse.

 - Quem garante? Talvez ele esteja mentindo para mim... assim como estava fazendo antes – retruquei.

 - Eu acho que você está arrumando problemas para pensar, se eu fosse você conversaria com ele... – Diana disse. – Caramba, vocês têm dois filhos, não podem ser inconsequentes ao ponto de esquecer isso e brigarem sem nem conversar!

  Passei horas ouvindo os sermões delas, talvez elas estivessem com a razão.

 O celular de Leticia tocou alguns minutos depois, ela o atendeu rapidamente, era Mikey.

 - Layla – ela disse depois de desligar –, Mikey disse que os bebês estão chorando, provavelmente estão com fome.

 - Acho que está na hora de você voltar – disse Diana.

 - Vai de cabeça fria, não briguem, pelo amor de Deus – Leticia lembrou.

 - Okay – falei, secando minhas lágrimas.

 Dirigi com mais calma e cuidado até meu apartamento, passei pela portaria sem falar com ninguém, não estava com clima para isso.

 Abri a porta do apartamento e já pude ouvir os dois chorinhos escandalosos, eles eram os meus motivos para sorrir mesmo com tudo isso.

 A sala estava vazia, mas eu ouvia vozes vindas pelo corredor.

 Fui até o quarto dos bebês e vi Frank segurando Helena e Mikey segurando Arthur, os dois brigavam um com o outro por que Frank dizia que Mikey estava segurando Arthur de um jeito errado.

 - Você vai quebrar a criança, ele deve estar chorando de dor – Frank disse para Mikey.

 - Helena também está chorando, como você explica isso Super-Pai? – Mikey questionou.

 - Ela está chorando por causa do choro do Arthur – Frank retrucou.

 - Eu acho que estão com fome – falei na porta.

 - Ah, Layla, graças a Deus você chegou – Frank disse, sorrindo.

 - Desculpem a demora – sorri, entrando no quarto.

 - Tudo bem – Mikey sorriu.

 Peguei Arthur no colo – Frank já estava conseguindo acalmar Helena, apenas Mikey ainda apresentava dificuldades.

 - Mas por que estão sozinhos aqui com eles? – perguntei.

 - Gerard está no banheiro, ele estava pronto para ir procurá-la – Frank respondeu.

 - Ele pensava que você podia ter ido atrás de Jessica – Mikey completou.

 Gerard apareceu na porta nesse momento, ele se assustou ao ver-me ali.

 - Oh, Layla, graças a Deus! – ele disse, abraçando-me de leve, já que Arthur estava em meus braços.

 Não respondi e nem correspondi ao abraço, ele logo me soltou. Olhei no relógio sobre a prateleira de brinquedos dos bebês, eram quase seis da tarde agora, eu havia passado realmente tempo de mais fora.

 - Precisamos conversar – ele disse para mim.

 - Eu sei – respondi apenas.

 - Bem, acho que já podemos ir, não é Mikey? – Frank disse, entregando Helena para Gerard.

 - Mas já? – Mikey choramingou.

 - Já – Frank o encarou perplexo, gesticulando com a cabeça para mim e Gerard.

 - Ah, claro, temos que ir – Mikey caiu na real. – Nos vemos amanhã, Gee.

 - Okay – Gerard respondeu.

 Gerard levou-os até a porta.

 - Eu vou cuidar dos bebês, tomar um banho e depois conversamos – disse a Gerard quando ele voltou para o quarto.

 - Tudo bem – ele respondeu apenas.

*

 Amamentei Arthur e Helena e fiquei um pouquinho com eles, estava com saudades, logo pensei na besteira que fiz em deixá-los ali sem nem se quer pensar duas vezes.

 Dei banho nos dois, coloquei pijaminhas quentinhos neles e os coloquei para dormir, depois fui tomar banho, fiquei por mais ou menos quarenta minutos de baixo da água morna, pensando, respirando.

 Coloquei um pijama qualquer e sequei meu cabelo, respirei fundo e abri a porta do quarto, Gerard estava na sala.

 - Gerard... – chamei ele, sentando-me na cama.

 Ele não respondeu, mas logo o vi caminhando até nosso quarto. Gerard entrou e fechou a porta rapidamente, sentando ao meu lado na cama.

 - Já podemos conversar – falei.

 Gerard respirou fundo e colocou o cabelo para trás, estava nervoso.

 - Pode começar a falar – falei, sentando-me de frente para ele, cruzando minhas pernas em forma de borboleta.

 - Okay – ele disse, respirando fundo novamente.

 Seria uma conversa difícil, mas eu tentaria me controlar, assim como Diana e Leticia recomendaram. Nós tínhamos dois filhos juntos e eu não podia largar tudo sempre que acontecesse alguma coisa.