- Acho que esse é o vôo deles – disse Diana, olhando pela janela do saguão do aeroporto, tendo visão completa da pista de pouso e decolagem, onde um avião estava pousando.

 - Talvez – concordou Leticia.

 Diana, Leticia, Michele e eu resolvemos buscar nossos pares no aeroporto, eles ficariam surpresos, afinal, resolvemos fazer isso há poucos minutos enquanto tomávamos café da manhã em meu apartamento.

 Eu estava com Alice no colo, estava começando a pesar.

 - Alguém pega ela aqui? Estou carregando três bebês – pedi.

 - Ah, deixa que eu pego essa fofa – disse Michele, pegando-a de meus braços.

 - Será que dá pra ver eles descendo? – perguntei, aproximando-me do vidro.

 - Provavelmente – disse Diana.

 - Ah, com licença... – chamou uma voz feminina, cutucando meu braço.

 Virei-me rapidamente, era uma menina de no máximo quinze anos, cabelos avermelhados, pele clara e um pouco mais baixa que eu, usava uma calça jeans preta e uma blusa preta com “My Chemical Romance” escrito na frente em vermelho. Ela sorria e saltitava levemente. Pude ver ao fundo várias outras meninas vestidas com roupas parecias, cheias de revistas e pôsteres nas mãos, sorrindo também.

 - Sim? – perguntei.

 - Você é Layla Lee Way, certo? – ela perguntou.

 - Sim – respondi.

 - Mulher de Gerard Way... – ela continuou.

 - Uhum – sorri.

 - Poderia me dar um autógrafo? – seu sorriso se alargou mais.

 - Oh, okay... – fiquei sem jeito.

 Ela bateu palminhas e saltitou novamente, entregando-me uma caneta e uma revista, havia uma foto minha ali, com Gerard, assim como havia fotos de Diana, Leticia e Michele. Assinei próximo há “minha foto” e entreguei a revista e a caneta para ela novamente.

 - Obrigada! – ela saltitou novamente, abraçando-me de repente.

 Abracei-a também, um tanto surpresa com seu ato repentino.

 - Posso saber seu nome? – pedi.

 - Oh – ela pareceu chocar-se. – Meu nome é Karla!

 Ela também pediu autógrafos para Diana, Leticia e Michele, que também ficaram surpresas com isso. Nós não éramos famosas, isso era estranho.

 Enquanto Michele assinava por último, vi pelo vidro Frank, Gerard, Mikey e Ray descerem pela escada do avião.

 - Lá estão eles! – disse à Diana que virou-se rapidamente para olhar.

 Nesse momento ouvimos gritos histéricos atrás de nós – femininos, para variar. Logo fomos esmagadas contra o vidro por várias garotas gritando coisas como “Gerard, eu te amo!”, “Frank, seu lindo!”, “Mikey, meu pônei!”, “Ray, casa comigo!”. Fomos obrigadas a sair dali para que não nos machucássemos, alguns seguranças do aeroporto nos puxaram para um lugar mais seguro no saguão, longe das garotas, enquanto outros iam receber Frank, Gerard, Mikey e Ray para mantê-los em segurança também.

 As garotas pareceram se multiplicar, já eram umas cinquenta antes, quando as vi, divididas em alguns grupos; agora eram mais de cem no mínimo, todas gritando loucamente, algumas chorando, chacoalhando pôsteres e revistas para o alto.

 - Nossa, Alice podia ter se machucado! – disse Michele, abraçando-a mais forte.

 - Layla, você está bem? – Diana perguntou.

 - Sim, conseguimos sair antes que me esmagassem lá – respondi.

 Logo os gritos aumentaram.

 - Eles devem estar vindo – disse Leticia.

 Olhei por cima do muro de seguranças, pude ver Ray de relance.

 - Estão – falei.

 As garotas correram até a entrada do saguão, empurrando o outro muro de seguranças que cercava a banda, mas não conseguiam passar. Logo que eles se aproximaram mais – estavam há cerca de cinquenta metros de nós, andando devagar por causa das garotas – pude ver a reação deles ao ver aquilo tudo. Ray ria com Mikey, Gerard abanava para algumas garotas – que gritavam mais ainda – e Frank apenas lançava sorrisos – que até eu devo admitir que eram muito sexy.

 Um dos seguranças falou algo no ouvido de Mikey – que estava atrás de Gerard e ao lado esquerdo de Ray, Frank seguia ao lado de Gerard – que respondeu com um sinal positivo com a cabeça e cutucou Gerard, falando próximo à seu ouvido. Gerard olhou-o e perguntou algo como “Aqui?” pelo que pude ver, Mikey afirmou com a cabeça. Gerard olhou rapidamente em volta, procurando algo. Foi então que seus olhos me encontraram, lancei-o um sorriso alegre. Gerard pareceu surpreso, mas depois correspondeu o sorriso, cutucando Frank para que olhasse em nossa direção.

 Frank arregalou os olhos ao ver Diana e Alice, tentando empurrar os seguranças para que andassem mais rápido.

 Fomos levadas até uma sala com poltronas e um frigobar, parecia uma sala de espera ou algo do tipo. Logo depois ouvimos a porta se abrir, eram os outros seguranças, empurrando Frank, Gerard, Mikey e Ray rapidamente para dentro da sala, fechando a porta rapidamente e bloqueando a passagem para que as garotas – que os seguiram até ali gritando – não invadissem o ambiente.

 - Ray! – Michele gritou, pulando no pescoço de Ray.

 - Minha linda! – gritou Frank, correndo em direção de Diana, que sorria com sua reação. Mas assim que ele chegou próximo dela, seu sorriso desapareceu, pois ele falava com Alice.

 Leticia pulou em Mikey, abraçando-o forte.

 - Gee... – sorri, indo até ele.

 - O que estão fazendo aqui? – ele perguntou quando me aproximei.

 - Viemos buscá-los – respondi. – Mas isso é jeito de me cumprimentar depois de quatro dias sem me ver? – fiz beicinho.

 Ele riu, dando-me um beijo rápido.

 - Frank! – chamava Diana, ele ainda tinha Alice em seus braços, fazendo caretas. – Pode soltá-la agora... Eu também estou aqui.

 - Ah, eu sei Di – ele disse, dando-lhe um beijo rápido e voltando a atenção novamente à Alice.

 Diana bufou, sentando em uma das poltronas e cruzando os braços.

 - Eu estava com saudades! – falei, abraçando Gerard.

 - Eu estava com mais... – ele disse, fazendo voz de criançinha, rindo.

 - Não... Eu que tava com mais! – disse, fazendo a mesma voz.

 - Não, não e não! – ele bateu o pé. – Eu estava com uma saudade que é do tamanho mundo!

 - E eu estava com uma saudade que vai da terra até a lua e volta – retruquei.

 - E a minha tinha o tamanho de ir até plutão, voltar, ir de novo, voltar, ir mais uma vez, ir até o sol, dar duas voltas nele, ir até plutão novamente e depois voltar pra Terra – ele disse, ainda com aquela voz.

 - E eu estou com um nojo que dá três voltas na galáxia – disse Mikey, também fazendo voz de criança.

 - Sem-graça – revirei os olhos, rindo.

***

 - Enfim em casa! – disse Gerard, entrando em nosso apartamento. – Eu sinto falta daqui quando estou fora.

 - É? E sente falta de mais o que? – sorri, caminhando até ele.

 - Bom... – ele sorriu também, me abraçando e colocando uma mecha de meu cabelo para trás de minha orelha. – Sinto falta da televisão, da cama, do fogão, do chuveiro... – ele brincou.

 - Seu besta – dei um leve tapa em sua bochecha.

 - Okay... – ele desistiu. – Sinto dos bebês, do seu sorriso, dos seus olhos – ele se aproximava mais de mim. – Sinto falta do seu cheiro, da sua voz, do seu cabelo, da sua risadinha de hiena...

 - Risada de hiena? – perguntei, afastando meu rosto do dele rapidamente. – Minha risada é um pouquinho diferente, mas não chega a tanto.

 - Eu estou brincando – ele riu, aproximando seu rosto do meu novamente.

 Ele sussurrava em meu ouvido, unindo nossos rostos lado a lado enquanto afagava minha outra bochecha.

 - Continuando... – ele riu. – Sinto falta da sua pele, do seu rosto... ou seja, de você – ele concluiu.

 Houve um leve chutinho em minha barriga, e como Gerard estava encostado nela, pôde senti-lo também.

 - Ah, é claro, e desses chutinhos – ele riu.

 Passei meus braços em volta de sua cintura, abraçando-o mais forte, Gerard selou nossos lábios lentamente, mas nosso beijo foi ficando mais urgente conforme os segundos iam se passando.

 Gerard passou uma das mãos por minha nuca e a outra levou até minha cintura, puxando-me mais forte para ele.

 - Eu te amo – ele disse, como sempre, entre meus lábios.

 - Eu te amo – repeti.

 E eu o amava mesmo, não tinha dúvidas disso desde a primeira vez em que nos vimos depois daquela noite no festival. Não, acho que até antes disso eu sabia que o amava, fora isso que me troche para Nova York, eu sabia que procurava algo, apenas não sabia o que.