Layla’s P.O.V.

 Fiquei quase um mês no hospital, o ferimento havia sido profundo, então para evitar hemorragias ou complicações eu fiquei em observação.

 Meus pais passaram cerca de uma semana comigo no hospital, eu fui tratada como uma criança, mas pelo menos tive a chance de vê-los, isso era uma das coisas que eu teria sentido falta...

 Gerard havia comprado outro apartamento para nós, e esse era bem próximo ao apartamento de Leticia e de Diana, ah, por falar nisso, Diana havia ido morar com Frank – já estava na hora, a criança nasceria três meses – mas o apartamento de Frank também era perto, então ficaríamos quase todos os dias juntas.

 - Seja bem vinda – disse Gerard, pegando-me no colo e carregando-me para dentro de nosso novo lar.

 - Oh! – arfei. – É lindo!

 - Eu sei – ele sorriu. – Escolhi cada detalhe pensando em você.

 - Você é o melhor marido do mundo! – sorri, dando-lhe um beijo.

 - O que quer fazer primeiro? – ele perguntou, colocando-me no chão.

 - Ficar em casa, deitada na nossa cama, a tarde inteira – falei, jogando meus braços sobre seus ombros.

 - Sério? – ele uniu as sobrancelhas. – Eu pensei que você fosse querer sair, se divertir...

 - Não, não, não – chacoalhei a cabeça. – Eu quero a nossa cama, estou com saudades, aquela maca era desconfortável e eu passei um mês sobre ela.

 - Okay – ele disse, envolvendo minha cintura.

 Abracei-o, enterrando meu rosto entre seu pescoço e seu umbro.

 - Vamos finalmente viver agora – sussurrei.

 - Curtir nossa Lua de Mel – ele riu.

 - Realmente, ainda não fizemos isso – concordei.

 - Bem, tivemos que adiá-la por problemas técnicos, mas já estamos preparados para retomar os planos – ele riu, fazendo uma voz de quem comunicava algo.

 - É uma pena que eu ainda não possa fazer algumas coisas – falei, mudando um pouco meu tom de voz para que ele deduzisse do que eu falava. – Teremos que esperar um pouco, preciso me recuperar...

 Ele riu.

 - Mas podemos nos divertir enquanto isso... Vamos viajar – ele disse, animado.

 - Para onde? – perguntei, rindo de sua animação repentina.

 - Sei lá, para qualquer lugar – ele disse. - Paris?

 - Londres... – disse, meio melosa.

 - Qual o problema com Paris? – ele perguntou, perdendo a animação.

 - Nenhum, mas... Ah, Gerard! Londres... – choraminguei.

 - Mas Paris é a cidade do amor, Layla, e é tão linda, cheia de luzes, movimentada, e a língua francesa é muito linda – ele disse, parecia se encantar com os seus pensamentos.

 Comecei a rir.

 - O que foi? – ele perguntou, estranhando minha reação.

 - Você ficou tão gay agora – ri mais ainda.

 - Há Há Há – ele ironizou, olhando-me com cara de tédio.

 Puxei os lados de sua boca com os dedos, formando um sorriso. Soltei e Gerard voltou à mesma face de tédio. Puxei os cantinhos de sua boca novamente, agora esticando até fazer um sorriso largo – e um pouco exagerado, admito. Assim que soltei, a mesma face de tédio se apresentou.

 - Ah Gerard! Sorri! – falei, puxando novamente os cantos de sua boca. – A Layla foi muito engraçada agora chamando seu próprio marido de gay – disse, tentando imitar sua voz e movendo seus lábios como se ele estivesse falando isso. – Ela é tão engraçada! É por isso que eu amo ela!

 Gerard acabou rindo um pouco.

 - Yeah! – gritei. – Não adianta fingir! Eu vi que você riu!

 - Londres? – ele perguntou, fazendo careta.

 - Quer saber? A gente tem muito tempo pra pensar nisso, não estou afim de viajar agora – falei, dando de ombros.

 Ele revirou os olhos, de repente o celular tocou. Gerard atendeu rapidamente ao ver que era o número de Frank.

 - Oi – ele disse.

 Silêncio enquanto Frank falava algo.

 - Mas o que aconteceu? – perguntou Gerard, parecia assustado.

 Um novo silêncio.

 - Okay, estou indo aí – ele respondeu, desligando.

 - O que houve? – perguntei.

 - Diana, está no hospital – ele disse.

 - Oh, e ela está bem? O que aconteceu? – perguntei, ficando preocupada.

 - Ela deu entrada agora, parece que teve muitas dores ontem e durante a madrugada, e agora pouco teve um sangramento – ele respondeu, guardando o celular no bolso da jaqueta. – Estou indo lá dar uma força – ele disse.

 - Como assim? Eu vou junto – falei, vestindo meu casaco.

 - Layla, você precisa descansar – ele tentou dialogar.

 - Não, já descansei de mais – falei. – Minha amiga e meu afilhado ou afilhada estão no hospital, preciso ir vê-los.

 Gerard sabia que não conseguiria fazer-me mudar de ideia, então apenas pegou em minha mão e caminhamos até o elevador.

- -

 Chegamos ao hospital rapidamente, Frank estava esperando na recepção.

 - Desculpem incomodar vocês – disse ele quando chegamos. – Sei que acabaram de sair daqui, mas é que Diana pediu para que eu ligasse para Layla e Leticia.

 - Tudo bem – disse Gerard.

 - Mas o que aconteceu exatamente? – perguntei.

 - Eu não sei, ela estava com dores ontem e eu disse para virmos ao hospital, ela disse que não precisava, que era bobagem de “alien” – ele disse isso revirando os olhos. – Mas hoje ela acordou e viu que havia tido um sangramento, então viemos rápido para cá.

 - Os médicos já disseram algo? – perguntou Gerard.

 - Não, ela acabou de entrar com o obstetra – explicou Frank.

 Ficamos alguns minutos ali, Leticia e Mikey chegaram logo depois de nós.

 - Layla? – perguntou uma voz masculina que chamou minha atenção.

 Olhei rapidamente, era Dr. Hill.

 - Ah, olá! – falei, levantando-me e o cumprimentando.

 - Pensei que tivesse ido embora – ele disse, estranhando eu ainda estar ali.

 - E eu fui, mas voltei por causa da minha amiga, Diana, ela está grávida e teve alguns problemas esta noite – expliquei.

 - Ah – ele concordou. – Foi bom lhe ver aqui estando bem – ele riu. – Com licença, mas preciso ir atender um paciente.

 - Oh, okay – falei, despedindo-me dele.

 - Nos vemos então – ele riu.

 - Espero que não – brinquei.

 Ele apenas riu, indo em direção ao corredor que levava aos quartos de UTI. Um outro médico – o crachá indicava Dr. Thomas – veio de outro corredor, ao nosso encontro.

 - Senhor Frank Iero? – ele perguntou.

 - Sim – disse Frank, levantando-se.

 - Sua esposa... ou melhor, namorada – ele disse, lendo na fixa de Diana – e o bebê estão bem, foi apenas um sangramento, ela deve ter se estressado com algo.

 - Então não corre risco de aborto? – ele perguntou, preocupado.

 - Não – disse Dr. Thomas. – Ela poderá ir embora em poucas horas, queremos apenas terminar de medicá-la, ah, e evite que ela se estresse, não é bom ter muitas preocupações durante a gravidez.

 - Pode deixar – disse Frank.

- -

 - Bem – falei a Gerard quando entramos em casa -, agora sim começa nossa Lua de Mel.

 - Espera, não diga isso agora, vamos esperar até o anoitecer para ver se não acontece algo – ele disse, sussurrando como se falasse algo importante que mais ninguém pudesse ouvir.

 - Tem razão – falei no mesmo tom. – Mas agora eu estou exausta, e preciso de um banho.

 - Quer que eu faça o que para comer? – ele perguntou.

 - Ah, nem vem... você vai queimar a comida e eu vou ter que dar um jeito – disse. – Peça uma pizza.

 - Bom, você esteve fora por um mês inteiro, eu tive que me virar, Layla, aprendi a cozinhar algumas coisas – ele sorriu, orgulhoso.

 - O que, por exemplo? – ri.

 - Arroz, carne, frango, e macarrão instantâneo – ele respondeu.

 - Macarrão instantâneo? Você não sabia fazer macarrão instantâneo? – perguntei, surpresa.

 - Layla! É difícil fazer isso, eu sempre deixava tempo de mais e ele desmanchava, virando uma papa gosmenta – ele disse, fazendo cara de nojo.

 - Poupe-me disso, por favor – falei, fazendo cara de nojo também.

 Tomei um banho demorado, o ferimento estava quase cicatrizado, eu havia tirado os pontos logo na segunda semana, havia apenas um pequeno corte logo abaixo de meus seios.

 Coloquei um pijama curto e larguinho, deixei meu cabelo secar ao natural, era bom estar em casa novamente.

 Naquela noite Gerard e eu jantamos juntos, assistimos televisão e dormimos abraçadinhos no sofá, eu sentia uma falta daquilo...