The Black Angel escrita por Beilschbitch


Capítulo 20
Ladra de doces! Volte aqui!




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- Alô?

- Que foi, Henri?

- Como você está, mana?

- Bem, por quê?

- Sei lá, só perguntei.

-Você ligou só pra perguntar se eu estou bem??!! – Gritei. Não estava dando a mínima se tinha convidados ilustres conversando ao meu lado.

- Não. Foi para contar o que houve aqui. Você perdeu.

 - Conte.

- Franketito discutiu com um policial. Só não voou em cima dele por que seguraram-no.

- Franketito?

- É. Por que ele é pequetito.

- Tá, mas por que eles discutiram?

- Por que o policial disse que não atende casos não tão importantes de manhã, principalmente num domingo ensolarado.

- Então o Frank está certo.

- Não pelo fato de ter se alterado.

- É, mas vão vir agora ou não?

- Só depois do meio-dia. Vamos almoçar aqui. Faz o almoço para as visitas?

- Faço.

- Tchau.

- Tchau, Henri.

P.O.V. Henri

Ainda me pergunto por que raios, trovões e relâmpagos meu pai resolveu me trazer aqui. Não me foi perguntado se eu gostaria passar meu domingo santíssimo em um departamento de polícia. Eu poderia estar fazendo muitas coisas em casa, como por exemplo, estar dormindo, tirando um cochilo, descansando o corpo e a mente...

Enfim, estou num sofá velho, de couro estragado, rasgado, e outros termos pejorativos. Meu pai está conversando com o chefe de polícia. Frank está impaciente. Vamos ficar aqui muito tempo?

Eu poderia ficar pegando poeira, apodrecendo literalmente na cadeia, mas preferi sair e ir numa confeitaria. Saí escondido, e fui andar pelas ruas de Nova York até encontrar a confeitaria Divino Muffin. Com tantos nomes, a criatura usa logo esse. E estou um pouco saturado de coisas “divinas”. Não no sentido religioso, claro. Mas no sentido em que minha estimada irmãzinha fica suspirando pelos cantos por seu anjo. Cara, na boa... Amor está me dando repulsas a minha pessoa, acompanhado de vontades de dar uns belos tapas na minha gêmea. Outro dia assistimos “Cada Um Tem A Gêmea Que Merece”. Eu devo ter pregado Cristo na cruz.

Entro na tal confeitaria, e começo a namorar os doces da vitrine (ironia). Cada um mais bonito do que o outro, um mais saboroso que o outro. Pena que eu estava com dinheiro muito limitado. 

- Vai a bomba de chocolate, por favor. – Pedi.

- Ok. São dois dólares. Pague no caixa, por favor.

E por que não levar algo pro meu velho?

- Me vê um pavê de morango também, por gentileza.

- Tô vendo o pavê

Engraçadinho, amigo. Você merece um bolo de sopapos na sua cara, seu panaca.

- Agora pode parar de vê-lo e embrulhá-lo para mim? – respondi, pondo minha melhor expressão de ironia.

- Até poderia, mas aquela mocinha já levou.

Foi seu olho gordo, seu imbecil.

- Provavelmente por que você ficou olhando para ao invés de pegá-lo. – Agora fiz o maior sarcasmo do dia.

- Tome um de chocolate, para compensar. – ele sorriu.

- Tá... eu levo. Me dê outro.

- Tudo bem. Dezoito dólares.

- Mas que absurdo! – me irritei – Tem ouro nesses pavês?

- Depende. Você quer ver? – ele riu.

Agora fiquei irritadíssimo.

- Olha... – me controlei – Pega logo esses pavês – e engole-os! – e me entregue logo!

Ele adjudicou. Nunca mais ponho os pés nessa confeitaria! Fui chateado para a fila do caixa. Aquela garota levou meu pavê de morango. TOMARA QUE ENGORDE.

Fiquei esperando uns quinze minutos.  Não sabia que tantas pessoas gostavam de tortas e bombas às nove horas de domingo, onde todos poderiam estar dormindo e eu poderia estar pagando e voltando para a delegacia. Ou melhor, ainda: eu estar em casa dormindo, como elas!

Desgraça pouca é bobagem. A ladra de pavês de morangos estava na minha frente. Estava com vontade de fuzilá-la todinha. Mas... Olhando bem... Até que ela é bonitinha. Estava distraído tentando imaginar como explicaria meu sumiço ao meu querido pai, que nem vi que minha hora no caixa.

- Moço, chegou sua vez. – a ladra de doces me cutucou.

- Obrigado. – respondi entredentes. Não uso minha educação com pessoas que compram meus objetos de desejo de consumo.

- Quando dá? – perguntei.

- Dou dez.

-Como assim você dá?

- Pra ela, ué. Se eu fosse você investia viu?

- Obrigado, mas não preciso de conselhos. Preciso saber quanto fica os doces.

- Vinte.

- Mas isso é uma asneira! – Fiquei indignado. Por fim, deixei no balcão duas notas de cinco e uma de dez dólares. Saí xingando aquela padaria, e alto! no meio da rua. Acho que peguei o escândalo de Frank. Acho que as pessoas têm razão. Todo baixinho é invocado e pavio curto. Liesel não é diferente. Quando quer, briga, xinga, bate, soca, mata, enterra, ressuscita, mata de novo...

            Estava difamando meio mundo, quando vejo a golpista do pavê andando para o mesmo lado que eu. Se ela tiver indo para delegacia, ótimo! Posso denunciá-la por... Por... Por... Roubar meu doce. Dá quanto tempo de cadeia? Cinco minutos?  Assim ela aprende a não desejar meus doces. Oras!

            Ela se virou de repente. Me olhou de cima a baixo. Perdeu o quê, moça? Tá olhando o quê? Sei que sou lindo, mas sou escultura de Michelangelo pra ser apreciado? Se for pensar direito, eu sou sim.

            - Com licença, mas, está me seguindo?

            Sim. Resolvi virar Sherlock Holmes.

- Não. Estou para essa direção mesmo. Vou para a delegacia

            - Eu também vou.

            Meu Deus. Tomara que caia uma mala com um milhão de dólares na minha frente!

            - Eu vou levar estes doces para meu pai e para meu amigo.

            - Eles estão presos? – perguntou, assustada.

            Eu que deveria estar após o que eu faria com você.

            - Não. Eles estão dando depoimento.

            - Ah, sim... Meu pai é o chefe de lá.

            Pela mãe que pariu a mim e aos meus dois irmãos!

            - Legal. – Só que ao contrário.

            - Qual é o seu nome?

            - Henri. Mas não confunda com Henrique.

            - Tudo bem...

            - E qual é o seu nome?

            - Desirée

            - Ah, francês. Belo nome.

            - Obrigada...

            Chegamos à delegacia. Alguma coisa estava errada.

            - Cadê meu pai? –perguntei.

            - E o meu? – Desirée também indagou.

            - Saíram – respondeu o policial que fora agredido pelo pequeno Frank. – Foram na tal casa pixada.

            Que coisa mais linda!

            - E agora? Como vou para casa?

            - Não tem problema. Eu te levo.

            - Como? – O pai dela vai chiar, imagino até.

            - No camburão. Quer apodrecer aqui?

            - Não. E você já tem autorização para dirigir?

            - Há muito tempo! – Ela está me humilhando. Já tenho dezessete anos e meu pai nem me ensinou a dirigir. Estou bolado. – Vem ou não?

            - Tá... Eu vou...

            Qual rapaz que nunca ficou bolado com o fato de uma garota saber dirigir e ele não, que atire a primeira Helena.


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