The Black Angel escrita por Beilschbitch


Capítulo 11
Durma, apenas durma.




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            Eu estava numa sala branca, de vestido branco. Vi, no fundo do salão, uma banda com esqueletos tocando, uma marchinha abafada. Depois começaram a cantar:

Mama, we all go to hell.

Mama, we all go to hell.

I'm writing this letter and wishing you well,

Mama, we all go to hell.

            Achei a letra muito estranha. Fui me aproximando. Era Gerard cantando, Ray e Frank na guitarra, Mikey no baixo, Bob no piano, e na bateria... O baterista era Matthew!

            De repente, vários esqueletos começaram a dançar. E a música vai ficando mais rápida:

Whoa, well, now, Mama, we're all gonna die.

Mama, we're all gonna die.

Stop asking me questions, I'd hate to see you cry,

Mama, we're all gonna die.

         E mais que de repente, todos começam a dançar loucamente:

            And when we go don't blame us, yeah.

We let this fire just bathe us, yeah.

You made us, oh, so famous.

We'll never let you go.

And when you go don't return to me my love.

            Comecei a ficar com medo. Um dos esqueletos começa a dançar comigo. Quando fui perceber, era Gerard.

            Surpreendentemente, todos começam a se matar. Meu vestido se encharca de sangue. A carnificina acontece num salão, deixando tudo manchado de vermelho. Havia corpos destroçados. Eu tentava fugir, mas algo me impedia. Gerard continuava cantando, e os meninos tocando.

Mama, we all go to hell.

Mama, we all go to hell.

It's really quite pleasant except for the smell,

Mama, we all go to hell.

            Notei que ao meu lado, havia uma mulher de cabelos desgrenhados, com um vestido armado e máscara de gás. Gerard começou a ser arrastado por aquelas partes de corpo dilaceradas, gritando:

Mama, mama, mama!

Mama, mama, mama!

            A mulher respondeu:

and if you would call me your sweetheart,

I'd maybe then sing you a song.

            Gerard e os meninos, então, surgem atrás de mim, em perfeitas condições, gritando:

but there's shit that I've done with this fuck of a gun,

you would cry out your eyes all along.

We're damned after all.
Through fortune and flame we fall.
And if you can say that I'll show you the way,
And return for the ashes you call.

            Se aquilo estava estranho, imagine quando apareceu um cenário de guerra. Estavam desfigurados, e meu vestido encharcado de sangue.

We all carry on (We all carry on)

When our brothers in arms are gone (When our brothers in arms are gone)

So raise your glass high

For tomorrow we die,

And return for the ashes you call.

            Começou de novo a marchinha. Aos poucos, tudo voltou ao normal. Ficamos apenas eu, os meninos, meu irmão e a mulher da máscara de gás na sala branca. Só meu vestido estava pingando sangue.

            Ray e Bob, aparecendo do nada, me seguraram pelos braços. Vi Gerard abrindo uma espécie de porta, por onde Matthew ia em direção; eu me debatia, mas não conseguia me soltar;  Mikey fechou a porta assim que Matthew passou. Depois da sala ficar vazia, eu simplesmente caí no chão.

            *

         Acordei na minha cama. Estava bêbada de sono ainda para me lembrar que tinha dormido no sofá e do beijo de Gerard. Mas vê-lo dormindo na minha poltrona vermelha me disse que era verdade.

            Senti imensa vontade de beijá-lo. Mas fiquei com medo dele despertar. Deixe-o dormindo e fui ver meu pai e meu irmão. Voltei ao meu quarto pegar novas roupas, fui para o banheiro tomar banho. Aquele seria um longo dia.

*

P.O.V. Gerard

            Levei Helena para cama quando verifiquei que esta estava dormindo mesmo. Não queria que o pai dela nos visse dormindo no sofá, juntos.

            Minha experiência de ter beijado Helena foi maravilhosa, e não quero que ela saiba que fora a minha primeira vez. Não que me faltassem garotas, mas nenhuma era alguém que eu realmente quisesse. Eram bonitas, mas nenhuma servia para mim.

            Helena era de fato, bonita, inteligente, e pelo que Mikey investigou, e Frank contara o que Liesel dissera, ela era estudiosa, amorosa e ajudava o pai e os irmãos em casa. Isso parece pré-requisito para qualquer rapaz decente que procura uma namorada. Para mim, de fato, é. Mas eu gostava de Helena e sabia que ela sentia o mesmo por mim, e isso é essencial em um namoro.

            Mas não era somente isso que me fazia gostar dela. É como se algo dentro dela me chamasse, me gritava, e precisava por mim. E eu sentia o mesmo. Eu preciso de Helena. Eu realmente sinto isso.

            Se não fosse as circunstâncias que Helena está passando, nem da minha proibição, eu teria a pedido em namoro hoje de madrugada mesmo.  Mas nem tudo é um mar de rosas e terei que viver na minha condição até os vinte e cinco anos. Eu agüentaria esperar, mas e minha protegida?

            Eu poderei contar a verdade. Dizer que dependia do meu “pai adotivo”, não de mim. Mas eu não queria contar também que, se casarmos, eu não poderia engravidá-la tão cedo. Dependia também do meu pai adotivo, que era nada mais nada menos que meu chefe, Korse, dono da Angel Inc., que cuida de orfanatos pela região leste dos Estados Unidos. Infelizmente não era apenas isso que a empresa fazia.

            Um dia ainda vou me casar, ter meus filhos, e viver uma vida normal, mesmo sabendo o que eu sou. Engano-me: o que eu me tornei por causa de uma maldita ganância, que tirou minha infância e adolescência, que me causou dor e sofrimento. Não só a mim como em meus amigos. Por sorte Mikey escapou disso. Eu nunca deixaria algo que acontecesse a ele. Eu era seu anjo da guarda. Mas agora também vou proteger minha Helena a ferro e fogo. Não quero que eles se tornem coisas. Eu quero minha futura esposa humana e saudável. Quero meu irmão livre para fazer o que quiser.

            Não posso deixar Korse destruir as duas coisas mais preciosas da minha subvida.


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Notas finais do capítulo

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