The Black Angel escrita por Beilschbitch


Capítulo 10
Adeus, meu pequeno anjo


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo especialmente ao Matheus A., meu pequeno caçula, que foi grande motivados dessa história. Também para a Dead Cinderella e a Lua Way, leitoras ferrenhas que leram desde o começo. Não posso me esquecer da Dianna, minha grande amiga e marida, que dedico as belas cenas de amor, e a Dede e a Kerlin, por serem leitoras lindas. Gente, muito obrigada! ♥



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Domingo de manhã. Levantei-me e desci até a sala. Encontrei meu pai falando ao celular. Ele parecia preocupado. Quando me viu, me perguntara se vi Matthew ontem a noite. Respondi que não, e ele voltou ao telefone. Senti um aperto no peito.

Henri estava na cozinha, me contando que Matthew saiu um pouco depois, e não voltara até agora. Acrescentou que papai já ligara para todos os amigos de nosso caçula. Nenhum fazia ideia de onde ele estava.

Ficamos apreensivos. Até meio-dia, meu irmão não voltou para casa. Ligamos para a polícia. Ela disse que se descobrissem alguma coisa, ligavam.

Henri rezava a um canto. Em silêncio, sentia meus olhos marejarem.

Lá pelas cinco da tarde, a campainha tocou. Senti esperanças, mas logo foram destruídas quando vi dois policiais. Meu pai conversou com eles durante longos quinze minutos. Saí pela porta da cozinha e ficar no jardim, tentando escutar a conversa. Quando chego a frente de casa, vejo um rapaz de cabelos compridos e negros.

— Helena – ele me chamou baixo.

Me aproximei com os olhos cheios d’água.

— O que houve, Helena? - Gerard me abraçou ternamente.

— Meu irmão desapareceu; agora a polícia está lá em casa. Estou com medo, Gerard.

— Estou aqui, Helena. Seu anjo da guarda está aqui. – Ele sussurrou enquanto acariciava meu cabelo. – Não tenha medo.

Não sei por quanto tempo ficamos ali. Depois de certo tempo, ouvi Gerard conversando com meu pai. Tínhamos que ir com a polícia até o Brooklyn, não faço idéia para que. Gerard se ofereceu para nos levar. Instintivamente, me abracei ao meu pai, que respondeu a Gerard que aceitaria a carona. Vi a tucson preta estacionada do outro lado da rua. Caminhamos para lá pesadarosamente. Fui apoiada em meu pai, com algumas lágrimas escorrendo por meu rosto. Gerard foi dirigindo, meu pai ao seu lado. Eu e Henri fomos atrás, de mãos dadas, orando sem parar. Mas algo me dizia que nada ia adiantar

Saímos de Manhatam, atravessando a ponte sobre o rio Hudson. Logo estaríamos no Brooklyn. Pude ver a polícia a frente. Olhei para o espelho retrovisor. Gerard olhava para mim de vez em quando.

A polícia parou num beco. Estava cheio de outros policiais, bombeiros e o raio que o parta. Um dos policiais que foi até nossa casa chamou meu pai. Todos nós saímos do carro.

Tinha algumas macas com corpos cobertos por lençóis. Apertei o braço do meu irmão. Senti mais lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

O policial que chamara meu pai, levantou o lençol de uma das marcas. Ouvi de longe:

— É este o menino? – ele perguntou penalizado.

Só vi meu pai abaixando a cabeça. Era. Era o meu irmãozinho. Meu caçula, meu pequeno roqueiro. Morto. Assassinado. Tiraram a vida do meu irmão Matthew.

Fiquei louca na hora. Chorei desesperadamente. Quase tenho convulsões ali. Meu irmão, morto. Não, eu não queria cogitar. Alguém me acorda ou me diz que estamos num filme!

Gerard me abraçou, sussurrando um eu sinto muito. Depois notei que ele estava conversando com meu pai. Não prestei atenção no que era a conversa. Só queria sentir o calor de Gerard, meu anjo da guarda. Era reconfortante. Eu acho que ele nem se importava de eu estar inundando a blusa pólo branca dele.

Gerard disse que ia levar eu e meu irmão pra casa; meu pai tinha que prestar depoimento, algo assim. Eu queria que ele fosse junto, queria minha família unida. Não tive mãe, fui criada no calor de um escritor e professor de literatura, ouvindo rock. Essa foi nossa influência. Eu era quase que a mãe de Matthew, meu pequeno anjo.

Me afoguei em meus devaneios, sem notar que estava chegando em casa. Eu queria sentar e chorar. Só. Gerard sugeriu que tomássemos banho, e rezassem pelo nosso irmão. Ele faria o mesmo.

Já era dez da noite. Gerard ficou sentado no sofá, dizendo palavras doces e reconfortantes. Meu pai chegou e nós três, eu, ele e Henri, nos abraçamos e chorei um pouco. O senhor Alexander agradeceu muito a Gerard, que se apresentou como um amigo meu. Trocaram algumas palavras baixas e meu pai ofereceu o quarto de hóspedes, quando notou que Gerard morava longe.

Era quase meia-noite. Meu pai e Henri foram descansar. Gerard e eu permanecíamos na sala. Eu não conseguia nem dormir.

— Por que isso aconteceu, Gerard? – perguntei chorando.

— Não posso responder essa pergunta, Helena. Foi uma situação triste. O jeito é apenas rezar.

Me aninhei ao seu peito:

— Mas porque foi logo com ele? Por quê? Tanta gente errada nesse mundo, por que logo ele?

— O mundo é injusto, Helena. Morrem todos, os certos, os errados, os são e os perversos. É triste, mas a vida é assim. Não é sorte. É aleatório. – ele me abraçou com ternura.

— Eu sei. Mas precisava ser assim?

— A morte tem vários jeitos de acontecer. Sempre será triste, não importa qual. Helena, essas perguntas devem ser feitas a Deus. E não se questiona Sua vontade. Matthew não está entre nós, mas pode estar tocando bateria com os anjos agora.

Sorri.

— Obrigada Gerard. – ele secou as lágrimas de meu rosto. Abracei-o, me sentindo segura. Meu anjo repetiu o gesto e beijou minha testa.

Ficamos um tempo abraçados, eu ouvindo seu coração batendo. Tive vontade de dormir, mas eu sentia que algo me impedia.

Gerard se moveu e saí de seus braços, ficando apenas sentada ao seu lado. Ele pareceu olhar a decoração da sala, mas logo suas orbes verdes fitaram meu rosto. Senti que uma lágrima quente escorria em minha face.

— Não chore, minha querida. Eu sofro se você estiver assim. – ele afagou minha bochecha e me abraçou. Enquanto estávamos abraçados, ele olhava meu rosto. Fitei-o com uma expressão interrogativa. Ele só alisava meu cabelo.

De repente, senti um beijo em minha bochecha. Depois no queixo e surpreendentemente, senti os lábios de meu anjo tocando os meus. Primeiro foi aqueles beijos simples, mas depois senti a língua dele penetrando em minha boca. Meu anjo me apertava e eu segurava em seus cabelos negros. Só beijei duas vezes em minha curta vida, mas aquele era de amor, algo que eu sentia e que eu sabia que meu anjo sentia. Eu estava começando a ficar ofegante, quando nossos lábios se separaram; Gerard me deu um selinho, e sussurou ao meu ouvido:

— Eu te amo, Helena

— Eu te amo, meu anjo.

E dormi encostada nele.



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Notas finais do capítulo

Podem surtar a vontade. Juro que chorei escrevendo o capítulo X3 vamos esperar o velório, muita água vai rolar