Rose’s POV

Eu estava em uma lanchonete comendo um hambúrguer maior que a minha cabeça e sentindo o sol bater em meu rosto. Hum... Nada podia ser mais perfeito.

Enquanto estava saboreando meu hambúrguer, ouvi um monstruoso barulho e de repente tudo ao meu redor começou a tremer.

–Terremoto! – A garçonete gritou e se escondeu em baixo da mesa.

Não. Não era um terremoto.

Era só meu delicado despertador.

Depois de gemer e rolar pela cama por alguns segundos, abri meus olhos, triste por não ter mais o meu delicioso hambúrguer.

Olhei pela janela e pude ver o sol se pondo. Uma onda de tristeza atravessou meu corpo. Como eu sentia falta do sol...

Fui para o banheiro para me preparar para meu treino com Dimitri. Eu estava com tanto sono que nem o pensamento de ver o Dimitri-bonitão-Belikov fez com que eu me animasse um pouco.

Quando encontrei Dimitri ele estava sentado em uma cadeira com o celular na mão e o olhar desfocado. Ele estava tão perdido em seus pensamentos que nem me ouviu entrar, o que era uma coisa muito rara, considerando que ele era um deus-russo-pronto-para-qualquer-ataque.

E então me veio a ideia. Eu nunca conseguia atacá-lo, mas como ele estava tão distraído, talvez...

Sem pensar duas vezes, e desta vez tomando cuidado para não fazer nenhum tipo de grito de guerra, eu corri em sua direção.

–Nem pense nisso – Dimitri rugiu segurando meu pulso direito assim que eu cheguei há alguns centímetros dele.

–Como? – eu perguntei derrotada e sentei em uma cadeira que estava ao lado da de Dimitri, enquanto ele tirava sua mão de meu pulso.

–Simples – ele disse -, eu ouvi seus passos.

Ele olhou para mim e eu pude ver o quanto ele se divertia com tudo aquilo. Um sorriso ameaçava a sair em seus lábios, o que fez meu coração acelerar. Mas não pude deixar de notar que seus olhos estavam tristes e cansados.

–Está tudo bem? – perguntei.

–Sim – ele respondeu e encolheu os ombros.

–Não parece – eu disse e ele me olhou como se eu fosse louca. E talvez eu fosse mesmo. Mas enfim, o mundo é guiado pelos loucos, ou pelo menos assim eu gostava de pensar.

–Só estava pensando na minha família – ele disse finalmente.

Olhei para o celular na sua mão.

–Você ligou para eles? – perguntei.

Ele balançou a cabeça negativamente.

–Não – ele disse. – Não posso.

–E por que não? – perguntei confusa.

–Porque... – ele parou para pensar por um momento – Porque sou um guardião e não posso me distrair com nada.

Há. Essa foi a pior desculpa que já ouvi.

–Não é por isso – eu disse.

Ele olhou nos meus olhos e meu coração voltou a acelerar.

Ele suspirou.

–Já faz tanto tempo que não falo com elas... – ele disse e seu sotaque me fez tremer.

–Acho que você se sentiria melhor se falasse com sua família – me lembrei de uma conversa que tivemos no passado – sua mãe, sua vó e duas irmãs, não é?

–Três irmãs – ele corrigiu sorrindo.

Era estranho como eu conseguia ficar confortável com Dimitri. Era bom estar perto dele. Parecia tão... tão certo. Olhar naqueles olhos castanhos profundos...

Rose! Ele é seu mentor. Pense em Lissa.

–Hum, vou correr? – eu disse, mas pareceu uma pergunta. Tentando parar de pensar em como Dimitri estava excepcionalmente gostoso, peguei meu elástico de cabelo e comecei a fazer um rabo de cavalo até que Dimitri segurou minha mão.

–Não - ele disse, olhando intensamente para mim. – Hoje não.

Soltei meu cabelo do elástico e ele caiu bagunçadamente.

Dimitri e eu só ficamos lá, olhando um para o outro, simplesmente felizes pela existência do outro.