O Mundo Dá Voltas. escrita por Cartas Ao Vento


Capítulo 28
Amor de fã.




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Chegamos ao Brasil logo pela manhã, estava um dia perfeito! O aeroporto estava lotado - principalmente por mulheres - todos à espera de Bruno, surreal! Confesso que naquele momento senti um frio enorme na barriga, afinal, eu sabia que as fãs brasileiras são as mais obcecadas (e ciumentas) do mundo, lembro-me de minha adolescência, um monte de meninas na escola ficavam fazendo planos e planos com seus ídolos, eu achava a maior bobagem, rs.

Preferi não encontrar com Bruno lá, o voo dele chegou uns 30 minutos depois do que Lili, Bryan e eu estávamos. Por falar em Lilian, ela estava radiante, não só pela gravidez que já ia completar dois meses, mas por estar no Brasil, ela se apaixonou por tudo, nem queria saber de hotel, descanso e banho, tudo que ela queria era sair, fazer compras e ir à praia.

Bryan, preguiçoso que só ele, só queria saber de comer e dormir, atacou tudo que viu no hotel, ele finalmente havia conseguido realizar o sonho de comer comida brasileira - e pelo jeito que comeu, amou. Uma multidão ia se formando na porta do hotel, Lili que estava na varanda do quarto me chamou toda afobada: - NOSSA NOSSA OLHA JESSIE, CORRE! VEM CÁ VER ISSO.

– Que foi garota?! Viu uma assombração? - Perguntei indo em direção a varanda também.

Ficamos pasmas com tanta gente gritando, tiveram que fazer barreira de seguranças para Bruno e a banda poder passar, o Brasil era mesmo um país de fãs fieis ao ídolo, desses que seguem eles até no banheiro se for preciso.

Pude ver Bruno parando pra tirar fotos e dar autógrafos para algumas pessoas, as meninas enlouqueciam, puxavam a camisa, o cabelo, os braços, tudo deles, surreal. Fiquei esperando Bruno junto com Lili e Bryan no quarto, que seria nosso. Tivemos o último andar só para nós, a banda e a equipe de Bruno.

– Meu Deus que calor humano é esse? Amei tudo isso. - Era Kenji falando enquanto saía do elevador.

– Surreal! Nunca, em nenhum país, nós fomos recebidos com tanta euforia assim. - Phil completou.

– Demais, demais, demais! Me sinto um fenômeno com o Brasil me tratando assim. - Finalmente Bruno ia saindo do elevador.

– Você É um fenômeno! - Falei indo em sua direção e dando-lhe um beijo.

– É... mas do mesmo jeito, o Bruno é o único que é recebido aos beijos logo que sai do elevador... - Phil falou gargalhando.

Todos foram se direcionando para seus quartos e Bruno entrou comigo para cumprimentar Bryan e Lili. Ficamos conversando por um bom tempo e depois pedimos nossos almoços. Bruno não quis negar a famosa feijoada brasileira, comeu tanto que ficou mais "grávido" que Lilian, hahaha. Os meninos acabaram dormindo, também né, depois do tanto que comeram, algo ia ter que descansar - principalmente Bryan que já havia beliscado alguns quitutes.

Lilian e eu saímos para fazer umas compras, estávamos quase saindo do hotel quando de repente ouvimos uma voz dizer: - Vocês viram ele? - Era uma garota de +/- uns 15 anos, com uma camisa estampada com a foto de Bruno e um pôster nas mãos.

– Bruno?! - Lilian perguntou. Vamos combinar que foi desnecessária essa pergunta né?

– É... eu queria tanto ver ele, saí de Brasília escondida dos meus pais pra isso, falsifiquei uma assinatura que me desse permissão para viajar e vim. Cheguei atrasada aqui, não consegui ver quando ele chegou. - A menina falou com os olhos cheios de lágrimas, agarrando-se ao seu pôster.

– Meu Deus! E você vai ficar aqui sozinha? Onde você vai dormir? Tem algum familiar aqui? - Perguntei preocupada à menina.

– Não conheço ninguém daqui de SP, só no RJ... mas sei lá, eu durmo aqui na porta do hotel mesmo, por ele eu faço de tudo, até durmo na rua. - Aquelas palavras me emocionaram.

– Olha... a gente viu ele sim hein, acho que ele tá dormindo, mas, quer sair com a gente? Vamos fazer umas comprinhas. - Lili com aquele jeito acolhedor que só ela tinha foi falando sorrindo. Olhei para ela e parece que nós havíamos tido o mesmo pensamento.

Levamos a menina que carregava apenas uma mochila nas costas para nosso passeio em busca de compras e compras. Ela logo foi pegando amizade conosco e o que antes seria um passeio só para compras acabou se tornando num passeio cheio de diversão, entramos até na parte de jogos do shopping e ficamos brincando, feito crianças mesmo.

Voltamos para o hotel no fim da tarde e ainda havia algumas meninas acampadas na porta do hotel.

– Obrigada pelo dia Jessi e Lili, e obrigada pelas roupas também, não precisava, mas vocês quase me obrigaram a aceitar né... - a menina falou sorrindo timidamente.

– De nada, ãhn... qual seu nome mesmo? É que eu esqueci. - Lili falou sorrindo.

– Camilla, mas todos me chamam de Milla. - Ela era uma menina bem educada, sem contar na beleza, era linda.

– Agora você vai pra onde? Você já ligou pros seus pais depois que chegou aqui? - Perguntei.

– Agora, vou acampar aqui mesmo como disse, rs. Não liguei não, minha mãe deve tá uma fera, mas eu avisei que viria com ou sem permissão dela. - Milla falou dando de ombros.

Fui puxada por Lili que cochichou em meu ouvido que no nosso andar ainda havia um quarto vazio, sugeriu que levássemos a menina para lá e que realizássemos o sonho dela, que era conhecer Bruno. Achei loucura, mas loucura maior era o que Milla havia feito por Bruno, então resolvi aceitar.

– Milla, chega aqui por favor?! - Lili chamou Milla até nós. - Não faz escândalo com o que eu vou te dizer agora, promete?

– Prometo. - Milla falou meio desconfiada.

– Então... nós não te contamos, mas nós estamos no mesmo andar que Br...

– MENTIRA?! - Milla falou já alterada.

– Você disse que não ia fazer escândalo! Assim não vale, não sei se conto o resto. - Lili falou pondo as mãos na cintura.

– Desculpa, é que meu coração acelera só de ouvir o nome dele. Não faço mais, agora continua pelo amor de Deus. Prometo de dedinho cruzado que não me alarmo mais. - Milla foi falando cruzando os dedos.

– Então tá... mas olha lá hein! Nós estamos no mesmo andar que Bruno e a banda, e tem um quarto vazio, que se você não fizer escândalo pode ser seu, com direito a ver Bruno e tudo. - Lili terminou me dando um toque nas mãos.

Milla ficou tão paralisada com o que Lili tinha dito, que perdeu a voz e só chorava - melhor assim né, rs. Fomos surpreendidas por um abraço tão forte da menina, que parece que ela era a jovem mais forte do mundo. Lili e eu apenas sorrimos e subimos com Milla até os quartos. Era engraçado as frases repetitivas que Milla falava no elevador: "meu Deus eu vou conhecer ele!" "obrigada meninas, vocês são meus anjos." "aaaah é o Bruno, omg!" "Vou morrer vou morrer vou morrer" entre outras, eu nunca entendi o amor de fã, mas naquele momento pude ver o quão real ele é.

Quando chegamos até o nosso andar, levei Milla até o quarto vazio e Lili foi direto para o quarto dela e de Bryan. Eu estava com uma dúvida enorme na cabeça: contar ou não para Milla que eu era namorada de Bruno? E se ela fosse uma dessas fãs que querem matar qualquer mulher que se aproximasse de seus ídolos? As meninas da minha escola eram assim, eu estava mesmo com medo de qual seria a reação dela com essa notícia.

– Agora eu tô entendendo tudo! - Milla falou jogando-se na macia cama do quarto.

– Tudo o quê? - Perguntei meio confusa.

– Você! É você a moça que os paparazzi pegaram com o Bruno no Ano Novo! É ISSO!!! Você tá num andar que é reservado EXCLUSIVAMENTE para Bruno, a banda e a equipe, me chamou pra cá dizendo que pode realizar meu sonho de conhecê-lo, quem mais teria esse poder se não a namorada dele? Eu vi as fotos! Você é a moça que tava aos beijos com ele, lógico que é você! - Milla falou sentando-se na cama.

– Saiu até aqui no Brasil essas fotos? Meu Deus, famosos não tem mesmo privacidade... mas você ter descobrido isso é bom ou ruim? Você não vai passar a me odiar por causa disso né? - Questionei sentando-me ao lado dela.

– Claro que não, eu sei separar as coisas, tenho quase 16 anos já, eu amo o Bruno, amo demais, mas sei que ele é meu ídolo e nunca será mais que isso e se ele estiver feliz com você, eu estarei feliz com a felicidade dele. E só de você e Lili terem me dado essa oportunidade, eu jamais poderia odiar vocês. A felicidadde do Bruno é a minha, ter me tornado fã dele foi a melhor coisa que eu já fiz na vida. - Milla falou deixando cair lágrimas em seu rosto.

– Você é uma menina especial, vi isso desde que você disse que saiu de Brasília até aqui só por ele. - Respondi sorrindo. - Bom, toma um banho, veste uma das roupas que a maluca da Lili escolheu pra você e depois eu venho aqui te fazer uma surpresinha.

Milla me deu um beijo no rosto em forma de agradecimento, sorriu e deitou-se mais uma vez. Parecia não estar acreditando no que estava vivendo. Acho que agora eu entendia o que é o "amor de fã"


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