O Mundo Dá Voltas. escrita por Cartas Ao Vento


Capítulo 27
Rumo ao Brasil.




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Vinte dias se passaram e Lilian ainda não tinha contado para Bryan sobre a gravidez, meu namoro com Bruno estava cada vez mais sério e isso era realmente muito bom para mim. Faltavam apenas dois dias para Bruno embarcar ao Brasil e Lili estava tentando me convencer à ir também. Convidei Lili, Bryan e Bruno para uma tarde de filmes na minha casa, foi uma bagunça total aquele dia!

Lilian e Bryan chegaram antes de Bruno e ficamos escolhendo os filmes que iríamos assistir, foi uma guerra; Lilian curtia comédia, eu curto romance e Bryan gosta de terror, Bruno não ligava pra isso, toda vez que nós víamos filmes lá em casa, ele sempre acabava dormindo no meu colo antes do filme acabar.

Estava na cozinha com Lili fazendo pipoca quando ouvimoa a campainha tocar, era Bruno. Pedi para Bryan abrir a porta já que eu e Lilian estávamos ocupadas, eu com a pipoca e Lilian fazendo suco.

– Orra! Até que enfim hein mano, agora me ajuda a convencer essas meninas pra gente ver filme de terror primeiro... - Bryan falou enquanto abria a porta.

– Pô cara, esse trânsito não é normal... ihhh, convencer mulheres à verem filmes de terror acho que é uma tentativa em vão hein... - Bruno respondeu apertando a mão de Bryan.

Tirei a pipoca do fogo e fui até Bruno, dando-lhe um beijinho salgado - por causa da pipoca que eu havia experimentado. Bryan tentou, tentou, mas não conseguiu nada, por mim nós veríamos qualquer um, mas Lili com aquele gênio forte dela praticamente nos obrigou a assistir a tal comédia primeiro. O pior é que de comédia o filme não tinha NADA, e só ela ria. Bryan, Bruno e eu ficamos completamente entediados ali, foi engraçado, não o filme... mas o jeito que Lili se divertia com aquela bobagem.

– Ai como vocês são chatos hein, o filme é legal vai... - Lilian falou assim que o filme acabou.

– Esse filme é muito bom, tão bom que eu acho que nós deveríamos doá-lo para alguma locadora... - Bryan falou ironicamente.

– Babaca! - Lili retrucou dando-lhe um tapa nas costas.

– Ai! Caraca o que tá acontecendo com você? É impressão minha ou seus tapas estão cada vez mais fortes? - Bryan resmungou. - Acho que não quero mais ser seu marido não hein. Fala aí Bruno, minha futura esposa é uma mulher muito esquentadinha. - Completou apertando as bochechas de Lili.

– HA-HA-HA muito engraçadinho você, merece o Oscar de palhaço do ano. - Lili reclamou ironicamente.

– Ei ei ei, vocês acabaram de ver uma "comédia"... vamos rir hahaha. - Falei quebrando o clima. Lili estava se estressando fácil e o pior é que só eu sabia o motivo.

– Tá, beleza. Qual vai ser o filme agora? - Bryan continuou.

– Vamos dar uma pausa, conversar um pouquinho. - Bruno sugeriu.

– Ótima ideia. - Completei.

– Então... vocês estão cientes de que daqui a dois dias eu embarco para o Brasil né?! - Todos assentimos com a cabeça. - Então... eu quero fazer uma proposta: Por que não vamos todos nós? Eu com a banda e a equipe e vocês três juntos? Ia ser legal... aí nós aproveitamos para conhecer o país de origem da Jessie... as praias... a comida brasileira... hein?! Topam?!

– E meu trabalho? - Lilian questionou.

– Pede umas férias ué... e se a patroa não quiser dar, pede demissão! Pra que emprego? Bryan trabalha, eu trabalho... vocês não precisam trabalhar.

– hahaha como se fosse fácil assim. - Lili respondeu dando de ombros.

– E não é?! Bruno tá certo, eu já te disse pra largar esse emprego há um bom tempo... - Bryan completou.

– Não sei não... nunca fui de depender de homem nenhum. - Respondi. - E eu muito menos! - Lilian adicionou.

– Não é questão de depender de nós, é questão de nós querermos dar uma vida mais tranquila pra vocês, sem precisar se preocupar com emprego. - Bryan continuou. - Ah vamos amor, eu sempre quis ir ao Brasil.

– Por mim... tá ok né. - Lili falou deitando-se numa almofada.

– Beleza. Agora só falta a cabecinha ali. - Bryan falou apontando pra mim.

– Fala direito comigo viu seu chato. - Respondi dando um soquinho nele. É um risco a correr, mas vamos nessa. Estou mesmo com saudade do Brasil, saí de lá aos 15 anos... - Respondi me lembrando de quando viajei sozinha.

– Então fechado! Amanhã mesmo você duas vão lá pedir as férias, se ela não quiser dar, ela que se vire pra arrumar novas funcionárias. - Bruno falou sorrindo.

Eu ia falar alguma coisa quando de repente Lili se levantou correndo em direção ao banheiro, Bryan e Bruno ficaram sem entender nada. Me levante rapidamente e segui Lilian, sabia! Enjoo de novo...

– Amiga por que você não conta logo pra ele?! Se você quiser eu te ajudo a contar e...

– Não Jessie, deixa pra contar quando nós já estivermos no Brasil. - Lilian falou passando água no rosto.

– Promete que conta quando estivermos lá? - Respondi pegando uma toalha de rosto pra ela.

– Prometo. - Lili respondeu secando o rosto. - Eu quero vomitar... mas não consigo. É sempre essa náusea irritante.

– É assim mesmo... - Respondi.

Voltamos para a sala e Bryan falou: - O que houve?! Tá passando mal de novo? Tem certeza que aqueles exames não deram nada? Acho melhor fazer de novo hein.

– Que mané passando mal! Fui tirar uma palhinha de pipoca que grudou no meu dente. - Lilian desconversou.

Assistimos uns três filme naquele dia, Lili e Bryan saíram a noitinha lá de casa. Bruno dormiu lá de novo, tão bom...

Acordei no dia seguinte com um bilhetinho do meu lado que dizia:

"Tive que sair mais cedo para resolver uns assuntos com o pessoal. Encomendei uma cesta de café pra você, tá na mesa da cozinha. Tenha um bom dia, e nunca se esqueça: eu te amo."

Perfeito? Sim ou lógico?

Me levantei e fui ver a cesta, era linda, tinha desde de barrinhas de cereal até geleia, uma maravilha. Me arrumei e liguei para Lilian pra saber se ela ia querer que eu fosse buscá-la ou se Bryan a levaria até a loja. Não precisei ir buscar ela naquele dia, comentei sobre a cesta e ela quase surtou quando eu disse sobre a barrinha de cereal que era uma das preferidas dela.

Cheguei na loja antes de Lili e fiquei sentada num banquinho em frente ao posto de gasolina esperando por ela, não queria entrar sozinha. Depois de uns cinco minutos avistei o carro de Bryan, Lili saiu e veio em minha direção tão feliz que pensei que ela fosse pular em cima de mim, mas não, a felicidade dela era por causa da barra que tinha nas minhas mãos. Lili atacou aquela mini barrinha de cereal como se fosse a coisa mais deliciosa do mundo.

– Hum... sabe quanto tempo eu não como uma dessas?! Três dias. - Lili falou enquanto mastigava. Por que mulher grávida tinha que ser tão exagerada?

– Nossa, três dias... muito tempo né. - Respondi sorrindo.

Entramos na loja e logo vimos nossa patroa.

– Bom dia Dona Rose. - Lili falou ainda com a barrinha de cereal nas mãos.

– Bom dia Lilian, nossa, sua barra de cereal deve estar muito boa hein. - Dona Rose respondeu sorrindo.

– Hummmm, muito boa. - Lili respondeu sorrindo um pouco sem graça dessa vez.

– O que vocês vieram fazer aqui hoje?! Eu mandei um recado pela secretária eletrônica das duas avisando que não iria abrir hoje. Não receberam? - Dona Rose perguntou confusa.

– Sim, recebemos é que...

– ... Nós queremos pedir nossas contas. - Lilian me interrompeu.

– ÃNH? Lilian?! - Fiqeui confusa, não era isso que nós pediríamos primeiro.

– É Jessie... se esqueceu foi?! Nós vamos nos mudar pro Brasil Dona Rose. Não poderemos mais trabalhar aqui. - Lilian continuou falando.

Fiquei sem entender absolutamente na-da. O que ela tinha na cabeça?! Nós não íamos nos mudar, íamos apenas ficar uns dias por lá.

Dona Rose foi pega de surpresa tanto quanto eu, acertamos nossas contas e saímos. Ainda não sabia porque ela tinha feito aquilo.

– Vamos na sorveteria?! Quero tomar um milk-shake de baunilha, é, de baunilha! - Lili falou olhando as horas no relógio.

– Ok vamos né, mas antes me diz... que doideira foi essa de dizer que nós vamos morar no Brasil? - Perguntei meio confusa ainda.

– Ah relaxa... foi só por impulso. Agora já era, Brasil! aí vamos nós. - Lili falou entrando em meu carro.

– Mas Lili... é qu...

– "É que" nada! Daqui a uns meses eu não ia poder mais trabalhar mesmo e você não precisa disso, já falei. - Lili me interrompeu enquanto eu entrava no carro. - Agora vamos logo nessa sorveteria porque na minha mente só vem o milk.

Compreendi que nada do que eu dissesse iria fazer Lili parar de pensar no bendito milk-shake. Quando chegamos na sorveteria, Lili quase atacou o caixa, falou quase berrando que queria o tal milk-shake.

Lilian parecia criança quando ganhava um doce, era muito engraçado ver ela daquele jeito. Liguei para Bruno e expliquei o que Lili tinha feito, a única coisa que ele disse foi "Agradeça à ela por mim." e riu. Mal podia acreditar que depois de seis anos eu voltaria ao meu país de origem, seria mais legal se eu tivesse uma família para visitar... mas nem isso eu tinha né, então vamos nos conformar.

Os dias passaram rápido e lá estávamos nós no aeroporto indo em direção ao Brasil... quem diria.


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