Contact escrita por Zchan


Capítulo 7
Que droga é essa?




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Ele simplesmente saiu correndo do nada.

Eu queria saber do quê ele tinha se lembrado. Assim que deduzimos que ele era filho de Tânatos, Leon fez uma expressão agoniada. "Me... Me lembrei" ele disse, e depois fugiu.

Não sei porque eu devia me preocupar, afinal, acabamos de nos conhecer. Mas... Não vá simplesmente indo embora assim! Corri atrás dele, mas enquanto eu tinha que desviar de árvores e outras coisas, ele simplesmente passava reto através de tudo.

Logo que o perdi de vista, parei e respirei fundo. Alguma coisa estava errada. O que quer que ele tenha lembrado, não foi algo bom. Pelo contrário, foi algo muito, muito ruim. Ruim o bastante para que ele saísse correndo sem dar explicação nenhuma. Nem mesmo me disse que queria ficar sozinho ou algo assim!

E por que eu estou mais incomodado com o fato de ele não ter me dito nada antes de fugir do que de ele ter se lembrado de algo ruim? Que saco!

Entrei na floresta, parecia fazer sentido ele se esconder lá. A área dos chalés estava um caos, provavelmente por causa daqueles filhos de Afrodite idiotas.

Acabei me encontrando com Mike sem querer. Agora que paro para pensar, aquela garota estava com ele, com uma cara de brava... Ah, fala sério. Não acredito que vão colocar a culpa nele. Porém, na hora eu estava tão perturbado que simplesmente perguntei se ele tinha visto o Leon, sem pensar.

Mike provavelmente concluiu que eu falava do fantasma, porque levantou uma sobrancelha e perguntou se foi piada. Droga! Droga! Seria tão mais fácil se os outros pudessem vê-lo!

Foi o que eu reclamei mentalmente, virando as costas para os dois e entrando na floresta. Seria mais fácil se os outros pudessem vê-lo... O quê diabos seria mais fácil? E por que quando imagino Leon conversando com as outras pessoas me sinto meio que irritado?

Por que isso, por que aquilo? Minha cabeça estava e ainda está cheia de perguntas malucas, e não consigo sequer imaginar uma resposta para elas. 

Aaah! Não importa! Já fazem três horas que estou procurando e nada! O que eu vou fazer se ele tiver ido embora? Eu não... Eu não quero nem imaginar isso. Não entendo... Me sinto mal só de pensar...

Calma, Nicholas. Se concentre. Você não vai chegar a lugar nenhum se exaltando desse jeito.

Daqui a poucos minutos já é a hora do jantar. Se eu não achá-lo antes disso... Não acho que vou conseguir depois.

-- Leon... Cadê você, caramba..? - murmurei, sozinho perto da praia.

-- Me desculpe - uma voz atrás de mim disse. Eu me virei, e lá estava ele. Mas ele estava estranho. De algum jeito. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto parecia meio úmido. Ele não olhava para mim diretamente, estava encarando os pés, triste.

Eu queria consolá-lo.

Ei. No que eu estou pensando?

-- Leon... Seu... Não saia correndo assim do nada! Sabia que é difícil encontrar um fantasma nesse lugar? - repreendi, esperando não estar sendo rude demais.

-- Desculpe - ele disse novamente. - Eu lembrei... De uma coisa... Que devia ter esquecido...

-- O que você quer dizer com isso? É uma lembrança que você tentou esquecer quando era vivo?

Leon confirmou com um aceno de cabeça.

-- Eu... Sou mesmo... Filho de Tânatos... Eu... Eu... - lágrimas escorriam de seus olhos. Ele parecia tão, sei lá, indefeso. Isso mesmo, indefeso. E eu queria ajudar.

Que droga é essa que está acontecendo comigo?

-- Fale logo, ou vou me atrasar para o jantar. Você quer falar, não é?

-- Nicholas... Eu... Eu matei minha própria mãe. - ele disse, e caiu de joelhos no chão, chorando ainda mais.

-- Não diga isso! Aposto que foi... um acidente. Com um monstro, não é? I-isso acontece muito. Não... Não deve ter sido sua culpa... - eu disse, mas minha voz falhava.

-- Não foi assim... Eu a matei, de verdade. Eu não fui só o culpado... Eu fui... Eu... Eu fui o executor...

Meus olhos se arregalaram. Era verdade, isso? Não acredito. Não posso acreditar.

Eu não estava bravo com ele. Não estava com medo ou nojo dele.

Eu só não conseguia acreditar que a vida dele tinha realmente sido tão triste.

-- Alguém... Que matou a própria mãe... Ha... Eu devia ser alguém horrível, não é..? Eu merecia desaparecer... Ha, ha, ha...

-- Pare de rir! - gritei, exasperado.

-- Eu sou... Um mal... - os olhos dele pareciam vazios, tão diferentes de mais cedo.

-- Cale a boca. Não. Você a matou? E por acaso você a matou de propósito?!

Leon segurou a cabeça com as mãos.

-- Não... Eu... Não quis matá-la... Eu a amava, era minha mãe, afinal... Mas isso... Não muda o fato de que eu a matei... Eu me descontrolei...

-- Cale a boca! Não seja idiota! Se você não quis matá-la, se a morte dela foi um acidente, por que você teria de ser uma pessoa ruim? Leon! Eu aposto... Eu aposto que ela jamais te culpou por isso!

Ele levantou a cabeça e me olhou, incrédulo.

-- Você devia... Ir embora... Me mandar sumir... Eu sou... Uma pessoa horrível...

-- E por quê? Por que eu faria isso? E se você tiver sido mesmo uma pessoa horrível quando estava vivo? E daí? Qual o problema? Agora você não é mais, é? Me escute!

-- Não... E se eu lembrar de tudo? Eu perdi a vontade de lembrar... Eu não me importava... Mas agora estou... Eu estou com medo... Eu não quero saber mais nada! Eu só quero sumir!

-- Pare de ter uma crise existencial por causa disso! Você já é velho demais para isso!

-- Pare com isso! Pare de agir como se você se importasse comigo! Está me deixando pior!

Não consegui responder nada. Como assim, está dizendo que não me importo com você? Eu... Me importo, sim. Muito. Mais do que me parecia ser normal, mais do que seria plausível. Eu não estava suportando aquilo. Não consigo entender.

Quando Leon disse isso, foi como se alguém tivesse atravessado meu corpo com uma lâmina.

Que droga é essa? Eu não aguento mais!

-- Pare você, Leon! Nós não éramos amigos? - foi tudo que conseguir dizer.

-- Amigos... - ele abaixou a cabeça novamente. - Você me considera um amigo agora?

-- É claro que sim! Agora se levante! Já passou, não foi? Faz muito tempo que isso aconteceu! Se acalme. Você já deve ter superado isso uma vez. Vai conseguir de novo.

Ele abraçou os joelhos, voltando a chorar. Andei e me sentei do lado dele.

-- Ei... Não sou bom em consolar as pessoas. Mas entenda, eu quero te ajudar. Não vou simplesmente deixar você aí, nesse estado.

-- Nicholas... Eu... Sinto muito. Só que... Algo me diz... Que não deveria... Ficar tão próximo das pessoas...

-- Eu também tenho isso. Vamos. Levante o rosto. Isso já está me incomodando.

-- Desculpe.

-- Pare de se desculpar.

-- Desculpe!

Revirei os olhos.

-- Cara, eu te daria um tapa agora. Sorte sua que é um fantasma.

-- Eu... - Leon foi interrompido pelo som de uma trompa, ao longe. Não era a hora do jantar ainda. O que será que estava acontecendo?

-- É melhor nós irmos. Não quero virar comida de harpia. - eu disse, me levantando. Não era hora de continuar aquela conversa. Eu não entendo o que está acontecendo comigo mesmo, nunca conseguiria ajudar ele. Também não poderia entendê-lo.

Voltamos em direçãos aos chalés. Havia fumaça se erguendo, e não parecia ser da fogueira. A coisa tinha sido tão feia assim?

Eu tenho um péssimo pressentimento sobre o que vai acontecer agora.


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Notas finais do capítulo

Ok, galera. É o seguinte: Eu vou fazer alguns desenhos dos personagens, e queria pedir que vocês escolhessem uma cena de algum desses capítulos que passaram. Vou fazer isso de três em três capítulos, que tal? Me ajudem com a ideia? Vão me deixar no vácuo?
De qualquer maneira, espero seu review **olhar ameaçador** e aguardem mais coisas que vêm por aí...



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