Contact escrita por Zchan


Capítulo 6
Confusão infernal




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A parte mais chata foi que no começo ninguém acreditou em mim.

Deixei Annie e seus acessos de raiva para tras, e fui falar com uns caras do chalé de Hermes. Eles simplesmente diziam que era zoeira, que era impossível um fantasma ter entrado no Acampamento.

Até que veio uma galera do chalé de Afrodite correndo e berrando que tinha um fantasma por ali.

Levantei uma sobrancelha, olhando para o garoto com quem falava. Ele ficou simplesmente mudo, olhando os campistas se descabelarem.

-- Mike. Onde você ficou sabendo disso? - me perguntou, ainda incrédulo.

-- Quíron veio falar com Nicholas, e eu estava junto. Ele, tipo, simplesmente foi lá e perguntou se tinha visto um fantasma por aí. Niko disse que ele estava ali atrás, dando oi. Eu achei que se espalhasse o boato ia dar uma bela confusão, mas... Agora já era. Não precisam mais da minha ajuda.

Agora, o chalé inteiro de Afrodite estava correndo e berrando. Alguns campistas de outros chalés acompanhavam. Alguém de Hipnos apareceu reclamando que não estava conseguino dormir. Estava tudo virando um caos.

Eu adoro quando isso acontece.

E não estou sendo irônico.

-- MIKE! O QUE VOCÊ APRONTOU, SEU MALDITO? - um dos meus irmãos gritou do meio da muvuca.

-- DESSA VEZ NÃO FUI EU! QUASE, MAS NÃO FOI! - gritei de volta. Ouvi alguém dando uma risadinha descrente.

-- CALEM A BOCA! EU NÃO CONSIGO DORMIR! - o campista de Hipnos berrou.

-- SAIAM DAQUI, OTÁRIOS! EU TO TENTANDO IR PRA ARENA - urrou algum filho de Ares.

-- OPA! FESTA! - um filho de Dionisio entrou na briga.

-- FANTASMA! SOCORRO! SOCORRO! - o chalé de Afrodite continuava chorando de medo.

-- AI! ALGUÉM ME DEU UMA COTOVELADA!

-- DE QUEM É ESSE TÊNIS?

-- CADÊ O MEU DINHEIRO?

-- OBA! SURUBA! - um filho de Apolo tirou a camiseta e começou a dançar.

Ok. As coisas ficaram um pouco mais confusas do que eu esperava.

-- CALEM A BOCA OU EU VOU CHAMAR O QUÍRON! - um filho de Atena ameaçou.

-- PERA, DE ONDE TIRARAM ESSES BALDES DE TINTA?

-- AAAAH! MEU CABELO!

-- PAROU A PALHAÇADA! EU QUERO MINHA BOLSA DE VOLTA!

-- NÃÃO! MEU CELULAR!

-- ALGUÉM ESVAZIOU MEUS BOLSOS!

-- DÁ LICENÇA, EU PRECISO MATAR AQUELE BABACA ALI!

Olhei para o lado, mas o filho de Hermes com quem eu estava falando já tinha ido aproveitar a oportunidade. O chalé de Poseidon estava voltando correndo da aula de canoagem, com uma figura raivosa atrás deles segurando uma lança. Tenho uma boa ideia de quem seja.

-- FUJAM PARA AS COLINAS!

-- VOCÊS ESTÃO FAZENDO TANTA ZONA QUE O CHALÉ TODO DE HIPNOS JÁ ACORDOU! PAREM COM ISSO!

-- O QUE VOCÊ ESTÁ INSINUANDO? VAI ENCARAR?

-- CHEGA DE BAGUNÇA! - pode-se ouvir a voz de Quíron tentando acalmar os nervos de todos. Parecia ser meio impossível. Na minha opinião, se ele não sair logo dali, será um centauro colorido.

Alguém me puxou pelo colarinho da camisa.

-- MIKE, FIQUE SABENDO QUE VOCÊ RECEBERÁ A RESPONSABILIDADE POR EU NÃO TER CONSEGUIDO SURRAR OS PEIXINHOS BABACAS! - a pessoa que me arrastava gritou.

-- A-Annie?

-- NÃO, É HERA. CLARO QUE SOU EU, SEU BURRO!

-- Desculpe. Não fui eu que criei essa zona! Não me mate!

-- Acredito! Você vai se arrepender de ter nascido agora!

-- SOCORRO! TEM UMA PSICOPATA ME ARRASTANDO PRA FLORESTA! - berrei em direção a bagunça.

-- BEM FEITO!

-- DEVOLVAM MINHAS CALÇAS!

-- QUE DROGA É ESSA QUE GRUDARAM NO MEU PÉ?

-- MINHA CHAPINHA!

-- ACALMEM-SE!

-- QUEM É O PRÓXIMO QUE VAI LEVAR UMA SURRA?

-- Eu... - murmurei, Annie ainda me arrastando pra floresta.

-- Mike? - uma voz chamou, do meio das árvores.

-- Niko? - perguntei.

-- Você viu o Leon em algum lugar?

-- Foi piada? Hahaha.

-- Ah. É verdade.

-- Vamos, eu tenho que te matar antes da hora do jantar. - Annie apertou o passo. Nicholas fez uma expressão de quem estava se divertindo e voltou a procurar o fantasma perdido.

É super legal quando até o seu melhor amigo te dá as costas quando você está prestes a morrer.

-- Err... Eu posso pelo menos andar? - pedi.

Annelise puxou a camisa com mais força, apertando minha garganta.

-- Argh! Você tá me sufocando!

-- Essa é a ideia. - ela resmungou, mas me largou no chão. Me levantei, massageando o pescoço. - Você é louco?

-- Não fui eu que fiz essa zona. O cara deve ter feito sozinho.

Ela revirou os olhos. Ainda não parecia convencida da existência do fantasma.

-- Se você fez ou não, vai levar a responsabilidade do mesmo jeito. Ninguém vai acreditar se você negar, e vão até dizer que inventou esse papo de fantasma só pra estourar a confusão.

-- Você não ia me matar?

-- Estou pensando no caso.

-- Sabe... Você me assusta ainda mais quando está sendo legal.

Annie deu um sorrisinho sádico.

-- Que bom. Mas acho que no final não vou te matar, não. Já é divertido o suficiente ver a sua cara de paisagem enquanto a galera se mata lá fora.

-- Eu queria ir lá ver a galera se matando, na verdade.

-- Eu sei. Por isso, você vai ficar aqui sentadinho até quando eu quiser.

-- Hum... - olhei para os lados, procurando uma rota de fuga. Se eu corresse para dentro da floresta, e depois saísse perto da praia...  Ela ia me matar. Se eu simplesmente voltasse para a cena de batalha... Primeiro, ela ia me torturar, e depois me matar. Além disso, eu sou mais lerdo do que ela. Preciso de um plano melhor.

Se eu deixar ela parada por uns dois minutos e entrar pela floresta, talvez ela não consiga me perseguir. Mas como eu vou fazer isso?

Annie assobiava uma musiquinha irritante, pra me provocar.

Ok. Já sei. Isso é arriscado, mas talvez dê certo.

-- Annie... - chamei.

-- Que é? - ela se virou para mim, com cara de assassina.

Puxei-a de repente num abraço.

-- M-MIKE? - Annie gaguejou. Minha deixa!

Levantei e saí correndo para dentro da floresta. Ela continuou lá, com cara de nada, sem entender o que acontecia.

Cara. Quando ela me encontrar, vai me deixar preso em algum lugar por uma semana ou mais.

Mas não importa. Eu tinha que dar um jeito naquela confusão, ou ia ser linchado na hora do jantar.

Só espero que ninguém tenha morrido.


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