- Justin Bieber, o que você está fazendo comigo? – perguntei olhando meu reflexo no espelho e me odiando por tudo que falei e pensei desde que acordei.

ALICE, VOCÊ NÃO ESTÁ GOSTANDO DELE! – lembrei-me em pensamentos, só que mais me pareceu um alerta.

Sai do banheiro cabisbaixa, Justin tinha separado uma roupa de frio, ainda bem, pois de fato o quarto estava bem gelado. Ainda estava inconformada com minhas atitudes perante o Justin. Não queria vê-lo pior do que já estava e ainda mais por culpa da minha falta de noção. Ele estava ali, sentado na poltrona ao lado de minha cama vendo TV, teria sido mais silenciosa para não atrapalhar o que fosse que ele estivesse assistindo, mas as muletas não permitiram, elas batiam no chão e faziam um barulhinho irritante. Ele me viu ali, mas logo voltou sua atenção ao que fazia antes. Fui até minha mala, que ficava num armário perto da porta e coloquei minhas roupas sujas ali. Precisava falar com Justin, saber o que estava acontecendo. Respirei fundo uma, duas, três vezes e depois tomei toda coragem do mundo para poder encará-lo. Fechei a porta do armário e ele estava ali. Nos encaramos por longos segundos, até que decidi quebrar o silêncio.

- Me desculpa! – dissemos em coro.

- Pode falar. – ele disse com um sorriso fraco nos lábios.

- Ok. – respirei fundo. Como iria dizer á ele que estava me desculpando por ser descarada e depois deixá-lo se sentindo pior do que ele estava? Não poderia me rebaixar, disso eu estava certa, e nem deixar com que ele desconfiasse que eu sentia algo por ele. Pois como Marta disse, mesmo eu não acreditando e muito menos aceitando, está na cara que eu estou apaixonada. – Justin, eu... – Merda, já comecei a gaguejar. Só espero que meu nervosismo não transpareça na minha voz. – Não sei bem o porquê, mas sinto que você ficou meio triste depois de tudo o que eu disse, e sei que isso não é certo depois de tudo o que você fez por mim. Mas peço desculpas principalmente por praticamente me atirar em você, mesmo sabendo que você tem namorada e deve amá-la, mesmo já tendo abrindo mão de muita coisa e parte, de ficar com ela, por minha causa. Mas é que eu estava me sentindo um lixo, achei que você não quisesse me olhar àquela hora no banheiro para não ter que ter a visão do inferno, pois provavelmente você já viu, mas não sou muito atraente, mas meus... Hm. Machucados? Bom, eles não me favoreceram muito... Desculpa! Você deve estar me achando uma oferecida, idiota, e patética, mas tudo bem, pois estou achando que estou bem próxima á isso nesse momento. – desabafei. Estranho, mas depois que comecei, não consegui mais parar, era como se as palavras tivessem vontade própria. Saiam de minha boca tão naturalmente... Olhei para minhas mãos assim que terminei, e quando olhei para Justin ele tinha a expressão INDECIFRÁVEL.

 POV ALICE OF

POV JUSTIN ON

Alice acha que ainda namoro a Selena? Ela estava brava comigo porque ela achava que EU não gostava dela? Como assim? Achei que fosse o contrário. Achei que já tinha dado muito na cara que eu estava apaixonado e que ela não gostasse disso, ou que ela tivesse descoberto e ficado brava porque beijei Jullie, ou... Não essa não pode ser. Será que alguém disse que a culpa do acidente foi minha e por isso ela não quer mais nem olhar na minha cara? Mas se fosse isso, por que ela fez aquilo no banheiro comigo? Ela queria que eu visse o que estava perdendo quando cometi todos aqueles erros? Pois confesso que fiquei meio tonto quando a vi apenas de toalha. Vê-la de lingerie já era torturante, mas vê-la só de toalha... Sabe o que tinha por baixo daquelas toalhas? Isso mesmo! Nada, além do corpo mais divino do universo, e eu sou homem, se ficasse mais algum segundo ali eu era capaz de fazer alguma burrada. Me segurei para não beijá-la, e olha que eu quase o fiz, ela era irresistível, e... NÃO JUSTIN! Você não pode pensar nela assim, independente de ser homem, você tem que respeitá-la acima de tudo. Já não bastam as burradas que você fez com a garota?  

Eu a olhava perplexo, não conseguia dizer uma só palavra. Já ela me olhava apavorada, curiosa, não soube ao certo decifrá-la, mas me parecia que mil sensações passavam por seu corpo só pelo seu olhar. Deixei escapar um risinho, ainda não estava acreditando que ela achava que eu não a queria... Ela me olhou confusa e irritada ao mesmo tempo. Ok. Acho que não foi muito legal eu rir depois que a garota praticamente desabafou...

- Justin... – ela ia começar a dizer algo, me xingar, retirar o que disse, acrescentar algo, sinceramente não sei qual seriam suas próprias palavras, essa garota de fato estava me surpreendendo, mas antes de qualquer coisa eu precisava fazer uma coisa, uma coisa que eu deveria ter feito desde que ela acordou. Aproximei-me dela, encurralando-a no entre o armário e a parede. Ela me olhou assustada, mas dessa vez não tive como não sorrir, meus pensamentos não eram os melhores, eles eram sujos e cheios de malicia. Quando ela já não tinha mais como fugir, levei uma de minhas mãos até sua nuca enquanto a outra ia diretamente para sua cintura. A puxei para mim e selei nossos lábios. Não queria que desse tempo nem dela pensar, não queria o risco de ser rejeitado antes de tentar. Seus lábios carnudos eram macios, assim como sua pele, que no momento estava arrepiada. No inicio pude senti-la paralisar, mas quando passei minha língua entre seus lábios pedindo passagem ela logo cedeu e relaxou. Não pensei duas vezes, apertei ainda mais sua cintura, fazendo-a arfar. Ela já tinha sua mão em minha nuca, desgrenhando meu cabelo enquanto a outra acariciava minhas costas. Havia largado as muletas, portanto eu sustentava seu corpo. O beijo era quente, cheio de desejo, não só da minha parte, como da dela também. Sorri ao pensar nisso. Nossas línguas travavam uma batalha sensual, mas eu queria mesmo era explorar cada canto de sua boca. Um dia aqueles lábios seriam só meus e de mais ninguém. Escutei um barulho, mas não me importei, continuei a beijar a garota em meus braços, talvez estivesse com medo de não poder tocá-los novamente ou foi apenas a vontade de aproveitar mais o momento e até intensificar um pouco mais, mas Alice estremeceu e segundos depois escutamos uma voz feminina um pouco estridente.

- Alice, está na hora de seus... – era a enfermeira, Marta se não me engano. Ela corou assim que viu que nos interrompeu. – Desculpe, e-eu... Ah, depois eu volto para dar o remédio de Alice. – ela disse me olhando sentida. Também, não era para menos, eu deveria estar soltando fogo pelas narinas. Bem quando eu consigo algo com Alice um ser humano filha da puta me atrapalha. Não respondi, apenas virei meu olhar para Alice quando a porta se fechou. Ela mantinha seus olhos focados nos pés. Puxei seu queixo para cima com meu polegar para que ela pudesse me olhar. Nossos olhos se encontraram rapidamente, pois depois Alice os desviou.

- Onde estávamos? – perguntei malicioso. Ela me fitou, mas não soube dizer o que ela expressava no momento.

- Você estava pegando minhas muletas para eu poder ir para minha cama e descansar. – ela disse seca. Fiquei sem entender por algum tempo, apenas fitando-a. Até agora estava tudo bem, porque ela mudou de humor tão de repente? Merda! Eu ainda mato Marta. Ela conseguiu estragar tudo. Ou eu que fiz algo errado? Merda! Porque essa menina me deixa assim, desconcertado? Quando caiu a ficha de que nada mais ia rolar entre a gente, não naquele momento, abaixei pegando as muletas e entreguei á ela dando espaço para que ela pudesse sair dali depois.

Ela caminhou até sua cama, se arrumou ali e chamou Marta que veio logo.

Elas cochichavam algo, mas eu não estava muito interessado, eu apenas conseguia passar e repassar aquele beijo em minha mente. O beijo que eu não vou esquecer. Ele me fez simplesmente ter mais esperanças sobre Alice. Agora eu sabia que bem no fundo, ela podia sentir algo por mim também, até podia não ser da mesma grandeza do meu, mas já era alguma coisa...

- Ok. Depois você me conta tudo. – escutei Marta cochichar para Alice antes de sair.

Não sabia o que faria a seguir, mas eu tinha de fazer algo. Levantei lentamente, não queria fazer muito barulho. Alice olhava para um ponto fixo no teto, e eu daria tudo para saber o que ela estava pensando no momento, o que ela pensava sobre o beijo, sobre mim...

- Alice... – chamei-a. Ela me encarou e depois voltou a fitar o teto. Me aproximei mais da cama e ela virou seu corpo na direção oposta.

- Boa noite Justin! – ela disse ríspida e depois fechou os olhos.

- Boa noite Alice... – sussurrei dando-lhe um beijo no topo da testa. Voltei para o sofá cama, que ultimamente têm sido uma benção para mim, pois a poltrona que tinha aqui antes era quase impossível de dormir e tentei arrumar uma posição boa para ficar... Alice queria dormir, e eu não iria insistir em nada, nem tocaria no assunto se ela não quisesse, só queria ter uma chance, mais uma chance de poder dizer tudo o que sinto por ela, e saber se ela sente o mesmo por mim...