Dezembro de 2014

No noticiário, Superman aparece salvando pessoas de um prédio em incêndio. Tão logo todas as pessoas estão salvas, de forma impressionante, ele apaga o incêndio apenas com seu sopro. A cena corta para o Chefe dos Bombeiros apertando a mão do herói.

Uma pequena escultura voa pela escritório, atingindo a gigantesca TV, estilhaçando sua tela em inúmeros cacos.

A cinco metros de distância do agora destruído aparelho, encontra-se um furioso bilionário. Nevel Papperman, com uma veia saltada na testa, soca violentamente sua luxuosa mesa.

“Maldição!!! Quem é esse Superman?!?”

Interrompendo seu rompante de fúria, o interfone toca.

“O que é?”

“Sr. Papperman, as três últimas contratações da NevelCorp já estão aqui para serem recebidas pelo senhor.”

“O quê? Quem?”

“O Dr. Bruce Banner, especialista em genética, Dr. Anthony Stark, engenheiro mecânico, e Dra. Lara Croft, arqueóloga, lembra-se? Os três são os melhores nessas áreas, trabalhamos muito para contratá-los.”

“Oh, sim, sim, me lembrei. Eu não estou com humor para recebê-los, peça para nossa vice-presidente, a Valerie, cuidar disso. Ah, e chame à minha sala a Srta. Chloe Sullivan, preciso conversar com ela.”

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Chloe, vestida com um tailleur cinza e sapatos pretos, caminha nervosa pelos corredores da NevelCorp; ela chega ao elevador e aperta de forma relutante o botão para chamá-lo. A loira respira fundo, pensa no pagamento e no ótimo emprego que tem no conglomerado.

Ela era assessora de imprensa pessoal de Nevel Papperman, e sabia que seu chefe não estava nada feliz nos últimos tempos, em especial por causa do fiasco do lançamento do ônibus espacial e pelo repentino surgimento do super-herói Superman, que havia roubado espaço na mídia do garoto-sensação Nevel Papperman.

O elevador chega e Chloe suspira. Por mais que ela não gostasse, era o trabalho dela.

Alguns minutos depois, ela é anunciada pelo interfone e sua entrada na sala do poderoso presidente da companhia é autorizada. Ela entra e vê Nevel olhando para a cidade através da vidraça de seu escritório. Ele está com as mãos para trás.

“Srta. Sullivan. Perspicaz do jeito que é, imagino que já saiba por que a chamei aqui, estou correto?”

“Sim, Nevel.”

“Então,”, Nevel se vira para ela com uma feição de raiva, “o que você me diz sobre esse maldito Superman tomando mais espaço na mídia do que eu?!?”

“Bem, Nevel... ele é jovem, bonito, consegue erguer um ônibus, salva pessoas... o que mais você esperava? Além do mais, nossa imagem ficou desgastada depois do incidente do ônibus espacial. Temos uma conclusão sobre o que aconteceu?”

“Parece que ontem o engenheiro-chefe finalmente conseguiu achar uma resposta. Incompetente. Contratei aquele gênio da engenharia, Tony Stark, para substituí-lo.”

“Então... a melhor alternativa é convocar uma coletiva para ele explicar o ocorrido. Nessas horas, honestidade é a melhor alternativa.”

“Não, eu mesmo vou explicar.”

Chloe ergue uma sobrancelha e olha descrente para seu chefe.

“Nevel, é uma decisão sábia? Vão acabar com você.”

Ele se senta em sua cadeira, pega uma xícara que continha chá, toma um gole e responde.

“Caríssima Chloe, eu ergui este império praticamente sozinho em menos de 10 anos. Sou perfeitamente capaz de lidar com alguns repórteres.”

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Diversos repórteres, de TVs, jornais, portais da internet e outras mídias se acotovelam no concorrido pátio onde normalmente são realizadas as coletivas ligadas à megacorporação NevelCorp. Chloe Sullivan espera pacientemente todos se arrumarem.

“Senhores, dentro de instantes nosso Diretor-Presidente, Sr. Nevel Alexander Papperman, virá a público para os esclarecimentos concernentes ao incidente acontecido há dois meses.”

Alguns minutos se passam e Nevel, trajando um elegante terno negro, surge de uma porta localizada atrás do palanque montado no pátio de uma das indústrias da NevelCorp, escoltado por duas seguranças extremamente sexies e com caras soturnas. O rapaz sobe no palanque, ajusta o microfone para sua altura (ele era mais baixo do que Chloe), limpa a garganta tossindo discretamente, arruma uns papéis à sua frente e começa a falar.

“Amigos, é com satisfação que informo termos esclarecido o incidente com nosso lançamento conjunto com a Nasa. Houve uma inesperada falha no comando eletrônico, fazendo com que as manoplas deixassem de funcionar temporariamente. Há de se salientar que tal falha seria contornada, e que em nenhum momento os passageiros e a tripulação correram real risco de morte.”

Ele passa para a página seguinte.

“A bem da verdade, temos de esclarecer que foi a intromissão do chamado 'herói' Superman que pôs as vidas de todos em perigo, pois, com sua chamada 'visão de calor', ele, acredito que acidentalmente, acabou por destruir componentes importantíssimos do avião, impossibilitando-o de voltar à operação.”

Indignada, Carly, que está ao lado de Jimmy, levanta a mão e pede a palavra.

“Você está dizendo então que foi o Superman quem derrubou o avião?”

“Talvez não intencionalmente, mas...”

Neste momento, descendo do céu, surge a figura imponente do Superman, que pousa ao lado do palanque. Como sempre, sua aparição causa espanto geral aos presentes, que, boquiabertos, presenciam o herói subir no palanque.

“Ora, vejam quem está aqui! A nova sensação de Seattle, o Superman! Como presidente da NevelCorp, gostaria de lhe agradecer por ter salvado as vidas dos presentes no voo experimental Nasa-NevelCorp, apesar das ressalvas feitas há pouco.”

Ele estende a mão ao herói, que simplesmente o ignora, rumando ao microfone.

“Olá amigos, apenas pra esclarecer, eu sinceramente não acredito que minha intervenção tenha causado a queda do Boeing. Na verdade, os propulsores do ônibus espacial já haviam arruinado o estabilizador horizontal e consequentemente o leme de direção da nave, impossibilitando posterior navegação.”

Ele para de falar e dá alguns passos em direção a Nevel, ficando frente a frente com o empresário, que o encara sorrindo.

“Suas 'habilidades' poderiam ser muito úteis. Posso lhe pagar muito bem por elas.”

Superman o encara friamente.

“Eu vi a qualidade deplorável dos equipamentos empregados na nave, Papperman. Corte de custos, não? Pena que não tenho como provar isso, nem como provar as outras mutretas que dizem haver contra você por aí. Mas saiba que eu vou ficar de olho em você, 'garoto sensação'.”

As pupilas de Superman ficam em um tom avermelhado, fazendo Nevel gelar por dentro.

Ignorando diversos chamados vindos dos repórteres, o herói alça voo e some da vista de todos.

Nevel, vermelho como um tomate, fala com Chloe, que vai ao microfone, enquanto o empresário se retira.

“Bem, amigos, com isso, encerramos a coletiva.”

Nevel, tremendo de nervosismo, vai até seu escritório particular, um dos vários que ele possui em cada ponto onde há um braço da NevelCorp. Ele pede privacidade à secretária, o que significa que ninguém pode vê-lo ou tentar contato com ele.

O rapaz, baixo e um pouco gordo, abre um compartimento na parede do escritório, que se revela um pequeno frigobar, ao lado de outro espaço contendo alguns pacotes e vidros. Do frigobar, ele apanha uma garrafa de suco natural de beterraba orgânica, e do espaço, retira um vidro de picles azedo importado.

Enquanto degusta suas guloseimas, ele pensa em como já odeia o Superman, tentando imaginar como ele tinha aqueles poderes extraordinários. Talvez um experimento de laboratório? Ele já tinha ouvido falar de algumas pessoas que haviam ganhado poderes acidentalmente, mas nenhuma tinha sobrevivido por muito tempo. Um alienígena? Outra possibilidade, seria tolice não acreditar em outros planetas com seres vivos neste universo, alguns talvez com tecnologia superior à terráquea.

Ele se lembra dos três profissionais contratados recentemente pela NevelCorp. Tony Stark, um jovem engenheiro, que havia surpreendido a todos inventando um exoesqueleto que aumentava a força de um ser humano em trinta vezes; Bruce Banner, um renomado geneticista, que havia conseguido clonar um rato quinhentas vezes mais forte do que o normal, utilizando radiação gama, e Lara Croft, uma jovem inglesa descobridora de artefatos raríssimos, com faro para supostas evidências alienígenas em nosso planeta.

Para os dois primeiros nomes, Nevel originalmente havia imaginado contratos com o Exército, sempre interessado em novas tecnologias militares. Para Lara, imaginava, além de aumentar sua já vasta coleção de itens raros, descobertas que pudessem mantê-lo sempre na mídia. Afinal, quem não estaria interessado em algum tesouro como a Arca da Aliança, ou o Tesouro Perdido de Montezuma?

Ele sorri. Tem novos planos para esses três. E o Superman lastimará pela ousadia de hoje.

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Carly Lane Shay relaxa em sua bela cobertura, contemplando a cidade à noite, vestida com sua camisola rosa, coberta com um robe de seda vermelho. Ela olha o céu estrelado pensando no novo super-herói da cidade, Superman. Em sua mão, uma cenoura crua coberta com chantily.

Ela olha para a estranha combinação e sorri, quando se lembra dos impropérios que Sam havia lhe dito sobre por que a morena gostava tanto disso.

Carly se vira em direção ao seu quarto, quando ouve batidas na porta de vidro que dá acesso ao seu terraço. Curiosa, ela olha para fora, e, para seu espanto, vislumbra a heróica figura nas cores azul e vermelho sorrindo para ela.

“Er... posso entrar? Incomodo?”

“Oh, Superman!!!”

“Hã... sim.”

“Entre, entre, por favor!”

O herói entra na sala da repórter, que só então percebe seus trajes.

“Oh, meu Deus! Por favor, me dá um instantinho só pra eu me trocar pra algo mais apresentável!”

“Claro, srta. Shay.”

Carly vai correndo até seu quarto, jogando em cima da cama diversas peças de roupa. Em princípio, ela pensa em algo sensual, mas logo desiste da ideia, pois lhe vem à cabeça aproveitar a oportunidade para entrevistá-lo, algo que o herói nunca fizera. Então, a morena decide por uma roupa sóbria. Uma rápida maquiagem e Carly está pronta para ver Superman.

“Desculpe! Demorei?”

“Não, absolutamente.”

“Então... antes de tudo, queria te agradecer por salvar a minha vida e a do Jimmy!”

“É um prazer.”

“Então... a que devo esta visita?”

“Eu... queria dar uma entrevista pra você. Já está na hora do povo me conhecer melhor, quais são as minhas intenções...”

Carly sorri. Isso era melhor do que ela imaginava, um furo desses elevaria seu nome às alturas.

“Nossa! Que demais! Eu tenho uma câmera aqui, se você não se importar...”

“Está perfeito para mim.”

A repórter arma um tripé e posiciona sua câmera de vídeo em alta definição voltada para o sofá. Em alguns minutos, ela começa a entrevistar o herói, que fala sobre suas origens, poderes, intenções. Obviamente, ele oculta que possui uma identidade secreta, que por acaso é o melhor amigo de Carly.

“Nossa, esse material vai ficar demais! Muito obrigada!”

Superman anda pela sala da repórter, observando a decoração; ele para na frente da estante e pega um porta-retratos com uma foto antiga, onde três adolescentes aparecem mostrando a língua. Eram Sam, Freddie e Carly.

“Amigos seus?”

“Sim, meus dois melhores amigos. Sam e Freddie.”

“Hm. Legal. Esse rapaz... namorado seu?”

“O Freddie? Imagina, apenas meu amigo, praticamente um irmão. Estou solteira.”

O herói não sabe se gostou ou não do que ela acabou de falar. Ele deixa o porta-retratos onde originalmente estava e se vira, em direção à sacada.

“Bem, eu preciso ir. Obrigado pela oportunidade, Carly.”

“Espera! Será que... eu poderia pedir uma coisa?”

“Quer voar comigo?”, ele responde simpaticamente.

“Você lê mentes?!?”

“Eh, eh, não... apenas sugeri algo que 87% das pessoas pediriam ao falar comigo. Claro, pode subir nos meus pés.”

Ela retira seus sapatos, abraça o herói pelo pescoço e sobe em seus pés. Superman delicadamente apanha a cintura da jovem e começa a flutuar, cada vez mais alto, até alcançar aproximadamente 600 metros de altura.

“OH!!!”

“Eu sei. Lindo, não?”

“É... é demais!!! Oh, meu Deus!”

Superman sorri e começa a descer, até chegar à sacada da repórter.

“A gente vai se ver de novo?”

“Claro, é só assobiar, Carly. Tchau.”

Freddie alça voo e some da vista da morena, que ainda fica alguns minutos contemplando o céu estrelado.