Capítulo 22 –

– tenho que ir – Jake avisou assim que avistamos o primeiro raio de luz rompendo o céu.

Abri o zíper da barraca e avistei as condições do tempo no lado de fora, os único resquício do temoral noturno era a camada de neve que cobria o topo das árvores e o chão de onde estavamos.

– a luta começara em pouco tempo. Tome cuidado Jake e não tente dar uma de heroi. – ele assentiu como quem quer nada e saiu floresta a dentro. – noite e tanto a nossa. – disse me aproximando de Edward.

– podemos dizer que ela não está na minha lista de noites favoritas meu maior passatempo de todos os séculos não inclui jogos com ora homens ora animais. – levantei uma sobrancelha.

– então você mantém uma lista de noites favoritas? – voltei a me aconchegar dentre suas pernas encostando a cabeça em seu peito enquanto ele passava os braços ao meu redor possessivamente.

– todas eu passei com você, mas em primeiro lugar está a em que você finalmente concordou em se casar comigo.

Abri um sorriso tímido para ele, me preparava para beijá-lo quando fui interrompida por um uivo que conhecia muito bem por ser o de Jake. Em milesimos de segundos meu humor mudou do vinho para água.

– você sabia que ele estava ouvindo – acusei Edward entredentes.

– encararei isso como uma vingança pela noite que tive. – olhei brava para Edward sem acreditar no que ele havia feito ou dito.

Sai da barraca num rompante atrás de Jake, tive sorte ao interceptá-lo não muito longe do acampamento assim todo nosso plano do dia anterior não fora jogado fora.

– Jake, volte para o acampamento agora

– não tenho que fazer o que você manda, você deveria pelo menos ter tido a condescencia de me contar ao invés de ficar jogando com meus sentimentos!

– o que?! Eu sempre deixei claro o que eu sentia por você Jake, nunca foi nenhum mistério. Só tenho culpa de me importar o suficientemente com você para não querer vê-lo machucado quer fisicamente ou sentimentalmente. Não iria te contar antes da luta pois não queria ter que me preocupar com você fazendo qualquer besteira. Agora voltemos para o acampamento não? Deixo você partir assim que seus animos voltarem ao lugar.

Andamos lado a lado na floresta e logo encontramos uma barraca vazia, por sorte Edward parecera entender o que eu queria no momento. Se os dois se encontrassem nesse instante não sei que estragos uma disputa traria. Seth no entanto, já se encontrava na orla das árvores, ele seria nosso telefone com os outros durante a batalha.

– vai mesmo se casar com aquele sanguessuga?!

– vamos mesmo entrar nessa discussão novamente? – perguntei relembrando da última conversa que tivemos sobre o assunto no final de semana que Alice me manteve em cárcere privado.

– não quero que me entenda mal como da última vez, mas realmente Bella, você tem certeza? Você foi programada para matá-lo! Não é como se você pudesse tem uma relação com zero preocupações ao lado dele. Quando você irá notar que eu sou sua melhor escolha? … me desculpe por isso.

Antes que eu pudesse ter qualquer reação, Jacob me pegou em guarda baixa e me beijou. Não foi como aqueles beijos de filmes como ele programava em sua mente e sim algo mais como ele beijando uma pedra uma vez que estava em estado de choque por sua atitude. E nem cheguei a retribuir antes que ele precisasse separa nossos lábios para que ele pudesse respirar.

– seu noivo abriu meus olhos ontem para o fato de eu nunca ter tentando isso, acho que estava guardando como último recurso, vejo que foste chegada a hora. – por mais que eu quisesse retribuir a tentativa com um soco bem dado no rosto desse cachorro não poderia, a menos que quisesse voltar a estaca zero em toda conversa de ‘não cometa nenhuma besteira’. E por mais que doesse em minha reputação interna tive que me despedir dele com um “tente não se machucar” seguido de um aceno.

Sentei na barraca derrotada com Seth me encarando curioso. Após a luta minha palma poderia ter uma conversa com o rosto de Jake.

Estava sentada na entrada da barraca com as pernas para fora observando o Seth e esperando o Edward chegar, o sol já havia derretido parte da neve que havia caído durante a noite. Seth assim como eu adoraria estar lá na clareira, mas os outros achavam que era perigoso demais para ele, assim como para mim, estávamos os dois presos no mesmo barco.

– hey vamos para a clareira? – perguntei esperançosa que o Jacob ou Sam tivessem esquecido de ordená-lo a não seguir nenhum pedido meu que envolvesse a clareira.

“não posso desobedecer as ordens do alfa” ele pensou fazendo uma careta.

A luta já havia começado, eles estavam indo até que bem, esqueceram suas inimizades para o combates, Emmett chegou a ajudar o Quil com um vampiro que vinha pelas suas costas enquanto ele matava outro… Mas outro lobo não teve a mesma sorte, ele tinha uma pelagem clara, embora eu não conseguisse vê-lo claramente – apenas conseguia vislumbres de sua figura –, ele parecia estar sozinho, deveria ter sido levado para uma emboscada, um vampiro o atacou por trás enquanto ele se preocupava com uma outra.

As imagens pararam por ai, mas foram suficientes para acabar com minha tranquilidade inicial, algum dos lobos estavam com problemas e eu precisava ajudá-lo, eles estavam ali por minha causa.

– ok, eu vou indo, peça desculpas ao Edward por mim, não fui capaz de cumprir a promessa. – disse sem nem mesmo olhar para ele uma última vez e parti em direção a clareira, rezando para que não fosse tarde de mais.

“cadê ela?” Edward perguntou preocupado após notar que não tinha ninguém ali “para a clareira?! ela está se superestimando isso sim!”ele disse e saiu correndo na mesma direção que eu, apertei meu passo, se ele por acaso conseguisse me alcançar ele me impediria de seguir meu caminho.

Em pouco tempo cheguei a clareira, tudo pareceu parar quando eu dei um passo para dentro dela, todos os vampiros recém criados que estavam ali pararam de lutar, pararam e olharam para mim. Os que estavam lutando morreram os que estavam procurando uma luta ficaram me encarando. Os Cullens perceberam a quietação momentânea e após a primeira inspirada perceberam o motivo, eu. Uma onda de rosnados vindo dos recém criados invadiu o ambiente, consegui ver na mente deles que eu era o prêmio de toda aquela luta, um prêmio que eles nunca iriam receber.

Eles todos avançaram ao mesmo tempo, os recém criados com a intenção de beberem meu sangue, os Cullens com a intenção de me protegerem e os lobos apenas porque queriam salvar alguns vampiros para eles mesmo matarem. Olhei para eles mais uma vez, o lobo da minha visão não estava ali, mas era tarde para ir procurá-lo tinha alguns problemas mais urgentes como, por exemplo, os dez vampiros que estavam vindo em minha direção.

Como os recém criados estavam preocupados uns com os outros, pela concorrência do meu sangue os Cullens conseguiram chegar a mim primeiro, os lobos nem se preocuparam com isso e atacaram os vampiros no caminho. Os Cullens postaram-se em minha frente para evitar que qualquer vampiro chegasse até mim. Jasper havia se enganado, o fato de eu estar ali não os ajudaram tornando os recém criados mais distraídos, e sim os deixaram mais espertos, eles estavam em uma posição que fariam qualquer coisa pelo meu sangue.

Alice era a que estava mais perto de mim, depois Esme e Carlisle e por mais distante estava Jasper, ele parecia meio incomodado com o fato de Alice estar longe dele, mas não se distraiu de sua luta por isso. Um recém criado baixinho já havia passado por todos os Cullens, nenhum deles havia tentando detê-lo, faltava apenas Alice de ‘barreira’ para ele chegar até mim, mas nem Alice pareceu notá-lo, isso não me preocuparia se ele não estivesse pronto para atacá-la. Jasper virou a cabeça para Alice mais uma vez e pareceu perceber o vampiro baixinho, ele jogou o recém criado com quem estava lutando para longe e pensou em correr até ela.

“deixe comigo” disse em sua mente. Ele pareceu considerar o que eu havia dito em sua mente e acabou decidindo que isso seria o mais sensato, o recém criado que ele havia jogado longe já havia se recuperado e corria em sua direção. Alice viu o que eu ia fazer e pela visão que ela teve comigo, conseguiu localizar o vampiro a ponto de olhar para direção de onde ele vinha, mas era tarde. O vampiro conseguiu atingi-la e jogá-la para longe. Coloquei-me entre Alice e o vampiro que para todos não existia com objetivo de defendê-la, como uma leoa que espera o melhor momento para atacar sua vítima em defesa dos filhos, poderia apostar que minhas expressões também não estavam mais simpáticas do que isso.

O vampiro avançou a minha direção, ele fazia movimentos rápidos com a mandíbula mordendo o ar, precisava tomar cuidado com isso, ele morderia qualquer parte do meu corpo que chegasse a uma distância razoável de sua boca. Taquei ele ao chão empurrando seu peito, ele conseguiu soltar os braços quando eu virei-me para certificar-se de que a Alice estava bem, e pegou o meu braço levando-o para trás, em minhas costas, não poderia fazer qualquer movimento brusco se não quisesse perder o braço – esqueceram de me dar o poder de regeneração de partes quando mudaram meu DNA. Ele se aproveitou de minha imobilidade para levar finalmente seus lábios ao meu pulso.

Ele foi o que conseguiu o prêmio afinal.

– isso arde seu desgraçado! – a cena parou novamente, mas dessa vez foi por parte dos Cullens, eles acabaram rapidamente com o vampiro que lutavam e vieram em meu socorro, não que eu precisasse de um, mas…

Emmett encarregou-se de acabar com o vampiro que eu havia imobilizado após ele se distrair com o sabor do meu sangue a ponto de desativar seu poder. A vingança seria doce, isso se ele já não tivesse com muito queimando sua garganta. Abri um sorriso maléfico.

– Bella você está bem? – Esme perguntou ao meu lado. – meu deus Bella, calma, nós vamos dar um jeito nisso. – ela apertou meu braço um pouco acima da mordida – Carlisle. – ela chamou-o e deixou ele pegar seu lugar ao meu lado.

Tudo a minha volta continuava em câmera lenta, como num filme mostrando o desastre que está por acontecer com a personagem principal. Perguntei-me o que eu havia deixado passar, para que as coisas chegassem a esse ponto.

– onde está o Edward? – Carlisle perguntou continuando a fazer o torniquete em meu braço com a própria mão. Estava parecendo um cachorro que é afastado de um suculento pedaço de carne, minha vontade de ter aquele veneno espalhado para o resto do corpo era imensa, mas a mão de Carlisle impedia isso quase por completo.

– atrás de você Carlisle – avisei-o – Carlisle – disse fingindo dor – meu braço – olhei para ele numa tentativa fracassada de fazê-lo soltar de meu braço.

– vou fazer a dor passar – Edward disse se debruçando-se em cima de mim.

E então tudo voltou a velocidade normal.

Conseguir ver apenas um borrão tirando Edward de cima de mim. Mas não estava realmente prestando atenção, pois imagens haviam invadido a minha cabeça.

O lobo de antes apareceu novamente com sua face retorcida em dor, um vampiro que eu desconhecia havia mordido-o, enquanto Victoria olhava ao redor, me procurando. De repente as imagens mudam, não tendo nenhuma conexão com as anteriores, aqui na clareira, um vampiro salta das árvores.

– Leah não faça isso! – gritei tentando impedi-la mas fora tarde de mais.

Leah atacou o vampiro que sobrará, este mirava Emmett que estava distraido na beira da floresta. Jake percebeu a burrada que ela estava por se meter e foi ajudá-la. Infelizmente ele não foi rápido o suficiente para salvá-la e ao mesmo tempo se salvar.

Livrei-me sem dificuldades do aperto de Carlisle e, antes que qualquer um conseguisse piscar eu já estava ao lado de Jake após despedaçar o último vampiro. Olhei para trás para pedir ajuda a Carlisle – todos os ossos da lateral de Jake haviam sido quebrados pelo ‘abraço’ do recém-criado.

Minha boca se abriu, porém nenhum som saiu.

– o que está acontecendo?! – perguntei incrédula. Jasper estava imobilizando Edward enquanto mandava uma boa de letargia para ele que até eu, que estava do outro lado do campo, conseguia senti-la.

– ele queria sugar o veneno de seu corpo – Jasper explicou. Dei de ombros como se dissesse ‘obrigada, mas agora solte ele que temos problemas maiores.’

E foi isso que Jasper fez.

– Carlisle. – chamei-o – ajude Jake.

– precisamos cuidar de você antes… o veneno em seu corpo logo se espalhará, não podemos correr o risco.

Rosnei irritada, porque eles tinham que complicar as coisas?! Não podiam ver que eu estava bem? Melhor do que nunca estive na frente deles?!

Mas antes que eu expressasse o que eu sentia Jasper se postou na frente de Carlisle.

– sente-se controlada o suficiente? – Revirei os olhos apesar de sua pergunta ter sido coerente.

– apenas cuide do Jake, Carlisle – disse sem olhar para ele – por favor – disse com a voz sofrida e Edward veio para o meu lado segurando meu pulso checando minha pulsação. Como se ele não pudesse ouvir meu coração do outro lado da campina. – terei outras coisas para me preocupar que não comigo mesma. – disse conformada… sabia que minha visão já estava desenvolvida o suficiente para ser concreta e não importando o modo que eu agisse ela aconteceria.

– o que acontecerá Bella? – Sam me perguntou preocupado, desviando os olhos para Jake que ainda se abraçava deitado no chão, mas para seu conforto tirei toda sua dor, infelizmente, como alguém tinha que senti-la esse ser estava sendo eu.

– o que aconteceu. – disse em um tom de voz morbido e olhei para o topo da montanha onde eu me encontrava nesta manhã.

Um uivo alto interrompeu todo o silêncio que havia se formado.

– O Seth foi mordido. – avisei por fim.