POV EDWARD (ON)

Acordei ótimo, bem melhor do que eu estava acostumado a mais de seis meses. A cama de Bella era grande, aconchegante e de quebra, seu delicioso cheiro estava impregnado nos lençóis e travesseiros. Olhei para baixo e a encontrei dormindo, toda troncha, naquela cama tosca.

Ela respirava pesadamente e segurava o travesseiro como se abraçasse uma pessoa, Bella murmurava bem baixinho e eu tive que apurar bem os ouvidos para entendê-la. Porém, acho que preferia ter ficado na ignorância, pois ela sussurrava meu nome.

Grunhi e me levantei abrupto coçando a cabeça, eu não deveria ter me metido com essa garota. Ela já tinha grandes problemas e me incluir em sua vida, mesmo que temporariamente, seria maldade... Eu daria um jeito nisso, depois.

Tomei um banho rápido e desci para tomar o café da manhã, Charlie já havia ido trabalhar. Peguei do cereal da Bella, é tinha o nome dela na caixa, e despejei numa tigela qualquer. Não demorou muito para ouvir os tropeços dela no andar superior.

Ela desceu toda estabanada, quase caindo da escada, pois tentava por a bota e descer ao mesmo tempo. Fingi que não tinha nem percebido sua presença quando ela entrou na cozinha e me olhou irritada.

-Custava me acordar?! –Perguntou brava.

-Sim. –Murmurei sequer olhando na sua direção.

Percebi que ela ficou me encarando por um tempo, mas recomeçou a andar se ajeitado. Eu apenas continuei a comer o gostoso cereal enquanto ela resmungava pela casa. Estava lavando os pratos quando ela falou:

-Já estou indo, depois da escola vou à reserva pegar minha moto e só volto à noite, pois trabalho até as oito no orfanato...

-O que eu tenho a ver com isso? –Perguntei fingindo indiferença, mas eu realmente estava aflito com a possibilidade dela ir ver aquele idiota.

-Nada. – Respondeu ríspida. –Estava só te avisando, imbecil.

Ela deu meia-volta e saiu pisando firme. Fiquei a observando pela janela enquanto ela entrava no carro. Não pude conter um ligeiro sorriso quando ela tentou ligar o carro, sem sucesso. Percebi que ela começou a esbravejar e estapear o carro com raiva. Já estava indo ajuda-la quando Bella saiu do carro com o celular nas mãos.

 Depois de apenas alguns minutos um Mercedes azul reluzente estaciona na calçada e um rapaz loiro, meio mauricinho, salta e abri a porta para ela. Ele ficou sorrindo para Bella feito um bobão, mas Bella está tão enfurecida que nem ligou.

Os dois partiram e eu saí com o meu carro, indo até a delegacia resolver algumas coisas com Charlie sobre minha penitência.  A cidade de Forks, assim como ontem, estava deserta. O clima nublado me não me incomodava, eu até gostava de chuvas.

Assim que cheguei à delegacia, vi Charlie do lado de fora conversando com o senhor de meia-idade sorridente que apertava a mão do chefe de polícia amigavelmente. Eles conversavam animadamente quando eu me aproximei sem querer interromper.

-Oh John, esse é o rapaz de quem eu falei, Edward. – E pôs a mão sobre meus ombros. – Esse é John Cliff, diretor do orfanato da cidade.

-Prazer. – Estendi a mão no qual o senhor agarrou e balançou com força.

-O prazer é todo meu, rapaz. – Sua voz parecia de um cowboy texano. – É sempre bem vindo ajudantes no nosso humilde centro...

-É, Bella havia me dito que estavam precisando de gente para cuidar das crianças.- Charlie comentou. –E será bom para o Edward trabalhar e pagar sua pena num lugar tão alegre.

-Eu vou trabalhar com a Bella? –Perguntei, processando apenas essa parte.

-Sim, ela é a coordenadora juvenil de lá. –Explicou Sr. Cliff. – Ela é um doce de criatura.

-Estamos falando da mesma pessoa? –Perguntei incrédulo. –Bella ... Um doce?

-Sim, creio que sim. –Falou olhando-me, confuso. -Bom, agora iremos estipular horários...

-Edward irá continuar com a faculdade em Seattle, mas poderá fazendo o curso de meio período e trabalhar no outro. –Charlie disse. – Como Bella está lá à tarde, acho uma boa ideia os dois trabalharem juntos, pois Edward já a conhece, pelo menos.

-Então, tá. –Sr. Cliff acenou com o chapéu e entrou na sua picape. – Vejo você às três.

Eu assenti vagorosamente, digerindo a situação. Charlie me arrastou para dentro e eu não consegui não perguntar:

-Eu, Bella, no mesmo local de trabalho, sério?! –Perguntei a ele que deu de ombros.

-Vocês não poderão se matar quando estiver lá, então não vejo nenhum problema...

Ah, pois eu via! Vários, gigantescos e beeem largos problemas, caso eu tenha que ficar praticamente vinte e quatro horas na companhia de Bella. Mas eu tinha amor a minha vida e não diria nada a Charlie, não mesmo.

-Aham.-Concordei não concordando.

-Ótimo, então estamos combinados. –Concluiu ele.

Charlie ficou ocupado com um maluco que estava passeando pelado pelo parque, então aproveitei para dar um passeio pela nova cidade... A quem eu tô querendo enganar?! Eu queria sair para pensar. Pensar um jeito de não pensar em Isabella Swan.

Eu fiquei dirigindo sem rumo por um bom tempo, tempo até demais. Por isso, não me surpreendi quando já estava na rodovia, fora da cidade. Parei no encostamento perto de uma trilha mal feita. Olhei para o relógio do carro e ainda marcava dez e meia, daria tempo.

Desci do carro e fui até a trilha, mas parei em frente. Eu não conhecia o lugar e provavelmente me perderia... Só que eu já estou perdido e mais perdido do que já estou não pode ficar. Dei de ombros e prossegui.

Mato.

Foi isso que eu vi por aproximadamente uma hora de caminhada, isso e árvores. Não sei o que eu esperava, pois estava entrando numa floresta... Porém depois de uns dez passos, toda essa mesmice foi recompensada.

Eu fiquei a admirando, maravilhado. Essa clareira era simples, mas ao mesmo tempo magnifica. Tinha flores silvestres por toda sua extensão, a grama parecia mais verde e saudável e até o sol estava ali me mandando uma onda de calor gostosa.

Sentei-me numa pedra, onde dava uma visão privilegiada da clareira toda e respirei fundo. Sentindo aquele cheirinho de natureza inspirei mais. Eu não acreditava como tinha conseguido encontrá-la, mas com certeza, trarei Bella aqui.

-Merda, nem aqui paro de pensar nela! – Suspirei para mim mesmo.