Hoje não tinha vontade, nem de sair da cama, nem de ir à escola, nem de falar, nem de mexer, nem respirar, isso mesmo ficar sem respirar seria a melhor opção pra mim, mas ainda tinha minha mãe, eu devia continuar viva para protege–la, ela precisava de mim da mesma forma que preciso dela , mas até quando vou ter que continuar vivendo esse inferno? Até quando James vai continuar com isso? São perguntas que nunca saberei responder, somente Deus sabe.

Levantei de minha cama e fui fazer minha higiene matinal, não tinha animação nenhuma, eu só queria morrer, mas infelizmente tenho que estudar. Graças a Deus esse é meu último ano, então irei pra faculdade, mas antes irei resolver minha situação com James, nem que eu tenha que mata-lo, e vou adorar fazer isso com minhas próprias mãos, fazê-lo provar do próprio veneno.

Depois de arrumada desci as escadas, minha mãe estava na cozinha tomando café, juntamente com o monstro dos meus pesadelos, minha vontade era de voltar pra trás e nem olhar pra cara dele.

—Bom dia filha, sente – se conosco para tomar café? – Renée falou sem saber de nada que acontecia dentro da sua própria casa, às vezes eu pensava que minha mãe sabia de tudo, mas ela é meio desligada do mundo, e não percebe nada.

—Não mãe obrigada já estou atrasada pra aula e, além disso, estou sem fome. – falei passando por ela pra ir até a geladeira pegar uma caixinha de suco, voltei dei um beijo em seu rosto e sai.

—Bella? – minha mãe chamou.

—Sim mãe? – falei olhando pra ela.

—Deixe que James te leve até a escola, até porque com seu carro é capaz de não chegar hoje. – ela falou olhando pra James como se tivesse pedindo permissão pra ele, prontamente ele balançou a cabeça, já se levantando. Não tinha como discutir, minha mãe era bem teimosa quando queria, e não há ninguém que consiga discutir com ela, me arrepiei de medo só de pensar que eu tinha um caminho de 15 minutos dentro do carro daquele asqueroso.

—Vamos Bella? – ele falou com uma voz maliciosa, somente eu percebi, como eu disse, minha mãe é sempre alheia as coisas que acontecem em casa, e isso é porque já acontecem há 1 ano e meio. Balancei a cabeça afirmando e sai na frente, entrei no carro suando frio e tremendo, eu não sei o que ele faria comigo, não sei se ele me levaria para outro lugar ou se me levaria realmente á escola, eu esperava que a segunda opção fosse mais plausível pra ele, eu não suportaria mais nenhuma sessão de espancamento ou violência sexual, meu corpo estava cansado, dolorido e com hematomas, ele sempre tinha muito cuidado pra não machucar meu rosto e não, não era por medo de alguém vê os machucados, e sim porque ele sempre me dizia que eu tinha o rosto perfeito, e tinha pena de machuca-lo, mas um dia ele teria essa oportunidade. Ele entrou no carro, sorrindo malicioso.

—Bella, Bella, Bella, querida Bella, você deveria ser mais cuidadosa com suas reações, sua mãe pode ser um pouco desligada, mas logo ela perceberá que suas reações não são normais. – ele falou dando partida no carro.

Fiquei em silêncio.

— E você sabe o que acontece se ela descobrir, não sabe? – ele falou me olhando.

Balancei a cabeça.

Ele sorriu satisfeito com minha resposta, ele sabia que eu amo a minha mãe mais do que tudo nessa vida, e é por isso que usa esse mesmo argumento sempre, porque ele sabe o quanto tenho medo de perde-la igual perdi meu pai, meu pai que sempre me amou, me ajudou, me consolava quando eu chorava quando perdia algo ou quando me machucava, por que ele teve que ir ? Por que?

—Chegamos Bella, nos vemos mais tarde! – ele falou sorrindo, sai do carro correndo querendo me afastar daquele monstro.

Entrei na escola de cabeça baixa, não queria que as pessoas vissem o meu rosto de choro e de derrota. Eu não aguentava mais sofrimento, mas dor, eu queria morrer. Senti algo minúsculo bater em mim, e meus livros caíram no chão, era só o que me faltava acontecer.

— Oi, Bella, você está bem ?  – Alice perguntou.

— Estou sim Alice. - sorri pra ela.

—Bella qual é sua aula agora? – ela perguntou.

— Calculo 1. – falei andando, ela continuou me acompanhando.

—A minha aula também é Calculo 1 , que ótimo, acho que temos quase todas as aulas juntas. – ela falou dando saltinhos, Alice era impossivel, só ela pra animar hoje.

Sr. Vanner dispensou as apresentações, e só falou um “seja bem-vinda” pra Alice que sorriu para todos na classe, ela falava o tempo todo, de uma forma era confortante tê-la ali, de alguma forma me ajudava a esquecer do ocorrido de ontem à noite.

Tocou o sinal do fim da aula e fomos nos encontrar com Angela.

—Bella, posso te perguntar uma coisa? – ela falou me olhando, quando sentamos em uma mesa no refeitório esperando os meus outros amigos.

—Pode sim Alice. – falei .

—Você por um acaso esbarrou com alguém na escola e perdeu algo? – ela me perguntou curiosa.

—Alice, esbarrei em você mais cedo, isso conta? – falei.

—Não Bella, alguns dias atrás que eu quero saber. – ela falou esclarecendo.

—Ah, sim, compreendi, esbarrei com um garoto, mas ele parecia não estudar na escola, eu acho, não cheguei a vê- lo realmente. – falei.

— Certo. – ela falou simplesmente.

— Por quê? – perguntei curiosa.

— Por nada não, só curiosidade. – ela falou. Mas eu sabia que não era só isso, tinha algo mais, só que ela não queria me dizer.

O pessoal chegou a nossa mesa e se sentaram, comemos em meio a brincadeiras e risos, só com meus amigos que eu consigo dá sorrisos verdadeiros, eles me faziam esquecer todos os meus problemas, e Alice estava se dando bem com todos, o sinal tocou para todos irmos pra sala, Alice e eu seguimos para a nossa próxima aula, eu estava meio alheia a tudo, enquanto tagarelava, o professor já havia chamado várias vezes a atenção dela, mas não adiantava, Alice continuava falando, e então ele desistiu.

As aulas passaram lentamente, e quando acabou me lamentei, porque não queria voltar para meu inferno pessoal, mas infelizmente tenho que voltar, foi ai que lembrei...

—Droga! – eu disse isso em voz alta?

— O que foi Bella? – Alice perguntou, é eu realmente disse isso em voz alta.

— Me lembrei de que estou sem meu carro, e vou ter que voltar de pé para casa. – falei pra ela sem me importar muito, aliás, eu queria mesmo enrolar pra não chegar em meu inferno, vulgo, casa.

—Ah, isso não é problema, você pode ir comigo, meu irmão não irá se importar. – ela falou me puxando em direção a um carro, mas especificamente um Volvo prata, e nele estava encostado um garoto de cabeça baixa e cabelos acobreados, eu não sei porque mais, eu já tinha o visto em algum lugar, só não me lembro onde.

—Oii Eddie, vou te apresentar minha amiga. – ela falou no estilo Alice dela de ser. – Bella esse é Edward e Edward essa é Bella. – ela falou apontando pra ele e depois pra mim e vice-versa. Ele deu um sorriso brilhante pra mim e eu tinha certeza que o conhecia, mas não me lembrava de onde, peguei na mão dele e senti algo diferente, logo me afastei.

—Eddie, Bella precisa de carona, porque está sem o carro dela, se importa de leva-la ? – ela perguntou.

—Claro que não me importo, será um prazer Bella. – eu iria abrir a boca pra contestar, mas ele me interrompeu. – e não aceito "não" como resposta. – e deu o sorriso torto mais perfeito que já vira em minha vida.

Ele abriu a porta pra mim e pra Alice, como um verdadeiro cavaleiro, no caminho Alice foi contando o seu dia, e às vezes eu falava algo, mas era bem pouco, Edward sorria por ver a euforia de sua irmã caçula, e às vezes me observava pelo retrovisor, como eu percebi isso? Eu também o observava.

Expliquei o caminho de minha casa e 25 minutos depois já estávamos na porta do meu inferno pessoal, James ainda não havia chegado, porque seu carro não estava na garagem, mas minha mãe estava lá e com certeza me perguntaria quem havia me deixado em casa, já que ela estava na varanda observando com curiosidade.

—Gente muito obrigada por me trazer. – falei sorrindo pra eles, Edward desceu e abriu a porta pra mim.

— Posso fazer isso mais vezes se quiser. – Edward falou sorrindo torto, minhas pernas ficaram moles, somente sorri para ele.

—Tudo bem Edward, tchau Alice, até amanhã. – falei me despedindo de Alice. – Tchau Edward. – falei sorrindo.

—Tchau Bella! Espero te vê em breve. – ele falou piscando pra mim, eu corei e sorri pra ele.

Ele entrou no carro e se foi, fui pra dentro de casa aguardando somente a chuva de perguntas que minha mãe iria fazer.