Logo amanheceu e em uma casa mais ou menos distante da mansão Hyuuga-  onde Hiashi repousava- um dos irmãos Uchiha se levantava.

E esse rapaz era o irmão mais velho; Itachi.

Itachi olhava intensamente para o teto, até se dar conta de que uma pessoa estava deitada ao seu lado.

Ele se deteve nos cabelos negros e curtos, e após um tempo admirando o brilho dos mesmos, resolveu acordá-la acariciando o braço da garota e dizendo:

-Bom dia, minha deusa da primavera!

A “garota” levantou de súbito, revelando o irmão mais novo, com uma cara de ódio mortal. Quer dizer, ele estava com uma cara amassada de dormir, vermelha e muito, muito, muito, zilhões de vezes e mais umas coisas assassinas de tão brabo com o irmão que ele.

-MAS QUE PORRA É ESSA DE ‘DEUSA DA PRIMAVERA’? SAI DE MIM, CAPETA!

Sasuke voou da cama, e Itachi chorava de tanto rir.

-HAHAHAHAHA!TINHA QUE VER A SUA CARA AGORA! HAHAHAHAHAHA!!

-GRRRR. ESPERO QUE ELA ESTEJA VALENDO UM BELO SOCO NA CARA, SEU MERDA!- Rosnou Sasuke.

Itachi ria histericamente. Agora estava se lembrando não somente da noite anterior, mas do dia inteiro:

Ele e Sasuke tiraram umas férias, quer dizer, fecharam a oficina por uns dias. E foram, felizes, reformar a casa. E começaram justamente pelo quarto dele, Itachi. Por frescura (e medo de baratas), ele se recusou a dormir na sala.

Eis aí o porquê de eles estarem dormindo juntos.

Mas aquilo tinha acabado, pois Sasuke berrava:

-SEU MALDITO FILHO DA MÃE! AMANHÃ VOCÊ VAI DORMIR NA SALA!

-Mas as baratas...

-QUE VOCÊ SE FODA COM AS BARATAS!TÔ NEM AÍ!

Itachi fez biquinho:

-Maix elaix vãum vir e vãum colocar ovuis nu meu xérebru!Tem dó di eu, mânu.

 Sasuke olhou para o ser débil em sua cama. Irmão era assim mesmo. E, apesar de nunca admitir, amava Itachi, e muitas vezes sentia vontade de rir loucamente das palhaçadas dele, mas seu orgulho não permitia.

-Tá bom, Itachi. Eu peço pra Ino se ela me deixa dormir lá.

~sorriso malicioso de Itachi~

-Sei, ‘dormir’.

Sasuke, revirando os olhos, jogou um travesseiro na cara do seu irmão.

-Seu mente-poluída.

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Neji também acordava, mas não por ter um corpo estranho ao seu lado, mas por seu celular tocar insistentemente.

-Alô? – falou, irritado

-Hey, Neji!

-Dr. Sai??- Neji sentou, ereto na cama.

-Simsim, sou eu. – Sai riu baixinho.

-Opa, Dr. Sai! Quanto tempo!

-Pára de me chamar de “doutor Sai”. – O jovem imitou a voz do outro.  –Faz-me sentir como um velho, cara, e eu tenho 20 anos! – Vozinha de súplica.

Neji riu baixinho para não acordar Tenten.

-E então? Você e o Gaara vão vir para cá? –pediu o Hyuuga, com um pouco de saudade de seus colegas de faculdade.

-Sim, é sobre isso mesmo que eu queria falar com você.

-Fale, homem.

-Então... Eu e o Gaara somos médicos aqui, né?

~cara de nojo de Neji~

-Uhum...

-E a gente pensou em ir praí um pouco mais cedo...

-Cedo quando?... – Neji não gostou do tom de voz do médico.

-Tipo, um dia dessa semana...

-Vocês tão pensando em vir na quarta-feira.

Neji tinha passado um ano inteiro com Sai e Gaara e sabia que eles só marcavam viagens na quarta.

-Na verdade, sim!

-Tá bom, Sai. Venham.

-Ah, e conte-me uma coisa: aí na sua cidade tem muitas pichulas?

Neji quase caiu da cama. “Pichulas” era uma expressão do tempo da pedra lascada que equivalia ao nosso “gatinhas”.

-NÃO! Quer dizer, tem, mas... Por favor, deixe essas expressões do tempo do seu avô aí, viu? Elas não gostam de galanteios ultrapassados.

-Hm. Ok! Vou tentar me atualizar, sim?

-Tá bom, vá dormir, Sai.

-Simsim, Hyuuga. Ligo quando falar com o Gaara.

-Tá bom. Tchau, Sai.

-Tchau, Neji!

Depois de desligar o telefone, Neji ficou imaginando Sai andando na rua e encontrando umas garotas, e, com uma voz sedutora, tirando uma cartola da cabeça e pedindo:

“E aí, pichulas?”

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A grande noite estava chegando. Sasuke iria dormir na casa de Ino. Ele estava um pouco ansioso, um pouco com medo, e muita vergonha.

-Olha... Se você tiver dormindo num quarto separado dela, e ela aparecer no meio da noite... ‘Coisas’ vão acontecer.

Itachi falou para o irmão mais novo e em seguida riu da impossibilidade daquela conversa.

-Caaaaara... – Falou Naruto, rindo.

-É o seguinte: você simplesmente deixa fluir.

-E se você amarelar, ela vai entender. – falaram Jiraya e Tsunade, tomando chá (como sempre).

Após fazer a mesma pergunta a algumas pessoas, Sasuke ficou mais desesperado ainda.

-Neji, eu to com um super problema. –falou o Uchiha naquela tarde mesmo.

-Fale, Sasuke.

-Eu vou dormir na casa da Ino hoje.

-E...?

-E eu to com medo.

-Medo do quê?

-Do que possa acontecer. Eu ainda sou...

~silêncio~

-Pode falar Sasuke. Você sabe que suas palavras não saem dessa cozinha.

-Você sabe... – Falou Sasuke, parecendo um pimentão.

-Fala logo, Sasuke – Falou Neji, nervoso.

 Sasuke se encolheu na cadeira. Neji sempre parecia tão calmo...

-Desculpa. Mas prossiga.

-Eu... ~respirando fundo~ Ainda sou virgem. E eu to com medo porque a Ino não é... E eu não sei, em nenhum lugar tá escrito o que você sente, em palavras fáceis.

- É uma sensação inesquecível. - falou Neji, suspirando e olhando para cima, ao se lembrar de que descobriu isso com a garota que iria pedir em casamento.

-É. Eu imagino que deva ser, mas... Tem alguma dica?

-Hm... As preliminares. As garotas gostam de se sentir prestigiadas, importantes. Preliminares são importantes.

-Ehr... – Sasuke apenas resmungou.

Percebendo o incômodo do rapaz, Neji falou:

-Tenho que comprar umas coisas. Quer irno mercado comigo?

 -Tá bom.

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Entre a escolha de algumas coisas, tipo o arroz ou a farinha, Sasuke e Neji conversaram um pouco mais.

Ao terminar as compras, Neji pegou um caminho diferente para ir para casa, e esse caminho deu direto na Floricultura Yamanaka.

-Fala pra ela, Sasuke. É melhor que falar comigo. Sério.

Despediram-se, e Sasuke entrou na floricultura.

Ino estava com um vestido florido e uma sandália baixa. Sasuke sempre ficava com cara de bobo ao vê-la ali. Ela ficava tão linda, ficava tão envolvida com suas plantas...

Ino viu Sasuke parado na porta da floricultura, a observando, e correu para lhe dar um beijo.

-Sasuke...! Estava com saudades!

O garoto a beijou, mas logo a soltou.

-O que foi? Meu pai não está aqui hoje, não precisa ficar tímido.

Ele caminhou até uma flor e olhou para ela. Era difícil falar sobre aquilo. Mesmo com ela.

-Temos que conversar, Ino.

Ino sorriu e, faceira, andou até ele.

-Pois bem. Fale.

-Eu vou dormir na sua casa hoje, né?

A felicidade de Ino sumiu, dando lugar a algumas dúvidas.

-Esse era o combinado... Você quer cancelar?

Ino tinha, às vezes, uma voz fininha, que fazia Sasuke olhar para ela com preocupação.

-Não. – Ele olhou a diretamente nos olhos azul-mar. – Mas eu precisaria te contar uma coisa, Yamanaka.

-Diga, então.

-Eu... Tenho vergonha. Todos acham que eu não tenho medos, que não tenho vergonha. Eu deixei de fazer muita coisa para manter as aparências. Por exemplo, eu não como em público.

Ino deu uma risadinha.

-E... Era isso que você tinha para me falar?

~amarelando~

-Sim. – falou Sasuke, abaixando a cabeça.

Ino o abraçou.

-Sasuke, você não tem que provar nada pra ninguém. E eu resolvi gostar de você assim: nunca precisando provar nada, e mandando ir à merda quem as exigisse.

Ele a abraçou, e sua coragem voltou ao enterrar o rosto no cabelo dela.

-Ah, e a propósito, eu sou virgem.

Ino se afastou dele e tentou ver algum sinal de escárnio no seu rosto.

Mas não havia.

-Sério?

-Pois é. Frustrada, chocada, decepcionada?

Ele esperou algum barraco da parte dela.

Ela se afastou lentamente, de ré.

E depois ela correu e se jogou nele, o fazendo cair no chão.

Ino começou a rir, e logo em seguida o beijou.

Não foi um simples beijo. Os dois poderiam esquecer o mundo, só com aquele beijo.

-Sabe, no fundo eu sempre soube. – Falou ela, após se separarem em busca de ar. – Mas isso só te faz mais especial pra mim.

Sasuke sorriu. Isso o fazia se sentir fofo e amado pela garota.

-E eu te amo, Sasuke. Não tenho pressa.

Eles se beijaram novamente, mas dessa vez foi diferente, pois com as palavras dela, algo mudou dentro dele.