“O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nela repousa a esperança.”

                         Pela primeira vez em dois anos eu tava feliz, a convivência com o pessoal do Glee era a melhor, éramos como uma família. Até Santana com aquele jeito dela já confessou pra mim que a melhor parte do seu dia era quando chegava a hora do Glee. Pela primeira vez deixei as pessoas se aproximarem de mim sem medo de me apegar ou com medo do amanhã. Isso não significa que eu devo contar a eles o que se passa no meu corpo, essa confiança eu só tenho com a Beth, Santana e Britty. Mais é bom ter uma vida normal, eles me fazem parar de pensar um pouco e viver. Santana tinha razão quando disse que seria bom a gente passar um tempo juntas, nossa amizade voltou firme e forte de um jeito diferente já que Santana não é a pessoa mais carinhosa que eu conheço. Mais eu vejo toda vez que vai me buscar em casa pra irmos pra escola, ou quando me deixa na porta da sala de aula. Beth que uns tempos pra cá anda irritada, dizendo que eu não confiava na Santana nas palavras dela por que nas minhas isso se chama ciúmes mesmo eu falando pra ela que ela é insubstituível. E a Rachel? Nossa relação melhorou muito, conseguimos trocar mais de uma palavra sem nos sentirmos envergonhadas com isso. Ainda é estranho, é como se faltasse alguma coisa na nossa relação, nossas conversas, olhares trocados, era tudo muito intenso pra uma simples amizade. Desde do dia que eu descobri que a Rachel já namorou o Finn, e que cresceu uma grande antipatia por ele, mesmo eu não sabendo explicar o porque já que ele parecia ser um cara legal idiota mais legal, eu percebi que o que eu poderia sentir pela Rachel era mais que uma amizade. É algo muito forte, tão forte que eu chego a esquecer quem eu sou do lado dela, o que me tá dando um grande trabalho de ficar longe dela. Por um lado eu queria ficar com ela o tempo todo mais quando eu penso nisso vem a imagem dela presa a uma pessoa que não vai durar muito tempo. Beth diz que eu sou uma burra por pensar muito e agir mais, mais eu não consigo não pensar.

              “Bom dia crianças.” Mrs Shuester disse entrando na sala.

               “Oi”. respondemos

              Mais uma reunião do Glee, eu tava sentada entre a Santana e a Britty. A Rachel tava sentada do lado da Mercedes e do Kurt na segunda fileira.

             “Bom, as nacionais estão chegando e eu sei o que vocês vão dizer que ainda falta algum tempo. Mais temos que nos preparar desde já, por isso tive uma idéia.” Ele falou olhando pra cada um de nós.

            “Que idéia?” Rachel perguntou fazendo com que meu corpo se arrepiasse o que acontecia toda vez que a escutava, cantando ou falando.

            “Que tal, grupos de ensino. Tipo Mike e Britty podem dar aula de dança pra quem precisar, você Rachel pode dar aula de canto enquanto isso Mercedes e Kurt vocês podem começar a trabalhar nas roupas. O que acham?” falou empolgado.

           “E o senhor vai fazer o que?” Santana perguntou.

           “Eu vou ajudar no que for preciso.” Disse.

           A partir dai todos estavam discutindo o que fazer.

           “Q vem cá.” Santana me chamou, ela tava do outro lado da sala conversando com a Rachel. “Eu to combinando aqui com a Rachel os dias que ela poderá dar as aulas pra gente.” Ela falou quando cheguei ficando do seu lado. “Você vai fazer né?” me perguntou.

            “Vou.” Eu acho.

          “Pode ser segunda, quarta e sexta?” Rachel falou me olhando com aquela intensidade que só se dirigia pra mim.

          “Claro.” Falei tentando não olhar, claro que perdi.

          “Ei meninas.” Ouvimos Mike falar quando chegou do lado da Britty. “Vocês vão fazer a aula de dança?”

         “Não, Quinn e eu já sabemos perfeitamente.” Santana disse. Eu aproveitei e fui me sentar.

          “Você tá bem?” Rachel perguntou sentando do meu lado.

          “Sim.” Respondi evitando olhá-la.

          “Santana disse que você fazia balé.” Mais ela parecia não se intimidar com a falta de atenção.

          “Faz tempo.” Acabei olhando pra ela, não conseguia ficar sem.

           “E por que parou?” Perguntou. As vezes ela me olhava como se tivesse tentando ler minha alma.

           “Ser capitã das líderes de torcida tirou todo o meu tempo.” Respondi a olhando com todo o meu carinho que existia dentro de mim.

          “E por que não voltou quando saiu das Cheerios?”

          “Não tinha mais por que.” Ela me olhou como se tentasse me entender sendo que nem eu mesma me entendia.

          “Ei meninas não vão sair?” Brad perguntou saindo em seguida, nos fazendo olhar em volta e ver que todo mundo já tinha ido embora até Santana e só ficou nós duas.

          “Nossa, nem vi o tempo passar.” Ela falou, fazendo nos duas corar quando vimos que estávamos sozinhas. Caminhamos lentamente e sem trocar nenhuma palavra ate o estacionamento onde vi que o carro da Santana não está mais lá. Como esse povo saíram tão depressa?

        “Quer carona?” me perguntou. Bem que eu queria mais achei melhor não.

        “Não precisa, minha casa não é tão longe. Nós vemos amanhã.” Respondi já me dirigindo ao portão de saída. Sendo puxada de volta pelo pulso queimando a minha pele onde ela segurava.

       “Eu insisto.” Falou perto o suficiente pra poder sentir o hálito no meu rosto.

       “Não precisa se incomodar. Posso ir a pé.” Prendi a respiração a soltando em seguida quando ela me puxou em direção ao um carro preto sem soltar meu pulso.

        “Não é incomodo nenhum.” Disse abrindo a porta do carro e me fazendo sentar. “Alias sua casa fica na direção da minha.” Falou se sentando do meu lado e logo em seguida saindo da escola.

       “Não sei o que aconteceu pra Santana me deixar. Ela faz tanto gosto em me levar pra escola e me deixar em casa.” Falei quebrando o silencio que tinha surgido.

        “Vai ver ela sabia que você poderia vir comigo.” Disse olhando pra mim e a estrada ao mesmo tempo.

        “É.” Suspirei quando vi que estávamos em frente a minha casa. “Nós vemos amanhã, não tem Glee mais tem os ensaio.” Eu disse esperando que entendesse que gostava de passar o tempo com ela, que com o sorriso que ela deu acho que entendeu. Quando sai do carro e me virei pra fechar a porta, ela me puxou pela a gola da camisa  me fazendo quase cair por cima dela. De novo senti sua respiração no meu rosto, percebi que ela tava respirando com dificuldade e olhava nos meus olhos nossos narizes quase se tocando.

       “Eu tenho que ir.” Não falei e sim gaguejei a fazendo rir em seguida.

       “Tudo bem, teremos varias outras oportunidades.” Falou me dando um beijo bem demorado no rosto e me soltado depois claro que eu retribui a sentindo tremer quando dei o beijo na mesma intensidade que o dela ou mais. Sai aos tropeços fechando a porta e se dirigindo pra casa. O que ela quis dizer com teremos outras oportunidades? Eu vi de canto de olho que ela ainda tava ali.

       Quando cheguei na porta me virei e vi que ela me olhava com cara de boba, tive que rir da cara que ela fez abaixando a cabeça em seguida. Me deu tchau na qual respondi e saiu. Me sentei na varanda de casa pensando no que poderia ter acontecido se eu não tivesse fugido e era nessas horas que eu me esquecia de tudo e perguntava por que eu estava fugindo?!