Trilha:Accidentally in Love – Counting Crows

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EPOV

Eu poderia passar o resto dos meus dias como me encontrava neste domingo ensolarado, vendo as duas mulheres de minha vida dormindo ao meu lado. Bella e Sophia continuavam tão lindas como naquele primeiro encontro há quase dois anos. Mentira, Bella parecia ainda mais linda agora, que sua gravidez era visível. Mais um presente que ela me proporcionava. Eu sentia uma vontade incontrolável de sorrir cada vez que pensava como em um único dia elas foram capazes de mudar toda a minha vida. Eu nunca seria capaz de agradecê-las o suficiente por isso.

Aliás, fora exatamente num domingo como este que eu saíra de Newcastle rumo a Leeds sob os olhares desconfiados de minha família, prometendo explicar tudo quando voltasse. Eu não sabia como iria fazer, por onde começar a procurar, nada... mas eu precisava rever Bella, contar para ela que eu seguira seu conselho e que, como ela havia dito, meus pais me receberam de volta de braços abertos, como se eu nunca os tivesse magoado.

A cidade era enorme e levei três dias para encontrá-las. Confesso que já estava prestes a desistir, achando que simplesmente não era pra ser. Mas também, quando a encontrei, era como se meu coração tivesse encontrado exatamente o que passara anos procurando. A cena era simplesmente apaixonante. Eu estava sentado em um banco, numa das diversas praças da cidade, como já havia feito alguns dias antes, observando as crianças brincando, esperando encontrar Sophia em algum momento. E então ela surgiu, com suas covinhas proeminentes devido a um enorme sorriso no rosto, enquanto corria, meio desengonçada, atrás de um pequeno labrador preto que parecia se divertir tanto quanto a pequena criança. Um pouco mais atrás, esbaforida, vinha Bella, tentando acompanhar o ritmo da brincadeira e eu senti um sorriso se formando imediatamente em meu rosto enquanto acompanhava os três correndo pela praça. Um lado meu queria se aproximar e ver como elas reagiriam à minha presença ali, enquanto outro queria apenas ficar observando elas em sua bolha, se divertindo juntas.

Não demorou muito para que seu olhar se conectasse ao meu e, então eu pude ver uma expressão confusa passar pelo seu rosto antes que um pequeno sorriso brincasse em seus lábios enquanto ela se abaixava, cochichando algo no ouvido de Sophia que imediatamente levantou a cabeça, olhando ao redor até que seus olhinhos também estivessem presos nos meus. E, ao invés de ficar tímida como eu imaginei que ela ficaria, a pequena menina deixou mãe e cachorro para trás, correndo em minha direção até estar em meus braços, sorrindo amplamente.

"uard" – ela disse, prendendo os bracinhos ao redor do meu pescoço.

"Oi princesa, senti saudades."

Ela não precisava dizer nada, a força com que seus braços se fechavam ao redor de mim me mostrava que, mesmo criança, ela sentira o mesmo.

"Oi." – Bella disse, se aproximando, trazendo o pequeno cachorro pela coleira. "Eu não esperava te ver de novo."

"Isso é bom ou ruim?" – perguntei, me sentindo levemente inseguro.

"Se você quer saber se é bom te ver de novo, é sim. Na verdade, eu estive em Londres semana passada, andando pelo Hyde Park, esperando esbarrar em você em algum momento, mas como você sabe, não rolou." – ela disse mordendo o lábio inferior enquanto olhava para baixo.

"Você esteve me procurando?" – perguntei sem conseguir conter a euforia. "Fico feliz em saber, mas você nunca me encontraria em Londres."

"Não mora mais lá?"

"Voltei para Newcastle naquele mesmo dia, seguindo o conselho que uma certa morena me deu." – disse dando uma piscada em sua direção.

Ela sorriu e pude visualizar algo parecido com orgulho em seus olhos.

"Mamãe, to com sede." – Sophia reclamou de repente, interrompendo nossa troca de olhares e nos fazendo perceber que estávamos ali, parados, há um bom tempo.

"Podemos ir a algum lugar?" – perguntei. Não tinha viajado e andado tanto para me despedir assim tão rápido.

"Claro" - Bella disse, pegando Sophia no colo. Só preciso passar em casa para deixar a Luna.

Aquele café virara nosso ponto de encontro. Infelizmente chegou o momento em que precisei voltar para casa, afinal, eu precisava dar um jeito de voltar a trabalhar, mas toda sexta a noite eu pegava o trem para Leeds, voltando para Newcastle no domingo, sentindo meu coração apertado por todo o caminho, ao lembrar do choro de Sophia na estação. Não era fácil me despedir das duas morenas.

Como no primeiro encontro, naquela manhã em Londres, a conversa entre Bella e eu fluía com facilidade e aos poucos fomos conhecendo mais e mais um do outro. Logo eu soube que seu pai era chefe de polícia e sua mãe professora e que apesar das dificuldades, os dois faziam tudo por Sophia.

Eram eles quem ficavam com a pequena menina quando Bella e eu necessitávamos de um pouco mais de privacidade, mas geralmente eu era o primeiro a sentir falta da pequena correndo e tagarelando ao nosso redor.

No Natal eu resolvi que era hora de apresentar Bella e Sophia para a minha família. E talvez tenha sido nesse momento que a ficha caíra e eu me dera conta do quão idiota eu fora. Eu simplesmente não podia me conter para apresentar as duas razões pelas quais eu tinha novamente um Natal de verdade, para a minha família. Eu tinha orgulho das duas, mas um orgulho diferente do que eu sentia quando levei Tanya àquela mesma casa. Daquela vez, eu só queria exibi-la, queria que os outros admirassem a minha bela namorada. Mas agora não, eu precisava que elas fizessem parte daquilo. Aquele Edward compartilhando um Natal com sua família não existiria se não fossem elas.

Apesar do nervosismo de Bella, minha família logo se rendeu ao seu encanto e ela podia até não saber, mas minha mãe a adoraria de qualquer forma, apenas pelo fato de ela ter me colocado nos trilhos novamente, como ela costumava dizer. Mas mais do que tudo, foi Sophia quem roubara a cena, com seu sorriso cativante e seu jeito carinhoso e espevitado de ser. Sua carinha ao ver os inúmeros enfeites na sala e a pilha de presentes sob a árvore teria feito qualquer coisa valer a pena e foi o que me levou a ver que Bella podia ter alguém que se orgulhasse da pequena junto com ela, como ela me dissera em nosso primeiro encontro. Eu já me orgulhava. Ao ver Alice, Rosalie e minha mãe totalmente entretidas brincando com a pequena menina meu coração inflou e eu me senti como um pai bobo, babando pelas gracinhas de sua filha. Assim como ele pareceu parar uma batida ao ver Bella, meu pai e Emmett conversando como velhos conhecidos.

"Até que enfim você deu uma dentro, Edward." – Jasper disse, parando ao meu lado. "É bom finalmente te ter de volta."

"É infinitamente melhor estar de volta, Jazz. Pode apostar."

Após a ceia, Alice subiu com Bella para mostrar o quarto onde ela poderia deixar Sophia que, depois de muito brincar, finalmente adormecera e meu pai me pediu que o acompanhasse ao seu escritório.

"Sabe Edward," – ele disse assim que fechei a porta atrás de mim. "Eu sempre esperei pelo dia em que você voltaria a ser essa pessoa que você é agora. Aquele Edward apaixonado, não só por uma bela garota, mas pela vida, pelos seus sonhos e ideais. Eu sabia que era só uma questão de tempo. Você estava cego, mas em algum momento teria que voltar a enxergar. Bem, você voltou e parecia realmente mudado. A sua volta era tudo o que eu e sua mãe mais queríamos, embora não desejássemos que você tivesse que ter sofrido tanto. Mas foi hoje, ao ver você e Bella juntos, mas principalmente, o jeito como você olha e cuida da filha dela, como se fosse sua, é que eu pude visualizar o quanto o meu filho cresceu e se tornou realmente um homem."

"Pai eu..."

"Você gravita ao redor da Bella da mesma forma como Emmett o faz com Rosalie e Jasper com Alice. E isso só me prova o quanto realmente temos que trilhar caminhos cheios de curvas e obstáculos para conseguirmos chegar, finalmente, ao rumo certo. Só cuidado, meu filho, para não acabar se desviando. Agarre a chance que a vida está te dando enquanto você pode. Você merece ser feliz, Edward. Assim como ela e, principalmente, essa linda garotinha que a todos encantou essa noite. É por isso que eu resolvi te dar mais um presente de Natal este ano."

E dizendo isso, ele abriu uma das gavetas de sua mesa, tirando de lá uma pequena caixinha de veludo. Eu não precisava perguntar ou abrir para saber do que se tratava. Minha mãe havia herdado o anel de noivado que pertencera à sua avó e que agora repousava no dedo de Rosalie, mas também o de sua mãe, que se encontrava naquela caixa e que sempre fora destinado à mulher que eu escolhesse para ser minha companheira. Felizmente meu pai não me entregara aquilo naquele último Natal que eu passara ali.

"Eu sabia que não era a hora." – ele disse simplesmente, como que lendo meus pensamentos.

"Obrigado pai. Por tudo. Eu irei fazer a coisa certa desta vez."

"Eu sei que sim, meu filho. Eu sei que sim."

BPOV

A vida tem umas coisas estranhas. Há um ano e meio eu encontrara alguém por acidente e, convicta lhe disse, em um momento da nossa conversa que parecia não ter fim, que achava que relacionamentos eram supervalorizados e que eu não queria me apaixonar. Agora, aqui estava eu, praticamente a mesma pessoa, sentada no balanço na varanda de minha casa, tendo Luna – a labradora que me acompanhava desde o nascimento de Sophia e que, assim como eu, acompanhava cada detalhe do crescimento de minha menina -, deitada ao meu lado. A diferença é que um enorme sorriso adornava meu rosto enquanto observava meus dois amores correndo pelo jardim.

Luna costumava se juntar a eles, mas ela parecia estar ciente da minha condição e de como eu também gostaria de estar ali, então como que solidária, ela permanecia ao meu lado. Minha enorme barriga não me permitia acompanhar o ritmo dos dois e, além do mais, o médico recomendara cuidado agora que Pietro poderia nascer a qualquer momento.

Os gritinhos de Sophia pareceram me despertar e meu coração pareceu inflar ainda mais ao vê-la segura pelas pernas, por Edward, que fazia cosquinhas em sua barriga. Ao me levantar, para me aproximar dos dois, nossos olhares se conectaram e eu podia ver, naquelas duas esmeraldas que eram seus olhos, que ele estava tão feliz quanto eu. Ele virou Sophia novamente, a ajeitando em seu colo, enquanto me recebia também em seu braço, com um beijo rápido, enquanto se aproximava do meu ouvido e murmurava: "Obrigado."

Ele não precisava falar para que eu soubesse o porque daquilo. A minha vida não fora a única que mudara depois daquele encontro.

"Mamãe?" – Sophia chamou, puxando meu rosto pelo queixo para que eu me virasse em sua direção.

"Oi, meu amor."

"Quando meu irmãozinho vai poder brincar comigo?"

"Brincar vai demorar um pouquinho, mas acho que você irá conhecê-lo ainda hoje." – disse sentindo minha roupa levemente molhada. "Edward, minha bolsa estourou."

Ele quase jogou Sophia no chão enquanto corria de um lado para o outro, parecendo apavorado.

"Amor, relaxe." – eu disse agarrando sua mão. "Quem vai sentir todas as dores sou eu. Agora vá ligar para o médico, para os nossos pais e pegue a chave do carro."

Parecendo mais aliviado, ele apertou minha mão, depositando um beijo na testa de Sophia e outro na minha e eu me dei conta que talvez, só talvez, os relacionamentos não fossem realmente supervalorizados, eu é que, até aquele momento, há um ano e meio atrás, não tinha encontrado a pessoa certa.