I Will Always Love You

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Trilha Sonora: Love Song – The Cure

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Sophia estava quieta desde que voltamos do hospital há pouco mais de uma hora. Apesar de Renée ter se oferecido para ficar com ela para que eu passasse a noite com Bella e Pietro no hospital, eu fiz questão de voltar para casa. Durante toda a gravidez nós tentamos explicar para a pequena menina que a chegada de seu irmão não iria alterar o nosso tempo juntos. É claro que Pietro demandaria muita atenção, principalmente da Bella nos primeiros meses, mas prometemos não apenas para Sophia, mas para nós mesmos, que um de nós dois estaria sempre atento à menina enquanto o outro estivesse com Pietro. E, principalmente, que a envolveríamos em tudo o que fosse possível em relação ao dia-a-dia do irmão.

Sabíamos que era impossível ela não sentir nenhuma espécie de ciúmes, e isso ficou claro quando logo depois de ver o irmão recém-nascido no colo de sua mãe ela, olhou muito séria e perguntou: "ele não pode voltar para a sua barriga, mamãe?" fazendo as enfermeiras rirem, mas eu e Bella trocarmos um olhar cheio de entendimento. Não, as coisas não seriam fáceis como em um passe de mágica, mas precisávamos facilitar o máximo possível e, para isso, precisávamos dar segurança para Sophia. Ela precisava estar segura de que Pietro não chegara para dividir, mas sim para acrescentar. Para trazer ainda mais alegria e amor para a nossa pequena família.

"Ei princesa..." – chamei puxando de leve sua trancinha, fazendo com que ela ameaçasse abrir um sorriso. "Que tal aproveitarmos que a sua mãe não está aí e vermos algum filme comendo pipoca lá na cama?"

Ela apenas encolheu os ombros. Mas enquanto eu dava um suspiro preocupado e caminhava até a cozinha para preparar a pipoca, tentando pensar no que fazer para que ela colocasse para fora o que estava se passando em sua cabecinha, ela gritou:

"Pode ser a Bela e a Fela?"

"Claro que pode, princesa. O que você quiser." – disse, me permitindo abrir um sorriso. Até nisso ela era parecida com a mãe. No tempo certo ela daria um jeito de falar o que a estava incomodando.

Agora Sophia dormia ao meu lado – depois de praticamente repetir todas as falas do filme –, e enquanto as imagens rolavam na tela eu me peguei lembrando da primeira vez em que a vira, levemente assustada ao perceber que sua bola me atingira, mas ainda assim encantadora. Bella costumava dizer aos outros que fora Sophia quem me conquistara, e no fundo ela não estava de todo errada. O meu amor pela morena que hoje eu chamava de esposa foi crescendo aos poucos à medida que fomos descobrindo afinidades e aprendendo a conviver um com o outro, mas com a pequena menina fora amor à primeira vista. Sophia me conquistou ali, ao me encarar com aqueles olhos profundos e então abrir seu sorriso ainda sem dentes, deixando à mostra suas covinhas. Não tinha como não se apaixonar por ela. E, como bônus, acabei encontrando o amor da minha vida.

Eu nunca me cansaria de ficar assim, babando por ela, rindo com ela de cada uma de suas gracinhas, me encantando com suas descobertas dia-a-dia. Eu só podia sentir pena do imbecil que abandonara Bella grávida e se privara de tudo isso. No meu coração eu sabia, e sentia que não havia nenhuma distinção entre o meu amor por Pietro e por ela. Os dois eram meus filhos e nada mudaria isso.

Devo ter caído no sono enquanto a admirava dormir, porque lá pelas tantas despertei com aquela sensação de estar sendo observado e, ao abrir meus olhos, dei de cara com aquelas duas orbes cor de chocolate me encarando na escuridão. Sua testa estava franzida e, assim como Bella fazia quando estava nervosa, ela tinha o lábio inferior entre os dentes.

"Que foi princesa, teve algum pesadelo?" – perguntei, abrindo os meus braços para ela, que apenas acenou negativamente com a cabeça enquanto se aconchegava entre os meus braços, se entregando ao cafuné que eu fazia de leve em sua cabeça, tentando afastar o que quer que fosse que a estivesse incomodando.

"Uard" – eu a ouvi chamar baixinho quando estava quase caindo no sono novamente, acreditando que ela já dormia em meus braços.

"Sim, princesa." – respondi abrindo os olhos, deixando que nossos olhares se encontrassem.

"Você ainda gosta de mim?" – ela perguntou e eu pude ver as lágrimas tomando seus olhinhos.

"Claro que gosto, Sophia. Que pergunta é essa, eu fiz algo pra você achar que eu não gosto mais de você?"

As lágrimas agora escorriam e eu apenas a apertei em meus braços enquanto ela soluçava baixinho. Quando percebi que as lágrimas haviam cessado, resolvi fazê-la falar. Não queria fazê-la chorar novamente, mas sabia que não conseguiria dormir enquanto não entendesse o que estava causando aquele pensamento e tanta dor na minha princesa.

"E então..." falei me sentando, colocando-a de pé entre as minhas pernas para que pudesse encará-la nos olhos. "Você vai me contar porque acha que o Uard aqui não gosta mais de você?"

Seu lábio inferior ainda tremia, mas dessa vez, ao contrário do que eu esperava, ela foi capaz de segurar as lágrimas.

"É que agora tem o Pieto."

Eu passei as mãos rapidamente pelo cabelo, tentando conter o aperto que sentia em meu peito por vê-la daquele jeito e pensando em como fazê-la entender que meu amor por ela nunca mudaria.

"Eu sei que tem o Pietro. Mas eu e sua mãe já não te explicamos isso? A gente tem amor suficiente para os dois. O Pietro nunca irá roubar o amor que sentimos por você, princesa."

Ela me encarou por alguns segundos, como que avaliando se acreditava ou não em minhas palavras, e eu sabia que ainda viria mais.

"Mas ele é seu filho com a minha mamãe e eu sou filha só da minha mamãe, então..." – ela começou a dizer, em toda sua lógica infantil.

"Sophia, espera." – eu disse, puxando seu queixo para cima, de modo que ela me encarasse novamente. "Você ainda é muito nova para entender isso, meu amor, mas aqui dentro," – disse trazendo sua mão até o meu coração – "você é minha filha também, assim como o Pietro. As pessoas podem dizer o que quiserem, mas se você quiser, eu sempre vou ser o seu pai."

O sorriso, que estivera ausente durante todo aquele dia, finalmente apareceu em seu rosto e logo ela estava jogada em meu colo, seus bracinhos ao redor do meu pescoço, me apertando com toda a força que ela era capaz de acumular.

"Eu quero." – a ouvi murmurar perto do meu ouvido. E naquele momento eu me senti como se fosse o homem mais sortudo da face da terra.

"Uard." – ela chamou novamente, se afastando um pouco, mordendo novamente seu lábio.

"Sim."

"O Pieto vai chama você de papai?"

"Acho que sim, por quê?" – perguntei sem entender onde ela poderia estar querendo chegar.

"Eu... eu posso te chama de papai também?"

Se possível meu coração parou uma batida, e eu fui incapaz de lutar com as lágrimas que encheram meus olhos instantaneamente, assim como o sorriso gigantesco rasgando o meu rosto. Sem saber, aquela garotinha havia me feito o homem mais feliz do mundo pela segunda vez no mesmo dia.

"Eu irei adorar, princesa." – disse, puxando-a novamente para um abraço apertado, enquanto sentia as lágrimas molhando o meu rosto.

Pouco a pouco fui sentindo Sophia pesar em meu colo, sua respiração se tornando mais suave em meu pescoço. Tomando cuidado para não acordá-la, a deitei do outro lado da cama, cobrindo seu corpinho com o cobertor e depositando um beijo cálido em sua testa.

"Eu te amo, papai." - ela ainda murmurou antes de finalmente cair em um sono profundo.

"Eu também princesa. Pra sempre."