Killer escrita por Hugo Campanaro


Capítulo 8
Capítulo Sete - O passado é uma ferida aberta


Notas iniciais do capítulo

Começa narrado ainda por Samantha, já que ela foi a última a narrar no último capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172148/chapter/8

Por mais que a gente ande por todos os lugares do mundo, cada pub é diferente mesmo todos tendo musica velha, bêbados, vadias e bebidas por todo o lado.

Mas a sensação de poder que eu senti quando pisei no MP foi única.

Qualquer criatura, de qualquer submundo que entrasse ali sentiria que algo fora do normal habitava aquele lugar.

Fui seguindo minha intuição até chegar à área dos funcionários. Uma sala enorme que tinha como passagem uma estreita porta atrás do balcão do bar.

– Hey moça – Gritou alguém – Não pode entrar ai.

Olhei para trás e percebi que havia um homem – gordo barbudo e careca – falando comigo. Ele parecia mais com aqueles motoqueiros que fazem parte de gangues do que com um segurança. Provavelmente tirava algumas horas extra com as garçonetes dali.

– Acho que vai precisar mais do que você pra me impedir de ficar aqui – Eu disse destemida.

Ele me olhou dos pés à cabeça e deu uma fraca risada.

Eu não era muito alta. Por volta de 1,70, pele levemente morena e cabelos vermelhos de pontas cacheadas. Usava uma simples jaqueta de couro por cima de uma blusa de gola alta vermelha, uma calça preta colada e uma bota. Mas o erro dele foi reparar minha aparência de vinte e dois anos e não imaginar que eu pudesse ter mais que o dobro da idade dele.

– Pensando desse jeito... Sozinha... Acho que você pode ficar aqui sim – Ele sorriu malicioso e foi se aproximando de mim.

Provocante, eu caminhei ate ele e coloquei minhas mãos em volta do pescoço gordo dele. Com uma voz suave eu disse:

– E o que faremos sozinhos aqui?

– Tudo o que você quiser!

– Gosto dessa sensação de poder – Respondi, agora firme nas minhas palavras.

Agarrei o velho pelo pescoço e o empurrei para a parede.

– É velho – Eu disse – Você mexeu com a jovem errada.

Dois segundos depois ele já estava caído no chão com o pescoço quebrado.

Eu o empurrei até o centro da sala e me sentei sem cima da barriga – enorme por sinal – dele.

Não demorou muito para que eu ouvisse passos na direção da porta. A mesma se abriu e à minha frente estava parada uma garota loira.

Assim que ela terminou de trancar a porta e se virar na minha direção, o corpo dela pareceu congelar.

– Olá, Charlotte! – Sorri simpática pra ela.

– Quem é você? – Ela perguntou, olhando o corpo do velho.

– Alguém que você vai lamentar por ter conhecido!

– Eu não tenho medo do destino, Samantha!

A garota loira caminhou na minha direção e sentou em uma cadeira, logo a minha frente.

Ou Romanov havia falado de mim pra ela, ou eu estava muito encrencada.

– Como sabe meu nome? – Perguntei.

– Eu fiz uma pergunta que você deveria ter feito a mim antes de me ameaçar – Ela respondeu – Quem é você?

– Se você sabe meu nome, sabe quem sou eu, bruxa maldita!

Me levantei de cima do corpo e comecei a rodear a cadeira dela.

Devo admitir que pelas ações dela, ela era uma garota muito corajosa... Ou burra.

– Sebastian te mandou aqui? – Ela perguntou.

– Sebastian não sabe que eu estou aqui... Ele não me deixaria vir te matar.

Por um minuto a sala ficou em silêncio. Eu havia desarmado a bruxa. Mas então, ela se levantou e me encarou.

– Sebastian morreria junto com você se viesse aqui.

Não sei como, nem de onde, mas a bruxa puxou uma estaca de madeira e enfiou em meu estômago. Senti meu corpo tremer e esquentar... Por um tempo.

Assim que me recuperei da surpresa, eu a empurrei contra a parede na minha frente com toda a minha força e tirei a estaca sem piedade.

O ferimento não demorou muito a cicatrizar, e antes que Charlotte se levantasse, eu já estava em cima dela, segurando-a pelo pescoço.

– Me confrontar com estacas vai tornar as coisas simplesmente mais divertidas. – Sorri para ela – No entanto, eu não estou procurando diversão, isso já deu pra perceber só de olhar pro guarda nojento ai. Eu vim trazer um recado, Charlotte Gates...

– Pombo correio? É pra isso que você serve?

– Não adianta provocar... Eu não vou cair no seu jogo! O recado é o seguinte: Eu vou estar por perto, pra estragar sua onda com Romanov... Fica esperta!


*Sebastian Narrando*


Tudo estava escuro e incrivelmente confortável novamente. Nada que me atrapalhasse.

Eu havia feito uma escolha enquanto vinha para Nova York. Eu não desistiria dessa vez!

Estiquei o corpo e cruzei os braços atrás da cabeça, apenas esperando.

A porta se abriu em seguida e ela ficou imóvel.

– Ah não! – Charlotte Lamentou – Ótimo dia para surpresas!

– Fico feliz em vê-la novamente também – eu sorri sarcasticamente – E do que você está falando?

– Sua amiguinha foi me visitar no serviço... Samantha Kratulla apareceu no pub, Sebastian. Agora, o que ela queria lá com aquele recadinho que você mandou, eu não faço idéia.

– Não mandei recado nenhum e se eu fosse você, levava mais a sério o que a Samantha diz, ela costuma levar ameaças a risca!

– Eu não tenho medo dela, eu não tenho medo de você, eu não tenho medo – Ela andou até o outro sofá e jogou a bolsa dela no chão, e em seguida deitou no sofá, analisando o teto.

– Você tem medo de algo – Respondi – Eu ainda não sei do que, mas você é uma bruxa. Coragem e medo fazem parte de um patético equilíbrio da natureza. Vocês podem ter poderes e um passado sujo, mas ainda assim são humanos e tem essa herança guardada ai dentro.

– NÃO OUSE – Ela se levantou me encarando e meu corpo começou a queimar – NÃO OUSE ABRIR ESSA SUA BOCA SUJA DE SANGUE PARA FALAR DO MEU PASSADO, SEBASTIAN ROMANOV. VOCÊ NÃO SABE DO QUE EU SOU CAPAZ!

Balancei a cabeça positivamente, tentando fazê-la entender que ela precisava maneirar com as bruxarias, e instantaneamente meu corpo parou de queimar e eu cai, completamente suado, em cima do sofá.

– Já que você, provavelmente, vai passar a noite aqui, eu estou indo pro meu quarto dormir... E se você for esperto, vai ficar bem longe do andar superior até amanhã quando nos falarmos de novo.

E assim, Charlotte subiu as escadas e com uma lufada de vento, todas as portas se fecharam de uma vez. E eu não estou falando de portas no sentido material do termo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Killer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.