Killer escrita por Hugo Campanaro


Capítulo 7
Capítulo Seis - Samantha, Ultima vez vista em 1895


Notas iniciais do capítulo

Hmm personagem nova, misteriosa e divertida. Tenho certeza que na historia inteira vai ser a minha preferida.



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Não precisei me incomodar quando o sol se pôs. A casa era completamente escura, e apesar das janelas estarem caindo aos pedaços, tudo continuava sinistramente estranho.

Eu estava ainda sentado em um velho sofá que havia lá dentro, quando comecei ouvir passos no andar superior.

Me coloquei em pé – ainda sem soltar o diário e fiquei atento. Os vultos eram freqüentes, e a cada chance que eu tinha, eu me virava tentando focar minha visão no ser que estava por ali. Minha tentativa falhou.

Comecei a caminhar em direção às escadas. O piso sobre os meus pés fazia um insistente, doloroso e irritante som.

Subi as escadas com calma, porém atento. Abri a primeira porta que havia no corredor e não encontrei nada ali, assim como não encontrei nas cinco portas seguintes.

- Mas que merda! – Eu murmurei enquanto caminhava para a sexta porta.

Estava emperrada, mas nada que o meu melhor chute não resolvesse.

Era um quarto como os anteriores. A única diferença é que nesse havia uma estante e um espelho.

Novamente tive a mesma sensação de quando entrei no porão de Charlotte.

Adentrei lentamente o quarto e parei de frente para o espelho.

Era um espelho normal, mas eu havia encontrado o que eu procurava... Quero dizer: Quem eu procurava.

Me virei e sorri de lado.

- Está ficando velho, Sebastian – Ela disse pra mim.

- Tenho andado com muitos problemas na cabeça, Samantha! – Respondi Sorrindo e deixando que meu corpo relaxasse.

Samantha era uma antiga amiga. Havia me ajudado em alguns planos – devo dizer muito bem executados – há alguns anos atrás, mas assim como eu, ela é uma vampira que vive sozinha.

Tanto eu quanto ela não estamos interessados em um ninho, uma família ou um clã... Apenas nos interessamos pela nossa antiga relação diabólica.

Samantha se encostou na parede e puxou uma adaga do cinto. Ela começou a mexer na ponta enquanto eu olhava as prateleiras da estante que havia ali dentro.

- Última vez que nos vimos foi no Natal de 1895... Já faz muito tempo!

- Sim... Muito tempo – Eu disse não dando muita atenção.

- Las Vegas com tantos jogos não tem graça sem você por lá, Romanov... Você sabe disso!

- Claro que sei querida... Mas eu tenho muitos assuntos à resolver. Problemas para toda uma eternidade.

- Mas da última vez, não foi muito agradável.

Samantha correu em minha direção e me empurrou – prensando-me – contra a parede e enfiando sua adaga bem abaixo do meu coração.

- Não é muito bom andar por aí com bruxas, Sebastian – Ela disse em tom calmo – Bruxas não são confiáveis.

- Eu também não sou confiável! – Eu puxei a adaga, joguei no chão, e com um movimento rápido inverti a ordem dos fatores. Agora Samantha estava contra a parede literalmente – Não tente lutar comigo... Eu sou mais velho, sou seu criador, sou mais forte...

Aquele era o nosso jeito de jogar. Nós dois sabíamos que ninguém ali estava com medo.

Eu tinha apenas 300 anos – de vampiro – quando transformei Samantha, nossa diferença de idade não era muita, mas ainda assim, eu era mais forte.

Mas uma das coisas que eu mais admiro nela – além da beleza... Claro – é a coragem dela. Coragem de me enfrentar, aonde for, contra quantos for, e ainda acreditar que é capaz de vencer.

Essa era apenas uma das muitas coisas que eu admirava nela.

*Samantha Narrando*

Sebastian Romanov. Esse nome e sobrenome significam a eternidade pra mim.

Mesmo após 116 anos, ele ainda continuava bonito, corajoso e divertido.

Logo que nos encontramos – na casa abandonada aonde eu estou escondida desde que cheguei à Nova York – eu descontei minha raiva por ele ter me abandonado em Las Vegas e fugido com uma vadia qualquer.

Agora eu estou disposta a tornar a vida dele um inferno se ele decidir manter contato com aquela bruxa Gates.

Eu não gosto de bruxas! Não é uma simples implicância, tenho experiências ruins com esse tipo de gente, e eu não queria que Sebastian passasse pelos mesmos problemas.

Bruxos não são seres com quem se brinca. Eles são tão poderosos quanto nós e qualquer outro ser “mitológico”, a diferença é a falta de senso de humor.

Nós, vampiros, caçamos, torturamos e nos excitamos com o medo no olhar de nossas presas. Já os bruxos, eles caçam, mas te matam lentamente – não pelo prazer de matar – mas pelo prazer de manter suas tradições... O Prazer de manter o equilíbrio.

Bruxos são basicamente humanos que reciclam para manter o mundo longe do aquecimento global. Com tantos mistérios não tão ocultos e bem próximos de serem revelados à humanidade, e esses humanos preocupados com a probabilidade do mundo simplesmente explodir. Idiotas!

- Por que não se afasta dessa gente? – Perguntei segurando nos braços de Sebastian que agora estavam encostados nas paredes, como uma ação de quem temesse que eu fugisse.

- Porque eu preciso dessa gente! Ele respondeu no mesmo tom.

Passei por baixo dos Braços dele, mas ele não se moveu para me impedir de fazer isso. Ele continuou com as mãos encostadas na parede e encarando a mesma com uma certa ansiedade.

Caminhei ate a janela quebrada que havia no cômodo e foquei meu olhar por entre as gretas que havia entre as madeiras.

- Casos sobrenaturais podem ser resolvidos de várias formas diferentes, nós não precisamos de bruxos.

- Eu não disse que nós precisávamos de bruxos. Eu disse que eu preciso daquela bruxa.

- Poxa Sebastian – Eu disse fingindo tristeza – Vai me trocar por mais uma?

- Desculpe Samantha – Ele respondeu, também fingindo preocupação – Minha diversão em primeiro lugar.

Ele começou a andar na direção da porta, e quando estava quase atravessando a mesma, eu disse:

- Pensei que seu relógio fosse te convencer à esquecer a bruxa!

Instantaneamente ele parou e se virou pra mim, e então eu tirei o relógio do bolso da minha calça.

Um relógio prateado com desenhos tribais em preto. Não um relógio de pulso, mas sim um relógio de bolso... Da época em que eu fui transformada.

- Esse relógio é meu! – Ele disse, agora levemente irritado.

- Se ele está comigo, e tanto você quanto eu somos vampiros, isso significa que o relógio não é mais seu, Romanov. Esse relógio agora é meu.

- Você nem sabe pra que ele serve!

- Quer apostar que não? Vai estar jogando muito alto!

- Você pensa que a única vantagem de tê-lo é pelo fato de poder...

- Caminhar ao Sol? Tenho certeza de que ele pode muito mais que isso!

- Você está blefando!

- Então aposte! Mas o valor desse jogo vai ser muito alto!

Sai andando do quarto sem nenhum medo de que ele pudesse me atacar enquanto eu estivesse de costas.

Abri a porta de entrada – no andar inferior – e comecei a caminhar em direção ao Manhattan’s Pub.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da nova personagem, mas ela vai se mostrar muito mais interessante com o decorrer dos fatos.