Killer escrita por Hugo Campanaro


Capítulo 10
Capítulo Nove - Pesadelo




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A chuva estava forte no momento em que sai da casa com Charlotte em meus braços. Pra falar a verdade, eu não tinha idéia do que iria fazer, mas eu estava indo pra um hospital.

Já havia se passado meia hora desde o termino forçado da briga e ela não havia representado nenhuma melhora. Charlotte ainda tremia, seu rosto estava molhado de suor e ela respirava com dificuldade.

Samantha caminhava apressadamente para acompanhar meus passos. Eu não sabia com que coragem ela ainda estava perto de mim, mas no momento em que Charlotte estivesse fora dos meus braços, as conseqüências serão graves.

– Me desculpa, tá legal? – Samantha falava – Mas ela mereceu.

– Quer dizer que se eu arrancar a sua cabeça agora eu ainda estou no direito de pedir desculpas? Isso porque você está merecendo muito isso.

– Quer dizer que você vai ficar do lado dela? Você vai dar mais crédito a uma bruxa do que a mim?

– CALE A SUA BOCA! – Eu havia perdido a cabeça.

Parei no meio da rua, que mesmo não sendo muito tarde já estava deserta.

– Você não sabe o que eu sei sobre essa garota, e se eu tiver que escolher entre você e ela... Advinha quem vai ser! Então eu acho melhor você dar o fora, porque nessa você já perdeu!

Finalmente eu havia conseguido desarmar ela. Ela hesitou, estava obviamente surpresa e sem argumentos.

– Eu vou sumir da sua vida... Assim que eu terminar o trato que a bruxa me obrigou a fazer com ela... E advinha? A idéia foi sua!

Samantha saiu correndo na frente e eu não fiz questão de perguntar pra onde ela estava indo... Eu a queria bem longe de mim.

***

– EU PRECISO DE UM MÉDICO! – Eu gritei entrando no hospital.

Charlotte se debatia gritando de dor. A essas alturas, eu não poderia dar o meu sangue a ela. Se ela morresse após tomar o meu sangue – o que provavelmente aconteceria – ela se tornaria uma vampira.

Uma bruxa vampira? Eu não sei se isso é possível, mas se eu estiver errado à respeito dessa possibilidade, ela poderia virar pó.

Alguns enfermeiros vieram com a maca e levaram-na para dentro. Não me deixaram passar.

Pediram que eu ficasse na sala de espera, até que Charlotte fosse transferida para um quarto.

– Você precisa nos contar o que houve com ela Sr...

– Romanov.

– Precisa nos contar o que houve com a garota, Sr Romanov. É questão de protocolo.

– Eu não estou nem aí pro protocolo, você me entende? – Eu olhei diretamente para a recepcionista – Você vai inventar uma historia qualquer e depois não lembrará nada sobre mim, Charlotte Gates, ou qualquer pessoa que venha lembrar-se da entrada dela nesse hospital... Você me entendeu?

A Garota piscou lentamente, em transe pelos efeitos persuasivos que eu estava usando, e então ela assentiu, levantando-se do lugar e indo conversar com um dos enfermeiros.

Sentei-me na sala de espera e fiquei aguardando aflito por notícias.

Algum tempo depois o médico veio até mim.

– Sr Romanov? – Ele chamou.

– Sim... – Respondi.

– Felizmente a garota Charlotte está bem. Ela perdeu muito sangue e levou nove pontos, três em cada corte. A única recomendação é que ela fique por aqui pelo menos uma semana para termos certeza de que não haverá uma hemorragia. Tudo certo?

– Não!

– Qual o problema, Sr?

– Vocês têm que liberá-la imediatamente!

– Mas eu não posso...

– Você pode, e você vai!

Assim como a recepcionista, o médico saiu andando e logo Charlotte estava na minha frente, sentada em uma cadeira de rodas.

– Como você se sente? – Eu perguntei pra ela.

– A gente tem que sair daqui, Sebastian – Ela disse baixo.

– O que?

– Agora!

– Ok – Eu disse começando empurrar a cadeira de rodas em direção a saída.

– Ora, ora, ora... – Um homem apareceu na nossa frente – Acho que ganhei na loteria. Pensei que fosse encontrar apenas uma bruxa e encontrei uma bruxa e dois vampiros?

– Dois? – Eu perguntei, mas minha visão escureceu e não pude entender o que ele quis dizer.

***

*Samantha Narrando*

Abri meus olhos e minha visão tava embaçada. O cheiro espalhado pelo quarto era inconfundível: Verbena!

Meus braços estavam amarrados para trás e alguma coisa amarrava minha boca. Eu estava fraca.

A Ultima coisa que eu me lembro foi de ter tido aquela conversa com Sebastian, e um homem alto, dos olhos castanhos e cabelos nos ombros ter se aproximado de mim, enquanto eu esperava uma boa oportunidade para pegar a minha presa.

Se não fosse pela minha visão de vampiro, eu não teria visto Charlotte logo a minha frente, caída e obviamente inconsciente no chão.

Os ferimentos que eu havia feito nela ainda Sangravam, e no alto da cabeça dela havia um corte que jorrava sangue... Sangue fresco.

Eu tentei me controlar, mas o meu extinto Brujah falou mais alto.

Joguei meu corpo pra frente, mas antes que eu pudesse alcançar o corpo de Charlotte, percebi que algo me segurava.

Minhas mãos não estavam amarradas uma a outra, estavam presas na parede com fortes e pesadas correntes prateadas. Era como se alguém estivesse me testando. Como se alguém tivesse jogado o corpo ensangüentado de Charlotte ali, mas não permitissem que eu a atacasse.

Senti uma agitação dentro de mim, como um animal prestes a escapar, e comecei a todo custo chegar à Charlotte. Eu precisava do Sangue da bruxa.

Eu precisava vencer a mim mesma, se quisesse permanecer controlada.

*Charlotte Narrando*

Acordei assustada. Ao meu lado, Samantha gritava alto e se debatia. Eu não sabia o que estava acontecendo.

– LUX! – Eu gritei e algo começou brilhar dentro da sala escura, como se fosse realmente uma luz.

À minha frente estava uma Samantha completamente alterada. Seus olhos estavam como os de um animal preso e ela me encarava de um jeito estranho. Apesar da agressividade, aquela Samantha que estava à minha frente não era à que eu havia conhecido. Aquela era uma Samantha que realmente me intimidava.

Olhei para o meu abdômen e vi que os pontos que eu havia levado Sangravam, e a visão de Samantha estavam focadas ali.

Me afastei rapidamente, encostando-me na parede e pressionando os ferimentos para que eles parassem de sangrar.

O que me mantinha à salvo de Samantha eram algumas correntes prateadas, mas eu não sabia o quão forte a vampira poderia ser descontrolada do jeito que tava e o quanto aquelas correntes agüentariam.

– Imperium, Samantha Kratulla – Eu dizia a ela, tentando fazer com que ela retomasse o controle.

– Não tenta comigo, bruxa! – Ela disse com o tom de voz diferente... Era como se ela estivesse possuída.

Em um momento, Samantha se levantou do chão, e com um grito ela fez com que a corrente que prendia o braço direito arrebentasse. Com a mesma força, ela conseguiu se soltar da outra corrente e veio para cima de mim.

Não sei se aquilo era possível... Eu devia estar morta, mas eu ainda sentia toda a dor de estar sendo estraçalhada pela vampira.

Não eram mais simples cortes no Abdômen. Minha pele saia a cada vez que ela tocava as mãos em mim. Ela não se alimentava de sangue... Era como se eu tivesse sido colocada em um ritual de canibalismo, e eu não devia sentir dor, eu devia ter morrido logo no primeiro ataque, mas eu ainda estava viva e podia sentir tudo aquilo.

Quando a dor estava começando ficar insuportável e eu já estava prestes a desistir e deixar que Samantha acabasse comigo, senti um choque percorrer o meu corpo e então... Eu acordei.

– Fica tudo tão divertido – Disse um homem com a voz calma.

Ele era alto, tinha a pele morena, os olhos castanhos, e os cabelos da mesma cor iam até os ombros.

– Vocês são tão frágeis e ligeiramente guerreiras mas ninguém é capaz de controlar os sonhos, os pesadelos... E essa é a minha especialidade.

– Quem é você? – Eu perguntei.

– Pensei que uma bruxa como você seria capaz de sentir a presença de outro bruxo, Charlotte... Mas eu sou Noah Tchébrikov... O seu pesadelo!

Algo no modo como ele Havia se apresentado me deixou confusa, mas definitivamente? Noah não era uma boa pessoa.

Antes que eu pudesse comentar algo, Samantha acordou ao meu lado gritando e se debatendo. Os braços dela estavam presos com as mesmas correntes do meu Sonho.

– Bem vinda, Samantha Kratulla! – Noah disse e saiu do quarto, fechando o portão de ferro.


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