Bloody Mystery escrita por Aunt Naty


Capítulo 5
Um sonho e uma volta ao passado.


Notas iniciais do capítulo

Mais Terror! XD



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Orihime acordou em um lugar muito estranho: uma floresta. Levantou-se e notou que já estava de noite e havia começado a nevar. Uma coisa que achou muito estranha era: afinal, como ela tinha ido parar lá?! Estava no meio de uma clareira, as árvores ao seu redor tinham os galos cobertos por uma pequena, mas grossa, camada de neve; de repente, um barulho que veio do meio da floresta lhe chamou a atenção. Mesmo sabendo que não era uma boa idéia, acabou indo na direção de onde vinha o barulho.

Enquanto corria, podia sentir que alguns galhos frios e molhados pela neve tocavam seus braços e a faziam sentir arrepios e chegou um momento que sentiu um deles ferir sua pele. Parou de correr para olhar o ferimento, nada muito grave, apenas um arranhão que sangrava um pouco, nada que realmente a impedisse de correr.

Quando finalmente chegou a outra clareira, a floresta voltou a ficar em um profundo e sinistro silêncio. Não ouvia nem sequer o barulho de uma folha sobrecarregada pela neve derrubar os flocos brancos no chão; depois de algum tempo parada, ouviu novamente o barulho, mas agora, a neve, por mais impossível que pareça, já alcançava seus tornozelos, sendo que a poucos minutos nem chegava a metade de sua bota. Com mais dificuldade voltou a correr atrás do barulho. A cada dolorido e esforçado passo que dava, Orihime se perguntava se realmente tinha saído da casa de Ulquiorra, ou se tinha mesmo ido para a floresta que ficava nos arredores da vila, nunca em sua vida tinha ido lá, e principalmente, nunca tinha atrevido-se a ir tão longe dentro da floresta.

Quando, novamente, chegou a uma clareira, viu algo terrivelmente familiar: uma trilha de sangue. Novamente estava sonhando com isso, mas agora em um lugar totalmente diferente da última vez, mas agora era diferente: Orihime não sabia se aquilo era um sonho ou se era realidade. A pequena trilha vermelha aos poucos ia sendo absorvida pela neve, mas não deixava de ser visível. Receosa, seguiu lenta e cuidadosamente a trilha, com medo que isso a levasse até outro corpo morto, envolto em uma poça de sangue. A idéia dava-lhe um pouco de náuseas, mas continuava firme no caminho e lutava contra o difícil caminho que a quantidade de neve colocava em seu caminho.

De repente, junto com uma fria brisa, veio lhe a mente uma lembrança, uma terrível lembrança.

~~ * ~~

Dez anos atrás, Orihime havia deixado seus amigos e a vila de sua infância para trás, para poder ir morar na cidade de Londres, seus pais, ao contrário dela, estavam muito animados com essa mudança, nem ela sabia o porquê de repentina necessidade de mudar-se de lugar.

A carruagem parou em frente a uma pequena casa de dois andares próxima ao subúrbio de Londres. Seus pais pegaram as malas mais pesadas e ela teve que levar apenas a bolsa da mãe e sua boneca Lily. Lily era uma boneca de pano que sua falecida avó havia feito para ela quando completou cinco anos. A boneca era bizarramente parecida com Orihime, exceto pelo comprimento dos cabelos. desde então, Lily estava sempre com Orihime nos momentos mais difíceis e este não seria uma exceção.

- Aqui estamos! “Lar Doce Lar”! – falou o pai todo animado ao entrar na casa.

- É... – a pequena falou desanimada.

- Logo você fará novos amigos e vai mudar sua opinião sobre a cidade. Sempre ouvi que Londres era uma boa cidade para se viver – falou a mãe sorrindo.

Orihime não respondeu. Subiu as escadas e entrou no primeiro quarto que encontrou no andar. Era um quarto simples, mas tinha uma grande janela que dava visão para a pequena floresta atrás da casa, uma cama de solteiro do lado direito e uma escrivaninha de madeira do lado esquerdo. A cor era um bege tão claro e desgastado que mais parecia um branco encardido. Sentou-se na cama. O colchão não era o dos mais confortáveis, mas pelo menos era aceitável.

- Será que eu vou me adaptar? Esse lugar não me parece tão hospitaleiro quanto mamãe diz, desde quando uma cidade tão cinza poderia ser aconchegante?! – Orihime murmurou para si.

O resto do dia foi vagaroso e tedioso. Na hora do jantar, quase não tocou na comida, Orihime não gostava de viagens muito longas, porque ela sempre sentia náuseas e ficava mal-humorada depois. Tomou um rápido banho e fechou-se no quarto pelo resto da noite; resolveu pegar um livro para ler, mas isso logo passou a ser tedioso também, logo, o tédio se tornou sono, e ela adormeceu.

No dia seguinte, seria o primeiro dia de aula na escola nova, uma coisa que Orihime jamais quis ser: “a aluna nova do meio do ano”. Ela sabia que quando quaisquer pessoas entram no meio do ano, fica muito mais difícil de conseguir amigos, ou pelo menos colegas.

- Orihime! Não se atrase! – exclamou o pai.

- Já estou indo – Orihime respondeu sem motivação.

Antes de se trocar, se trocou e ficou pronta para sair. Quando chegou à cozinha, notou certo ar de apelação para que ela aceitasse logo a decisão que os pais tomaram, sua mãe preparou todas as comidas que ela mais gostava, mas a ruiva preferiu apenas tomar um suco e comer um pedaço de pão.

- Vou levá-la no seu primeiro dia! – falou o pai sorridente.

- Tá bom – Orihime tentou esboçar um sorriso.

Assim se passaram os dias, depois os meses e anos. Orihime estava já acostumada com tudo em Londres e também tinha conseguido amigos e colegas que sempre estariam com ela, mas, logo ela veria que era melhor ter mantido a vontade de querer ir embora de lá.

Era uma noite particularmente fria, era Lua Nova e o céu estava finalmente limpo e estrelado. Os pais de Orihime iriam para uma peça de teatro e ela ficaria pela primeira vez completamente sozinha em casa.

- Se ficar com sono pode ir dormir – falou a mãe – Deveremos voltar bem tarde, então não precisa esperar.

- Tá bom – falou Orihime com um aceno de cabeça.

- Iremos trancar a porta, portanto, fique tranqüila. Deixamos a sua chave na cozinha caso aconteça algum imprevisto – falou o pai – Boa noite, querida.

- Boa noite para vocês e espero que gostem da peça!

Os pais beijaram a testa da filha e depois saíram tranquilamente.

Orihime sentou-se na mesa da cozinha para poder terminar a lição de casa e também estudar para as provas que logo iriam começar. A garota já estava com 15 anos e no final do ano completaria 16, seria uma grande festa.

A ruiva fez o que seus pais disseram, arrumou o material para o dia seguinte, viu se todas as janelas estavam trancadas e se preparou para dormir. Antes disso, escreveu algumas coisas em seu Diário, e finalmente apagou as luzes e foi dormir.

No meio da noite, uma coisa a acordou: um corvo estava batendo em sua janela.

- O que...? Ah! É só um corvo...

O corvo continuava batendo na janela e cada vez com mais força.

- O que foi? Por que não vai embora? Será que ele quer comida... Bom, é melhor eu descer e dar alguma coisa. Preciso acordar cedo amanhã.

Orihime colocou um hobe e desceu as escadas.

- O que será que corvos comem? Bom, por ser um pássaro, acho que algum tipo de grão serviria, mas eu só tenho alguns pedaços de queijo, ah! Deixa para lá, vai o queijo mesmo.

A garota cortou alguns pedaços de queijo, mas, quando estava saindo pela porta da cozinha (que levava direto ao jardim) que sua antiga boneca Lily estava no bolso do hobe.

- Ah! Então é aqui que a senhorita se escondeu né? Bom, depois eu guardo você no lugar certo.

Quando ela saiu de casa, o corvo desceu rapidamente da janela e pousou ao lado de seu pé, para dar o queijo a ele, a ruiva agachou-se e tentou dar os pedaços que tinha cortado, mas o corvo começou a dar pulos em direção da floresta, sem saber o porquê, Orihime segui-o; ela acabou indo mais longe do que deveria dentro da floresta e de repente ouviu um grito de dor. A essa altura, ela nem tinha notado que o corvo havia desaparecido, a ruiva acabou continuando a andar e encontrou a fonte do grito: sua mãe.

Orihime quase caiu no chão. O corpo de sua mãe estava caído no chão totalmente imóvel, mas não via uma simples cota de sangue escorrer pelo chão, e depois notou o de seu pai, estava caído logo ao lado e estava da mesma forma que sua mãe, mas se escondeu rapidamente atrás de uma árvore quando viu uma sombra gigantesca indo na direção do corpo de sua mãe. Tudo que Orihime conseguia distinguir naquela noite sem Lua, era algo que parecia a silueta de um corpo monstruoso; como era de se esperar, começou a recuar devagar para que tal monstro não notasse sua presença, mas ela acabou pisando em um galho que mesmo depois da chuva dos dias anteriores, se mantinha seco e acabou se quebrando. Mesmo sendo um barulho mínimo, já foi suficiente para que dois olhos dourados enormes a encarassem até a alma. Seu sangue gelou. Não sabia o que iria acontecer se iria morrer de medo ou pelas mãos de tal monstro, mas de uma forma completamente inusitada, suas pernas a fizeram se levantar e começar a correr como se não houvesse amanhã (dessa vez, realmente, poderia não haver) e de alguma forma saiu da floresta, mas quando foi atravessar a de pedras atrás de sua casa, acabou tropeçando e batendo a cabeça no chão.

~~ * ~~

Orihime só se lembrava de alguns pedaços muito embaralhados e sem ligação do momento de morte de seus pais. Só se lembrava de receber a notícia que seus pais estavam mortos, quando estava no hospital com suspeita de uma fratura craniana, que no fim não era nada sério e ela não teve maiores seqüelas, mas ela ainda assim odiava falar no assunto.

Nesse tempo em que se lembrou do passado, acabou se esquecendo da trilha que seguia, por sorte, o vermelho ainda estava visível e ela continuou seguindo até encontrar uma cena tão horrível que ela nem ao menos conseguiu reagir.

Ichigo estava caído na clareira sobre a luz da Lua Cheia que fazia a neve brilhar como prata e ainda fazia o sangue brilhar intensamente, Ichigo, seu melhor amigo de sempre, uma pessoa que ela tinha uma admiração profunda, tão profunda que chegava até a ser mais do que amizade; e lá estava ele, morto em uma poça de sangue, como o corpo que vira em seu primeiro pesadelo.

Dessa vez, nada a impediu. Orihime soltou um grito de tristeza, raiva, frustração, tudo junto. Mas quando tentou se aproximar mais sentiu como se alguma coisa a chamasse:

- Orihime!

Ela tentava ignorar, mas o chamado se tornava mais alto e mais difícil de ser ignorado:

- ORIHIME!!

E finalmente abriu os olhos. Estava sentada em uma cama.

- Finalmente acordou – uma voz familiar falou.

A ruiva virou-se um pouco assustada por causa do sonho, era Ulquiorra. Ela se lembrou que tinha desmaiado. Corou imediatamente e teve vontade de enfiar a cara em um buraco e nunca mais sair de lá.

- O-O que aconteceu? – ela perguntou completamente sem jeito.

- Você desmaiou. Só trouxe você aqui para não ficar caída no meio da sala.

Orihime ficou mais sem jeito. Ulquiorra parecia não se preocupar demais com ela, se preocupava na medida do possível, ou melhor, no mínimo possível.

- Desculpa por causar todos esses problemas...

- Não faz mal. Pode descansar, seus amigos estão lá embaixo – Ulquiorra se levantou.

- Obrigada – Orihime deu um sorriso sem graça.

Ela não entendeu se tinha sido imaginação, mas ela viu algum tipo de esboço de sorriso sem graça (mas de uma forma muito fofa). Depois ela processou a palavra “amigos”. Lembrou-se imediatamente de Ichigo, e depois do sonho. Pelo menos agora, ela queria ter certeza que todos eles estavam bem, e por enquanto, era melhor que ambos os sonhos fossem mantidos em segredo.


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Notas finais do capítulo

Teenso ~ Mas ainda vem mais partes tensas por ai 8D
Mandem reviews!



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