Eram por volta de meia noite e Melody e os outros ainda estavam bem acordados no quarto da garota. Além dela, Edward e Mello, estavam também: L, Cayeni, Matt e Near. No canto do quarto estava o pequeno vagão de madeira, mas agora ele estava com uma tranca bem simples.

- Então... Já podemos soltá-lo?! Quanto mais a Lua estiver aparecendo, mais perigoso isso pode ser! – falou Cayeni impaciente.

- Tenha paciência. Já vamos soltá-lo – diz L que estava comendo um bolo de morango.

A menor fez uma cara emburrada e se levantou do sofá, caminhou até a janela e encarou a mansão de Ulquiorra que ficava no alto da colina nos limites da vila. Pressionava suas unhas pintadas de negro contra seu braço como forma de expressar sua inquietação.

Passados alguns minutos, o sino da igreja tocou marcando meia noite e meia.

- Agora sim está na hora – falou Melody indo na direção do vagão.

A garota tirou uma chave do bolso e abriu o cadeado que parecia bem simples de ser aberto, mas na realidade, ele apenas destrancava a verdadeira tranca para abrir a enorme caixa. Um pequeno painel se abriu, onde estavam alguns tipos de inscrições antigas; Melody murmurou baixinho o que as inscrições diziam e a caixa começou a se abrir calma e lentamente.

- Tinha me esquecido que era tão demorado... – falou Mello se aproximando.

- L, pegue o frasco. Já vai terminar de abrir – Melody falou em um tom mais sério do que o normal.

O moreno assentiu. Abriu sua mala e pegou um pote com um tipo de geléia bem vermelha, depois o passou para Melody.

Finalmente a caixa se abriu. A única coisa que se via era um tipo de porta com um desenho de um morcego entre árvores brancas entalhadas na madeira e no centro do morcego havia outra fechadura.

- Com quem ficou a chave? – perguntou Melody.

- Comigo – Near respondeu frio.

O albino passou a frente da morena, ficando de frente para a caixa. Tirou de dentro do bolso de sua calça uma chave bem menor do que a que Melody havia usado primeiro e a fechadura girou facilmente.

A porta se abriu, revelando um interior completamente escuro, exceto por seu centro que era iluminado por uma luz saída do teto bem mais distante do que parecia.

Na realidade, a caixa era enfeitiçada. Ela parecia um cubículo de madeira reforçada por fora, mas por dentro, era um tipo de cela escura e em seu centro estava preso em meio a correntes uma pessoa.

Melody entrou na caixa acompanhada por L e Mello.

- Acorde. Agora você vai poder respirar livre novamente – a menina falou.

A pessoa que estava presa começou a se mexer lentamente, até que finalmente levantou a cabeça e encarou os três. Seu rosto era igual ao de L, mas seus olhos tinham uma coloração vermelha profunda e brilhante. Algo que lembrava... Sangue.

- Ora se não são os caçadores que me capturaram há quinze anos! Fazia muito tempo que não via seus rostos... Melody Keehl Edwards, L Lawliet e Mihael Keehl – falou a pessoa.

- Nossa! Que bela memória, hein? Não pensava que se lembraria tão bem de nossos nomes – Mello falou.

- Imagino que não me acordaram depois de tantos anos para ver se minha memória ainda funciona. O que desejam de mim?

- Queremos conversar com você. Mas não aqui – respondeu Melody.

- Onde então?

- Ali fora. Você finalmente vai sair novamente, Conde Beyond Birthday.

Um sorriso sinistro apareceu no rosto do moreno.

- Você não vão me deixar livre, apenas querem minha ajuda para capturar outro vampiro, não?

- Isso mesmo. Por isso, pedimos sua colaboração – L falou sério.

- Já entendi. Não posso atacar ninguém neste lugar enquanto estiver aqui.

Melody sorriu ao ouvir a resposta do garoto. Tirou uma chave branca do bolso de seu casaco e destrancou um cadeado prata e dourado com o mesmo símbolo da porta de madeira. As correntes começaram a ser puxadas para dentro do cadeado e logo Beyond Birthday estava livre, o garoto levantou-se calmamente. Vestia uma roupa igual a de L: uma camiseta simples branca, uma calça jeans bem gasta e estava descalço.

- Vamos? – falou Melody.

- Claro que sim – respondeu BB voltando a sorrir.

Os quatro saíram da caixa. Near, Matt, Edward e Cayeni não desviaram o olhar nem por um minuto antes de B se sentar no sofá. O garoto olhou para os outros quatro.

- Nossa! Como vocês cresceram desde a última vez! Principalmente vocês dois Edward Elric e Cayeni Lawliet.

- Obrigada pelo elogio, mas não temos tempo a perder! Você vai nos ajudar a capturar o tal de Ulquiorra – Cayeni falou em um tom autoritário.

B riu baixinho.

- Até onde me lembro, eu disse que só obedeceria às ordens de Melody.

- O QUE?! Ora seu... – a menor foi interrompida por Matt.

- Não vamos brigar. Além disso, sabemos muito bem que B é impassível. Ele dizer que vai obedecer a Melody é uma coisa ótima – falou o ruivo.

O moreno agora encarava Matt.

- Você também está mais velho... Mail Jeevas.

O ruivo ficou um pouco surpreso, mas continuou ao lado de Cayeni.

- Chega de conversa fiada e vamos ao que interessa, mas antes quero te dar uma coisa Birthday. Toma – a morena entregou o pote de geléia vermelha para o garoto.

Os olhos escarlate de BB brilharam.

- Você ainda se lembra disso?!

- Claro que sim. Geléia de Sangue com aroma de morango. Sua favorita.

- Obrigado.

B abriu rapidamente o pote e começou a comer, sem nem ao menos precisar de uma colher. Ninguém falou nada sobre os estranhos modos de BB. Depois de meia hora, o garoto havia terminado completamente com o pote de geléia e lambido até as bordas.

- Eu conheço esse Ulquiorra – falou limpando sua boca na manga da camiseta – ele era filho de um dos mais importantes membros do Conselho dos Vampiros. Mas nunca me encontrei com ele pessoalmente.

- E o que acha dele? – perguntou L.

- Deve ser tão forte quanto o pai. Afinal, se ele não fosse forte, vocês não teriam me pedido ajuda, não é?

- Sim. Pode nos ajudar? – falou Edward.

- Claro, mas contanto que não me escondo sequer um simples detalhe sobre tudo que está acontecendo e ainda me digam claramente o que pretendem fazer.

Depois de algumas horas, eles haviam terminado de explicar a situação para Beyond Birthday. O moreno se levantou e olhou pela janela para poder ver a mansão de Ulquiorra.

- Realmente... Esse garoto vai nos dar problemas. Imagino que o tal primo dele, Grimmjow, deva ser um Lycan¹, não é?

- Também achamos isso. O que acha que podemos fazer? – falou Near.

- Uma boa idéia seria conhecer melhor o inimigo. Descobrir seus pontos fracos e fortes, saber os mínimos detalhes sobre sua vida. Dessa forma, poderemos criar uma estratégia praticamente infalível para capturá-lo e acabar com as mortes nesta vila.

Melody ficou pensativa por um minuto. Havia uma coisa que omitiu de BB, a existência de Orihime. Ela não sabia se deveria colocar a garota nessa história, o que a detetive tinha medo, era de que sua triste história de vida, pudesse se tornar o destino de Orihime.

- Mel? – chamou Mello.

- Hum?

- Senhorita Melody, imagino que não será problema se infiltrar na mansão, não é? – B perguntou.

A morena hesitou para poder pensar mais claramente. Depois respondeu:

- De forma alguma. Mello e Matt são suficientes para isso.

- Eu também quero ajudar! Eu sempre acabo ficando de fora desse tipo de missão, mas agora já estou pronta para uma! – Cayeni exclamou com vontade.

L encarou a irmã e depois olhou para Melody. Ambos sabiam que a magia de Cayeni ainda não estava completamente sob controle e um erro imprevisto poderia colocar toda a missão em risco. Mesmo assim, Melody acabou cedendo:

- Tudo bem Cayeni. Você pode ir com Mello e Matt, CONTANTO que tome cuidado, está bem?

Um largo sorriso se abriu no rosto da menor.

- UHU! FINALMENTE VOU FAZER PARTE DE UMA VERDADEIRA MISSÃO!

Todos riram com reação da garota. Mesmo assim, L começou a roer a unha de seu polegar e olhou sério para Melody. Ela entendia perfeitamente o receio do irmão mais velho de sua amiga, mas manteve-se firme na decisão e o maior teria que aceitar.

- Agora precisamos montar um plano para podermos nos infiltrar na missão e descobrir como podemos derrotar Ulquiorra – falou Matt.

- Isso – falou L.

Todos se juntaram ao redor da mesa no centro do quarto e discutiam o tempo todo, mas Melody se retirou em direção da sacada. Começava a nevar do lado de fora. A noite estava fria, mas ela nem ligava muito para isso; logo, Mello também saiu.

- Tomando um ar, maninha? – ele acariciou os cabelos da menor.

- Só estou descansando... Essa missão está bem mais cansativa do que eu achava que seria quando resolvi escolhê-la.

- É mesmo – o loiro suspirou.

Mello podia parecer estar sempre irritado ou que qualquer coisinha o faria explodir, mas quando os dois irmãos estavam a sós, eles ficavam bem mais tranquilos.

- Você me culpa por ter essa vida sem descanso e ainda com preocupações que uma pessoa normal não teria? – a morena falou num tom triste.

Na noite em que Melody havia se transformado em vampira e perdido sua família, apenas uma pessoa continuava viva: Mello. O irmão estava dando seus últimos suspiros, pois havia levado um golpe que acertou em cheio seu estômago; e, a única alternativa que Melody encontrou, foi transformar seu irmão também, antes que ele morresse.

Mello deu um tapa na cabeça da irmã.

- Aiii!! Por que fez isso?! – exclamou a menor.

- Porque você faz essas perguntas sem sentido!

Melody voltou a fitar as árvores que estavam abaixo da sacada e quando se virou o maior lhe deu um forte abraço.

- Você sabe que eu nunca vou te culpar por ter salvado minha vida naquele dia. E eu nunca me perdoaria por te deixar sozinha no mundo se eu tivesse morrido – sussurrou.

A menina retribuiu o abraço.

- Obrigada.