Aquilo estava mesmo acontecendo?! Ulquiorra tinha acabado de... Beijá-la? Era algo tão surreal que a garota não fez nada além de aceitar. O beijo dele era quente; ao contrário do que ela mesma já tinha se perguntado como seria e despertava uma sensação de paz, calma, como se a mandasse para o lugar mais calmo do mundo e quisesse que ela ficasse ali até que se acalmasse. Os dois se afastaram depois de alguns minutos. Orihime sentia seu rosto queimando, deveria estar mais vermelha do que um tomate.

Os olhos de Ulquiorra estavam fixados nos seus, como se esperassem que ela falasse alguma coisa, mas a ruiva nem se mexeu; até que subitamente correu para o corredor de mármore negro.

- Noooossa! Não imaginava que você a beijaria logo no primeiro encontro, não sabe que isso é feio? – zombou Grimmjow que apareceu misteriosamente na sacada.

- E você que fica ouvindo a conversa dos outros? – Ulquiorra falou frio.

- Tem razão. Bom, se quiser saber, aqueles três já foram embora. Imagino que tenha enfrentado a garota, não é?

O moreno não respondeu.

- A noite está mais fria do que antes... Não é só pela neve.

- O que quer dizer? – o moreno finalmente se manifestou.

- Nada. Apenas que a data de morte de seu pai está próxima, quem sabe não seja isso que está mudando o clima?

- Não. Não é nada disso. O clima está mudando porque ele tem que mudar.

- Aff... É sempre assim! Depois que você faz uma coisa que nunca faz, fica mais chato do que o normal.

- E você nem precisa de um motivo para ficar irritante, não é Grimmjow?

- Tsc. Eu vou para o porão, a festa já não tem mais graça.

O de cabelos azuis saiu pela porta e caminhou pelo corredor de mármore sem fazer muito barulho.

Ulquiorra saiu na sacada. O chão estava com uma pequena camada de neve e a mureta tinha se tornado completamente branca, olhou para baixo e viu o jardim da casa. Foi ali. Foi ali que ele se encontrou com a ruiva pela primeira vez há dez anos.

Finalmente ergueu seu olhar para a Lua, esta iluminava a floresta escura à Oeste tornando-a uma mistura de preto e prata, ao Leste, a vila estava iluminada por lampiões com chamas douradas protegidas do frio pelo vidro.

- Posso sentir que em breve mais inimigos aparecerão – murmurou para si.

Na frente da enorme mansão, Melody, Mello e Edward caminhavam em direção do portão.

- Como foi? – Mello perguntou.

- Do jeito que eu esperava. Ele admitiu ter feito tudo, mas acho que apenas nós três não seremos suficientes... – respondeu Melody arrumando sua franja.

- AAAHH NÃO! VOCÊ NÃO VAI CHAMÁ-LOS, VAI?! – exclamou Edward.

- E o que você tem contra chamar Cayeni, Near, L e Matt? – falou a menina.

- Não tenho nada contra... É que eles sempre acabam querendo as coisas do jeito deles... Nunca chegamos a um acordo.

Mello deu uma risadinha.

- Desde que aquele albino idiota não me encha está tudo bem. Vai ser bom revê-los, faz quanto tempo desde a última reunião?

- Foi quando capturamos Beyond Birthday há mais ou menos 15 anos – respondeu Melody – quero muito revê-los! E também vou pedir que tragam o B. Preciso perguntar algumas coisas para ele...

- Aff... Vai começar a parte difícil... – suspirou Edward.

Os outros riram.

Dois dias se passaram desde a festa. Melody já havia contado seus amigos e a festa já não era o assunto mais comentado na vila. Mesmo assim, uma pessoa ainda não poderia se esquecer da festa, esta pessoa era Orihime.

A ruiva acordou com o som das pessoas conversando na rua, o dia estava completamente nublado, pelo jeito, o Sol não sairia naquele dia. Levantou-se rapidamente da cama e se trocou. Vestiu uma blusa branca de mangas compridas e uma calça da mesma cor, por cima vestiu um casaco marrom e colocou um cachecol cor de rosa em volta de seu pescoço, àquela manhã estava realmente fria.

Depois de tomar seu café, resolveu dar uma volta pela cidade. Quando saiu de casa ficou surpresa com uma carruagem um tanto quanto excêntrica ia rapidamente em direção do Hotel e a mesma puxava um tipo de cela de madeira, e este outro vagão parecia bem reforçado.

Resolveu ir falar com Melody, não sobre a noite da festa, mas ela precisava de alguém para desabafar sobre seus sentimentos, mas como a garota achava melhor ainda não ir falar com Rukia, resolveu ir até Melody. Para sua surpresa, Melody, Mello e Edward estavam na frente do Hotel e pareciam esperar por aquela carruagem que vira mais cedo; quando a porta da carruagem foi aberta, quatro pessoas desceram.

Primeiro saiu um garoto alto, mas que tinha as costas bem curvadas, uma pele estranhamente branca, seus cabelos eram escuros como a noite e seus olhos não passavam nenhuma emoção e junto com as severas olheiras fazia o parecer um panda; este usava uma simples camiseta branca e uma calça jeans azul. Em seguida, um garoto que tinha mais ou menos a altura de Mello, mas só que ruivo; usava estranhos óculos de lentes alaranjadas, um casaco felpudo, uma camiseta de mangas compridas listrada de preto e branco e botas de couro.

O terceiro a sair parecia mais com uma criança, mas tinha cabelos brancos como a neve e seus olhos tinham a mesma cor dos do maior, mas dessa vez o olhar era mais frio do que inexpressivo. Vestia uma roupa toda branca e segurava um robozinho vermelho em seus braços. Por fim, viu uma garota saindo da carruagem. Esta era mais ou menos da altura de Melody, tinha calos negros compridos e com algumas mechas avermelhadas, usava óculos acinzentados, seus olhos eram iguais aos do maior, um castanho quase negro. Suas roupas eram normais, vestia uma blusa preta, uma saia roxa e meia-calça preta; calçava um par de tênis pretos com alguns detalhes rosa.

- Oh! Bom dia Orihime! – sorriu Melody.

- Bom dia Melody, Mello, Edward – a ruiva sorriu de volta – são seus amigos?

- Sim. Eles vieram para me ajudar com alguns assuntos. Esta é Cayeni, minha melhor amiga, este é o irmão mais velho dela, L e os outros são Near e Matt.

- Olá! – falou Cayeni abrindo um largo sorriso.

L, Near e Matt apenas acenaram com a cabeça.

- A Melody nos falou sobre você... Orihime, certo? Não sou a melhor pessoa com nomes... Mas espero que também possamos ser amigas.

- Claro que sim. Etto... Acho melhor eu voltar outro dia, você vai precisar ajudar seus amigos com as malas. Parece que têm muitas.

A ruiva olhou para o pequeno vagão de madeira. Melody sorriu.

- Mello e Edward os ajudam, vamos conversar em um lugar mais calmo.

- Tudo bem mesmo? – Orihime estava um pouco envergonhada.

- Claro! Não se preocupe, agora vamos. Tchau pessoal, nos falamos depois!

- Tchau – despediu-se Orihime.

- Tchau! – exclamou Cayeni.

Quando as duas garotas já tinham se afastado bastante, Near olhou para Mello e perguntou:

- É ela?

- É sim. Pelo jeito trouxeram a prisão de segurança máxima junto com o cara.

- É um feitiço. A caixa só parece pequena por fora, mas na realidade é até maior do que a carruajem-apartamento que nós usamos para vir – explicou a menor.

- Então desenvolveu mais seus poderes, baixinha? – zombou Edward.

- Como se você pudesse me chamar de baixinha seu BAIXINHO!

- ORA SUA...!!

A morena começou a correr e o garoto foi logo atrás morrendo de raiva.

- Esses dois... – falou L mordendo o polegar.

- Melhor entrar. Está ficando frio – falou Matt.

- Tem razão. EEEEEEIII!! SEUS BAIXIHOS! VAMOS LOGO ANTES QUE A GENTE DEIXE VOCÊS PARA FORA! – berrou Mello.

Cayeni e Edward pararam de correr e encararam o loiro.

- Mello... – falou Near observando a cena.

- O que foi nuvem?

- Corre.

O loiro olhou e viu que os outros dois estavam começando a correr na direção dele e o maior se apressou em entrar no Hotel. L esboçou um sorriso enquanto olhava a cena e depois foi na direção do vagão de madeira e desprendeu-o da carruagem e começou a puxá-lo com uma das mãos sem mostrar dificuldade nenhuma.

- Melhor fingir melhor. Este vagão parece muito pesado para uma pessoa normal nunca agüentaria um peso desses... – falou Matt.

- Não se preocupe ninguém está olhando.

Matt deu de ombros. Os três entraram no Hotel.

Longe do barulho e da confusão da vila, Melody e Orihime estavam sentadas em um banco na praça.

- Então você não sabe o que está sentindo com relação ao Ulquiorra? – Melody perguntou depois de ouvir todo o “relatório” da ruiva.

- Isso...

- Eu não tenho muitos conselhos para isso... Mas acho que você deveria pegar um dia só para pensar nesse assunto e discuti-lo com sigo mesma, porque, afinal, quem mais nos entende é nós mesmos.

- Entendi! Obrigada por ouvir aquele discurso todo... – Orihime agradeceu coçando a nuca.

- Não foi nada! E eu espero de verdade que vocês dois consigam se acertar logo – Melody se levantou.

- Sério?

- Claro que sim! Eu sempre apoio minhas amigas nas decisões delas e do jeito que você me contou essa história tem tudo para dar certo.

Orihime corou um pouco. Ela não esperava que a morena entendesse tão bem os problemas dela e ainda mostrasse uma solução bem simples, mas depois ela se lembrou da conversa entre a menina e Ulquiorra. Melody também tinha se apaixonado por um vampiro, então realmente ela compreendia integralmente a situação de Orihime.

- Agora eu já vou voltar. Por que não vem também? Podemos tomar um chá e você pode conhecer melhor aqueles cinco.

Orihime aceitou com a cabeça, só depois percebeu que Melody havia dito cinco, mas ela só tinha visto quatro pessoas descendo da carruagem... Será que... Tinha alguém no vagão de madeira? Não. Isso não é coisa que se faça. Como alguém poderia deixar uma pessoa presa em um cubículo de madeira?!

- Orihime? Vamos! – Melody puxou seu braço.

- Anh? Ah! Sim. Vamos.

As duas caminharam calmamente de volta para o Hotel.