Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 11
Capítulo 11 - Mal nenhum


Notas iniciais do capítulo

Ooi. Como foi o final de semana prolongado de vocês? Espero que tenha sido bom. Mais um capítulo, cheio daqueles diálogos confusos de Malu e Igor. Espero que gostem.



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Pov. Igor.

Estávamos em um restaurante, praticamente um quiosque do outro lado da rua, havíamos deixado a lanchonete para trás. Eduardo estava entretido com seu jogo de vídeo game sentado em uma área de crianças agora desabitada e Malu bebia uma cerveja distraída.

Quanto a mim... Eu estava a observando, em todos os detalhes, plenamente consciente que apenas a mesa nos separava. Estava realmente a vendo com meus olhos do presente, não do passado. Vendo além do amor que eu nutria pela Malu adolescente. Eu a via, não a antiga Malu da minha adolescência, aquela garota rebelde. Ali na minha frente se encontrava uma mulher, que o tempo não prejudicou, só melhorou, além da beleza física, que tinha desabrochado e se tornou absolutamente irresistível. Ela parecia tão confortável agora. Segura de si. Diferente de alguns dias atrás, distante, mas ao mesmo tempo próxima. Sentia sua sapatilha tocando minha canela por causa da mesa estreita. Ela não corava, nem hesitava em me olhar nos olhos, embora quando fizesse isso por um período mais longo desviava os olhos sutilmente. Estava sentada confortavelmente com seu copo de cerveja na mão, esperando algo de mim. Sorrindo, mais solta pelo álcool talvez. Mas com uma segurança só dela. E eu adorei isto, tirando toda a distância que ia além dos corpos, mas ver o quanto ela havia amadurecido. Amadurecido tanto ao ponto de embarcar em um relacionamento sério e praticamente estar prestes a se casar. E eu odiava essa ideia, odiava o rival que eu imaginara a tocando, odiava o fato de conseguir imaginar alguém a tocando. Odiava o tal casamento, repudiava as idéias relacionadas a ele, mas a curiosidade era mais forte, mesmo sabendo que me irritaria e magoaria com este assunto, não pude evitar perguntar:

– Então realmente vai casar?– nos encaramos em silêncio, Malu provavelmente estava medindo as palavras, então, ao invés de um texto longo sobre seus motivos, como imaginei, ela falou placidamente:

Sim. – uma palavra, sim, apenas uma. Não ajudou em nada minha curiosidade, apenas a atiçou.

– Noiva?

– Óbvio. – ri baixo de sua ironia.

– Há quanto tempo?

– Uns dois anos, desde que estamos morando juntos.

– Morando juntos!? – engasguei com o nada e ela levantou a sobrancelha zombeteira. – Isso não é precipitado? Se conhecem há pouco tempo. É pouco. – repeti, dando ênfase ao pouco.

– Com certeza não é pouco! Estou com Victor há quase três anos. Mais tempo do que... bem... conheço você.

– É diferente...

– Sem sombra de dúvidas é diferente. – bufei mal humorado. – Quer mais cerveja? Não sei se quero mais a minha; não gosto tanto assim de beber, só ocasionalmente.

– Então você gosta dele? – ignorei a pergunta, claramente repudiando a tentativa dela de mudar de assunto.

– Obviamente.

– Tem certeza que ele é o ‘cara certo’?

– Claro! Acha que eu seria tão imatura assim de escolher o ‘cara errado’?– a ironia dela estava chegando quase ao ponto de ser agressiva, mas ignorei isto. Até mesmo sorri, era um sinal que a Malu certa, não a certinha que se prendia e tentava se mostrar mais controlada do que queria e era, estava aparecendo.

– Como pode ter certeza?

– Olha... Eu o escolhi pra ser o homem que quero passar o resto da minha vida. Isso se o divórcio não interferir; tenho que ser realista, não é? Mas falando sério... Não consigo pensar em ninguém... Uma pessoa melhor que o Victor. Ele é fantástico.

– Certinho, engomadinho, daqueles que tiveram uma mulher só na vida?– vi a careta irritada de Malu e sorri para ela.

– Ele é um mulherengo de uma mulher só. Euzinha.

– Você o ama?– não sei por que fiz a pergunta, nem queria fazê-lo, mas fiz. Não queria a resposta, mas ao mesmo tempo precisava fazer. Era contraditório. Malu nem hesitou ao responder.

– Amo, amo sim.

Respirei fundo. Nos últimos dias tinha prometido respeitar a opinião dela. Afinal de contas havíamos mudado, eu tinha que conhecê-la e fazê-la acreditar em mim, acreditar que eu ainda a queria e podia ser bom para ela. Éramos amigos antes, possuíamos uma amizade, então porque não refazê-la? Eu só... Não podia ficar sem ela. Embora a ouvir dizer que amava outro homem me deixou cheio de angústia, raiva e ciúmes. Procurei me acalmar. Bebi um cole da minha bebida de uma só vez, mantendo a pose serena.

Legal. – murmurei ironicamente e ela sorriu.

– E você, saindo com alguém?

– Não.

– Mas saía.

– De vez em quando. Algo bem ocasional.

– Claro... Muitas namoradas?

– Não, na verdade não. Não me dou muito bem com namoradas, ou seria melhor dizer com o fim de relacionamentos? No final elas sempre acabam me odiando.

– Ou engravidando. – fiz uma careta ao tom sarcástico dela.

– Não sabia que tinha tanto rancor quanto a esse assunto.

– Não é rancor, é só... Esqueça. – depois de uma pausa, ela bebeu dois grandes goles de cerveja e eu apenas a observei. – Então... Está fugindo de relacionamentos?

– Eu não diria fugindo. Apenas tenho traumas com namoradas. Só uma que durou uns 6 meses, quando Eduardo tinha dois anos. Não deu certo, ele se apegou um bocado a ela e demorou em se acostumar sem. Me senti mal, eu não a amava, sabia que não duraria muito tempo e mesmo assim fui imbecil o suficiente pra fazer com que uma decisão errada minha magoasse meu filho. Prometi que não deixaria outra mulher se aproximar de mim e dele se não fosse pra ficar realmente. Prometi que não magoaria Eduardo por causa de minhas idiotices. Infelizmente, as garotas com que saio não entendem, elas tem certa obsessão em conhecer o Eduardo, cheias de simpatia, como se estivessem loucas para dar uma de madrasta e acharem que assim vão formar uma família feliz e idealizada. Eduardo não gosta de falsidade e em algumas semanas lá se vão meus namoros, que nem conseguiram alcançar esse título, acho.

Ela olhou para Eduardo e eu segui seu olhar. Ele agora dividia o brinquedo com um colega, já o havia visto brincar algumas vezes juntos na escola. Ele sorria de leve enquanto brincava, puxando o brinquedo para ver a tela de vez em quando. Ambos agora riram, não notei que estava sorrindo até Malu murmurar baixinho.

– Você tem orgulho dele.

– Quem não teria?

– Tem razão... Ele é fantástico. – ela ficou pensativa.

– O que houve?

– Á vezes eu me pego pensando... pegava pensando na verdade, como aconteceu?

– Aconteceu o que?

– Eduardo! Sabe... Aconteceu... – ela me lançou um olhar especulativo.

– Ah!

– Sei que é constrangedor, só fiquei curiosa e... – ela corou, agora balançando a sapatilha, nervosamente. Sorri de leve. –  Não é da minha conta.

– Talvez seja da sua conta. Mas algo me diz que você não vai querer ouvir.

– Não me importo mais com o passado.

– Então porque perguntou?

– Curiosidade!

– Nada que uma mulher pergunta é só por curiosidade. Se fosse só por curiosidade você iria atrás de Ceci. Se é que não já foi... A não ser que queira saber minha opinião sobre o ato em si. – controlei o riso ao ver sua cara vermelha.

– Eu não fui atrás de Cecília!Você é tão prepotente! Quer saber? Esqueça...

– Ok, não está mais aqui quem falou. – ficamos em silêncio por quase um minuto.

– Só não entendo qual seria o problema em me contar, não estamos aqui fingindo que gostamos um da cara do outro?

– Quer mais cerveja? – tentei enrolar como ela fez antes e ela até mesmo sorriu diante de minha tentativa, o sorriso murchando em seguida e adquirindo ares de decepção.

– Certo, Igor... Você não quer falar. – encarei sua face decepcionada e respirei fundo. Fechando os olhos, o que é que essa mulher não conseguia de mim?



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Notas finais do capítulo

Ahhh eu dividi esse capítulo em dois. hihi. No próximo a conversa confusa continua e vocês saberão mais ou menos, na explicação do Igor como Eduardo surgiu, literalmente. rs
Bem, estou sem ideias para comentários, deixo eles ao cargo competente de vocês. Adoro seus pontos de vista, são surpreendentes e muito gostosos de ler, vocês nem fazem ideia!
Pois bem... Mereço reviews?