Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 12
Capítulo 12 - Ainda é cedo


Notas iniciais do capítulo

N/A: Oláa. Boa tarde para todos. Eu estou muito feliz, Amanhecer estreou gente! E eu sou muito, muito, muito, muito fã. Estou feliz demais. Pena que só poderei assistir o filme segunda; domingo tenho um teste importante e tentei passar meu final de semana estudando... nulamente, por falar nisso.
Ok, voltando a fic... Como vocês são maliciosas! Eu ri muito dos comentários. Gente, a Malu não queria saber a parte teórica, já que tecnicamente ela e Igor... né. *risos* Mas queria saber o momento, como foi que isto aconteceu! Ela queria entender como surgiu aquilo que destruiu o amor lindinha dela. Enfim. É isso aí. Sou péssima me explicando, desculpem!



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Pov. Malu.

Permanecemos em silêncio; Igor mantinha o semblante fechado, os olhos fechados como que refletindo. Me perguntei por que eu queria saber tanto disto. Na verdade, eu só queria saber por que aconteceu, e pra chegar ao porque você tinha sempre que passar pelo como.  Queria saber se foi quando eles se conheceram, antes de Igor saber que Ceci era minha irmã, seria menos doloroso se fosse assim. Ou depois dele me encontrar, de irmos ao tal Planetário juntos, do tapa, dele esfregando na minha cara que eu ainda o amava. Preferia que tivesse sido bem antes de nossa recaída, porque se fosse depois... As lembranças seriam piores, eu me sentiria pior. Seria mais uma coisa para guardar, mais um trabalho. Eu devia repudiar minha pergunta, retirá-la, mas ela ainda batucava na minha cabeça. Eu não sabia o que eu queria, só não queria me sentir tão... ignorante quanto a este assunto. Igor olhou para mim indicando a cerveja.

– Sua irmã consegue ser mais forte pra bebida que eu. Não gosto muito de beber, mas depois de certos encontros com sua cunhada, irritado, magoado, confuso, perdido, ferrado... Algo semelhante a você estar afundado em seu próprio lixo, você se exaspera. – Ele murmurou, mais baixo do que o usual. O dedo fazendo voltas na mesa. Senti meu estômago se comprimir e revirar. –  Bebe além da conta e sua namorada te acompanha, ela é animada, te encoraja, faz piada... Você está tonto, se deixa levar pelas insistências quase irritantes dela e também pelo alto teor de álcool no sangue, não pensa em preservativos. Já está tudo ferrado, o que custa uma coisa ou outra? Afinal isso é a lei da vida não é?  Reproduzir é bom, faz bem, garante a perpetuidade da espécie... Nessa hora seu humor negro está afiado, mas você não se sente patético. Você não sente nada, você pensa em algo, mas logo esquece. Seu cérebro está lento... É tudo instintivo.

Engoli em seco, vendo Igor pensando, a testa vincada. Lamentei a pergunta naquele instante, ao vê-lo relembrar, me sentia irritada e tensa, meus músculos congelados. Estava presa as lembranças e a minha imagem. Era cruel, mas as palavras vinham tão rápido que uma imagem logo substituía a outra. Igor continuou:

– Você não pensa nem no que está fazendo na verdade, nem quer pensar, a realidade é uma droga pra que encará-la? Enquanto puder camuflá-la, tudo bem. E sabe... Se ela iniciou a coisa toda, ela provavelmente deve se precaver, você pensa quase esquecendo em seguida o que pensou, mulheres são tão mais cuidadosas... Mas acaba esquecendo que ela também está bêbada e com a mente pior do que a sua, quase imaturamente falando, além de estar não-sóbria. Então no dia seguinte você acorda com uma dor de cabeça filha da puta, com sua namorada do lado, aquela que você definitivamente não ama, sabendo que fez merda... Mas não se lembra. É como se a noite não tivesse existido... Não tem do que lamentar, essa noite nunca existiu pra sua memória. Querendo acreditar de toda maneira que isto não aconteceu. Mas quando a notícia sobre um filho chega, junto com alguns flashbacks... Uma bomba! Daquelas que arrastam tudo no caminho. Você lamenta tudo em 5 segundos e antes que perceba, perdeu tudo que importa pra si.

Ele parou, me olhando, esperando minha reação. Eu me sentia meio enjoada e não disse nada. Ele esperava uma resposta minha; alguma coisa. Dava pra ver no jeito que ele me olhava. Mas eu só pude gaguejar, não sabendo o que dizer. Eu não sentia nada, nem raiva, nem tristeza, nem desespero... Nada. Eu estava meio desorientada e vi meu autocontrole começar a ruir:

– Eu... Vocês...

– Dois irresponsáveis, seu sei. Dois idiotas e burros! Um erro conjunto, eu e Ceci. – ele riu sem humor.– Cecília e eu sempre acabamos magoando pessoas ao nosso redor.

– Eu, neste caso. – murmurei friamente, começando a sentir a raiva voltar a nascer. Raiva de mim mesma por me importar.

– Não vai se repetir.

– Claro que não, eu não vou deixar. – apertei meus braços contra o estômago, virando o rosto para a rua.

– Eu não devia ter contado... Eu sou um idiota.

– Eu perguntei. Me sinto melhor sabendo.

– Parece magoada.

– Mas não estou! – falei rispidamente, quase histérica. – Nem estávamos juntos nessa época. Eu era só a cunhada e...

– Lamento o que fiz, mas não lamento totalmente. Tenho o Eduardo agora.

– Ele basta. – Foi quase um resmungo, cruzei os braços mesa, tentando me sentir mais firme tendo algum apoio embaixo das mãos.

– Não é questão de bastar... Eu amo meu filho. Você não faz ideia de como é ser pai, se entregar a um serzinho minúsculo logo quando ele nasce. Quando meu filho nasceu, foi como se... O mundo sorrisse mais uma vez pra mim no meio de tanto... lixo. Isso não altera o fato que senti sua falta loucamente, Malu. Mas eu o tinha pra me fazer seguir em frente. Mas ainda assim não pude te esquecer.

– Se eu te fiz tanta falta porque não foi atrás de mim? – a pergunta escorregou da minha boca e a única coisa que pude fazer foi tapá-la assustada. Porque eu não calava a boca? Meio trêmula passei a mão pelo rosto, Igor apenas me observava.

– Eu tentei de todo modo falar contigo. Ir atrás de você. Seu pai não me deixava chegar perto, manter qualquer tipo de contato contigo. E além do mais mandei milhares de recados pela Cecília.

– Mal falei com a Cecília.

– Eu sei. Tentei pela sua mãe e... Ela não quis te perturbar ainda mais. Disse que você estava se conhecendo, que era um momento importante pra você. Depois mesmo com eu insistindo, disseram que você tinha viajado, parecia feliz... Então parei de te procurar, eu estava com problemas pra fazer Cecília parar com suas manias destrutivas, como parar de beber, prejudicando o bebê. Ceci é muito teimosa e não queria aceitar que isso estava acontecendo com ela, demorou um pouco até ela aceitar Eduardo como um presente não um castigo. Mas não desisti de você apesar de tudo. Não que eu quisesse que você parasse de viver a sua vida, ou voltasse correndo para mim. Ou pior, ficasse se remoendo ou sofrendo por mim, sentindo raiva... Mas esperei. Respeitei sua opinião, só queria ver você bem. Só queria saber se você estava bem e feliz, se ficar longe de mim era o melhor pra você. O que provou ser verdade. – ele riu sem humor, se inclinando para perto de mim pelo balcão. Mordi o lábio ao sentir seu rosto próximo ao meu, tentei desviar o olhar inutilmente. – Eu nunca deixei de te procurar, sempre procurei saber de você. Não sabia que queria que eu fosse rodar o mundo atrás de você, achei que isso a faria me odiar mais.

– Eu odiaria você se viesse atrás de mim. – falei, bem baixinho. Virando o rosto e fazendo um sinal para que ele se afastasse. Ele afundou na cadeira, perguntando irônico:

– Então porque perguntou? – por que... Lá no fundo; minha consciência sussurrou, você queria que ele fizesse isso agora. – Malu, diz alguma coisa.

O encarei, analisando as linhas do seu rosto. Pensando no que dizer, eu sentia a garganta seca, eu não queria dizer pra ser sincera... Sentia vontade de fazer algo, mas não podia. Seu queixo tremia de leve, pela ansiedade. Os lábios estavam entreabertos como para beber minhas futuras palavras. Uma camada fina de pelos demonstrava que ele andava meio ocupado para cuidar da barba. Murmurei, achando naquilo uma salvação, ou perdição, não sei:

– Você precisa fazer a barba, urgentemente.

– É pra arranhar... – ele riu sem humor, a voz triste, mas um sorriso provocativo apontando para mim. Sua mão arrastou-se até perto da minha, enquanto a outra passava pelo queixo. Algo me ocorreu naquele momento

– Victor sempre faz a barba. – soltei involuntariamente, a mão de Igor parou, os dedos quase encostando nos meus, que apertavam firmemente o guardanapo. Ele recolheu a mão, aparentando irritação.

– Você conseguiu transformar uma frase absolutamente normal, na coisa mais broxante que eu já ouvi, Malu.

– Não vou pedir desculpas.

– Porque estamos falando disso? Dele?

– Porque ele faz parte da minha vida! – exclamei, mais para mim do que para ele. Precisava me focar nisso, em Victor. – Ele é o meu presente!

– Eu consigo lidar com isso, com ele fazer parte da sua vida... Como seu, argh, namorado e tudo o mais, pelo menos por agora. Mas não consigo... Porque não admite que eu faço parte da sua?

– Porque você não faz! Você é passado!

– Então porque está aqui? – ele disse suavemente, quase docemente.

– Porque você pediu.

– E porque me deu ouvidos, Malu? Porque, então?

– Eu não sei, ta legal? Eu não sei. – peguei minha bolsa, me preparando para me levantar. A voz de Igor me prendeu em meu lugar, um tom de desolação, ele parecia magoado e ferido.

– Aonde você vai, Malu? Porque você sempre tem que ir embora quando eu estou feliz só por te ter perto de mim?

Emudeci; a garganta seca, meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu as prendi firmemente, puxando o ar. Porque ele fazia isso comigo? Eu não sabia como me sentir nesses momentos, com Igor me olhando implorativo. Não sabia se sentia raiva, despeito ou... Eu não sabia, não conseguia concluir minhas opções. Mas odiava aquela sensação. Continuei calada, Igor continuou a falar:

– Porque você faz isso, Malu? Porque sempre foge de mim? É pelo prazer de saber que eu vou ir atrás de você toda vez? É pela certeza que eu nunca conseguirei não te procurar em qualquer canto que eu vá?

– O que quer que eu faça?! – lamentei, me levantando. Ele levantou junto comigo, bloqueando minha passagem.

– Não sei, diga que não quer que eu vá atrás de você! Nunca mais, em definitivo. Diz isso agora, olhando nos meus olhos.

– Você não me daria ouvidos. – fechei os olhos, logo tornando a abri-los. Me sentindo cansada, mas ao mesmo tempo em alerta. Meu coração estava cansado e meu corpo parecia mais vivo do que nunca.

– Tem razão... Tem toda razão! Mas, você conseguiria dizer isto? Conseguiria pedir uma coisa assim?

– Eu vou embora se você quiser, eu sumo se você quiser, Igor.

– Mas eu não quero! – eu também não! Gritei com os olhos, mas não pude dizer isso em voz alta. Era demais até para mim.

– Então você me entende.

– Então também não consegue me deixar?

– Consigo, sempre consegui.

– Precisa mentir um pouco melhor se quiser me convencer. – o empurrei de lado, procurando passar por ele, que segurou em meu braço. Me senti eletrocutada e parei, arfante.–  Ei, não vá embora.

– Você prometeu que iria se comportar!

– E você prometeu que nunca me deixaria. – parecia uma conversa confusa. Estávamos falando do presente ou do passado? Ou seria apenas sobre nós? Eu estava tão... confusa.

– Eu nunca quis essa promessa.

– Nunca precisou fazê-la, é daquele tipo de juramento que independente de tudo sempre vai permanecer. Mesmo que estejamos distantes, Malu. Você nunca vai me deixar. Sempre estará aqui ó. – a mão dele desceu pelo meu braço e parou em minha mão, a apertando com força e a puxando para seu peito, a colocando em cima do pano quente de sua camisa, exatamente em cima do seu coração. Fechei os olhos, tornando a abri-los, puxei a mão, mas fui vencida pelo aperto firme da mão dele.

– Você fala como se fosse eu, como se soubesse como me sinto.

– Então vai dizer que não sente nada por mim?

– Quer mesmo saber, Igor? Sempre fui verdadeira em relação a você. E agora eu...

– Você...?

– Eu não sei mais o que eu sinto por você. – murmurei friamente, me soltando da mão dele e de seu aperto quente. Me virei, caminhando para a saída.

– Malu, espera... – andei rapidamente para fora do restaurante, sentindo os passos igualmente rápidos dele atrás de mim.

– Pai! Aonde você vai?– ouvi o grito de Eduardo e os passos de Igor se silenciaram. Ele tinha uma nova vida, avessa ao meu ideal. Ele sempre seria o pai do meu sobrinho, e eu seria apenas uma cunhada, ex-cunhada. Era assim que o mundo via e como deveria ser. Era o certo.



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Notas finais do capítulo

N/A: Escrevi o capítulo ouvindo Ainda é Cedo do Legião Urbana, essa banda é tão inspiradora. E a música ainda me lembra este casal. As conversar Malu e Igor ME confundem, gente. Malu como sempre mexida pelo Igor e este sempre apaixonado por ela. Está visível como a Malu está perdendo o controle, lálálá. Logo um certo noivo volta a aparecer pra voltar a por juízo na cabeça dela. Mas será que juízo e controle demais no amor é bom, gente? Vá lá saber... Meus relacionamentos amorosos são nulos, então... Nem posso opinar. *risos* To enrolando aqui. Espero que tenham gostado do capítulo.
Ps: Eu amo o Igor romântico assim. Amo demais.
Ps2: Bem, Eduardo nasceu de uma grande irresponsabilidade do Igor e da Ceci, os verdadeiros sentimentos dela quanto a Eduardo ficarão mais claro mais pra frente, espero.
Ps3: Notaram como o capítulo ficou grande? Espeor que inspirem comentários em vocês também. AMOOO reviwes grandes. Tenham um ótimo final de semana.