Lua De Sangue escrita por JhesyAckles


Capítulo 2
Capítulo 2




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Eu não pude me conter. Sei que deveria mas não consegui. 

- No mesmo lugar, então? - ele disse.

- Ao por do sol, é.

- Está marcado, te encontro lá então. 

E desligamos. 

O que se seguiu foi o que pareceu ser um dos dias mais longos de toda a minha vida. As horas pareciam não passar, nada parecia me distrair, só o que eu queria era que a noite caisse para ve-lo outra vez. 

E assim o dia passou, lento e sem graça, mas quando a noite chegou eu me pus a correr pela floresta em direção a caverna. Quando cheguei ele já estava sentado em uma pedra na entrada da caverna me esperando. 

- Oi. - ele sorriu.

- Você veio.

- Aparentemente, sim. - nós rimos. 

Ele veio ao meu encontro e me abraçou. Desde o nosso primeiro encontro, no dia anterior nós não haviamos ficado tão proximos um do outro. Pude sentir seu corpo proximo do meu, seu cheiro doce com mais intensidade. Esse cheiro não se comparava a nada que eu já tivesse sentido em toda minha vida.

Fomos até o lago e deitamos na beira enquanto conversavamos e olhavamos as estrelas. 

- Porque escolheu me encontrar de noite? - ele questionou.

- É que... sei lá, gosto mais da noite sabe, estrelas, lua... Essas coisas não podem ser vistas durante o dia... - eu disse, é claro que não foi a melhor resposta mas, o que eu poderia dizer? " É porque não posso sair durante o dia se não eu frito!"? 

- Entendi. Também prefiro a noite. Mas, seus pais não implicam de você passar a noite inteira fora de casa?

- Não, eles não se importam com isso.

- Você não é uma garota muito comum não é?

- Você nem imagina o quanto. - ele sorriu pra mim. 

- Então, garota noturna, qual lua você prefere? 

- Sem duvida nenhuma a lua cheia. 

- Porque a lua cheia? - ele perguntou, mas dessa vez parecia ter mais curiosidade em saber a respota.

- Não sei ao certo, sempre me fascinou. Porque, você não gosta?

- Bem, talvez... Não, pra falar a verdade gosto sim. - ele disse e sorriu enquanto se sentava. Eu me sentei também, de frente pra ele. 

- Sabe, adorei te conhecer... você é tão... diferente. Me sinto tão bem perto de você... É como se eu já te conhecesse há tanto tempo... - ele disse me olhando nos olhos, eu podia sentir meu coração acelerado e podia ouvir o dele batendo na mesma frequencia. 

- Também adorei te conhecer. - eu sorri enquanto o encarava. Seus olhos me fixaram sem deixar que eu mudasse o rumo do olhar.

Ele sorriu, tocou meu queixo e puxou meu rosto para junto do dele, uma corrente eletrica percorreu todo meu corpo quando ele o fez. Seus labios macios se movendo junto aos meus, eu podia sentir seu halito doce e quente em minha boca. Eu ouvia seu coração bater acompanhando as batidas do meu, mais rápidas do que nunca. Não sei quanto tempo nosso beijo durou, não sei quanto tempo ficamos ali juntos, mas fosse o tempo que fosse não foi o suficiente.

Quando nos separamos algo me veio a cabeça. 

- Que horas são? - eu perguntei atordoada. 

- São 4:45 da manhã.

- Droga, droga, o sol nasce as 5 horas hoje não é? 

- Não sei, é? - ele perguntou sem entender o motivo da minha agonia. 

- Acho que sim, preciso ir. Está muito tarde. - me levantei apressada. 

- Eu vou te ver outra vez? - ele segurou meu braço enquanto eu me virava para correr de volta pra casa.

É claro que eu poderia ter me soltado, ainda que ele tivesse colocado toda sua força naquele aperto eu me soltaria com facilidade, mas não pude. 

- Sim, vai. - eu disse sem pensar.

Então ele me puxou para um beijo de despedida e eu parti, e quando ele já não podia mais me ver comecei a correr escuridão a dentro, corria tão rápido que a floresta me parecia um borrão.

Nunca senti um alivio tão grande por entrar em casa, mas algo estava errado, quando cheguei minha mãe Diana e Marcus estavam me esperando na sala. Isso não era bom sinal. Marcus é meu pai ou o mais proximo disso que eu poderia ter, ele me transformou muitos anos atras a pedido de minha mãe. Ele a encontrou uma noite enquanto estava caçando, mas por alguma razão não conseguiu mata-la, amor a primeira vista ou seja lá o que possa ter sido, ele apenas a mordeu e esperou que ela se transformasse para poder passar a eternidade ao lado dela, ela aceitou bem, na verdade até gostou da ideia depois que o choque de desmaiar como humana e acordar como vampira passou. A unica exigencia que fez foi que ele me transformasse também para que eu pudesse viver com eles, ele não se opos e na mesma noite eu me tornei uma deles.  Não foi de tudo ruim, tive que deixar muitas coisas na epoca mas ser uma vampira tem lá suas vantagens mesmo trazendo também grandes responsabilidades, ainda mais por ser herdeira de Marcus... Há uma certa hierarquia em nosso mundo que devemos respeitar, nada muito complicado, apenas um líder impondo algumas regras para não nos expor e outras coisas mais...

Essa liderança dura 150 anos e passa de geração em geração, de pai pra filho ou filha... E, ironicamente, nosso lider da vez é o Marcus, e eu, como sua unica herdeira terei que assumir em algum tempo quando seu 'reinado acabar'... E eu não sei se quero isso... Isso significaria ter de abrir mão de muitas coisas, e por muito tempo... 

- E então, onde a senhorita estava?  - Marcus perguntou sério.

- Por ai. - eu dei de ombros.

- Como assim por ai, Lana? - Minha mãe me perguntou.

- Ué, mãe, andando pela floresta... 

- Lana... - Marcus disse apertando as temporas com os dedos. - o que já lhe dissemos? 

- Olha Marcus, eu sei o que você vai dizer, ok? E não precisa, eu conheço as regras, não precisa recita-las para mim. 

- Lana, filha, onde você passou o dia ontem? - minha mãe perguntou. 

- Ah, sobre ontem... Fiquei na beira do lago depois de caçar e perdi a hora, quando me dei conta não tinha mais como voltar pra casa então me escondi em uma caverna até anoitecer. Felizes?

- Não, - Marcus recomeçou. - Lana, em pouco mais de um ano você se tornará lider da familia, sabe o que é isso? Sabe a responsabilidade que isso vai trazer? Você não pode ficar por ai quebrando regras, sabe que não pode estar fora de casa quando o dia amanhecer, você sabe que é perigoso. Você é minha filha, deve dar exemplo aos outros. 

- Tudo bem. - eu suspirei. - Posso ir agora?

- Não, ainda há mais uma coisa que devemos falar com você, é importante.

- Então falem. - eu disse impaciente. 

- Lucas ligou esta noite e...

- Ah não, lá vem vocês com essa historia de Lucas de novo! Eu não quero mais saber dele!! Será que é tão dificil entender?

- Lana, se acalme. Ele não ligou pra falar com você, ele ligou para dizer outra coisa. - mamãe começou a defende-lo, tipico.

- Ah, fala logo de uma vez. - eu já estava muito impaciente e agora muito irritada. A ultima pessoa com quem eu queria falar era Lucas.

- Bem, acontece que, aparentemente não estamos mais sozinhos na cidade...

-  O que quer dizer com isso? - perguntei confusa.

- De quem, ou do que você está falando Marcus?

- Lobisomens. 

- Lobisomens? Mas eles não são apenas uma lenda? 

- São, da mesma maneira que os vampiros são um mito. 

- Como assim Marcus? 

- Lana, lobisomens nunca foram um mito. Eles existem. 

- Porque nunca me contou isso?

- Nunca foi necessário. - ele deu de ombros e em seguida me olhou sério e preocupado. - Mas agora, é. Lana, encontrar um lobisomen é perigoso, temos algumas semelhanças, ambos somos rápidos, ambos somos fortes, ambos vivemos na noite. Porém eles podem andar a luz do dia, e nós não, o que é uma enorme vantagem para eles, e além disso eles sabem como nos matar. Muitos não ligam para nossa existência, já outros, por um ou outro motivo nos odeiam e não pensam duas vezes antes de acabar com a gente se cruzamos em seu caminho.

- Então é guerra? É isso? 

- Não querida, não... por enquanto... - minha mãe olhou para Marcus preocupada mas logo desviou o olhar. 

- O que? Como assim, por enquanto? - aquilo não estava certo.

- Nada! - Marcus respondeu rispido.- Só queremos lhe avisar. Eles se transformam na lua cheia e ficam mais fortes, podem sofrer mutação em outras luas, se quiserem, mas a lua cheia é a mais perigosa, é quando estão mais fortes e não controlam a mudança. Não saia sozinha nesse periodo, estou sendo claro? 

- Está. Tanto faz. Posso ir agora? - eu disse me dirigindo a porta antes que ele respondesse.

-  Lana, isso não é uma brincadeira. 

- Claro que não. Até logo. 

Tudo o que eu queria era ir pro meu quarto e ficar sozinha com meus pensamentos confusos. Marcus e minha mãe me esconderam alguma coisa, isto estava claro. Eu não o vira com aquele olhar desde a luta contra alguns vampiros que se rebelaram muitos anos atras. Eu precisava descobrir o que era. Por outro lado, o que eu mais queria agora era pensar nele, falar com ele, ver ele, beijar ele...

A direção que minha mente queria tomar era aquela onde ele estava. 

Havia algo em que eu devia me concentrar, mas havia alguém que não me deixava pensar em mais nada.


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Notas finais do capítulo

Leitores são sempre muito bem vindos, mas vou pedir uma coisa a vocês... Não sejam leitores fantasmas, comentem nos capítulos se gostaram, se não gostaram, se não entenderam alguma coisa, eu vou sempre responder a todos.
O seu comentário é sempre muito importante.