Eu sei, você está se mordendo de curiosidade para saber o que aconteceu depois, mas, como você bem sabe, nós somos Minho e Sunie – como a Mag diz –, nós não fizemos nada. Continuamos abraçados sentindo um o calor do outro por um longo tempo, até eu olhar no relógio da parede e me certificar que já tinham se passado mais de uma hora e o Minho estava quase dormindo ali mesmo. O acordei e fomos cada um para seu quarto.

Eu realmente queria ter ficado até meio-dia dormindo quando Mag me acordou às nove. Na verdade só me levantei na quarta chamada da Ann, quando todo mundo já estava de pé – até mesmo Onew – e o café já estava pronto.

Bem, estava na hora de irmos então. Agora, mais que ontem, não queria ir. Ah, não mesmo. Por que nós tínhamos que voltar para aquele hotel tendo o apartamento dos garotos? Mas choramingar era inútil, Anna estava destinada a ir e acabou colocando isso na cabeça de Mag também.

- Pensa no lado bom Sunie, nós vamos voltar depois, nos dias seguintes e...

- Margareth, já chega de dar esperanças a essa peste. – Ann brincou tentando usar um voz rígida.

Nós nos despedindo, abraçamos todos e agradecemos uma centena de vezes, desculpando-nos no mesmo número também.

- Espera. – Key chamou. – Nos dê o nome do hotel de vocês, que tal se sairmos hoje?

- Temos algum compromisso hoje a noite Onew? – Taemin perguntou.

- Não. – o líder respondeu. – Hoje vamos passar na SM e estamos de volta depois do almoço. Podemos nos preparar para sairmos então.

- Bom, – Key concluiu. – nós vamos pensar em alguma coisa, será uma surpresa nossa agora.

Nós deixamos o nome do hotel e o nosso número de quarto para os meninos e descemos no elevador contentes e saltitantes. Todas nós, não apenas eu.

- Muito bem madames, – Anna ria de felicidade. – eu quero detalhes sobre a conversa de vocês.

- Conversa?

- Vamos lá Sunie, nós vimos você ir até a sala onde o Minho estava e nem vimos quando voltou. – Ann sorria com o canto dos lábios.

- Isso porque já estavam dormindo. – fiz bico. – Mas comecem vocês, o que falaram com Taemin e Key? Nada de “Tae só me mostrou os mangás” ou “Key só me mostrou alguma coisa no computador” porque eu não vou acreditar, conhecendo vocês e os conhecendo também.

- Você está aprendendo isso com a Anna. – Mag mordeu o lábio.

- Heey! – Anna riu. – Ok, então eu começo. – ela limpou a garganta como se fosse contar uma longa história. – Eu contei pro Taemin do cara que eu me apaixonei...

Eu e Mag ficamos caladas por uns segundos digerindo a informação. Eu sei o quanto Anna é corajosa com essas coisas, e ela gosta de deixar tudo em pratos limpos. Só que eu nunca pensei que ela contaria isso. Até porque não era necessário já que ela não era mais apaixonada por aquele cara.

- Tadinho, Ann! – Mag finalmente abriu a boca.

- Como ele reagiu? – ergui as sobrancelhas.

- Aww. – ela fez. – Ele quase chorou! – ela apertou as bochechas com a palma das mãos. – Sabem, eu fiquei com pena dele porque ele se declarou todo para mim e eu vim com uma história dessas, mas eu precisava contar! Eu não me sentiria bem escondendo isso dele.

- Mas você disse depois que o ama, não é? – Mag perguntou enquanto saíamos do elevador.

- Claro. – ela franziu os lábios sorrindo. – E ele entendeu muito bem. Eu fui tão idiota de esquecê-lo! O Tae é muito fofo! Ele é... awh, ele é especial. – ela continuou com os olhos brilhando. – O jeito suave e fofo que ele diz “noona, eu te amo” e me abraça... awwwh!

Nós rimos. Sabemos o quanto os dois se dão bem e formam um casal lindo, fofo e harmonioso. Normalmente os caras mais novos se apaixonam pela Ann, mas ela nunca gosta deles. Dessa vez, com Taemin, foi diferente. Ele superou as expectativas dela para um maknae e apesar de inexperiente está se esforçando para fazê-la feliz. E nós adoramos ver o quão fofo ele é com ela! É uma mistura de príncipe misturada com ursinho de pelúcia que queremos toda hora apertar de tão fofo. Com todo o respeito, é claro.

- Mag, sua vez. – Anna disse enquanto abanava a mão para um taxi.

- Por que a Sun não pode começar?

- Porque a minha cena aconteceu depois da de vocês. – rebati.

- Ok. – Mag bufou enquanto entrávamos no táxi e Ann dava o destino. – Bem, foi bem meloso, vindo do Key.

- Meu Deus, espera. – eu me virei para ela. – Meloso?

- Uh, bom, eu realmente não esperava essa reação dele, eu me surpreendi.

- Conta logo! – Ann falou, ansiosa.

- Bem, ele confirmou que estava com saudades, e até aqui eu já estava meio molenga, então ele afirmou com toda sua seriedade que, em todo esse tempo, eu fui a única em seu coração! – Mag se balançava no banco do táxi. – E ele me disse “eu te amo”. Com toda a sua voz sensual e... ah meu Deus! – ela mordeu o lábio inferior. – Nós no beijamos. Foi tudo.

- Vocês já se beijaram? – arregalei os olhos.

- Sun, – Anna disse despreocupada – nós conhecemos a Mag há anos, isso não deveria mais te assustar.

- Ahh, vocês são más! – ela fez biquinho. – É que... poxa, ele me puxou! E a boca dele... a boca dele me fascina.

- Se fosse só a boca... – disse.

- Parem! – Mag riu. – Sun, não fuja, sua vez.

- Ok. – suspirei e resumi a cena da noite passada para as meninas.

●

Eles marcaram conosco às 8:00PM e não nos disseram para onde nos levariam, então nos vestimos o mais casualmente possível e os esperamos no hall do hotel – mais precisamente encostadas à bancada da recepção que tinha visão direta para a rua. Anna estava remexendo no seu celular, Mag brincava com o fio do seu fone de ouvido nos dedos e eu folheava pela qüinquagésima o panfleto do hotel e mordiscava a ponta de uma caneta da recepção esperando que ninguém me visse.

Eu virei meu rosto assim que ouvi a buzina e larguei a caneta da boca para correr até a rua com as meninas. Não definitivamente correr, mas ir num passo rápido até o carro. Aliás, que carro. Ou melhor, van. Era um Chrysler Town & Country branco com espaço para sete, ou seja, nós nos esprememos no banco de três com o Taemin, porque ele é o mais magro do grupo, e era o que estava no canto também. Entrei por último atrás de Ann e Mag, respectivamente, e fechei a porta de correr, logo me voltando para reconhecer o pessoal. No banco à minha frente estava o Onew, e no outro o Jonghyun. Key estava no banco de carona e eu reconheci o cabelo do Minho no banco de motorista antes mesmo de ele se virar junto com o Key (que, na verdade, já estava com o pescoço virado para a Mag há muito tempo) para nos cumprimentar com um suave boa noite.

Por sorte, não erramos em escolher jeans e jaquetas (Mag e Ann com suas de couro e eu com uma trench-jacket azul marinho), percebi assim que dei uma olhada em Onew e Jong.

O Key estava no comando do som, então nós passamos todo o passeio até o restaurante ouvindo Ke$ha. O que não estava tão mal – pelo menos não para mim – até começar alguma música da Lady Gaga, o que nos fez, encarecidamente, pedi-lo para trocar o CD ou desligar o som. Eu estava só recostada no vidro da janela, até começar We R Who We R e eu não me conter a cantá-la junto do Key e da Mag. Então éramos os três loucos cantando a música da Ke$ha com os outros rindo de nós. Ou de mim. Aliás, quem tinha a pior voz ali era eu, de fato.

E não, não que Ann não gostasse de música eletrônica, mas realmente não é o forte dela. Não que seja o tipo de música que eu mais ouça também, mas meu gosto musical varia tanto, que, num mesmo dia, eu posso ouvir de AC/DC à Britney Spears. Sério.

Não demorou muito para chegarmos ao restaurante. Era japonês, pequenininho, aconchegante, quentinho e confortável. Deixamos os sapatos e tênis na entrada e entramos, indo até o fundo, onde tinha uma mesa grande reservada perto da cozinha. Não que eu estivesse reclamando, mas se tem um lugar no restaurante que te deixa mais faminto ainda, é a mesa perto da cozinha. Por sorte, à tarde as meninas não me deixaram me empanturrar de doce, e agora eu tinha um monstro faminto na minha barriga esperando por qualquer resquício de comida.

Eu me sentei no chão de pernas cruzadas e pude encostar as costas na parede. Do meu lado esquerdo estava a Ann e do meu direito, à cabeceira, o Minho. Mag estava do lado da Ann e Key, ao seu lado, na outra cabeceira da mesa. Do outro lado, Jong na minha frente, Tae na frente da Ann e Onew na da Mag.

Logo um dos garçons apareceu com os cardápios e os garotos nos pediram para experimentar uma das aberturas que eles mais gostavam e pediram salmão em cubos de entrada. Graças que tinha uma legenda em inglês dos pratos e ingredientes, então eu soube o que ia comer. Era salmão temperado ao molho shissô, maionese, shoyu e katsuobushi.

●

Minha barriga estava tão cheia agora. Além da entrada, do prato principal e da bebida, finalizamos com sobremesa, e eu pedi o Mango Cream. Era manga batida com sorvete de creme, e eu estava até agora tentando tirar com minha colherzinha os últimos filetes de creme da taça. Na verdade eu estava mais brincando, muito feliz com minha taça na mão, as costas na parede e o povo todo ainda animado e conversando, que nem estava me preocupando de estar excluída da conversa ou não.

- Sun. – a voz do Minho sussurrou ao meu lado e eu quase senti um calafrio de susto.

Pelo visto ele também estava calado enquanto os outros conversavam. Larguei minha taça na mesa e ajeitei meus ombros dando atenção a ele.

- Vamos indo para o carro na frente?

Eu odeio estar perto do Minho e mal conseguir raciocinar direito, então o máximo que fiz foi assentir com a cabeça em resposta no segundo seguinte a sua pergunta. Ele sorriu suavemente transformando meu coração em açúcar e segurou a minha mão com a sua, me ajudando a levantar e me levando para fora do restaurante.

Minho entrou no carro e se pôs no meu banco de motorista e eu fui para o banco de três na parte de trás me perguntando se era certo eu estar ali, já que não tinha pago nada da conta.

- Eu deveria ter pago minha parte da conta. – falei baixinho para o Minho.

- Não. – eu vi o sorriso fraco dele pelo retrovisor. – Não tem isso.

E nós ficamos o resto do tempo em silêncio, eu vasculhando minha cabeça a procura de alguma coisa para jogar no ar e se tornar um assunto entre nós, mas qualquer coisa que me vinha era idiota de mais, ou sem noção de mais, então preferi só me debruçar sobre a mesinha do carro (sim, tinha uma mesinha no centro da van) e fiquei ouvindo o som da minha respiração.

- Acho que o Key vai querer ficar aí atrás na volta. – ouvi Minho comentar, o que me fez erguer a cabeça. – Não quer vir aqui para frente?

Eu mandei os músculos da minha boca ficarem completamente paradinhos, me impedindo de esboçar qualquer sorriso bobo, então me apertei entre a mesa e os bancos e me curvei indo para uma das poltronas de solteiro, logo entrando pela brecha dos bancos de motorista e carona para me sentar ao lado dele. E eu tive que me espremer toda e me equilibrar em cima do salto da minha bota. Eu fazia muito isso quando era criança – digo, passar do banco de trás para a frente – mas eu acho que esqueci que, por mais larga que a van seja e por mais baixinha que eu também seja, essa não era uma tarefa fácil para uma pessoa desastrada como eu. E isso só fez o Minho rir e tentar me ajudar enquanto eu tentava passar a outra perna para frente. E eu preferia que ele não tivesse tocado na minha perna, porque foi o que me fez bater com a cabeça no teto do carro.

- Ai. – soltei finalmente me sentando no banco.

- Tinha um jeito mais fácil e rápido, sabia? – ela ainda estava sorrindo largamente.

- Eh? – fiz eu. – Ahn. – e franzi o nariz massageando o topo da minha cabeça.

- Doeu? – ele sorriu lindamente e ergueu uma mão até minha cabeça, alisando meu cabelo.

- Pouquinho. – apertei os lábios num biquinho infantil.

Minho se curvou sobre mim e beijou suavemente o topo da cabeça onde eu tinha batido e aquilo, sem exagero ou delírio, fez com que a dor sumisse quase que instantaneamente.

- Melhor. – mordi o lábio sorrindo e me virando para frente.