Primavera Mentirosa escrita por fosforosmalone


Capítulo 1
Sangue Na Névoa


Notas iniciais do capítulo

Não é necessario ter lido o conto "Primavera Vermelha" para comprensão desta fic.
No conto original, a primeira onda de assasinatos ocorre em 1968, e a segunda tem inicio em 1978. Atualizei a historia para os dias de hoje, colocando os primeiros crimes em 2001, e os novos em 2011, que é onde se passara a historia.
Boa Leitura



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UNIVERSIDADE NEW SHARON

A jovem Tina Becker sai do prédio do curso de química carregando a sua pasta. Ela usa um grosso casaco e uma toca para se proteger do frio da noite. Ao olhar em volta e não ver ninguém, a jovem amaldiçoa as noites de Quinta Feira. Tina é monitora do estoque dos laboratórios, e todas as quintas feiras, ela fica até mais tarde para informatizar os dados da planilha, conferir quais produtos estão acabando, e quais estão em falta. Por isso, nas noites de Quinta feira, a jovem tem que fazer sozinha o caminho para o prédio dos estudantes, onde morava.

Enquanto atravessa o pátio deserto da biologia, Tina repara na espessa névoa que se espalhou pelo campus. A garota sente que apesar de estar fazendo uma noite fria, não estava de fato frio como deveria estar. Ela pode até escutar o som característico da neve derretendo nas arvores. Tina já lera algo sobre este fenômeno uma vez. Era chamado de Primavera Vermelha, por se tratar de uma falsa primavera em pleno inverno. E uma das principais características deste fenômeno era justamente a espessa e constante neblina.

Enquanto anda pela névoa, Tina repara em como os pequenos postes de luz ficam bonitos neste ambiente. Ao longe, a jovem vê o vulto sombrio de velhos canhões da Guerra Civil, que são um monumento dentro da universidade.

 Tina é arrancada de seu devaneio quando escuta passos atrás de si. A jovem inicialmente vê apenas a neblina, mas aos poucos consegue enxergar uma figura indefinível andando em sua direção. Pelo visto não era a única a ter que voltar sozinha pra casa.

Tina continua seu caminho, pensando que não vê à hora de chegar em casa, por o pijama e dormir. Ela esta atravessando uma pequena ponte de pedra, Perdida em seus pensamentos, e não vê uma falha no piso de pedra, que a faz tropeçar e cair no chão, derrubando suas coisas.

TINA

- Droga!

A garota começa a tatear o chão em busca de sua pasta, levando algum tempo para encontrar. Ao se levantar, ela percebe algo estranho. Já não escuta mais o som dos passos da pessoa que vinha atrás dela.  Tina olha para trás, mas não vê sinal de ninguém na névoa. Subitamente, alguém passa o braço em volta de seu pescoço, o apertando com força.

Tina tenta gritar, mas uma mão enluvada cobre sua boca e nariz com um pano. Ela sente o cheiro do clorofórmio, e começa a se debater com todas as suas forças, lutando contra a inconsciência. O agressor a segura com força, mas a garota consegue pôr os pés na mureta da ponte, e empurrar seu corpo com força para trás. Com o impulso de Tina, o agressor perde o equilíbrio, e cai da ponte, puxando a garota com ele. Os dois rolam o barranco embaixo da ponte, até pararem no chão coberto de neve semi derretida.

 A jovem tenta se levantar, mas não consegue devido à tontura causada pelo clorofórmio. Ela grita por socorro, mas a voz não sai. Tina tenta rastejar para longe. Enquanto a jovem rasteja na terra úmida, o agressor retira uma faca de caça da cintura, e se dirige até onde ela esta. A garota tenta gritar por socorro mais uma vez, mas o assassino tapa a sua boca, e segurando seus cabelos, bate a cabeça de Tina no chão.

 O agressor a puxa pelos pés enquanto ela chora, e a vira de barriga para cima. Com a proximidade, Tina consegue ver melhor o seu agressor. Ele usa um capuz, e tem uma mascara de esqui escondendo o rosto. A garota esta a beira da inconsciência, mas consegue ver o assassino erguendo a faca sobre ela, para depois descer com violência. O Assassino ergue a faca ensangüentada uma segunda vez, e desfere um novo golpe, enquanto sua vitima geme baixinho. Ele começa a arrastar Tina, que perde a consciência, para sempre.

UNIVERSIDADE NEW SHARON: LANCHERIA BOM SABOR

Bruce Graham, um rapaz magro de cabelos castanhos, entra na lancheria Bom Sabor, fechando o guarda chuva em seguida. Do lado de fora, cai uma chuva torrencial. Bruce vê três de seus amigos em uma das mesas. Isadora, Nick, e Judy. Ele vai até lá, e senta-se ao lado de Nick Olsen, seu colega de quarto.

BRUCE

- E ai, pessoal.

Isadora Thompson, uma garota morena e de óculos, que esta sentada na frente de Bruce olha curiosa para o rapaz.

ISADORA

- Você ainda não soube, né?

BRUCE

- Do que?

NICK

- Houve um assassinato no campus.

Bruce olha para todos na mesa, esperando algum sinal que denuncia uma brincadeira.

ISADORA

- Encontraram a garota perto dos velhos canhões da Guerra Civil. Estriparam a coitada. Dizem que ela não estava toda lá, se é que me entende.

BRUCE

- Caramba.  Arrancaram mesmo os órgãos dela? O fígado as tripas... Esperem um minuto

A garçonete se aproxima, e Bruce a chama

- Moça, me traz uma torrada com ovo e um café por favor. Bem, tipo, arrancaram tudo mesmo?

ISADORA

- Eu não sei.   Não vi o corpo (diz com irritação).

BRUCE

- E quem era a garota?

ISADORA

- A gente não sabe ainda. Mas garanto que antes do Meio dia, todo mundo vai saber.

BRUCE

- Vocês repararam no nevoeiro de ontem?

JUDY

- E tinha como não reparar? Eu tava no ônibus quando começou. Não sei como o motorista tava conseguindo dirigir.

NICK

- A gente tá falando da morte da guria, e de repente tú começa a falar do tempo? Mas tú mudou de assunto rápido, hein?

ISADORA

- Mas ele não mudou de assunto. Mudou, Bruce? Eu sei o que esta pensando. Nevoeiro ontem à noite, esta chuva de manhã...

JUDY

- Ainda não entendi do que vocês estão falando.

BRUCE

- Da primavera vermelha, disso que estou falando.

Nick e Judy olham sem entender.

ISADORA

- Vocês conhecem a historia. Todo estudante de New Sharon conhece. Jack Calcanhar de mola, dez anos atrás.

NICK

- O serial killer, sim, todo mundo conhece a historia. Mas só por que alguém é morto aqui dentro, não quer dizer que o cara tenha voltado.

BRUCE

- Claro que não. Mas não acontecem homicídios todo dia nesta faculdade. Não me Lembro de nenhum desde que estudo aqui. Eu só acho estranho uma garota ser morta justo em uma primavera vermelha. Ou esqueceu que os crimes de Jack Calcanhar de Mola ocorreram durante um ciclo de Primavera Vermelha?

CENA DO CRIME: MAIS TARDE

A agente Helena Belli, uma mulher morena, de olhos negros, usando um terno feminino preto, se aproxima da cena do crime junto com seu parceiro, o agente George Stewart, um homem gordinho, de cabelos negros, que usa um paletó. A forte chuva que abriu o dia, se foi tão rápido quanto chegou. Embora houvesse um cordão de isolamento, alguns estudantes curiosos espiavam de longe enquanto passavam, ao mesmo tempo em que os repórteres já começavam a se aglomerar.  Há dois homens, um mais velho usando camisa e calça, e outro um pouco mais novo usando paletó. Eles estão ao lado de dois velhos e enormes canhões enferrujados.Aos pés deles, há um corpo coberto com uma lona. Helena e George se dirigem em direção a eles, e apresentam suas identidades do FBI.

HELENA

- Ola, sou a agente Belli. Este é o agente Stewart.

O homem mais velho fala

SARGENTO

- Ola, moça. Sou o Sargento do Condado. Este é Milton Chambers, chefe da segurança aqui do Campus.

GEORGE

- O senhor que nos chamou, certo?

CHAMBERS

- Isso mesmo, senhor.

HELENA

- Dado o histórico deste lugar, eu acho que fez bem. Já identificaram a garota?

CHAMBERS

- Ainda não. Mas devemos ter a identidade em menos de uma hora.

HELENA

- Isso é bom. Eu posso ver o corpo?

O sargento curva-se sobre a lona, e a ergue.  Os cabelos da garota estão encharcados O corpo de Tina Becker esta branco como a neve. Uma mancha roxa no canto da testa da jovem indica um hematoma. Seus olhos estão entreabertos, mas o pouco do olhar que se vê, fita o vazio. Mas isso não era o pior. A blusa da jovem estava toda rasgada, e manchada de sangue. O peito da garota foi aberto. O corte se estende do pescoço ao umbigo. Sua caixa torácica esta exposta. Algumas tripas estão saindo. Duas crateras de carne avermelhada estão no lugar onde antes estavam os seios. Helena desvia o olhar por um instante, mas se força a olhar.

HELENA

                           - Ele arrancou o coração dela.

GEORGE

- Entre outras coisas.

HELENA

- Eu to vendo (diz seca).

O Sargento volta a cobrir o corpo, enquanto Helena se recompõe.

SARGENTO

- A senhorita esta bem?

HELENA

- Sim, obrigado. Quem a encontrou?

CHAMBERS

- Uma estudante. Curso de economia. A coitada nos contou que quase vomitou. Esta na enfermaria, caso queiram falar com ela.

GEORGE

- Vamos querer sim. Depois você me passa o nome dela. A chuva já tinha começado quando ela encontrou o corpo?

CHAMBERS

- Minutos depois que a garota começou a gritar, a chuva começou.

HELENA

- Qualquer pista quente foi lavada. Que ótimo (diz com amargura). Algum sinal dos órgãos sumidos?

XERIFE

- Nenhum. Encontramos um casaco e uma pasta atirados perto daqui. Provavelmente são dela, mas ainda não confirmamos.

HELENA

- Vou querer ver o lugar onde estas coisas foram encontradas. A chuva deve ter lavado tudo, mas não custa conferir. Acho que por enquanto é isto. Já podemos tirar a pobre garota daqui, não concordam?

MAIS TARDE

Após evitar os repórteres, dizendo que não tinha nada a declarar, Helena e George chegaram a pequena ponte onde Tina foi atacada. Infelizmente, como Helena havia previsto, não havia pegadas ou qualquer outro indicio do assassino. Chambers mostrou aos agentes como eles poderiam chegar à enfermaria para interrogar a testemunha, e então foi para uma reunião urgente com o reitor para preparar um pronunciamento sobre o acontecido. Enquanto andam pelo estacionamento em direção ao carro, os dois agentes conversam.

GEORGE

- O que você quis dizer que foi bom eles nos chamarem devido ao histórico do lugar?

HELENA

- Você não gosta mesmo de historia da criminologia.

GEORGE

- Claro que gosto. Mas não sou Caxias como você (Diz em tom de brincadeira). Mas então, o que houve aqui?

HELENA

- Dez anos atrás, uma serie de homicídios ocorreu nesta universidade. Todas as vitimas eram garotas entre dezoito e vinte cinco anos, mais ou menos. O doente estripava as coitadas, e largava por ai, igual a que vimos hoje. A imprensa o apelidou de Jack Calcanhar De Mola. Ele matou quatro estudantes, e então desapareceu.

GEORGE

- Pegaram ele?

HELENA

- Não. E nem descobriram quem ele era. Pelo que conheço da historia, nem nós e nem a policia chegamos perto de pegar o filho da puta.

GEORGE

- E por que Jack Calcanhar De Mola?

HELENA

- Não faço a menor...

Helena se cala quando chegam ao carro. Um homem grisalho de aproximadamente cinquenta e cinco anos, usando um sobretudo preto, camisa social branca e gravata, esta escorado no carro, fumando um cigarro.  O homem olha para os dois agentes recém chegados.

SAGE

- A culpa foi da imprensa. Quando Ann Bray foi morta, ela foi encontrada numa trilha de terra úmida, mas não havia pegadas. Nem mesmo as delas. A calçada mais próxima ficava a três metros ou mais. Então um jornalista de New Hampshire batizou o assassino de Jack Calcanhar De Mola, pelo salto fantástico que ele deve ter dado pra não deixar pegadas. Mas o idiota não levou em conta que quando ela foi encontrada, havia chovido forte, assim como hoje.

O homem dá mais uma tragada no cigarro, enquanto Helena e George o olham, estarrecidos pelo repentino monologo. Helena quebra o silencio.

HELENA

- Desculpe, você é quem mesmo?

SAGE

- Frank Sage, Senhorita. E você é a agente...

Helena reconhece o nome. Frank Sage foi um dos agentes mais condecorados do FBI. Especializou-se na investigação de homicídios, o que lhe rendeu o apelido dentro da agencia de “Caçador De Assassinos”. Mas Frank Sage estava aposentado há seis anos.

HELENA

- Agente Belli. E este é o...

GEORGE

- Agente Stewart, Sr. Sage. É uma honra conhecê-lo.

SAGE

- O prazer é meu .

HELENA

- Com todo o respeito, senhor, o que faz aqui?

SAGE

- boa pergunta. Eu moro em New London, perto daqui. Ouvi no radio a respeito de um assassinato aqui em New Sharon. Achei que devia vir.

HELENA

- Sentiu curiosidade?

Sage olha para o céu.

SAGE

- Tempo louco, não? Parece que vai abrir sol agora. Mas agora pouco chovia forte. Fora o nevoeiro da noite anterior. É um fenômeno raro, sabiam? Acho que faz dez anos desde a ultima vez que aconteceu.

HELENA

- Esta falando de Jack Calcanhar De Mola, Sr. Sage?

SAGE

- Trabalhei no caso Calcanhar De Mola, Agente Belli. Conheço todos os detalhes do caso, e infelizmente estou com um deja vu horrível.

HELENA

- Com todo o respeito, Sr. Sage. Sei que suas intenções são boas, mas não é mais do FBI. Deixe que cuidemos disso.

Frank sorri, não parecendo ofendido ou magoado.

SAGE

- Entendo, Agente Belli.  Desculpe pela intromissão. Vamos torcer para que este crime seja um caso isolado. Boa sorte a vocês na investigação.

Frank Sage sai andando, deixando Helena e George intrigados.

GEORGE

- O cara é uma lenda, mas parece que ficou um pouco doido com a idade.

Helena observa em silencio Sage se afastar.

ENTRADA DO CURSO DE CINEMA

Bruce e Nick sobem as escadas da entrada do prédio de comunicações com alguns amigos. No alto da escada, sentada no alto do corrimão, esta Isadora. Bruce e Nick param para conversar com a garota. Nick observa Kelly, uma garota loira, se afastar, sem nem olhar para ele.

BRUCE

- Isa! Pensei que não estudasse mais aqui (diz zombeteiro).

ISADORA

- Agora faço psicologia pra tentar entender meus amigos patetas, mas ainda venho visitar eles de vez em quando.

NICK

- Vocês dois já acabaram?(Pergunta irritado)

ISADORA

- Tá estressado por causa da Kelly, Nick?

NICK

- Essa garota fica me ignorando. Foi uma pedra de gelo comigo o dia inteiro.

ISADORA

- Só por que ela te pegou beijando outra lá na cidade? Nossa, que garota ma!

Nick olha com raiva para Isadora. Bruce muda de assunto rapidamente

BRUCE

- Descobriram quem era a garota assassinada?

ISADORA

- Sim. Uma tal Tina Becker, do curso de química.

BRUCE

- Nunca ouvi falar.

NICK

- Acho que eu já.

BRUCE

- Conhecia ela?

NICK

- Não. Mas eu já encontrei ela em algumas festas.

ISADORA

- Então você conhecia.

NICK

- Mas não profundamente.

ISADORA

- Eu li algumas matérias na internet sobre os crimes de dez anos atrás. O que aconteceu ontem foi muito parecido. Acham mesmo que Jack Calcanhar De Mola voltou a New Sharon?

NICK

- To começando a achar que sim.

BRUCE

- Mas não necessariamente o original.

NICK

- Como assim?

BRUCE

- Pode ser um copycat. Alguém reproduzindo os crimes do assassino original.

ISADORA

- De qualquer forma, se a morte de Tina Becker não foi um assassinato isolado, pode vir chumbo grosso por ai. Se Jack Calcanhar De Mola, ou alguém se passando por ele começou a matar novamente, o ego dele não vai se contentar simplesmente em repetir o que já foi feito, certo?

BRUCE

- Como as regras de uma sequência, em “Pânico 2”? Uma nova onda de assassinatos com mais mortes e um cenário mais elaborado?

ISADORA

- Exato. O cara matava garotas debaixo do nariz da universidade toda. Chegou a escrever “Há Há” na parede com o sangue de uma delas. Ele quer que o trabalho dele seja visto.  E vai querer fazer um trabalho maior e melhor.

DELEGACIA CENTRAL DE NEW LONDON

Helena esta na no escritório do Chefe De Policia do condado, o aguardando. Ela e George foram à enfermaria de New Sharon para interrogar a garota que encontrou o corpo de Tina Becker, mas ela não foi realmente de grande ajuda. Aparentemente, não havia visto ou ouvido nada que fosse de grande ajuda para fornecer alguma pista do assassino.

Após o interrogatório, Helena e George almoçaram, e tiveram uma rápida reunião por telefone com seu superior em Hartford, capital do estado.  Eles definiram que aquela ainda era uma investigação da policia do Condado de New London, e que o FBI só daria suporte por enquanto. Achando que somente um agente era o bastante para estabelecer a conexão entre a agencia e o caso, ficou decidido que Helena ficaria em New London para ser esta conexão, enquanto George voltaria para a capital de Connecticut. Antes de ir, George disse à colega que qualquer coisa que ela precisasse, era só ligar pra ele, que ele viria correndo

 Neste momento, Helena espera na sala do Chefe De Policia para se apresentar oficialmente, até que ele finalmente chega. O chefe de policia é um homem alto, de cabelos pretos, em volta dos trinta anos. Ele senta-se na sua mesa, e só então dá atenção à agente.

FERGUSON

- Desculpe a demora. Esta uma confusão aqui hoje. Prazer, eu sou o Chefe Ferguson. Você deve ser a agente do FBI de quem o Sargento falou.

HELENA

- Eu mesma. Agente Belli, a seu dispor. Confesso que é mais jovem do que eu esperava, Chefe Ferguson.

FERGUSON

- Então estamos empatados. Parece ser bem jovem para ser uma agente especial, Agente Belli.

HELENA

- Vou encarar como um elogio. Mas agora vamos ao que interessa, Chefe Ferguson. Tina Becker. A família já reclamou o corpo?

FERGUSON

- Sim. Os pais vieram de Hartford. Só estão esperando a liberação do corpo.

HELENA

- Encontramos os órgãos que o assassino arrancou?

FERGUSON

- Vasculhamos toda a área. Não esta lá.

HELENA

- Algum suspeito? Pessoas que podiam ter algo contra Tina Becker?

FERGUSON

- Meus homens estão interrogando alunos e funcionários, Com foco é claro, no curso de química. Mas até agora nenhuma pista.

HELENA

- Vamos continuar perguntando. Alguém deve ter visto ou ouvido algo que nos dê alguma pista. Agora, se me der licença, Chefe Ferguson, vou voltar a New Sharon e fazer minhas próprias perguntas.

Helena tira um cartão em branco do bolso, com dois números anotados, e entrega a Ferguson.

- O numero do meu celular, e o do hotel em que estou. Vou ficar aqui em New London, enquanto durarem as investigações.

Ela se levanta, e quando vai abrir a porta, ele a chama.

FERGUSON

- Agente Belli.  Eu fui informado que Frank Sage foi visto em New Sharon esta manhã, inclusive perto da cena do crime. Ele foi um dos seus. Sabe me dizer o que ele fazia lá?

HELENA

- Conversei com o Sr. Sage. Ele se sentiu atraído por um crime semelhante e que aconteceu no mesmo lugar dos assassinatos que ele investigou dez anos atrás.  É bizarro, mas natural. Não sei se sabe, mas ele esteve à frente das investigações dos crimes de Jack Calcanhar De Mola.

FERGUSON

- Sei disso, Agente Belli. O conheci nesta época.

HELENA

- Como assim? (Pergunta surpresa)

FERGUSON

- Eu estudava direito em New Sharon quando Jack Calcanhar De Mola começou a cometer seus assassinatos. Foi um período bem tenso. Ninguém confiava em ninguém. Quando Sage assumiu o caso, parecia que tudo ia se ajeitar. O cara transmite segurança mesmo. Mas mais duas garotas foram mortas. No final, o super agente Frank Sage não foi o bastante para deter Jack Calcanhar De Mola.

QUARTO DE HELENA

Helena fez o que disse, e voltou a Universidade para interrogar alunos e funcionários ligados a vitima. Infelizmente não teve mais sorte que os homens de Ferguson. Chegou a achar que havia encontrado uma pista quando soube através da colega de quarto, que Tina tinha brigado feio com o namorado. Mas em menos de duas horas, descobriu que o garoto tinha o álibi perfeito. Quebrou a perna em Hartford às Oito Horas da noite, horas antes do assassinato. Depois de ficar na universidade até o fim do turno noturno, a jovem agente decidiu retornar para o seu hotel. Depois de um banho, ela deitou na cama, onde dormiu um sono inquieto de três horas, até que o telefone a acordou. Helena esticou o braço, e respondeu de má vontade.

HELENA

- Alo?

RECEPCIONISTA

- Srta. Belli, sei que é tarde, mas estou com o Chefe De Policia na linha querendo falar com a senhorita.

HELENA

- Pode passar.

Há um clique na linha, e então Helena ouve a voz de Ferguson

FERGUSON

- Desculpe ligar tão tarde, mas é urgente. Acho que sabemos onde estão os órgãos desaparecidos de Tina Becker.

HELENA

- Como nós achamos?

FERGUSON

- Não achamos. Frank Sage ligou pra nós meia hora atrás. Segundo ele, apareceu um coração humano e órgãos femininos dentro do freezer dele.

Helena não conseguiu responder de imediato. Ela só conseguia pensar que de fato havia um maníaco a solta, e ele estava deliberadamente zombando deles.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Quem puder, deixe um review dizendo o que gostou, e o que pode ser melhorado.
Até o proximo capitulo!