- Há um motivo pra tudo isso. – comecei e logo as palmas cessaram – Não sei bem quando aconteceu ou como aconteceu, mas sei que não havia como evitar. Durante muito tempo eu guardei isso somente pra mim, e depois de muita insistência consegui dividir com alguns amigos meus. Eu não conseguia demonstrar o que eu sentia, pelo menos não da maneira correta, eu continuava a ignorar e a fugir, literalmente, de tudo isso. Até eu perceber... – eu hesitei e depois continuei – Não. Até ela me dizer o que as minhas ações estavam causando. Depois daquilo parecia que tudo havia finalmente feito sentido. Enquanto eu me martirizava ao pensar que ela não dava a mínima pra mim, que não gostava de mim e me ignorava, eu não conseguia perceber que era eu quem causava aquilo. – eu tirei a guitarra e a coloquei no chão – O que eu quero dizer.... – eu a olhei diretamente – É que o modo como eu agia tinha um significado completamente diferente do que parecia. – eu respirei fundo – Ainda a pouco você me perguntou o que se passava comigo, o que eu sentia. – todos ainda pareciam estar confusos, mas eu não tirei os olhos dela – Então agora estou aqui pra dizer a você que...Rukia...
Todos imediatamente a olharam, ela não pareceu se importar, pois ainda olhava para mim, estática, parecia prender a respiração, assim como eu, isso já não havia acontecido?
- Rukia...eu te amo.
Ela me olhou completamente surpresa, permaneceu parada, me olhando, assim como todos os outros que ficavam alternando seus olhares sobre mim e ela. Eu esperei em silencio, ainda nos olhávamos e ela parecia tentar absorver aquela informação, então resolvi reforçar.

- Não foi logo no começo, mas foi no mesmo ano que você chegou aqui. Muito tempo, não? – eu sorri levemente sem deixar de olha-la – Eu sou...apaixonado por você.
Rukia deu um passo para trás, ficando alinhada a Byakuya, ela virou-se pra ele que fez o mesmo, ficando ambos frente a frente, que perfeita sincronia dos dois, Rukia nem mesmo o chamou e ele virou-se no exato momento que ela o fez. Os dois começaram a conversar, eu acho, já que eu via as bocas de ambos se moverem. Eu estranhei quando observei as expressões faciais das pessoas à volta deles, pareciam curiosas e confusas, como se não conseguissem entende-los, eu os entendo, provavelmente os dois estavam conversando “daquela maneira”. Os dois continuavam a “conversar”, Byakuya lançou um olhar em minha direção e voltou a olhá-la, fechou os olhos por instantes e colocou uma mão sobre o ombro de Rukia, falou algo, ela permaneceu séria, fez uma rápida reverencia a ele e sem me olhar novamente, me deu as costas e sumiu por entre a multidão.
Eu não sabia exatamente o que fazer, nem o que pensar diante daquilo, parecia que eu havia sido rejeitado. Quando eu fiz mensão de sair do palco, Byakuya me olhou, me fazendo parar, e me lançou um olhar martirizante, que eu já sabia até o que significava: “não se mova ou morra por minhas mãos”. Eu engoli em seco e permaneci parado em frente a todos por longos instantes, todos continuavam a me olhar, curiosos com o desfecho daquilo, enquanto também procuravam Rukia, e pareciam não te-la encontrado.
- Eu não sabia que você era tão exibido.
Eu quase não acreditei no que ouvi, só poderia ser um sonho, um sonho que logo se tornaria pesadelo. Eu me virei lentamente e percebi que de fato era um sonho, do contrario Rukia não estaria agora de frente para mim, com um leve sorriso exposto, mais linda do que jamais estivera antes.
- R-Rukia... – eu murmurei estático –

Ela caminhou até mim e parou na minha frente, eu quase me perdi nos olhos dela. Eu já não deveria estar acostumado com sua presença?
- O que você falou é verdade. – ela falou – Eu realmente pensei o contrario diante daquelas suas estranhas reações, eu nem sei como tive coragem para expor o que eu achava pra você. Eu devia estar maluca. – ela sorriu mais ainda – E agradeço por ter ficado maluca.
Eu sorri inseguro, ela ficou séria.
- Eu também te amo Ichigo.
Meu coração parou de bater, meus olhos ficaram ausentes, meu corpo ficou imóvel. Eu balancei a cabeça tentando voltar a mim e a olhei pasmo, aquilo...estava realmente acontecendo? Aquilo era verdade?
- Sim, é a mais pura verdade. – ela falou sorrindo levemente –
E eu não me importei com mais nada, eu não pensei na maneira como ela fazia para saber o que eu estava pensando, nada mais me importava além dela. Ao mesmo tempo eu não sabia o que fazer a seguir. Eu não sabia o que dizer, então somente fiquei olhando-a paralisado, feito um idiota. O idiota mais feliz do mundo.
- BEIJA ELA LOGO, MORANGO! – eu reconheci a voz de Ikkaku ao longe –
- SE NÃO QUISER, É SÓ TROCAR DE LUGAR COMIGO. – a voz de Renji ergueu-se também –
- SAI, SEU PANACA, ELE VAI TROCAR DE LUGAR COMIGO. – Hisagi gritou indignado – NÉ, AMIGÃO? – ele falou se dirigindo a mim com temor na voz –

Rukia riu a minha frente e eu sorri juntamente com ela, como era bom ouvir a risada dela, só assim pra eu me mover novamente. Quando eu dei um passo em direção a ela, podia ouvir a briga que se formara entre os garotos, discutindo com quem eu trocaria de lugar, que ingênuos, eu não trocaria aquilo por nada, por absolutamente nada.
Eu coloquei minhas mãos no rosto de Rukia e ambos ficamos sérios, o salão se silenciou e eu não me importei de todos estarem nos olhando. Quando estávamos próximos fechamos nossos olhos e então nos beijamos...pela segunda vez. A sensação era a mesma, eu ainda ouvia nossos corações baterem alucinadamente, eu sentia as mãos frias de Rukia envolverem meu pescoço e as minhas mãos trêmulas a abraçarem pela cintura. Gritos, assovios e palmas, era o que se ouvia por todo lado, depois de instantes nos separamos um pouco, nos olhamos, sorrindo por motivos desconhecidos e nos abraçamos carinhosamente, eu beijei a cabeça dela, a apertando em meus braços e um pouco relutante, deixei que ela se afastasse de mim, ela quase teve que me empurrar, mas enfim nos separamos e sob os aplausos de todos, saímos do palco pela parte de trás.